Notas
iniciais: Como já disse muitas vezes, eu tardo, mas não falho.
Capítulo
demorou, mas está bem bacana! Espero que aproveitem!
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“Ai, eu gosto tanto desse
boy, mas não sei se ele sente o mesmo por mim... E agora? O que eu faço? Eu
pergunto? Mando indireta? Escrevo uma cartinha de amor? Faço uma serenata?
Agarro ele, jogo contra a parede e chamo na ‘chincha’?”
Precisei
me segurar muito para não morrer de rir. Estava no meu quarto, servindo de
plateia enquanto o Alê gravava o segundo vídeo para o seu vlog. Para começar de
um jeito impactante, ele deu um nó na camiseta para improvisar uma baby look,
afinou a voz e mexia as mãos como uma garota. Isso sem falar nos olhares
cômicos que ele lançava na direção da câmera, que dessa vez estava fixada na
minha estante graças a uma gambiarra que fizemos com fita crepe.
“Calma, garota! Não criemos pânico que eu
tenho a solução para todos os seus problemas. Não, eu não vou arrumar um boy
para você, querida! Maaaaas... eu vou te dar cinco dicas para você descobrir de
uma vez por todas se ele está ou não afim de você. Gostaram, né? Então, corre,
já pega seu bloquinho e a vem comigo”.
Logo
depois da introdução “dramática”, ele parou de encenar e contou a ideia geral
do vídeo com sua voz normal enquanto desamarrava a blusa. Fiz sinal de positivo
indicar que estava ficando ótimo. Senti que o gesto o incentivou, porque ele
seguiu ainda mais empolgado.
“Antes de começar, queria
dizer que esse vídeo é especialmente para a Aninha, que deu a ideia a sugestão
de tema.
E agora, vamos ao que
interessa. Vai ter muito cara por aí querendo me matar depois que eu falar
isso, mas a verdade, garotas, é que a primeira coisa que vem a nossa mente
quando vemos uma mulher é... aquilo. Vocês me entendem, né? Desculpa a
sinceridade, mas é isso. A gente não quer saber se vocês são inteligentes,
engraçadas, se manjam tudo de história, filosofia ou se sabem a assoviar e
chupar cana ao mesmo tempo. O que a gente quer é aquilo e ponto. Deu para
entender? Não se iludam pensando que um garoto gostou do seu olhar ou se
encantou com a sua voz de sereia. Não! Ele até pode ter notado que você tem
olho claro, mas só depois de ter reparado no conjunto completo. A primeira
coisa que queremos saber: é bonita? É gostosa? Se a resposta for positiva para
os dois itens, aí sim passamos para os detalhes, saca? E ainda depende muito...
Às vezes não chegamos a ir tão longe, viu?
Mas aí vocês devem estar pensando: ‘Nossa, mas vocês só pensam
nisso?’ É...”
Meu
amigo fez uma pausa e olhou para a câmera com cara de quem estava imaginando
uma cena do tipo bem hot. Era incrível como ele mandava bem gravando vídeos.
Ensaiamos o texto apenas duas vezes e ele já havia tinha decorado todo o
conteúdo. Isso sem falar nos momento de improvisos que estavam ficando
sensacionais.
“Não, não... Calma! Não é
assim também. A aparência atrai. Mas o que mantém o cara afim de você é atitude,
garotas. Entendam: homens gostam de jogar. Então o segredo é manter aquele
mistério, não ficar colocando música apaixonadinha como legenda de foto no
Instagram ou no Facebook. Não adianta disfarçar, a gente sabe, viu? Mantenham a
chama acesa, meninas! Caprichem sempre no visual, joguem o cabelo, façam aquele
joguinho que vocês sabem fazer, ‘tá’ ligado? E aí, se o cara fizer uma dessas
cinco coisas, já era. Ele mordeu a isca e caiu na sua rede. Então, sem mais
enrolação, vamos aos sinais:
Primeiro: Ele vem puxar
assunto. Sabe quando do nada aparece um ‘oiê’ no Whats? Ou o cara vem perguntar
se está tudo bem ou vem querendo saber de algo sem importância que vocês conversaram lááá na semana passada?
Então.... Aí tem coisa. Se começar a puxar muito assunto, ele está na sua,
garota.
Segundo: Te apresentar para
os amigos. Essa é clássica, mas nunca falha. Se te colocou na roda para os
brother, pode apostar: ele está balançado. Esse é o momento de você mostrar o
quanto é gente boa e simpática. Nada de ficar no canto de cara feia, mas também
não vale ser falsa, hein? Uma hora a máscara sempre cai. Lembre-se disso!
Terceiro: Ele fica nervoso.
