quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Capítulo 29 - Colcha de retalhos

Notas iniciais: Hey, gurias!

Último capítulo da segunda fase! Uhuuuuu! E para fechar com chave de ouro, adivinhem só: vai ter babado, confusão e gritaria. Eita que a festa do Caio vai render!
____________________________________________

Fechei os olhos e prendi a respiração para evitar que as lágrimas que inundavam meus olhos viessem a cair. Eu não queria chorar, porque sabia que se começasse não iria conseguir parar.

As imagens de tudo o que acontecera com o Edu se misturavam com as recordações que tinha do Léo, fundindo tudo em um único acontecimento e me confundindo ainda mais. Tive a velha impressão que estava me afogando, dessa vez mergulhando mais fundo em um mar escuro.

Foi aí que me lembrei do conselho do meu pai: não nade contra a maré.

Voltei a respirar, puxando o ar rapidamente como alguém que acaba de voltar a superfície. Eu precisava organizar meus pensamentos e sentimentos, senão não conseguiria voltar para a festa.

As palavras do Alê voltaram à minha cabeça. Se antes eu já sentia que ele estava certo, agora não me restava a menor margem de dúvida. Eu realmente estava dando importância demais àqueles garotos.

Apoiei as mãos na pia e encarei minha imagem no espelho. A conversa com meu pai, que inicialmente não dei a mínima importância, começava a fazer sentido.

“O que você quer, Gabriela?”

Repeti a pergunta do meu pai em voz alta. Naquele momento, a principal emergência era não me machucar mais. Eu conhecia o fundo do poço e agora que tinha começado a sair dele, não poderia voltar a cair. Ou pior: descer ainda mais fundo.

Abri a torneira e passei um pouco de água na nuca. Minha vontade era lavar o rosto, mas não queria borrar a maquiagem. Seria péssimo voltar à festa parecendo um panda.

Fui repetindo aquele gesto até a água fria me trazer de volta à realidade. A vantagem de ter todos os seus fios arrebentados uma vez é que ficava mais fácil remendá-los, tipo uma colcha de retalhos. Por mais que eu ainda tivesse muitas feridas abertas no meu coração, algumas cicatrizes me deixaram mais fortes para encarar aquele momento.

Relembrei tudo o que aconteceu comigo desde que a Mari espalhou o boato na escola: eu encontrei pessoas bacanas que me gostavam de mim do meu jeito, sem a máscara que costumava usar com a nobreza, aprendi que não adiantava fugir e que, se eu não era, poderia fingir – e muito bem. Prova disso era o Jogo do Engana Trouxa.

Voltei a fechar os olhos, mas dessa vez para procurar por um personagem. Eu precisava de alguém dissimulada o suficiente para encarar o Léo junto com a Vanessa e ainda ser capaz de elogiar o casal. Abri os olhos e sorri de modo irônico para o espelho. Eu precisava ser a Mari.

Assumi a minha melhor postura de nobreza e sai do banheiro disposta a segurar firme os fios que ainda me restavam.

- Orra Gabi, demorou no banheiro, hein? Está com dor de barriga, é?  – Caio brincou.

- Só se for de indigestão por ficar perto de certas pessoas – retruquei com aquele jeito típico das insuportáveis – Era brincadeira, querido – pisquei para ele ao ver sua cara de espanto por causa da minha resposta – Ai gente, cansei de jogar... Vamos beber alguma coisa?

- Cansei também... Acho que podemos considerar empate, né? – a Laís disse, ficando de pé ao meu lado.

Claro que meu parceiro não deixou por menos e fez questão de contar e recontar todos os pontos da partida. Enquanto os dois discutiam qual dupla tinha vencido, vi o Alê me olhar com cara de interrogação. Apenas levantei uma sobrancelha e mexi a boca formando a palavra “jogando”.

O skatista inclinou a cabeça confuso, mas antes que pudesse pedir mais detalhes, o Gustavo se aproximou de onde estávamos.

- Gente, o Léo voltou com a namorada? – o moreno foi direto ao assunto. O tom de surpresa na sua voz indicava que eu não era a única que esperava ver o cabeludinho chegando sozinho à festa.

- Pelo jeito, sim... – o Caio deu de ombros – Mas eles vivem se desentendendo, então nunca dá para saber quando estão juntos ou separados.

- Na boa, o Léo nunca vai largar dessa menina. Ele vive reclamando, mas no fundo gosta da chatice dela – a Laís deu sua opinião carimbando, mesmo que sem querer, o selo de trouxa na minha cara. Me senti uma completa idiota por ter cogitado uma hipótese diferente.

- Então foi por isso que você desistiu de correr atrás dele? – Gustavo perguntou à Laís com um quê de provocação na voz.

A morena riu da piada, sem perder a pose – Pois é... Vi que ali não tinha futuro. Léo é muito esperto, mas quando se trata de namoradas... – completou a frase mexendo a boca e a cabeça, como se indicasse uma situação que não tem mais conserto.

