quinta-feira, 27 de março de 2014

Capítulo 25 - O segundo ato - Parte II

Notas iniciais: Gente, é o seguinte:

Era para esse ser o último cap dessa temporada, mas, para variar um pouco, estava ficando gigante. Então resolvi fazer o seguinte: Nesse cap está a parte da cerimônia e no próximo vou colocar a parte da festa. Claro que o próximo não será tão grande como esse, mas também estará caprichado, combinado?

Dado o recado, bora para o capítulo! Tentei caprichar ao máximo! Esperem que gostem!
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Ponto de vista do Luan
 
“Sua mensagem está sendo encaminhada para a caixa postal e está sujeito a cobrança após o sinal...”
 
- Diacho, não consigo falar com a Anita! Será que aconteceu alguma coisa? – Reclamei em voz alta. Eu estava no carro com o meu empresário, o Well, Rober e o Gutão a caminho da nossa fazenda.
 
- Calma Luan, a gente já está quase chegando!  - O “Fabão”, que estava dirigindo, falou rindo da minha preocupação – Eita pai coruja! Nicole está ferrada! Não vai poder arrumar namorado tão cedo...
 
Todos no carro ficaram rindo de mim, mas eu nem importei. Já estava acostumado com aquele tipo de brincadeira. Desde que a minha filha nasceu eu me tornara um pai muito “babão”. Eu queria estar com a minha Nica o tempo todo. Sempre que eu tinha que sair de casa para fazer shows dava um aperto no peito... Eu e a Ní ficávamos nos falando o dia inteiro por Whats App, ela me mandando vídeos e fotos dela e da Nicole e eu repetindo de cinco em cinco minutos que amava muito as duas. O que não era mentira! Desde o momento que eu peguei a Nicole no colo pela primeira vez eu senti algo inexplicável. Ela era um “pedacinho” meu que tinha acabado de sair da pessoa que eu mais amava nesse mundo, a personificação de um amor tão grande e intenso...A minha filha!
 
Já tinha duas semanas que eu estava fora de casa por conta dos shows e outros compromissos profissionais e a saudade das duas já estava me matando. Eu não via a hora de chegar na fazenda para poder abraçar as minhas duas “Nís”. E o fato de ter um churrasco me esperando aumentava ainda mais a minha ansiedade. Nada como umas “cachaça” com umas boas “moda” ao lado da família para relaxar um pouco...
 
Tentei falar com a Anita mais uma vez sem sucesso. Eu já estava prestes a ligar para o celular da Rafa quando reconheci a porteira da “Nosso Mundo”. O carro começou a subir a “estradinha” que levava até a casa e eu logo reparei que tinha uns “trem” diferente pendurados nas árvores.
 
- “Rapáis”, mas o que é tudo isso? Anita disse que era só um “churrasquinho”, mas isso aqui tá um “trupé” danado... – Comentei em voz alta olhando para fora através do vidro do carro. Ao meu redor todo mundo estava tentando segurar um riso, disfarçando muito mal que sabiam de algo que eu não sabia. 

Chegamos na frente da casa e estacionamos. Estranhei mais ainda quando vi aquele “mundarel” de carros parados por ali e aquela “muntuera” de gente andando de um lado para o outro vestidos como “pinguins” usando trajes sociais pretos. Mas o que diabos estava acontecendo? A Anita tinha resolvido fazer uma mega festa e não me avisara?
 
- Alguém sabe o que está acontecendo aqui? – Perguntei desconfiado enquanto descia do carro. Todos eles continuaram com aquelas “risadinhas” sem graça, mas ninguém me falou nada. Peguei a minha mochila e comecei a caminhar em direção à casa, estranhando cada vez mais aquela história.
 
- Luuuuuan, você já chegou? Estava aqui, só te esperando! – A Rafa apareceu correndo em minha direção, equilibrando-se em um salto alto e segurando um chapéu na cabeça.
 
- Mas que isso, Rafa? “Cê” tá indo para algum casamento e nem me avisou? Tá chique demais, “muié” – Comentei querendo tirar um sarro da loira.
 
- Casamento? É... Mais ou menos! – Ela deu um sorriso amarelo para tentar disfarçar. 

- Rafaela, o que você e a Anita estão aprontando? – Fui direto ao assunto. Toda aquela movimentação já estava dando um “nó” na minha cabeça.
 
- É o seguinte – A loira respirou fundo antes de começar a falar – Lembra quando você comprou a fazenda e trouxe a Anita aqui pela primeira vez? – Assenti com a cabeça e ela continuou – Lembra que vocês foram até a capela e você disse que sonhava em se casar na igreja? Então, tudo isso aqui – Ela mexeu as mãos sinalizando tudo que estava ao nosso redor – é a concretização do seu sonho! SURPRESA, Luan! Seja bem-vindo ao segundo ato do casamento mais meteórico de todos os tempos! Ou seja, o seu casamento e o da Anita! – A Rafinha anunciou parecendo aquelas apresentadoras de TV chamando a próxima atração.
 
A novidade me pegou completamente desprevenido. Eu esperava por qualquer coisa, menos por aquilo... Tentei falar, mas não consegui. Até respirar estava meio difícil. Apenas fiquei parado, olhando para os carros e a movimentação de garçons e seguranças ao meu redor tentando assimilar a notícia. Caramba! A Anita fez tudo aquilo por mim? Só para satisfazer um desejo meu? E a bandida nem me falou nada! 
- Rafa, você está falando sério? – Perguntei assim que consegui recuperar a fala.
 
- E por que eu estaria mentindo? Ou melhor, por qual outra razão eu estaria vestida desse jeito? Olha... por mais que eu tenha curtido esse lance do chapéu e adorado o meu vestido, eu não usaria esse look se tudo isso não passasse de um “churrasquinho” em família, né Luan? É só você parar um pouco e raciocinar... – Ela me explicou do seu jeito tão “peculiar”.
 
- Minha Nossa Senhora, isso quer dizer que eu vou casar de novo? – A minha ficha estava começando a cair.

- É Luan... Vai querer que eu desenhe? – A loira revirou os olhos, impaciente.
 
- “Cê” quer fazer o favor de parar de me zuar? Rafinha, como é que eu vou fazer? Nem tenho roupa, nem nada... Se você está assim, quero nem imaginar como a Anita está! Deve estar uma perfeição – O desespero começou a tomar conta de mim. Eu me lembrava de ter ficado muito nervoso no meu primeiro casamento, mas nem se comparava ao que estava sentindo naquele momento. O coração “véio” tava dando pulo dentro do peito e as pernas estavam “bambeando”.
 
- Francamente Luan, parece até que não me conhece! – A Rafinha ralhou comigo – Sério mesmo que você está preocupado com roupa? Mas é claro que eu já cuidei de tudo isso para você! Ou você estava pensando que ia subir ao altar assim, de coturno, jeans e camiseta? Na, na, ni, na, não! Casamento onde eu sou a madrinha os noivos precisam estar impecáveis!
 
- Cara, eu ainda não “tô” conseguindo acreditar que eu vou casar assim, agora, do nada... Que loucura!
 
- Ideia da sua amada e querida esposa, Anita Tunice Santana! E agora chega de papo, Luan! A gente tem horário! Até porque a noiva pode chegar atrasada, mas o noivo não! Vem, vamos já trocar essa roupa – Ela me pegou pelo braço e começou a me puxar para dentro da casa mal me dando tempo para pensar.
 
- Ó, vai tomando banho enquanto eu levo as roupas do Well, do Gutão e do Fábio! E acelera aí! Que eu bem sei que você demora quase meia hora só para arrumar esse cabelo! – Ela me apressou assim que entramos em um dos quartos da casa. Foi só o tempo de pegar algumas peças que já estavam separadas em cabides e a mãe da Vick saiu, me deixando sozinho.
 