Ok, esse sinal é meio complicado, porque pode gerar dúvidas. Vocês podem achar
que ele está te evitando ou agindo estranho porque o cara não fala com você
direito, mas a verdade é que, por dentro, ele não sabe o que fazer. É como se
estivesse rolando uma batalha dentro dele: vontade de impressionar X medo de
fazer cagada. Portanto, se o cara está muito relaxadão, descontraído,
provavelmente ele te colocou na ‘friend zone’. Mas, se perceber que ele está
pensando para falar, se liga! É a sua chance de pegar o gato, amiga.
Nossa, isso foi meio gay,
né? Whatever, o importante é vocês entenderem o recado...”
Coloquei
a mão no rosto, não acreditando na cara de pau do skatista. Eu já conseguia
imaginar o bafafá que aquele vídeo causaria no colégio.
“Quarto: Ele te respeita.
Gente, essa é determinante, porque deixa muito claro as intenções do rapaz.
Sabe hora que vocês estão ali, dando aquele amasso, o clima esquenta, a mão do
rapaz começa a se empolgar, você vai ficando mais “soltinha” no rolê...? Sabe,
né danadinha? Então, é nessa hora que você mede as intenções do cara. Se ele
começar a te pressionar para ‘liberar’ logo as coisas, abre o olho!
Provavelmente, ele só quer ‘aquilo’ e, assim que conseguir, vai vazar e te
deixar na saudade. Por outro lado, se ele respeitar o seu tempo, aí é ponto
para você. Portanto, dica importante: segurem o máximo que puderem antes de ‘liberar
geral’ para o cara. Mas olha lá: só fica segurando o ‘tchan’ tanto assim se
você também estiver afim dele. Senão já é judiar demais, né?
E agora, a quinta dica, que
para mim é a mais definitiva: se ele muda a rotina para estar com você, pode
comemorar. Ele está MUI-TO na sua. Sério! Se ele aparecer na sua casa do nada,
considere um bom sinal. Se ele desmarcar algo para ficar com você, considere um
ótimo sinal. Se ele fizer um baita malabarismo para te ver, tipo sair escondido
de casa, atravessar o deserto do Atacama, pegar uma baita chuva, sei lá... Aí
considere um sinal divino, tipo Moisés abrindo o Mar Vermelho. Quanto mais
perrengue ele passar, melhor para você, sacou? Mas claro: não vale criar as
dificuldades de propósito. Aí perde a graça e o garoto desiste, sacou? O
segredo é medir os esforços dele. Quanto maior, mais afim ele está, beleza?
E estão aí as dicas. Me
conta nos comentários o que achou, beleza? Se curtiu o vídeo, dá um like para
dar aquela fortalecida no canal, combinado? Até o próximo vlog desse Vida Loca,
nem tão louco assim. Ou quase isso...
Antes de ir, recado para as
garotas: Deu ruim e descobriu que o boy não está tão afim assim de você? Se
quiser, eu posso te consolar...
Certo, é brincadeira! Agora
eu fui de verdade! Beijo e até a próxima!”
-Caraca,
Alê! Ficou ótimo! Eu amei! – falei assim que ele apertou o botão para parar de
filmar.
-
Sabe que eu também gostei? Ficou bem descontraído, né? – ele sorriu para mim,
nitidamente satisfeito com o seu trabalho.
-
Está a sua cara: divertido, direto, franco e cheio de atitude. Cara, você
nasceu para fazer isso! – brinquei.
-
Sou um showman, né? Fazer o quê? – Disse, se sentindo o “bam bam” do pedaço –
Mas fala a verdade! Ficou bom mesmo?
-
Não, na verdade ficou uma droga... – fechei a cara por um momento antes de
continuar - É claro que ficou ótimo, seu bobo!
-
Então vou correr para casa e editar, porque marquei de ir na casa do Edu hoje
mais tarde – ele anunciou de modo despretensioso enquanto juntava suas coisas.
- Oooops! – tentou se desculpar depois que viu
a cara de limão azedo que fiz ao ouvir o nome do carioca.
-
Não, relaxa! Já passou... – disfarcei.
-
Ele faz a mesma cara quando escuta seu nome – ele riu – Vocês deveriam resolver
esse problema, sabia? Como diz o senhor seu pai: fugir não é a solução – disse
as últimas palavras tentando imitar o tom de voz do Mário Sérgio, o que me fez
rir.
-
Acho que vou tatuar essa frase, viu? De tanto que vocês a repetem para mim... –
brinquei.