Respirei fundo, lutando para manter o meu papel de superior. Por dentro eu estava um caco, mas por fora parecia a garota mais animada do local.

- Mudando de assunto, alguém sabe quem é aquela loira ali? Aquela que está rodeada de garotas, parecendo a estrela da festa? – o garoto quis saber, apontando discretamente para o seu lado direito.

- É a Marília - respondi revirando os olhos.

- Pela sua cara percebe-se que ela não é a sua melhor amiga - o garoto comentou com jeito de "sabichão".

- Pior que já foi, hein... - Alê falou deixando todo mundo intrigado.

- A Marília era a minha melhor amiga, mas um belo dia ela acordou e resolveu que ia jogar o cara que eu gostava pra cima de outra menina e depois espalhar um boato ridículo sobre mim para a escola inteira - resumi, me esforçando para parecer indiferente.

- Nossa, que cobra - Laís lançou um olhar venenoso na direção da loira.

- Cobra ou não, ela não para de jogar charme pra cima de mim – o Gú se gabou.

- Huuum... Você poderia me ajudar a dar o troco nela, né? - pedi abrindo um sorriso mal-intencionado.

- Isso! Finge que você está ficando o Gú e se exibe na frente dela. Certeza que ela vai ficar puta da vida - no que dizia dar o troco em uma pirigueti que mexeu com o que era nosso, mulheres sempre se entendiam.

- Garotas... - Alê mexeu a cabeça achando graça da ideia.

- Eu topo! Mas acho que não é só essa tal Marília que vai ficar enciumada - Gú olhou de relance para o Caio, que assistia a cena em silêncio - Vem, Gabs. Vamos colocar fogo nessa festa.

Uma musica eletrônica animava a pista de dança improvisada onde se via um grupo de garotas e garotos dançando bem animados.

Gú foi pegar uma Skol Beats para nós e fiquei me perguntando se os pais do Caio tinham liberado a bebida. Conhecendo o aniversariante como eu conhecia, seria capaz de jurar que ele tinha inventado algum “câo” para conseguir a liberação.

- Usamos o mesmo esquema que vocês usavam para conseguir as bebidas: pedimos para a empregada comprar. Os pais do Caio saíram, mas voltam ainda hoje. Então, beba tudo o que tem para beber agora, porque quando eles aparecerem já era - o moreno me informou quando voltou com duas latinhas na mão respondendo minhas dúvidas.

- Sabia que tinha algum truque - comentei dando um gole na bebida. Apesar de forte, o sabor era doce, do tipo que você bebe e nem percebe.

Senti o Gustavo colocando a mão na minha cintura me puxando para mais perto. Ele colocou uma de suas pernas entre as minhas e começou a se mexer no ritmo da batida, me levando a fazer o mesmo.

Em poucos instantes estávamos bem entrosados, as mãos levantadas curtindo a música e os rostos bem perto um do outro. Aliás, daquele ângulo dava para entender porque a Mari estava afim dele. Sua pele morena, quase negra, destacava seu belo sorriso. Isso sem falar na ginga que o rapaz tinha. Ele dançava como ninguém e, às vezes, dava umas reboladas capazes de tirar o fôlego de qualquer garota. Em uma palavra, ele era sexy.

Continuamos bebendo e brindando, e não demorou para a Skol Beats começar a fazer efeito. Mesmo com a cabeça rodando um pouco, consegui localizar a Mari parada perto da piscina, olhando a cena com cara de poucos amigos.

Do outro lado, perto das mesas, Léo e Vanessa acompanhavam o movimento da pista sentados e comendo churrasco. Eles não pareciam o casal mais apaixonado do mundo e peguei o cabeludinho me olhando mais de uma vez.

Fiquei olhando para aquela menina sem sal e sem açúcar enquanto meu monstrinho interior fazia questão de tripudiar em cima da situação.

“Mas o que aquela magricela, loira oxigenada tem que você não tem? Ela nem é bonita! E o que é aquela cara de mosca morta?” Ele não parava de ficar colocando defeitos, o que só me deixava mais na “bad. Afinal, se a Vanessa era tão ruim assim, porque o Léo estava com ela e não comigo?

- Acho melhor você parar de olhar... – o Gú sussurrou no meu ouvido.

Abaixei a cabeça, sem graça. Com certeza ele tinha percebido. Tentei disfarçar, mas não tive muito sucesso. Para minha sorte, bem nessa hora resolveram trocar a trilha sonora da festa para funk. A música da Anitta tomou conta do local, levando muitas meninas para a pista.


- “Deixa ele chorar, deixa ele sofrer, deixa ele saber que você está curtindo pra valer” – ele cantou pra mim, mudando a letra de propósito.

Sorri para o meu parceiro, me animando novamente. Com a batida da música bem agitada, soltamos mais os nossos corpos, ele rebolando de leve e mordendo os lábios para me provocar.

Me deixei levar pela letra e pelo ritmo do moreno na minha frente, me sentindo a “rainha da festa”. Mesmo de longe eu sentia o olhar de inveja que a Marília lançava na minha direção.