Fui até a porta para trancá-la e então olhei ao meu redor. De imediato percebi que o quarto fora preparado especialmente para mim. O meu perfume e todos os produtos que eu usava no cabelo foram deixados ali junto com um terno preto muito elegante, uma camisa branca, uma gravata prateada, e um sapato de couro que era uma “chiqueza” só.
 
Tirei a roupa e voei para o chuveiro. A ansiedade era tanta que quase vesti meu terno sem nem tomar banho... Deixei a água bater no meu rosto para ver se me acalmava um pouco, mas não adiantou. Eu não conseguia parar de pensar naquela louca loucura que a Anita tinha aprontado. Fiquei imaginando como ela estaria vestida de noiva, se estaria de longo ou se estaria com um “trenzinho curtinho” igual ao da outra vez. Hum... bem que poderia ser aquele...
 
Saí do banho, me sequei de qualquer jeito e já entrei dentro da calça do meu terno. Vesti a camisa, a coloquei por dentro, depois ajeitei o cinto. Nessa hora a Rafa bateu na porta, bem a tempo de me ajudar com o nó da gravata.
 
- Bem na hora, Rafinha! Já estava quase me “enrolando” todo com esse nó – Falei quando abri a porta.
 
- Imaginei mesmo! Por isso voltei pra cá! Agora vai, fica “quietinho” enquanto eu arrumo isso... – Ela pediu pegando a gravata e ajeitando ao redor do meu pescoço.
- A gravata é prata para combinar com o vestido da Ní? – Tentei arrancar alguma informação dela.
 
- Boa tentativa mocinho, mas eu não vou te contar. É surpresa, esqueceu? Mas ó, só digo que a Anita está a gata garota mais perfeita desse universo. Está parecendo uma princesa... – A Rafinha tentou ajudar, só me deixando ainda mais curioso.
 
- Princesa, não. Rainha! – Corrigi com um sorriso nos lábios – Ô Rafa, assim “cê” me mata! Quero ver logo!
 
- Então acelera esse processo aí, que já está todo mundo te esperando! Colocamos um ar-condicionado na capela, mas se você demorar muito os convidados vão começar a reclamar. Sem falar que a maquiagem da Anita vai derreter com esse calor... – Ela apontou para o meu relógio de punho como se quisesse dizer que o meu tempo estava acabando.
 
- Já entendi “Rafola", já entendi... – Respondi já começando a ajeitar o meu cabelo. Não sei como, mas consegui deixar o meu topete em “ordem” em tempo recorde. Menos de vinte minutos depois eu estava vestido, penteado e perfumado, “prontinho” para ser o homem da Ní.
 
- Nossa, “tá” um gato hein, Lú! – A Rafa elogiou checando o meu visual – Para completar, só falta um detalhe... – Ela disse encaminhando-se até a cômoda que ficava no quarto e abrindo a primeira gaveta. Lá de dentro ela tirou uma rosa de plástico com o cabo cortado e um pedacinho de papel.
 
Antes mesmo dela me entregar eu já havia sacado do que se tratava. Aquela era a flor que dera para a Anita no dia do nosso primeiro casamento. Quando abri o papel, reconheci a letra da minha esposa:
“Eu vou te amar até a flor morrer”
 
- Ela pediu para você colocar a flor na sua lapela. Por isso cortamos o cabo – A Rafa me explicou.
 
Obedeci ao pedido da minha Granfina e ajeitei a flor no bolso do meu paletó. Não ficou exatamente bonito, mas como tinha um valor sentimental muito grande, deixei do jeito que estava. Eu já estava emocionado só de imaginar a surpresa que ela fizera para mim e de ler aquele bilhete. Eu não queria nem imaginar como seria quando eu chegasse na capela e a visse vestida de noiva. O baque ia ser grande...
 
- E então, você está pronto? Podemos subir? – A Rafa me perguntou.
 
- Se as minhas pernas pararem de tremer... – Brinquei mexendo no cabelo, muito nervoso.
 
- Vem, eu te ajudo! – Ela me ofereceu o braço de forma amigável – E para de mexer nesse topete. Se você bagunçar esse cabelo, eu te mato! Não quero noivo descabelado ao lado da minha gata garota! – A “Rafola” me ameaçou com um olhar fulminante.
Deixamos a casa e passamos por uma enorme tenda branca montada cheia de mesas e cadeiras. Não tive muito tempo para olhar, mas tudo estava muito bonito e arrumado, porém sem perder o tom de simplicidade e o estilo, bem a “cara” da Anita. Eu nem precisava perguntar para saber que aquilo fora planejado por ela.
 
Chegamos até a escada de pedra que levava à capela. O caminho também estava decorado com lanternas e fitas que balançavam ao sabor do vento. Vasos com flores silvestres enfeitavam os degraus dando um charme especial. Era final de tarde e o sol começava a se esconder atrás das montanhas. Fazia muito calor, o que significava que poderíamos ter chuva mais tarde. Ainda bem que a tenda onde a festa seria realizada parecia bem firme e protegida, caso contrário teríamos uma “banzé” completo se os convidados resolvessem fugir da chuva.
 
Tentei continuar focando nos detalhes, mas a cada degrau que eu subia, mais rápido o meu coração parecia bater. Ao meu lado a Rafa me pedia para “respirar fundo”, mas eu já não estava ouvindo mais nada. Comecei a suar frio, a expectativa tomando conta de mim. Precisei respirar fundo várias vezes para me manter caminhando em direção à igreja.
 
Quando chegamos na porta da capela, o André estava à nossa espera batendo o pé e conferindo o relógio, impaciente.
 
- Vocês estão trinta minutos A-TRA-SA-DOS e eu não tolero atrasos! – Ele me deu uma bronca assim que me viu – Tem ideia do trabalho que deu manter todo mundo em ordem dentro dessa capela? A sorte é que a banda já estava posicionada e que o pessoal conseguiu improvisar qualquer coisa para distrair o povo. Mas agora preciso entrar de novo para colocar ordem no “barraco”. Esperem aqui pelo o meu sinal, ok? – Ela deu as ordens em um tom bem nervoso e entrou, fechando as portas rápido para que eu não conseguisse dar nem uma “espiadinha”.
 
Mesmo do lado de fora eu consegui ouvir os berros de “ordem” do diretor. Imediatamente a música parou e o silêncio reinou no interior da capela. De onde eu estava não se ouvia nem um ruído vindo lá de dentro. Poucos minutos depois, o André tornou a abrir a porta, ajeitando o casaco.
 
- Entrem quando a música começar, ok? – Ele pediu, virando-se e voltando para dentro da capela, mas dessa vez deixando a passagem livre.
 
Com a porta aberta, consegui ver alguns detalhes da parte de dentro. Vi as flores, os convidados sentados nos bancos, o tapete vermelho, a minha banda posicionada do lado direito do altar, a Ní em pé a frente deles. Ela estava linda, com um vestido branco bem decotado e os cabelos soltos caindo pelas costas. Quando a Rafinha me disse que ela estava parecendo uma princesa a loira não havia exagerado. A minha esposa estava divina, a mulher mais perfeita desse “neverso”. Além disso, ela estava com um microfone na mão. Será que era ela quem iria cantar?
 
- Lú, lembre-se de caminhar devagar até o altar e tentar fazer cara que não está tão apavorado – A Rafa me aconselhou, mais uma vez me oferecendo o braço para que pudéssemos entrar juntos.
 
- Rapaiz do céu, eu não “dô” conta disso não! Minha Nossa Senhora, “tô” nervoso demais – Confessei. Eu sentia as minhas mãos geladas. Era muito mais fácil esperar uma noiva no altar do que ir até ela.
 