-
Uii... A Monster High está ficando “vida loca”... – me provocou – Melhor eu ir
indo antes que você resolva se rebelar comigo também – deu um beijo na minha
bochecha e disparou pela porta sem nem me dar tempo de retrucar. Como ele era
de casa, eu nem precisava me preocupar com cerimônias. Afinal, ele sabia que
era só encostar a porta depois de sair...
Ainda
rindo, me joguei na cama e tirei o celular do meu bolso. Estava lotado de
notificações, mas só uma me chamou a atenção: uma mensagem do Léo.
“Oiieeee! Como está a minha
Julieta?”
Um
sorriso bobo surgiu no meu rosto ao lembrar de uma das dicas do blog: ele
estava puxando assunto do nada. Huuum...
“Estou bem. Estava ajudando
um amigo a gravar um vídeo para o vlog dele. E você? Como está o seu dia?”.
Emendamos
uma conversa tranquila. Ele falou sobre o colégio e a sua mãe e perguntou como
estava a convivência com o meu pai. Contei que eu e o Alê estávamos querendo
bolar um almoço para aproximar o Mário Sérgio da dona Melissa. A ideia era
fazer com que os dois ficassem juntos, se mudassem para Nova York e, claro,
levassem a gente junto.
“Huum... E esse almoço será
no final de semana?”
“Provavelmente. Por que?
Está afim de se juntar a nós?”
Perguntei
só para ver o que ele diria.
“Até seria uma boa ideia... Mas na verdade, eu
estava mesmo é querendo te ver no final de semana”
Fiquei
boquiaberta, encarando a tela sem saber o que responder. Aquele deveria ser o
meu dia de sorte. Em menos de meia ele já tinha dado dois sinais que queria
muito ficar comigo. Era para levantar a moral de qualquer uma.
“Acho que podemos providenciar
isso”
Digitei.
Estava tão feliz que seria capaz de sair saltitando por aí.
“Naquele mesmo horário da
segunda-feira é muito ruim para você? Meu amigo que mora aí perto vai dar uma
festinha, mas a Vanessa não quer ir. Posso dar uma passada por lá, só para
fazer uma média e depois vou para a sua casa. Assim teremos mais tempo para
ficarmos juntos”.
A
mensagem foi acompanhada de vários emojis com carinhas felizes. Fala sério,
como não se apaixonar por esse garoto?
"Será muito bem-vindo.
Minha mãe costuma dormir tarde no final de semana. Mas qualquer coisa ficamos
conversando lá na beira da piscina. Se eu falar que é o Alê quem está comigo
ela nem vai desconfiar".
"Adoro esse lance
proibido. Faz eu ficar ainda com mais vontade de te ver".
Li
e reli a mensagem várias vezes, o coração disparado dentro do peito. Minha
vontade era sair correndo para vê-lo naquele exato momento. Mas, por mais que
eu também estivesse morrendo de vontade de encontrá-lo, não queria dar
bandeira. Nosso acordo não permitia esse tipo de “intimidade”. Ou será que minha
imaginação estava vendo além do que deveria e, na verdade, tudo aquilo não
significava nada demais? Na dúvida, achei melhor levar a conversa novamente para
um território seguro.
"Você está incorporando
mesmo essa história de Romeu e Julieta, né?"
"Hahaha Não tem jeito! Não
é todo dia que uma Julieta vai parar na porta da sua casa dando bobeira"
Ok,
ou o Léo tinha tirado o dia para ser o cara mais fofo do universo ou ele
realmente era muito legal, lindo e preenchia todos os requistos que procuramos
em um garoto.
Passamos
o resto da tarde nos falando no Whats. Os dois iam compartilhando detalhes do
seu dia e, em um certo momento, ele até me ajudou com o dever de física.
Ainda
era terça-feira e me peguei pensando se ainda faltava muito para o final de
semana. De repente me dei conta que estava muito ansiosa para almoçar com o meu
pai de novo e, claro, ver meu cabeludinho. Bem diferente das festas do Gueto,
onde eu passava os finais de semana jogando truco, bebendo e fazendo fofoca da
vida dos outros depois de ensaiar balé a semana inteira. Era como meu pai havia
comentado em uma das nossas conversas: as vezes precisamos deixar algumas
coisas irem embora para abrir espaço para as novidades.
***
Eu
já sabia que a segunda postagem do vlog seria um sucesso. Mas nunca poderia
imaginar que isso aconteceria tão rápido! O vídeo foi para o canal na
terça-feira à noite, depois que o gravamos lá em casa. No final da tarde de
quarta-feira os primeiros comentários começaram a aparecer. Na quinta-feira
ouvimos várias pessoas – principalmente meninas, é claro – comentando as dicas
entre o intervalo das aulas. Já na sexta-feira, a postagem era simplesmente o
assunto do colégio.