O Gustavo colocou a mão na minha nuca, levantando meu cabelo e causando um arrepio que desceu por todas as minhas costas. Senti ele me apertar de leve na região da cintura, chegar ainda mais perto e roçar o nariz no meu, apenas alguns centímetros separando as nossas bocas.

Fechei os olhos e deixei que a situação rolasse. Já estava cansada de ter que me preocupar com o que os outros iriam pensar. A sensação de liberdade que tomou conta de mim foi incrível. Estava tão leve que seria capaz de voar se o Gustavo me soltasse. Porém, ele fez o contrário. Seu beijo começou lento, como se estivesse pedindo permissão para seguir adiante. Ele foi me envolvendo aos poucos, exigindo cada vez mais de mim até que eu estivesse com os braços ao redor do seu pescoço, completamente entregue, e suas mãos bailassem pelas minhas costas e braços em movimentos sedutores.

Depois de todos os problemas com o Edu e da decepção com o Léo, era bom viver algo assim: fácil e simples, sem grilos.

- Você é linda, sabia? – ele falou, passando a mão de leve no meu rosto.

Abri um sorriso, feliz com o comentário. Eu sabia que o elogio era só para me bajular, mas me permiti curtir a vaidade do momento. Afinal, não era todo dia que eu podia exibir um dos caras mais bonitos da festa na pista de dança.

Continuamos juntos, dançando e brindando, a bebida diminuindo cada vez mais a minha timidez. Fazia tempo que eu não sabia o que era me divertir tanto assim.

- Nossa, preciso ir ao banheiro. Estou suando, minha maquiagem já deve estar derretendo – comentei usando as mãos para me abanar. Minha cabeça girava por causa da bebida e precisei do dobro de esforço para me manter de pé.

- “Tá” nada, está ótima! – ele sorriu de um jeito sedutor.

- Já volto! – dei um selinho nele e saí. O toalete ficava um pouco afastado da agitação da festa e, como não tinha muita luz, alguns casais estavam por ali aproveitando da “privacidade”. Uma parede separava a entrada do banheiro do resto do local, formando uma espécie de corredor de proteção. No final, um lavatório com um espelho com moldura de prata muito bonita decoravam o espaço. E ali, retocando a maquiagem, estava a pessoa que eu menos queria encontrar: Vanessa.

Ela conversava com uma amiga e o assunto era, para meu total azar, o Cabeludinho.

- Nossa, estou tão feliz! Eu e o Léo estamos em uma fase ótima.  Precisa ver como ele está fofo comigo – seu sorriso de orelha a orelha fez a minha autoconfiança vacilar. Será que meu “sócio” esteve mentindo pra mim esse tempo todo?

Disfarçadamente, dei meia volta para sair dali, mas era claro que o meu azar não ia se limitar apenas àquela situação. Nem cinco segundos depois, vi a Mari caminhando na minha direção junto com a Carol. Acabei ficando onde estava, parada na entrada do pequeno corredor que dava acesso à porta do banheiro.

- Às vezes, eu tenho vontade de olhar para certas pessoas e falar “amiga, para porque está feio” – a loira disse lançando um olhar bastante significativo na minha direção.

Fiz a minha melhor “poker face” e fiquei ali, disposta a ver até onde ela iria. A Carol apenas deu um sorrisinho amarelo, parecendo pouco disposta a participar da conversa.

- Porque tem gente que não se toca, né? Acha bonito ficar de pegação no meio da pista de dança... – reconheci o cinismo, típico da minha ex amiga.

- E tem gente que acha bonito ficar tomando conta da vida dos outros – falei, a bebedeira me dando uma dose extra de coragem.

Pelo canto do olho vi a expressão de furiosa da Marília.

- Está falando comigo, querida? – perguntou, o sarcasmo escorrendo pelos seus lábios.

- Eu? Não, imagina! – fui tão falsiane quanto ela.

- Meninas, vou até o banheiro – a Carol anunciou, afastando-se de nós. Pela sua cara, ela não fazia a mínima questão de ficar para ver a briga.

- Sabe Gabi, se está falando isso porque eu falei que você não combinava com o Edu e ajudei a Nathália ficar com ele, saiba que fiz isso para o seu bem. Ele não combinava com você – sua expressão era a de quem se sentia a dona da verdade.

- Não sabia que você era expert no assunto, Marília – me mantive no meu personagem, mesmo que estivesse morrendo de vontade de dar na cara dela.

- Só estava te protegendo, Gabi. Ele já tinha comentando comigo que não queria nada com você. Desde o início o Edu estava de olho na Nathália. Só você que não percebeu isso – deu de ombros como se estivesse explicando algo óbvio.

- Vamos, Mari? – a Carol apareceu do nosso lado com o batom retocado.

A loira me lançou um último olhar, o qual eu sustentei sem me deixar abalar. Ela virou as costas e já ia saindo quando a chamei novamente.

- A única coisa que eu não percebi era o quanto estava errada a seu respeito – disse, sentindo o desprezo escapar pelos meus lábios.