- Calma, Luan! Você está nervoso agora. Quando começar de verdade, você vai ver só... Passa tão rápido que você nem percebe! digo por experiência própria! Só curte o momento, tá? Não é todo dia que alguém faz uma surpresa dessa para você... – A “Rafola” deu “palmadinhas” amigáveis nas minhas costas tentando me acalmar, o que foi em vão. Nem dois litros de suco de maracujá ou de água com açúcar dariam conta de "aquietar" o meu coração.
 
*** Link para música - https://www.youtube.com/watch?v=8nOEO7Hm7rg (Pessoal, a Anita vai começar a cantar a partir da segunda parte da música, ok? Pulem o anúncio!)
 
Nesse momento a música começou a tocar. Uma batida suave de violão acompanhada de um violino preencheu a capela com uma música lenta. O violino dava à canção um tom diferente. Parecia que nos envolvia com o seu som e deixava o nosso coração mais leve.
 
- Essa é a nossa “deixa” – A Rafinha chamou, me puxando para dentro da capela.
 
Começamos a caminhar, eu morrendo de vontade de sair correndo para chegar logo ao altar, e a Rafa me segurando com força, me obrigando a ir devagar. Muito devagar, na verdade.
 
Tentei me acalmar e olhar para os convidados que me encaravam ansiosos. Reconheci muitos rostos conhecidos: Meus parceiros Fernandinho, Lucas, Veveta, e... puts, mas até aquele mala do Fiuk estava presente? Mas seria possível que esse Playboy nunca ia me deixar em paz?
 
A Rafa me cutucou, me obrigando a olhar para frente novamente. Eu já estava pronto para retribuir o cutucão quando ouvi a minha esposa começar a cantar.
 
“Olhe bem no fundo dos meus olhos
E sinta a emoção que nascerá quando você me olhar
O universo conspira a nosso favor
A conseqüência do destino é o amor, pra sempre vou te amar”

 
Sua voz doce e suave me invadiu, batendo lá no fundo do meu peito. Senti os meus olhos marejarem e não consegui conter a emoção. Quem dizia que homem não chorava nunca tinha passado por um momento como aquele. Ver o amor da sua vida cantando uma música tão romântica como aquela era para deixar qualquer “caboclo” baqueado.
 
Segui caminhando até o altar sem tirar os olhos da Ní. Para mim era como se não existisse mais nada ao meu redor. Nem convidados, nem o padre, nem a Rafa, nem nada... A voz dela me encantava, e eu me sentia atraído por ela, como o canto da sereia que atraía os homens para os seus mistérios.

Cheguei ao altar e parei na sua frente, os meus olhos colados nos dela. Ela pegou a minha mão e cantou os últimos versos da canção somente para mim, as lágrimas de emoção escorrendo pela sua face, o sorriso estampado em nossos rostos. Naquele momento foi como se os nossos corações batessem no mesmo ritmo e as nossas almas se tornassem uma só.
 
“Mas talvez, você não entenda
Essa coisa de fazer o mundo acreditar
Que meu amor, não será passageiro
Te amarei de janeiro a janeiro
Até o mundo acabar”

 
A música acabou e os convidados aplaudiram de pé, fazendo muito alvoroço. Foi preciso o André pedir que a "cambada" se comportasse (palavras do próprio diretor) para que a ordem voltasse.

- Ní do céu, isso foi lindo “dimais” – Consegui falar depois de recuperar o fôlego.
 
- É tudo para você! – Ela me respondeu antes de me dar um abraço bem forte.
 
- CU-RI-CA, comporte-se! Nada de estragar o seu vestido “MA-RA”! – O André a repreendeu fazendo cara feia para ela.
 
- E aqui não é lugar para agarração! Vocês estão na casa de Deus, esqueceram? – A Malú aproveitou para “cutucar”.
 
- Meus filhos, se acalmem - O padre, um velhinho baixinho com a cara vermelha e cabelo com corte de “panelinha”, interviu – Vamos todos nos reunir aqui em volta do altar para dar início a essa bela cerimônia que é o casamento de Anita e Luan – Ele falava de uma forma lenta e pausada, como se a sua pilha estivesse acabando.

Os padrinhos começaram a se ajeitar. Vi a Rafa se posicionar ao lado do Pato com cara de quem não sabia o que fazer. Os dois estavam tão tensos que pareciam dois “robozinhos”, completamente ao contrário do Neymar e da Bruna, que eram só risos. Minha irmã e o “Soro” formavam o casal mais engraçado do altar: Ele super alto e a “Pi” baixinha que só ela... Malú e André estavam inquietos, ela fazendo gestos exaltados para o pessoal da filmagem e das fotos e ele em uma “batalha” para manter a Divinha comportada, sem babar ou destruir nada.
 
Olhei ao meu redor. No primeiro banco, do lado esquerdo, estava a minha filha com a “Celinha”, a enfermeira, a Dora e a Vick. Do lado direito, vi a “sogrona”, o Caio, minha mãe e meu pai, que piscou para mim, encorajador. Minha mãe, só para variar, chorava baixinho me encarando com seus grandes olhos de jabuticaba.
 
A Anita segurou a minha mão e nos posicionamos em frente ao padre que deu ordem para que os convidados sentassem. Depois de muitos ruídos de bancos arrastando e alguns “cochichos”, a capela finalmente ficou em silêncio e a cerimônia teve início.
 
- Estamos aqui hoje para celebrar a união de Anita Tunice Domingos Santana e Luan Rafael Domingos Santana, que já são casados perante à lei dos homens e que hoje vão consagrar o seu amor perante à lei de Deus – O religioso começou a falar, com os olhos cheios de compaixão postos em nós – Mas aí eu lhes pergunto, irmãos: O que é o amor? Para alguns pode ser o prazer carnal, para outros aquele sentimento de bem querer que nasce entre duas pessoas. Para mim, o amor é aquilo que faz a vida acontecer, a razão para seguirmos adiante, o único sentimento que transforma verdadeiramente o ser humano, que é capaz de nos regenerar e que o que nos conforta em momentos de tormenta. Hoje eu gostaria que todos vocês aqui presentes aproveitassem a ocasião para refletir sobre essa questão. Temos aqui um belo exemplo do que é o amor: O sentimento que uniu Anita e Luan é tão pleno e profundo que deu frutos e que reuniu todos nós, parentes e amigos, para que juntos, com Deus e Nossa Senhora, possamos abençoar esse matrimônio e testemunhar a felicidade de ambos...
 
O padre continuou o seu sermão, e eu me esforcei muito para prestar atenção em cada palavra. O problema é que a minha força de vontade me traía e quando eu me dava conta, já estava com os olhos na Ní, admirando a minha esposa. Pelo jeito ela também não estava conseguindo focar no padre, porque não parava de sorrir para mim, acariciando a minha mão suavemente.
 
- E agora, eu gostaria de pedir que os noivos fiquem um de frente para o outro para que possamos fazer o juramento matrimonial e a troca das alianças – O padre falou aumentando o tom de voz, com certeza percebendo que nós não estávamos muito interessados em todo aquele papo de “o que é o amor?”. A Rafa tirou as alianças de algum lugar atrás do altar e nos entregou. Reparei que os aneis feitos de ouros e tinham a largura fina, certamente para que eu pudesse usá-lo junto com o nosso primeiro anel de compromisso. Obedecemos o pedido do “velhote”, e ele então começou a recitar as palavras, fazendo pausas para que a Anita pudesse repeti-las.
 
- Eu, Anita Tunice Domingos Santana, aceito Luan Rafael como meu marido e prometo amá-lo e respeitá-lo na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte nos separe – Ela disse, piscando para mim após colocar a aliança no meu dedo. Na sequência eu fiz o mesmo juramento, mudando apenas a parte do “até que a morte nos separe” para “eternamente”.
 
- Anita, você tinha algumas palavras para dizer ao seu marido. Gostaria de dividi-las conosco agora? – O padre perguntou com o seu jeito de “pouca bateria”.
 
Fiquei sem reação. Eu não tivera a oportunidade de preparar nada, não era justo que ela tivesse feito votos especiais e eu não - Ah Não, Ní! “Tá certo” isso, não! Pode ir parando... – Pedi.
 
- Fica quieto, Luan! Eu fiz os votos, e eu vou falar e pronto e acabou. Você não precisa me falar nada! Hoje é o meu dia de demonstrar o que sinto por você! Da próxima vez que a gente casar, aí você faz o que quiser, combinado? – Ela sussurrou para mim, fazendo graça.

Sem me dar tempo para retrucar, ela segurou a minha mão com um pouco mais de força, fechou os olhos e disparou a falar o que tinha ensaiado – Luan,no nosso primeiro casamento eu prometi que seria para sempre a sua Granfina, aquela que estaria ao seu lado em todos os momentos, que serviria de inspiração para as suas mais belas canções e que seria as asas que te  fariam voar cada vez mais alto. Hoje, nessa capela e com a bênção de Nossa Senhora que nos olha ali de cima – ela apontou para a imagem da santa que estava no altar da capela – eu reafirmo o meu juramento e prometo que não importa o que aconteça, eu serei sempre a sua metade; sua amiga, companheira, namorada, amante, a mãe da sua filha e de todos os outros herdeiros que virão – Ela olhou para mim de uma maneira insinuante e um sorriso travesso nos lábios – aquela que vai te amar eternamente e que tem orgulho de levar o seu sobrenome. Eu te vivo, Luan Rafael. Obrigada por ser o meu marido e por me proporcionar os melhores anos da minha vida. Graças a você eu sei o que é ter uma família, o que é ser mãe, o que é amar e ser amada. Hoje quando o padre nos pediu para que refletíssemos sobre o que é amor, o primeiro pensamento que me veio à cabeça foi o que eu sinto por você e o que eu vou sentir amanhã e sempre. Infinitamente! – Ela concluiu com lágrimas nos olhos, bastante emocionada.
 
- Ô “Paxãããõoo”... – Também não consegui segurar o choro. Abracei a minha esposa, a acolhendo com força em meus braços. Atrás de mim eu conseguia ouvir algumas pessoas chorando e suspirando, certamente emocionadas como eu. O discurso da minha esposa fora tão bonito e sincero que me tocara no mais profundo da minha alma. Eu via os seus olhos brilhando de paixão e poderia apostar que o seu coração estava tão disparado quanto o meu.
 
- Ahããããn – O padre pigarreou para chamar a nossa atenção, me fazendo largar a Any - Podemos prosseguir com a cerimônia? – Ele perguntou com a voz grave.
 
- Ô “seu” padre, se o senhor não se importar, eu gostaria de falar umas “palavrinhas” aqui também – Pedi, secando as lágrimas e ajeitando o meu terno.
 
- Vai em frente, meu filho. Tenho certeza que todos estão ansiosos para saber o que você tem a dizer a sua esposa depois das tão belas palavras que ela te disse...
 
- Então, vamos lá – Respirei fundo antes de começar – “Rapais”, eu “tô” nervoso demais, mas “vamô” lá... – Tomei fôlego novamente, acariciei o rosto da Ní e então abri o meu coração – Quando conheci a Anita tudo o que eu sabia era que ela era uma grande atriz, famosa, que tinha muitos fãs e que não gostava muito do assédio da imprensa. Eu a via todos os dias na TV e pensava: Que menina linda! Quando eu recebi o convite para gravar o reality show a única coisa que passou pela minha cabeça foi: Eu vou conhecer a Anita! E assim foi. Passamos três dias juntos no Rio e foi aí que eu tive a oportunidade de conviver com a Ní e perceber que ela era muito mais que apenas uma garota bonita. Ela era, ou melhor, é inteligente, esperta, bem-humorada, e tinha um brilho no olhar que era capaz de encantar e convencer a qualquer um. Mas eu fui muito além disso... Naqueles dias que passamos juntos eu fui capaz de perceber que havia uma Anita que se escondia aqui dentro – Coloquei os dedos suavemente sobre o seu peito para sinalizar o que queria dizer – que quase ninguém via, mas que ela mostrou só para mim. Foi nesse momento que nasceu essa conexão que existe entre nós, esse sentimento forte que nos mantém juntos apesar de todas as tempestades que já surgiram em nosso caminho. Eu te amei no primeiro instante que te vi, te amei ao longo de todos esses anos que passamos juntos, te amei quando casamos pela primeira vez, te amei quando você deu a luz à nossa Nicole, e vou te amar independente do que aconteça, passe o tempo que passar, haja o que houver – Fiz uma pausa, pegando as suas mãos e as mantendo junto as minhas - Eu já jurei uma vez, e juro quantas forem necessárias: Eu prometo estar ao seu lado sempre para te ajudar, compreender, apoiar, amar e cuidar. Mais do que isso, eu te prometo ser aquele que vai te proteger do frio, que vai te colocar para dormir e velar o seu sono, ser seu eterno sonho de amor, a canção que toca sempre na hora certa para acalmar a sua alma, a saudade “gostosa” que vai bater  todas as vezes que você viajar, e o abraço caloroso que vai te receber sempre que você voltar. Eu te dedicarei todos os dias mais felizes da minha vida e, um dia, quando já estivermos “velhinhos gagás”, eu vou segurar a sua mão e nós vamos passear juntos pelo jardim contemplando o por do sol. Você, Anita, é o que há de mais belo em mim. A minha esperança, as minhas forças e a razão pela qual o meu coração bate. Se hoje alguém precisa agradecer, esse alguém sou eu. Obrigada por ser a minha Granfina, por me ensinar a ser um homem de verdade, e por me dar a família que eu sempre sonhei em ter. Obrigada por ser a minha Anita e me permitir ser o seu Luan – Consegui concluir, a voz um pouco enrolada por causa da emoção. Beijei as mãos da Anita e depois, carinhosamente, fui até ela e depositei um beijo na sua testa. Ela me olhava com uma expressão apaixonada no rosto, se esforçando para tentar conter o choro que ameaçava tomar conta dela.
 
Por um momento ficamos parados, apenas olhando um para o outro, como se não existisse mais ninguém na capela. Era como se tivéssemos voltado para o dia que “recasamos” sozinhos na capela. Palavras não eram necessárias para expressar o que sentíamos. Só a forma como ela me olhava e a maneira que mantinha as suas mãos firmes com as minhas bastavam para eu saber que ela me amava e vice-versa.
 
- Foram belas palavras, meu filho – O padre quebrou o “encanto”, a voz emocionada – Queria aproveitar esse momento tão lindo para dar-lhes a bênção final. Queiram por favor ficar de joelhos aqui na minha frente – Ele apontou uma espécie de suporte com “almofadinhas” para colocarmos os joelhos – Já os demais presentes, por favor, peço que se levantem e estendam o braço direito para os noivos. Vamos todos juntos abençoar esse casal.
 
Assim que todos obedeceram o pedido do “velhinho”, ele deu continuidade ao seu sermão, falando de forma ainda mais calma e concentrada.
 