Ela fixou seus olhos azuis em mim e, por um segundo, eles me disseram que, na verdade, sentiam muito e sentiam minha falta. Mas no instante seguinte, eles retornaram a sua frieza habitual.

Fui até o banheiro, tranquei a porta e encostei as mãos na parede. Minha cabeça rodava e eu já não sabia mais se era por causa do excesso de bebida ou de sentimentos para lidar. Eu me sentia cheia de mais e só conhecia uma maneira de me esvaziar.

Coloquei o dedo na garganta e senti que junto com as Skol Beets a mais, iam também minhas mágoas, tristezas e decepções.

Quando terminei, caí no chão e o último pensamento que tive foi de segurar bem firme os fios que ainda me restavam.
_________________________________
Notas finais: Uhuuuuuu! Nem acredito que chegamos ao final da segunda fase! Vivaaaa!

AMEI Gabi dando uma sambadinha de leve na cara da Mari e do Léo! Bem que eles mereciam, né?

E isso é só o começo, viu? Daqui pra frente Gabi vai, digamos, que renascer. Curiosas pra saber o que vai acontecer?

A gente se vê no próximo cap. Beijo grande e se cuidem!

*** Bora para o próximo capítulo? Então clique aqui



quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

A espera

O dia hoje amanheceu estranho, como se o sol não quisesse aparecer e a chuva temesse em cair
As horas parecem se arrastar, esperando a decisão de um dos dois, mas a resposta nunca vem

Eu espero junto com elas, nesse horizonte cinza e sem brilho, torcendo para que o sol venha
Mesmo que no fundo esteja ciente que a chuva há de cair e levar todas as esperanças junto com ela

Então, por que espero? Espero porque, assim como as horas, só sei percorrer o mesmo caminho
Andando em círculos dia após dia, vivendo de um presente assombrado por lembranças do passado

O som do relógio já não faz mais "tic e tac". Os ponteiros agora fazem um coro de "amo, odeio" em uma sutil tortura que vai me enlouquecendo a cada minuto

Se ao menos pudesse sair de ciclo vicioso, talvez a espera chegasse ao fim

Mas o sol não sai, a chuva não vem e tudo aqui é cinza, igual a mim


terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Capítulo 28 – Déjà vu

Notas iniciais: Heeey, gurias! Como estão?

Primeiramente, FELIZ 2016! Que esse seja um ano de muita paz, sucesso e amor para todas nós.

Em segundo lugar, estão preparadas para a festa do Caio? Só digo que vai ter bapho, e dos bons! Vem ler! Primeira parte está mais morninha, mas esse é um ponto importante da historia! A partir daqui a coisa pega fogo de vez.
________________________
A semana passou em um estalar de dedos. Na terça-feira à noite jantei com meu pai no hotel onde ele estava hospedado. Foi uma despedida que não teve bem cara de despedida. Era como se ele estivesse indo viajar, mas estaria de volta antes do que eu pudesse piscar os olhos. Mário Sérgio comentou por cima que havia almoçado com a dona Melissa naquele dia e fiquei imaginando as chances dele mudar de ideia e resolver ficar no Brasil. Como disse o Alê, ainda era cedo para perder as esperanças...

Na quarta, os professores anunciaram uma semana de provas e simulados, o que acendeu a luz vermelha na minha cabeça. Eu nunca estivera tão mal em relação a notas e, pelo que tudo indicava, após aqueles testes a situação ficaria ainda pior. Na quinta, meu grupo de trabalho de artes anunciou que já tinha tudo esquematizado para a gravação do clipe. Tudo o que eu precisava era dizer sim, porém consegui enrolar os três para ganhar mais tempo.

Eu ainda precisava pensar sobre o que meu pai dissera sobre definir o que queria para minha vida e descobrir quais eram os meus portos seguros, mas acabei passando a sexta-feira inteira concentrada em escolher a roupa que usaria na festa do Caio.

No meio de toda essa agitação, não falei muito com o Léo. Trocamos algumas mensagens ao longo da semana, mas nada comparado ao que era antes. Percebi que ele estava um pouco distante, mas não quis pressioná-lo. Não deveria ser fácil terminar um namoro de tantos anos, mesmo que ele estivesse insatisfeito com a relação. Além do mais, o nosso contrato dizia que eu não deveria me meter nesses assuntos pessoais. A minha parte nessa história era estar linda para curtir a festa, de preferência junto com ele. E era exatamente isso que eu iria fazer.

Acordei no sábado cheia de expectativa. Comuniquei minha mãe que iria sair à noite, mas ela fingiu não se importar. Só disse que eu deveria pedir permissão para o meu pai e que ele havia deixado uma quantia em dinheiro que valeria como minha mesada. Sempre que precisasse, ela me daria uma certa quantidade e me informaria o quanto ainda tinha para gastar. Ou seja, uma espécie de banco improvisado.

No começo da tarde o Alê apareceu na minha casa. Estava sentada na minha escrivaninha fuçando algumas coisas inúteis na internet, como o Facebook da Mari e da Carol, quando ele entrou no meu quarto sem pedir licença e já foi se jogando na cama.