- No início dessa cerimônia eu pedi a todos vocês que refletissem sobre o que é o amor. Eu compartilhei com vocês a minha opinião, mas a verdade é que o amor pode se manifestar de diferentes formas para nós. Não existe uma fórmula para amar. O que existe é o sentimento em si, com todo o seu poder. Mas se me pedissem para dar um exemplo de amor verdadeiro entre homem e mulher, eu citaria esse aqui que está ajoelhado aos meus pés, pedindo ao nosso Pai que os abençoe, proteja e guie por essa longa jornada que é o casamento. Sabemos que nem todos os dias serão fáceis, e como o próprio Luan disse, muitas tempestades virão. Mas depois da tempestade, sempre vem um belo dia de sol. Por isso quero pedir que todos fechem os olhos e peçam para que o nosso Senhor dê a esses dois paciência e compreensão para vencer os obstáculos, que Ele abençoe cada dia mais esse amor e que ele continue dando frutos, contagiando a todos ao seu redor. E é dessa forma, e com o poder a mim concedido, que eu vos declaro marido e mulher. O que Deus uniu nenhum homem separa. Amém! – Todos na capela repetiram o “Amém”. O padre encerrou colocando uma das mãos sobre as nossas testas e fazendo uma oração com a voz baixa – Podem levantar-se agora - Ele avisou quando terminou a sua bênção.
 
Nos levantamos, ficando um de frente para o outro de novo, e eu mal cabia em mim de tanta alegria. Eu já tinha perdido as contas de quantas vezes eu sonhara em me casar daquele jeito. Ainda não dava para acreditar que a Anita realizara o meu sonho de criança. Eu não conseguia parar de sorrir. Com certeza aquele era o melhor dia da minha vida.
 
- E agora, o noivo já pode beijar a noiva – O religioso sentenciou com um sorriso no rosto.
 
- Opaaa! – Exclamei sem nem perder tempo. Cheguei até a Ní, a segurei de leve pela cintura e a beijei suavemente. Ela estava tremendo um pouco, na certa por causa do nervosismo da cerimônia, então eu a abracei forte e sussurrei em seu ouvido – Você é a mulher da minha vida!
 
Do altar, André e Malú puxou o coro de “Brilha Luanita” e essa foi a deixa para a “bagunça” começar. Muitos convidados vieram até nós para nos dar o parabéns e a banda puxou uma "moda" animada para celebrar o momento.

- "Isso que é amor, o resto é conversa, Isso que é amor, a gente se olha, se encosta e se pega" - Cantei para a Ní disfarçadamente, dando uma pista de como seria a nossa segunda noite de núpcias.
 
- Negócio é o seguinte, minha gente – Ouvi a voz inconfundível da “Veveta” chamando a atenção de todos – Tá tudo muito bom, tudo muito lindo, mas o que eu quero mesmo é ferver nessa festa! Laurence, meu filho, e Anita, minha gostosa, deixem esses convidados de lado e "vamô" para a comemoração! “Mainha” aqui tá “doida” para cair na farra – A cantora disse, causando alvoroço entre os presentes.
 
- Opa, é pra já! É hoje que o “pau” vai car a “foia”, Veveta! Bora quebrar tudo nesse “trem”, então... – Falei, puxando a fila para fora da capela. A festa estava só começando...
___________________________________________
Notas finais: Tô ansiosa demais querendo saber a opinião de vocês! Foi um tremendo desafio escrever do ponto de vista do Luan. Espero ter me saído bem nessa missão! =)

Agora é só esperar pela festa! É gente, todo mundo pronto para dizer tchau a nossa Granfina, o Caipira e toda a Trupe? O cap 26 será o último, de verdade Rs!

Tô doida para contar as novidades que estou planejando para vocês!

A gente se vê no próximo cap, pessoal! Fiquem com Deus!

(E pelo amor de Deus, me falem o que acharam!)


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terça-feira, 18 de março de 2014

Capítulo 24 - O segundo ato - Parte I

Notas iniciais: Demorei, né? Eu sei, eu sei... Tenho motivos para isso, eu juro!
Lá no final eu conto. Por enquanto, aproveitem o cap!
_______________________________________________

Ponto de vista da Anita
 
Quase quatro meses depois...
 
- ACELERAAAAA CU-RI-CAAAAAA! – O André gritou ao passar por mim, acelerando o seu Camaro amarelo, me ultrapassando. Ele estava ao volante e a Malú seguia ao seu lado curtindo a viagem.
 
Fiz um gesto feio com o dedo para os dois e continuei a dirigir o meu carro, o “Grafina Móvel”. Ou melhor, o “Floquinho”, como o meu marido o batizara. O apelido surgiu da expressão "Floco de Neve”, que o Luan achou que combinava perfeitamente com o meu carro já que ele era da cor branca.
 
Pelo para-brisas vi o André assumir a ponta da nossa “comitiva”. Logo atrás dele estava a Rafa com a sua Land Rover preta muito estilosa. Eu seguia por último na fila, dirigindo tranquilamente, o Lulu Santos tocando baixinho no rádio porque a Nicole dormia tranquilamente no banco de trás, instalada no seu “bebê-conforto” ao lado da “Divinha” e da enfermeira Célia, que me ajudava a cuidar da minha filha. O Faísca também estava conosco, porém em uma caixa especial para o transporte de gatos. Eu acabei aprendendo a dirigir muito rápido e me arrependi de não ter tirado a minha habilitação antes. Dirigir me trazia a sensação de liberdade, o que era ótimo para alguém que sempre vivia “presa” sob as “grades” da imprensa e dos compromissos profissionais. Pegar a estrada me trazia uma sensação de bem-estar, como se eu só precisasse viver o presente sem me preocupar com mais nada.
 
*** Link para músicahttps://www.youtube.com/watch?v=VAbLqdNUzoc   ***
 
“Hoje o tempo voa amor, escorre pelas mãos,
mesmo sem se sentir
Não há tempo que volte, amor
Vamos viver tudo que há pra viver
Vamos nos permitir...”

 
Era incrível como o tempo passava rápido... Há tão pouco tempo eu estava toda cheia de “neura” com medo da maternidade e agora eu estava ali, toda “babona” com a minha filhota, mais feliz do que jamais poderia imaginar na minha vida. Aliás, aquela estava se mostrando uma época de muita prosperidade e alegria para mim e toda a minha família. O novo DVD do Luan já havia estreado nas lojas e era um completo sucesso de crítica e de vendas. E a nossa vida familiar não poderia estar melhor! O Lú era um pai exemplar e eu estava me saindo muito bem na minha tarefa como mãe. Era inacreditável como a Nicole, mesmo com tão pouco tempo de vida, já havia me mudado tanto. Agora eu sabia o que era ser uma mulher de verdade, com todas as suas responsabilidades, obrigações, sabedoria e força. A condição especial da minha filha exigia de mim e do Luan muito mais atenção, carinho e paciência, mas nós recebíamos em troca um amor tão puro que era impossível mensurar em palavras. Ver minha filha crescendo e se desenvolvendo, desde pequena vencendo as suas limitações e aprendendo coisas novas compensava tudo: as noites não dormidas e todas as fraldas que eu precisava trocar (que não eram poucas...). Ser mãe era mesmo uma dádiva de Deus e eu agradecia todos os dias por ter a minha pequena Nick.
 
E para completar a minha felicidade, agora eu estava a caminho do meu segundo casamento com o Luan. Aquela foi a forma que eu encontrara de agradecer toda a paciência, carinho e compreensão que ele sempre tinha comigo. Eu sabia que o Lú sonhava em se casar na igreja e, para mim, seria uma grande honra tornar realidade um dos seus poucos sonhos de infância que ele ainda não realizara.
 
Fazia um belo dia de verão na fazenda“Nosso Mundo”. As árvores balançavam ao sabor do vento, o sol brilhava, e os pássaros cantavam como se anunciassem a cerimônia que aconteceria logo mais.
 