- Que horas você vai para a festa do Caio? – já foi direto ao assunto.

- Primeiro: como você entrou aqui? Segundo: como você já vai chegando no meu quarto desse jeito? E se eu estivesse fazendo algo que ninguém pudesse ver? Terceiro: você não suporta o Caio, porque vai na festa dele? – deixei meu notebook de lado e girei a cadeira para ficar de frente para ele.

- Quantas perguntas, Gabriela. Isso é um interrogatório? – me lançou um olhar irônico querendo me provocar.

- Ou você me responde, ou te jogo da sacada. Você que sabe – fiz cara de marrenta.

- Sabe, às vezes sinto saudades da época que você era uma bonequinha indefesa – deu um meio sorriso, que me irritou ainda mais – Tá, não precisa fazer essa cara. Respondendo suas mil questões: sua mãe abriu a porta para mim e entrei porque sabia que você não estava fazendo nada demais. E mesmo que estivesse, mais cedo ou mais tarde eu ia ficar sabendo, então não faz diferença. E, por último, não gosto do cara, mas festa é festa, né? Não posso perder essa – abriu outro sorriso amarelo, todo convencido de si.

- Às vezes ainda me impressiono com a sua cara de pau – retruquei em tom ácido.

- Eu sei que você me ama, Gabs. Não precisa ficar demonstrando assim, de forma tão expressiva, que fico sem graça – me provocou com brilho divertido nos olhos – Mas vamos ao que interessa: que horas você vai? Dona Melissa liberou o carro, mas só se você for junto e prometer que não vai me deixar beber. Ela ficou chateada na festa de Carnaval do Gueto porque tomei um porre. De álcool e de amor – completou com um humor negro.

- Nossa, mas você dormiu lá, nem voltou dirigindo – recordei.

- É, mas ela ficou meio cismada – ele deu de ombros – Porém, como estamos nesse clima de família unida e feliz, se você for, ela libera o possante.

- Bom, sendo assim... Faço esse esforço de ir com você – brinquei – Estava pensando em ir lá pelas oito horas. O que acha?

- Se levarmos em consideração que você só vai realmente ficar pronta por volta das oito e meia, é um horário ótimo – ele seguiu com as provocações, o que me fez rir. O que eu mais gostava no Alê era isso: o fato dele me conhecer tão bem que era capaz de me fazer achar graça dos meus próprios “defeitos”.

- Espero que na próxima encarnação você nasça mulher. Aí vai saber o quanto é difícil ficar pronta no horário quando precisa arrumar o cabelo, se maquiar, escolher roupa, sapato, acessórios... – defendi o meu lado.

- Claro, claro... isso sem falar nas fotos para as amigas aprovando o look, nas duas mil vezes que vocês trocam de roupa até decidirem ficar com a primeira que experimentaram e por aí vai... – fez piada.

- Pensa bem, estou te treinando para quando você tiver uma namorada – pisquei para ele.

- É, pensando por esse lado... – balançou a cabeça, me dando razão – Aproveitando que entramos nesse assunto de amor, está sabendo que vai ter Guararema Fest Show semana que vem, né?

- Nossa, já? – nem tinha me dado conta que já estávamos em março, mês que sempre acontecia a Festa do Peão na nossa cidade. O evento fazia parte do calendário oficial e servia para atrair turistas. Para isso, contava com shows de grandes cantores sertanejos e estrutura de primeira categoria. Até quem não gostava muito do estilo country participava de tão bombada que a festa era.

- Já, bonequinha! E eu tenho ingressos para o show do Jorge e Mateus. E aí? Bora curtir um clima romântico no Fest Show? – meu amigo propôs.

- Claro! Adoro Jorge e Mateus! – aceitei o convite na mesma hora.

- Então, fechou! Prepare-se para dançar um arrocha semana que vem – se mexeu na cama, tentando fazer uma dança, mas só conseguindo parecer uma minhoca.

Passamos o resto da tarde vendo alguns vlogs famosos para pegar algumas referências e discutindo os assuntos que poderíamos abordar nos próximos vídeos. Depois acabei pedindo ajuda para escolher a roupa que usaria na festa. Ele elegeu uma saia preta um pouco rodada, uma t-shirt estampada cavada, do tipo que deixava o top aparecendo, e uma bota de cano baixo e salto confortável.

- Da última vez que te vi tão empenhada em uma festa você estava tentando seduzir o meu primo. Quem é a vítima dessa vez? – ele perguntou, lançando um olhar curioso na minha direção.

Senti meu rosto ficar tão vermelho que precisei fingir que estava procurando algo no guarda-roupa para não precisar encará-lo – Não vou seduzir ninguém, seu bobo! Só quero estar bonita, oras...

- Se você está dizendo... Só acho que você deveria parar de perder tanto tempo com esses garotos babacas.

- Como assim? – me virei para ficar de frente para ele.