Assim que chegamos descarregamos todas as nossas coisas (que não eram poucas), a Rafa, o André e a Malú já saíram para ver como andava a organização da minha segunda festa de casamento. Dessa vez, como tivemos tempo para planejar tudo, a festa prometia ser de primeira linha. Minha empresária estava à frente dos comes e bebes; o Dé da decoração; a minha cunhada junto com a Rafinha de todos os trajes, enquanto a Maria Luiza responsabilizava-se pela fotografia e filmagem da cerimônia. Todos estavam muito ansiosos, tanto que parecia que era a primeira vez que eu me casava! A lista de convidados não era muito grande porque a capela da fazenda não comportava muitas pessoas. Além disso, eu queria uma cerimônia mais íntima para que pudéssemos curtir o momento com os nossos familiares e amigos, e tinha certeza que o meu marido concordaria comigo naquele ponto.
 
Deixei a Nicole por um momento com a enfermeira e saí para conferir como estava a preparação da festa. A Divinha me seguiu, balançando o rabo, muito animada com a movimentação de pessoas que circulavam por ali. Logo abaixo da casa, em um espaço gramado cercado por árvores e arbustos floridos, uma grande tenda branca fora montada. Embaixo dela haviam várias mesas redondas decoradas com toalhas brancas e arranjos de flores silvestres. No teto, várias fitas coloridas foram presas das pontas da tenda até o centro, formando uma espécie de mosaico que balançava ao sabor do vento em um arco-íris multicolorido. Em um canto, próximo ao pequeno caminho que seguia até a casa, estava a mesa onde seriam colocadas as comidas e as bebidas. Do lado oposto, perto da escada que levava até a capela, havia um pequeno palco de onde a banda animaria os convidados. Ou pelo menos tentariam, porque eu tinha certeza que assim que bebesse um pouco o meu marido e os convidados iriam assumir os microfones e instrumentos e dominar o som da festa. Ao redor da tenda, nos galhos das árvores e arbustos, foram presos lanternas e fitas coloridas completando o visual da tenda.
 
A decoração se estendia até a varanda da casa, por onde os convidados chegariam após deixarem o carro no estacionamento improvisado ao lado do jardim logo acima da casa. Ali o André mandara instalar painéis com fotos minhas e do Luan juntos. Fiquei até emocionada ao ver todas aquelas imagens. Era como voltar ao tempo, à época em que nos conhecemos, namoramos... Caramba, a gente tinha vivido tanta coisa juntos!
 
- E aí, tá aprovado o meu cenário de casamento de FA-ZEN-DA super luxuoso e glamuroso? – O André veio até mim para saber a minha opinião. Na mesa do buffet a Rafa tentava se livrar de uma imensa dúvida: potes de cristal ou de cerâmica para servir a sobremesa? Aquele era o tipo de detalhe que só a Rafa poderia resolver, eu nem me importava com nada daquilo.
 
- Ai Dé, tá perfeito! Do “jeitinho” que eu imaginei – Confessei, sorrindo de orelha a orelha.
 
- Isso porque você ainda não viu lá em cima – Ele me falou com a voz animada, me puxando escada acima.
 
Já no caminho da capela comecei a ficar impressionada. Os degraus também haviam sido decorados com flores silvestres, e as árvores que na subida tinham lanternas e fitas como as que circundavam a tenda. Fitas coloridas foram presas à porta da capela, ladeando as passagens e formando uma espécie de arco no topo. A capela recebera uma “mão” de tinta branca, e estava brilhando à luz do sol. Por dentro, um tapete vermelho indicava o caminho de entrada e rosas vermelhas e brancas decoravam as laterais dos bancos. O altar recebera uma atenção especial: uma toalha branca cobria o púlpito e castiçais com velas acesas davam um toque especial a decoração. O lustre no teto também recebera um “trato” e irradiava luz por todo o lugar.
 
- Caramba gente, isso aqui tá demais! – Comentei com lágrimas nos olhos. Eu tinha certeza que o Lú ia adorar tudo aquilo.
 
- Ahh não, nada de chorar ainda! Guarda isso para quando você estiver ponta! Vem Any, tá na hora da noiva começar a se arrumar – A Rafinha apareceu na capela me puxando de volta para a casa.
 
A Bruna já estava por lá, me esperando, parecendo que era ela quem ia se casar de tão ansiosa que estava. - “Cunha”, você será a noiva mais linda desse mundo! Meu irmão vai morrer de amores por você ainda mais!
 
Enquanto elas me arrastavam para o banho, limpeza de pele, maquiagem, arrumação do cabelo e para acertar todos os detalhes da minha roupa, tudo o que eu conseguia pensar era no meu marido.
 
Desde que eu tivera a ideia do nosso segundo casamento eu mantive tudo em sigilo. Oplano era fazer uma surpresa para o Lú. Eu contei com a ajuda dos meus amigos para organizar a festa que eu planejara na minha cabeça e pedi, ou melhor, implorei para que todos os convidados mantivessem o segredo. Aparentemente tudo estava dando certo. O Luan voltaria de uma turnê de shows naquele dia e o seu empresário, o Fábio, junto com o Rober e o Well ficaram encarregados de “enrolá-lo” até a hora dele ir para a fazenda. 

Nós estávamos conversando no Whats App e ele já me confirmara presença. Ele seguiria para a “Nosso Mundo” assim que saísse de uma reunião de trabalho e esperava encontrar um simples churrasco para amigos e familiares, e não uma festa completa com direito à banda e telão. Meu coração estava aos pulos só de imaginar a reação dele ao ver tudo aquilo. Será que ele ia gostar? Será que aprovaria toda a produção que havíamos feito? Eu já ouvira falar de festa de aniversário surpresa, mas festa de casamento? Com certeza eu estava inovando no mercado...
 
Respirei fundo, tentando me acalmar. Ao meu redor, Rafa, André e Bruna trabalhavam muito concentrados. Minha cunhada cuidava do meu make, a minha empresária do meu look e o André ficava apenas pegando no meu pé e dando “pitacos” para todo o lado, enquanto a Malú registrava tudo com a sua câmera. Claro, que só para aumentar a minha curiosidade, ninguém me deixou ver o que estavam fazendo. Viraram a minha cadeira deixando-me de costas para o espelho e, todas as vezes que tentava trapacear para dar uma “espiadinha” eu era punida com um belo ''pedala Anita”. A minha preparação foi interrompida algumas vezes porque eu precisei dar mamá para a minha filha, ou porque a Divinha cismava em querer deitar em cima do meu pé e o pessoal precisava ficar “tocando” ela de lá a todo custo.

- Agora escuta aqui, sua curica – O André chamou a minha atenção, apontando o dedo para mim de uma forma muito ameaçadora – NA-DA de pulos na piscina com o seu vestido de noiva, entendeu? Você está PROI-BI-DA de fazer qualquer coisa que prejudique essa verdadeira obra de arte! Seja água, fogo, terra, tesoura... Qualquer coisa, EN-TEN-DEU?
 
- Aham... – Concordei sem nenhum ânimo para discussões. Até hoje ele brigava comigo por ter estragado o meu primeiro vestido decasamento. Aff... – Eu quero mesmo é ver como eu estou! – Reclamei, cruzando os braços e fazendo birra.
 
- Tá bom, tá bom... A gente já está quase terminando... Faltam alguns detalhes ainda, mas acho que você pode ver – A Rafa, por fim, me “livrou” do meu castigo – Vem, levanta e fecha os olhos! – Ela me pediu, estendendo a mão para me ajudar a sair da cadeira giratória onde eu estava sentada. Depois ela posicionou-se atrás de mim, tapou os meus olhos com as mãos e, após se certificar que eu não estava enxergando absolutamente nada, ela girou o meu corpo me deixando de frente para o grande espelho de umas das suítes da casa.
 
- Pronta? – A loira me perguntou. Concordei com a cabeça e então ela tirou as mãos, liberando a minha visão.
 