- Você perde tanto tempo tentando agradar esse povo besta, tipo Mari, Carol e até o meu primo, mas nunca dedica a mesma energia para o que você quer – explicou com a voz de alguém que precisa te contar algo ruim, mas não quer você fique realmente chateada.

Senti meu coração afundar dentro do peito, como se, de repente, tivesse descoberto uma verdade muito triste ou perdido algo de muito valor - Nada a ver, Alê. Eu só estou me arrumando, toda garota faz isso quando vai a uma festa – me defendi, recusando a dar o braço a torcer. Não porque achava que ele não tinha razão, mas sim porque tinha vergonha de assumir aquilo até para mim mesma.

- Não precisa ficar com essa cara, bonequinha. Mas é verdade. Se colocasse metade dessa empolgação em algo que realmente quer, talvez não se importaria tanto com o que as outras pessoas pensam ou falam – mexeu as mãos, tentando me fazer entender aquelas palavras de qualquer jeito.

- Mas você também se preocupa com o que as pessoas falam. Tanto que fez o vlog para “contra-atacar” – ergui os dedos fazendo aspas falsas acima da cabeça.

- Mas é diferente, Gabs. Faço o vlog para expressar o meu ponto de vista sobre algumas coisas que vejo e não fazem sentido para mim, entende? Eu não concordo, mas minha vida não muda por causa isso. É por isso que, quando a Carol não me quis, eu não precisei fugir. Eu sei o que sou e sei que não vou deixar de ser esse Alexandre só porque ela quer. Me machucou saber que ela tem uma cabeça tão pequena? Claro que machucou. Mas sei que sou maior do que isso, saca? Ela não tem o poder de mudar a minha verdade – explicou, assumindo aquele ar de garoto sério e maduro que se escondia por trás do skatista que não levava nada a sério.

- Você falou igualzinho meu pai agora – mudei de assunto de propósito. O Alê não sabia, mas se continuasse jogando as verdades na minha cara daquele jeito, era capaz de eu desistir de ir para a festa e passar o resto da noite chorando.

- É a convivência com a dona Melissa. Minha mãe fica tendo esses papos cabeça comigo, aí dá nisso – ele riu, deixando o assunto morrer de vez para a minha felicidade.

- Queria ter uma mãe como a sua – confessei.

- E eu queria ter uma mãe normal, só para variar – disse forçando um tom de lamentação.

- Melhor mudar de ideia. Afinal, se nosso plano der certo e nossos pais ficarem juntos, teremos papos cabeça em dose dupla - avisei.

- Vou virar um buda desse jeito – fez cara feia, caindo na risada logo depois – Vou para casa me arrumar e volto para ver como está o seu plano de sedução, ok?

- Já disse que não é um plano de sedução – revirei os olhos.

- Sabe qual é o nosso problema, Gabi? – levantou da cama e veio até mim, parando bem na minha frente. Apenas levantei a sobrancelha, curiosa pela resposta – Eu te conheço. Até mais do que você mesma se conhece – deu um beijo no meu rosto e saiu em direção a porta – Vê se não atrasa muito hoje, hein? – fez a última provocação antes de me deixar sozinha.

Fiquei ali, parada e em pé, enquanto a luz do sol se pondo entrava pela janela de vidro e cobria o quarto com uma cortina dourada. As palavras do Alê ficavam indo e voltando na minha cabeça como uma música programada para sempre recomeçar a tocar.

Eu sabia que as palavras dele, assim como os conselhos do meu pai, faziam sentido. Mas como eu poderia reconectar todos os fios soltos dentro de mim?

***
Acabei ficando pronta cinco minutos antes do horário marcado. Me olhei no espelho para checar o resultado final e uma sensação estranha percorreu meu corpo, me fazendo arrepiar. Um pressentimento ruim me fez ter a certeza que algo estava errado, mas não sabia o que era.

Respirei fundo e tentei me convencer que era só medo de encontrar a Mari e a Carol fora do ambiente da escola. Eu sabia que não tinha motivo para me preocupar com o Léo, mesmo que ele estivesse um pouco mais afastado. Algo me dizia que quando nos encontrássemos tudo seria como sempre foi: leve e natural.

Gritei tchau para minha mãe do início da escada e desci para encontrar com o Alê. A cada passo a sensação que já tinha vivido aquela situação me vinha mais e mais forte.

- Caramba, o mundo vai acabar hoje! Gabriela ficou pronta no horário – o skatista fez questão de comentar quando abriu a porta para mim.

- Ele também pega no seu pé com horário, Gabi? – ouvi dona Melissa perguntar lá do fundo da sala.

- Nossa, e como! Parece um velho chato reclamando de tudo – fiz cara de zangada, só para fingir que estava brava.

- Ah, não! Melhor a gente ir logo, senão as duas vão começar a falar mal de mim e não vão parar mais. Tchau, mãe! Até mais tarde – foi me puxando pelo braço, enquanto se despedia e fechava a porta.

Entramos no carro e seguimos para a casa do Caio conversando sobre o nosso maior dilema no momento: a semana de provas. Nenhum dos dois fazia ideia de como “sobreviveríamos” aos testes.