Meu queixo foi lá no chão quando vi o meu reflexo. Na boa? Eu estava muito gata! Meus cabelos castanhos estavam presos para trás com uma tiara que lembrava uma coroa e desciam soltos pelas minhas costas em ondas que mudavam de cor por causa das minhas californianas. Já o meu vestido era um detalhe a parte. Em cima ele era feito de tule bem transparente com bordados em prata que desciam das alças, passavam pelo colo e terminavam na cintura. Na parte de baixo, a peça era feita com um pano vaporoso branco um pouco soltinho com um drapeado que dava todo um charme. Nos pés, uma sandália prata com um salto altíssimo que, tão logo eu pudesse, seria substituída por algo mais confortável (lê-se meu all star). A maquiagem também estava perfeita: Os olhos bem marcados com delineador e rímel, sombra em tom de prata para combinar com os detalhes do vestido, blush e batom rosa claro. Brincos prateados e um terço em forma de pulseira (cortesia da Dona Marizete) completavam o visual.
 
- Não, não... Nada de chorar! – A Bruna correu até mim e segurou forte a minha mão.
 
- Tá louca, MU-LHER? Chorar e estragar esse look “bapho”? Jamais! Força nessa peruca, “rebeldezinha” sem causa! – O diretor ralhou comigo – Mas eu preciso confessar: Você está DI-VI-NA! Que orgulho dessa minha CU-RI-CA! – Ele disse depois de respirar fundo e tomar coragem para falar o que realmente estava sentindo.
 
- Orgulho é pouco! Ahh, nem dá para acreditar! A minha gata garota cresceu! – A Rafa falou com a voz emocionada, me abraçando muito forte.
 
- Não, não! Você também não pode chorar... – Falei baixinho para ela – Muitas surpresas ainda te aguardam! – Avisei fazendo mistério.
 
- Que tipo de surpresa? – Ela perguntou, preocupada.
 
- Surpresas são surpresas, Rafaela Prado – A Malú interveio para me salvar – E agora chega de conversa! Vocês precisam terminar de se arrumar! Anita, você vem comigo! Bora fazer umas fotos suas sozinha para o álbum!
 
Saí com a Maria Luiza, nós duas trocando olhares de cumplicidade, deixando a minha empresária muito intrigada no quarto. Mal sabia ela o que a esperava no altar!
 
***
 
Algumas fotos pra cá, muita confusão e correria para lá, e quando vimos já estava na hora dos convidados chegarem. Terminamos de nos arrumar, e saímos direto para a capela. O lugar já estava cheio de gente esperando o início da celebração sob as sombras das árvores por conta do calor.
 
Assim que subi as escadas (tomando o máximo de cuidado para não cair do salto) já vi todo mundo me esperando: Minha mãe, irmão, a família do Luan, o Neymar, Bruna, Thaeme, o novo e o antigo Thiago, Fernando, Sorocaba, Lucas Lucco (affair da minha cunhadinha), Veveta e claro, o Pato! Graças a Deus o Murilo ainda estava estudando em Nova York e como eu não fizera nenhuma questão da sua presença no meu casamento, ele ficou por lá mesmo.
 
- Anita, o que o Alexandre está fazendo aqui? – A Rafa ficou paralisada ao ver o seu pretendente, esbanjando beleza com um terno azul marinho elegantíssimo.
 
- Ué, ele vai ser o seu acompanhante no altar. Chamei o Alê para ser o meu padrinho também – Expliquei.
 
- COMO É QUE É? – A loira quase teve um treco. Ela estava “divíssima” com um vestido amarelo claro de renda e um chapéu combinando que a deixava com cara de “rainha do gado”. Os chapéus foram uma exigência minha. Como era um casamento ao ar livre e na fazenda, eu pedira que todas as damas usassem o acessório. As meninas assentiram ao meu pedido (incluindo o Sorocaba, que não era mulher mas não largava o seu chapéu por nada...). Para os homens, o pedido foi que todos usassem coletes e traje completo de gala.
 
- Nós avisamos que estávamos preparando uma surpresa – A Malú disse, rindo sem parar da reação da minha amiga.
 
- Mas Any, você sabe tudo o que aconteceu entre eu e o Pato... Já não basta o climão que vai ficar entre eu e o Caio, agora eu vou ter que driblar esse problema com o Alê também? – O desespero da Rafa era tanto que ela começou a andar de um lado para o outro na minha frente, parecendo uma barata tonta.
 
- Desculpa Rafa, mas não posso fazer nada! Eu disse que entendia a sua decisão de ficar com o Murilo, mas em nenhum momento falei que ia facilitar para você – Pisquei para provocá-la – Além disso,vocês formam um casal lindo! Vão brilhar muito no altar!
 
- Mas você não disse que eu ia fazer par com o Sorocaba? E agora? Ele vai ficar sozinho? – Ela ainda tentou fugir, sem sucesso. Eu já havia pensando em tudo.
 
- “Soro” vai ser par da Bruninha – Expliquei deixando-a sem saída de vez – Rafa, quer um conselho? Aceita que doi menos, amiga! – Brinquei rindo cada vez mais da cara dela.
 
- Você me paga, Anita! – A loira rebateu em tom azedo.
 
- Beijinho no ombro pra você, Rafaela – Eu e a Malú “zuamos”, deixando a minha empresária ainda com mais raiva.
 
- Bom, então já que tivemos essa mudança “estratégica” – Ela fez uma pausa revirando os olhos, nitidamente nervosa – como vão ficar os padrinhos agora?
 
- Fica assim: Você e Pato, Malú e André como meus padrinhos. Neymar e Bruna, Soro e Bruninha como os do Luan. Saca? – Expliquei.
 
- Tá certo, vou avisar o Sorocaba, então... – Ela saiu batendo o pé.
 
- E eu vou fazer mais algumas fotos dos convidados e passar instruções para os outros fotógrafos – A Malú avisou, também me deixando sozinha.
 
Olhei ao redor à procura da minha filha. Assim que a vi ali perto no colo da minha mãe e corri até elas.
 
- Ai Anita, a Nicole é tão linda... – A vovó estava se derretendo toda pela neta – Ela me lembra tanto você... Pequenininha, quietinha, tão doce...
 
- Ahh, mas pra mim ela lembra o Luan – A Dona Marizete se aproximou também querendo paparicar a netinha – Ela tem o mesmo “narizinho” e a mesma “boquinha” dele...
 
- Mas quem diria, né? Eu lembro da Anita criança lá no Canadá, correndo na neve... E agora ela está aqui: mãe e se casando pela segunda vez – A Dona Clara comentou saudosa.
 
- Quem diria mesmo! A Any sempre foi rebelde, do tipo “osso duro de roer”, filhinha de mamãe e toda mimada.... Sempre achei que ela iria ficar “pra titia” e olha aí, já tá casando pela segunda vez! – O meu “querido” irmão entrou no assunto afim de me cutucar.
 
- É, a Anita realmente nos surpreendeu! Casou tão novinha... – Minha mãe concordou ainda com a Nicole em seus braços.
 
- Acho que os dois me surpreenderam! – Minha sogra assentiu sorrindo para a neta – Mas eu sempre soube que eles formariam uma família linda! E a Nica é a prova disso...  Deus não enviaria uma criança tão especial para eles se não confiasse em ambos para criá-la e educá-la. Essa menina foi um presente divino, né Anita? Mudou completamente a vida de vocês, principalmente a sua – Ela comentou me olhando de uma maneira muito carinhosa.
 
- É sim, dona Marizete. A Nick – Dei bastante ênfase ao “Nick” para que todo mundo entendesse de uma vez por todas que aquele papo de “Nica” não estava com nada - me mudou e vai continuar mudando, porque eu sempre quero estar aqui, para tudo o que ela precisar... Para cada desafio que ela precisar superar eu e o Luan estaremos ao lado dela para ajudá-la e dar forças – Disse com os olhos cheios de lágrima. Falar da minha filha sempre me emocionava.
 
- E eu sei que vai estar, filha. Uma qualidade que você sempre teve é nunca desistir do que queria. Você sempre conquistou tudo o que quis com muito esforço e dedicação. A Nicole não poderia ter exemplo melhor – A Dona Clara falou com a voz cheia de orgulho, o que quase me fez chorar de vez.
 
- Com certeza! Não é a toa que dizem que ao lado de todo grande homem sempre existe uma grande mulher. Eu sei que meu filho é um grande homem porque nós o criamos assim, mas ele deve muito disso à você também, Anita.
 
- Poxa gente, assim vocês vão me fazer chorar... – Confessei, fazendo um esforço enorme para conter as lágrimas. Não era todo dia que a sua mãe e a sua sogra combinavam de te mimar e deixar o seu irmão mais velho com cara de recalcado.
 
Nessa hora, o André; que até então não tinha dado as caras por ali, fez sua entrada triunfal. Ele apareceu no topo da escada correndo e, aos gritos, chamou a atenção de todos – TODO MUNDO PARA OS SEUS LUGARES CAM-BA-DA! O noivo está chegando!
 
Por um momento todos pararam o que estavam fazendo e apenas ficaram olhando para a cara do diretor, embasbacados e sem entender nada. Como ele sabia que o Luan estava chegando?
 
- Tá, tá... O Well me mandou uma mensagem no Whats App e disse que daqui quinze minutos eles estão chegando por aqui! – O Dé se explicou – O que vocês estão esperando? JÁ PARA OS SEUS LU-GA-RES! Anita e os músicos, para o altar! Os padrinhos também! Quem veio só para comer trate de sentar nesses banquinhos e sossegar o “faxo”. E Rafaela, vai agora mesmo lá pra baixo! Esqueceu que você é a responsável por vestir o noivo e acompanhá-lo até o altar, isso claro, sem deixá-lo enfartar com a novidade de um casamento surpresa? – Ele disparou ordens para todos os lados, fazendo o pessoal começar a se mexer, apressados. Sem pestanejar, a Rafa desceu as escadas, pronta para assumir o seu posto.
 
- Mãe, daqui a minha filha! – Pedi. De repente me bateu um medo, uma sensação de insegurança... Senti o meu estômago revirar o e o coração disparar dentro do peito. A hora estava chegando e eu não sabia o que fazer. E se o Luan não gostasse da surpresa? E se ele não quisesse se casar de novo? Agora não dava mais para voltar atrás. Era tudo ou nada! Os convidados já estavam ali, esperando por um casamento que talvez pudesse não acontecer. Fala sério... Aquele era o tipo de coisa que só acontecia comigo...
 
Segurei a minha filha no colo e fui caminhando até o meu lugar. Como tratava-se de um casamento, no mínimo, inusitado, eu é que ia ficar esperando pelo noivo no altar e não o contrário, como sempre acontecia. Eu ensaiara junto com a banda LS uma música para cantar quando o Luan entrasse na capela. Até o Sorocaba iria dar uma mão tocando violino para ajudar a dar uma “incrementada” na “coisa” toda. O problema é que a minha perna estava tremendo tanto e eu estava com tanto medo de tudo dar errado que não tinha mais certeza se eu iria mesmo conseguir cantar.
 
- Ai filha, e agora? O que mamãe faz? – Perguntei enquanto ninava a Nicole nos meus braços – É, você está certa! Mamãe tem que ficar calma, né? Papai me ama, não tem porque ele não querer se casar de novo... É filha, você tem razão! Vou respirar fundo! – Continuei conversando com ela em um “papo reto” entre mãe e filha. Ao meu redor tudo estava uma correria só. O André acelerava todo mundo e a Malú passava as ordens para os padrinhos. Sozinho no altar, o Pato me olhava com um sorriso tímido no rosto, meio perdido entre tantas pessoas que ele ainda não conhecia muito bem. Já o Neymar e a Bruna estavam tirando onda, fazendo piada com tudo que acontecia ao redor deles. Vi a minha mãe e os meus sogros sentados na primeira fileira, e os músicos da banda ajeitando os seus instrumentos. Até ali tudo parecia estar correndo bem...
 
 – Ai filha, o que eu faria da minha vida sem você? Ainda bem que você me entende! – Sussurrei para ela, beijando o seu rostinho. Era incrível como ela tinha o poder de me acalmar. Eu apenas fitava aqueles seus olhinhos amendoados e a sua expressão sempre serena e era como tudo na vida passasse a ser mais simples, fácil e indolor. Minha pequena Nick era tão pequena e já havia passado por cada uma... Para ela até as coisas simples tornava-se uma grande vitória. E ela encarava todos os desafios de frente, sempre disposta e muito carinhosa. Se ela podia, porque eu não conseguiria? Minha filha tornara-se um exemplo para mim, uma demonstração de como a vida era bela para quem sabia apreciá-la nos seus mínimos detalhes.
 
- Ahhhh, quem foi que soltou essa cadela? Esse FU-RA-CÃO vai acabar com a decoração! – O André se desesperou ao ver a Divinha entrando correndo pelas portas da capela. Eu a deixara presa junto com o Faísca dentro da casa, mas pelo jeito ela dera um jeito de marcar presença no evento.
 
- Divinhaaaaaaaa! – Neymar gritou reconhecendo o presente que ele me dera no meu primeiro casamento.
 
A mascote pulou em cima dele, depois lambeu e esbarrou em todas as pessoas que estavam no altar, pisou na barra do vestido da Bruna até que conseguiu chegar até mim. Quando se aproximou, percebendo que a Nicole estava no meu colo, a minha cadela parou e apenas sentou ao meu lado, super comportada.
 
- Já para FO-RA sua vira-lata! – O André ameaçou, “babando” de raiva.
 
- Ahh não, deixa ela aqui! – Falei com a voz firme, indicando que aquele assunto não estava em discussão. Já que ela tinha conseguido fugir, o jeito era deixar ela participar da cerimônia assim como aconteceu no meu primeiro casamento.
 
O Dé apenas olhou para mim, contrariado, mas não falou nada. Ele só suspirou fundo antes de se virar para todos, pedindo atenção:
 
- Certo, eu vou sair, fechar as portas e esperar o Luan e a Rafa lá fora. Quando eu voltar, o segundo ato do casamento mais ME-TE-Ó-RI-CO de todos os tempos vai começar! Preparem os corações, porque será I-NES-QUE-CÍ-VEL!
 
Meu coração falhou uma batida dentro do peito. Segurei a minha filha mais forte contra o meu peito. Eu estava prestes a realizar o sonho do meu marido e aquela seria a maior prova de amor que eu poderia dar a ele. Quando aquelas portas abrissem, todas as pessoas ali presentes seriam testemunhas de um amor tão forte que era capaz de superar muitos obstáculos, de mudar a minha vida, de dar frutos e reunir uma Trupe que era uma verdadeira família... Aquele era o dia de concretizar para sempre a nossa união e de selar por toda a eternidade o nosso amor que era infinito.
______________________________________
Notas finais: Vixiii, esse casamento promete, hein? Qual será a reação do Luan com esse casamento surpresa, hein? E a Rafa e o Pato na mesma festa? Hum... Acho que esse último cap promete!

Bom, tenho dois recados importantes:

1º - Desculpem a demora, mas eu tenho uma boa desculpa: MEU SOBRINHO NASCEU! E foi no dia do aniversário do Luan, acreditam?! Por isso que o cap atrasou!

2º Estou escrevendo uma outra fic em parceria com a Sarah, uma amiga minha. Não é do Luan, mas quem quiser conferir: http://aquatromaaos.blogspot.com.br/

É isso, essa temporada de AGeOC está acabando, mas fiquem calmas! Tem ótimas ideias vindo por aí! Só torçam para eu ter tempo, por favor!

Beijos, a gente se vê no próximo cap! *--*

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