- Só um milagre para nos salvar – Alê concluiu com a voz triste enquanto estacionava o carro. O aniversariante morava perto da casa da Carol, o que fez a sensação de desconforto ficar ainda mais forte. Estar ali me fazia pensar que eu voltara a velha “bonequinha” de sempre.

- Bom, mas teremos o resto da semana para sofrer com isso. Até porque, agora é hora da festa. Pronta, Monster High? – o humor do meu amigo melhorou consideravelmente ao falar a palavra festa.

- Sou só eu, ou isso está parecendo as festas no Gueto? – perguntei, porque não aguentava mais aquela impressão me sufocando.

O skatista mexeu a boca, ponderando o assunto – É... considerando que toda a nossa antiga turma está aqui, está me parecendo mesmo um vale a pena ver de novo – indicou a frente da casa do Caio com a cabeça.

Dirigi meu olhar naquela direção e vi Caio, Mari, Carol e Gustavo conversando. Eu nem precisava chegar perto para saber que a loira estava jogando charme para o Gú enquanto a Cá fazia o seu papel de sempre: correr atrás do Caio. E depois eu é que me jogava para cima do Edu... Era tão fácil julgar os outros quando não olhávamos para o nosso próprio nariz.

Revirei os olhos, louca para jogar umas verdades na cara daquelas duas.

- Vem, Gabi! Vamos logo! Não vejo a hora de cumprimentar nossas amigas “falsianes” – Alê abriu a porta e saiu do carro, me obrigando a imitá-lo.

Seguimos ao encontro do grupo com o sorriso mais forçado que éramos capazes de sustentar.

- Gabi, você veio! Que ótimo! – o aniversariante veio em minha direção me recebendo com um abraço.

- Claro que eu vim. Te devia essa, não é? – brinquei enquanto ele me apertava em seus braços de forma carinhosa. Me surpreendi ao perceber que estava contente de rever aquele garoto que há alguns meses eu não suportava. Naquele momento, tive certeza que a vida estava realmente empenhada em me mostrar que eu poderia estar errada sobre muitas coisas. Talvez eu só precisasse prestar mais atenção nas pistas que ela me dava.

- Hey, parceira! Pronta para mais um retiro? Já estamos escolhendo a próxima data – O Gú me cumprimentou assim que seu amigo me soltou. Ele tocou na minha mão e depois me deu um beijo no rosto, sorrindo para mim de forma carinhosa.

Pelo canto do olho percebi que as meninas encaravam a cena sem entender nada. Na certa estavam se perguntando quando foi que eu e o ex da Carol começamos a nos dar bem.

- Já que hoje é meu aniversário, acho que finalmente terei o prazer de jogar truco com você, não é Gabi? – Caio perguntou de um jeito desconfiado, como se estivesse pedindo permissão para o skatista.

- Sempre de olho na minha parceira, hein? – Alê cutucou – Mas ok, hoje ela está liberada. Só não acostuma... – fez o tipo marrento, em uma perfeita cópia do primo. Talvez aquilo fosse de família.

O anfitrião nos guiou pelo interior da casa, passando por uma garagem que dava acesso a um corredor amplo e iluminado. Saímos em uma área aberta, equipada com churrasqueira e piscina. Por ali a festa corria animada, com pagode tocando e algumas pessoas caindo na água. Ao que tudo indicava, a comemoração havia começado mais cedo do que o planejado.

- Mi casa, tu casa – o garoto brincou, lançando mão de uma das frases do Edu – Fiquem à vontade. Tem comida perto da churrasqueira e bebida naquela mesa – apontou para um canto onde se via uma geladeira, algumas mesas e garotos muito animados dançando em cima de cadeiras – Vou buscar o baralho.

Mari e Carol saíram para cumprimentar algumas pessoas, mas Alê e Gustavo ficaram comigo. Os dois começaram uma conversa relacionada sobre coisas malucas que as pessoas fazem quando estão bêbadas – papo iniciado por causa de um grupo de garotas cantando feito loucas e jogando água para cima na piscina – enquanto eu rastreava o lugar feito um detetive à procura do meu cabeludo.

- E o Léo? Não chegou ainda? – perguntei como não queria nada, depois de não encontrá-lo em lugar nenhum.

- Vixi Gabi, não sei... Léo andou meio enrolado essa semana. Não sei nem se ele vem – respondeu de jeito estranho. Alguma coisa estava acontecendo, mas eu não fazia ideia do que era.

Ao meu lado, o Alê lançou um olhar que dizia “Hum... Então o tal Léo é a vítima da vez?”.

Ignorei suas insinuações silenciosas e tratei de entrar na conversa sobre as bêbadas da piscina quando a Laís chegou.

- Oi, Gú! Oi, Gaaabi! Quanto tempo – praticamente pulou em cima de mim esbanjando simpatia.

- Laís, esse é meu amigo, o Alê – fiz as apresentações depois de dar um longo beijo e um abraço nela.

O skatista se aproximou para beijar o rosto da morena mal disfarçando seu espanto. Ri da sua cara de pau, mesmo sabendo que era difícil resistir aos encantos da garota. Naquela noite, em especial, ela estava linda com os cabelos presos, maquiagem bem feita e um vestido branco que realçava suas curvas.

- Prazer – ela sorriu para ele, sabendo que havia causado uma primeira impressão marcante - Arrasou no delineador hoje, hein? Vejo que aprendeu direitinho! – me elogiou na sequência.

- Gabi tá lindona hoje mesmo. Vai matar gente afogada nessa piscina – Gú entrou na brincadeira.

- Minha bonequinha anda terrível mesmo – Alê deu um jeito de se enturmar.

- Minha bonequinha? – Laís repetiu sem entender.

Revirei os olhos sabendo o que vinha pela frente – Vou até buscar uma cerveja, porque é uma looonga história – avisei, deixando o Alê à vontade para contar sobre o meu apelido de colégio.

Passei pela rodinha da Marília e vi que a Nathália também estava na festa. Devia ter chegado antes, porque senão teria visto ela passar por mim. Ela estava com um batom vermelho bem marcante e um decote generoso. Desviei o olhar, mas não consegui espantar um pensamento que surgiu na minha mente: o Edu vivia repetindo que não gostava de chamar atenção. Então por que ficou com aquela menina?

- Gaaaabi, vem logo! – ouvi o Caio me chamar, sentado em uma das mesas perto dos garotos dançavam em cima das cadeiras. Gú, Alê e Laís já estavam lá.

Coloquei um pouco de cerveja em um copo de plástico e fui até eles – Trate de jogar direito, porque não estou acostumada a perder – avisei meu parceiro antes de assumir o meu lugar.

- O seu amigo aqui falou que vai me ensinar uns truques. Quero aprender a jogar que nem vocês – a Laís avisou apontando para o skatista.

Foi a minha vez de lançar um olhar insinuante na sua direção como quem diz “ensinar alguns truques?”. Ele apenas deu de ombros, assumindo que estava mal intencionado.

O jogo seguiu acirrado. Tinha me esquecido do quanto ficar contra o meu fiel parceria era difícil. Meu vizinho era muito bom de truco e a Laís era bem inteligente, aprendia rápido os massetes. Sem falar que rolou um entrosamento imediato entre os dois. A minha única vantagem – se é que podia chamar assim – era o Caio também ser um bom jogador e o fato de nos conhecermos há um tempinho, o que me ajudou a ler melhor os seus gestos e vice-versa.

Era a vez da Laís dar as cartas quando vi meu parceiro desviar o olhar na direção da piscina, levantar um dos braços e acenar.

- E aêêe, Léo!

Tentei me controlar, mas foi como se eu fosse uma marionete e alguém estivesse manipulando as cordas. Institivamente me virei na sua direção, pronta para vê-lo sorrir para mim como se fosse meu sol de verão. Porém, o que vi me deixou petrificada: ao seu lado, de mãos dadas com ele, estava a Vanessa.

Foi como entrar em um vídeo em câmera lenta. Vi ele caminhar até mim para me cumprimentar e abri um meio sorriso, me esforçando para esconder o choque. Falou comigo como se mal me conhecesse e se afastou, seguido de perto pelo seu “cão de guarda” enquanto eu não ouvia ou sentia nada. Tudo girava devagar e parecia pesado, como se a terra tivesse saído de órbita e a lei da gravidade estivesse me puxando com muito mais força para baixo.

Inventei que precisava ir ao banheiro e saí de perto do pessoal. Assim que tranquei a porta, encostei as costas na madeira fria e fechei os olhos, um déjà vu de cenas, lembranças e sentimentos estourando sobre mim como ondas em uma maré brava.

Vi o Edu me abraçando e cantando pra mim, nós dois dançando juntos, senti seus beijos no dia que ficamos juntas e ouvi o carioca me chamando de linda. Na sequência, a foto dele com a Nathália surgiu na minha mente junto com o seu sumiço repentino e a dor que nascia no meu peito e se espalhava por todo o meu corpo como um veneno fatal.

Era como um filme de terror, onde eu me via presa novamente na mesma armadilha. Passei os braços em volta do meu corpo, mas não adiantava mais. Os poucos fios que ainda estavam firmes se romperam, junto com aqueles que eu mal tinha começado a consertar.
____________________________________________
Notas finais: Ai Deeeeus, Gabi não tem sorte com festas, né? Sempre dá errado, gente! Como pode?
Doeu no meu coração a hora que ela viu o Léo com a Vanessa. Poxa, Cabeludinho! Precisava disso? Ai gente, será o fim do contrato? Como ficará essa sociedade depois desse bapho?

E Alê e Laís, hein? Hum.... Pintou clima, hein? O que acham?

Genteeee, estamos chegando no fim da segunda fase! Agora que o trem fica bom de vez. Ansiosas?


Beijo no coração, a gente se encontra no próximo cap! <3


*** Bora para o próximo capítulo? Então clique aqui