Algumas
garotas fizeram questão de vir falar pessoalmente com o Alê para agradecer ou
pedir novos conselhos. E, claro, alguns garotos não gostaram e criticaram a
iniciativa. Um grupo mais bobo chegou a chamá-lo de bicha, na tentativa de
ofendê-lo, mas meu amigo tirou de letra a situação. Ele fez uma encenação
fingindo realmente ser gay e arrancou gargalhadas de todos que assistiam a
cena.
O
sucesso do canal era tanto que eu não precisava mais do Jogo do Engana Trouxa.
Como vivia grudada com o Alê, a maioria das meninas passou a “me bajular”.
Claro que não faziam isso porque gostavam de mim, e sim porque desejavam se
aproximar do skatista, a mais nova estrela pop do colégio.
-
Gabi, olha isso – ele me mostrou a tela do celular durante a aula de matemática
– só hoje três garotas já vieram puxar assunto comigo no Whats. Nem sei onde
estão conseguindo meu número. “Tá” chovendo na minha horta, Gabs – disse,
empolgado.
-
Aproveita os seus quinze minutos de fama e tenta filtrar alguns temas para os
próximos vídeos – sugeri.
-
Sabe de nada, inocente! – riu de mim, cheio de marra - Já montei uma lista no
bloco de notas do meu celular. Tenho sugestão de assuntos para gravar vídeo até
o final do ano que vem, se “pá”...
-
Olha só, quanta esperteza! Gostei de ver! Continue assim! Nada de deixar a fama
lhe subir a cabeça, hein? – foi a minha vez de zuar – Aproveitando, tudo certo
para o almoço de amanhã?
-
Mais do que certo. Mamis vai preparar sua especialidade: lasanha de berinjela –
o Alê torceu o nariz, fazendo nenhuma questão de esconder a aversão pela
especialidade culinária da mãe. Dona Melissa era uma defensora ferrenha do
vegetarianismo enquanto o filho não abria mão de hambúrguer e batata frita. Não
teve uma única vez que comi na casa deles que não houve uma “discussão” sobre comida saudável X comida calórica e
gordurosa, porém gostosa.
-
Não faz essa cara! Sua mãe faz uns pratos vegetarianos gostosos – defendi dona
Melissa – De qualquer maneira, meu pai já falou que vai levar pavê de chocolate
para a sobremesa. E pasme: parece que ele mesmo vai fazer! O pessoal do hotel liberou
a cozinha.
-
Ótimo! Minha mãe adora homens que cozinham. Aposto que ela até vai sair de
dieta.
-
E meu pai parece super se identificar com o estilo de vida da sua mãe –
completei, lançando um olhar bastante significativo na sua direção.
-
Olha parceira, ao que tudo indica, vamos virar irmãos, hein? – ele riu.
-
E em Nova York – acrescentei essa informação importantíssima.
-
Então Gabs, aí que mora o problema. Conheço minha mãe... Vamos precisar de um
motivo muito, mas muito importante mesmo, para ela deixar essa cidade e os
pacientes que tem aqui – colocou a mão no queixo, assumindo uma postura
pensativa.
-
Só uma paixão arrebatadora não basta? Existem pessoas que fazem loucuras por
amor – arrisquei.
-
Não sei... Não acho que minha mãe seja uma dessas pessoas... Olha, acho que
aproximar os dois vai ser fácil. Mas o nosso principal desafio será criar um
elo capaz de fazer seu pai ficar no Brasil de vez ou, o que realmente queremos,
fazer a nossa família feliz se mudar para o outro lado do oceano – meu amigo ponderou
como se fosse um estrategista de batalha.
-
Então amanhã vamos dar um jeito de providenciar esse tal elo, oras... –
afirmei, decidida.
-
Certo. Então amanhã sairemos em busca do elo perfeito – para variar, o skatista
encerrou o assunto fazendo piada, o que me fez ter a certeza que eu não poderia
ter um parceiro de crime – ou melhor, um irmão – mais perfeito do que ele.
***
O
sábado amanheceu nublado, anunciando o final do verão que se aproximava.
Agradeci mentalmente a pausa no calor sufocante que fazia em Guararema. Tudo
bem que eu adorava os dias quentes, mas às vezes ficava difícil levar uma vida
normal quando se tem a sensação que vai derreter de tanto suar.
Lá
pelas 10 e meia fui para casa do Alê ajudar nos preparativos do almoço. Como
não poderia ser diferente, dona Melissa estava deixando tudo impecável. O
almoço aconteceria nos fundos da casa, na edícula localizada nos fundos da
casa, próximo ao jardim. Senti meu coração afundar um pouco ao me lembrar da
noite que passei com o Edu no andar de cima, mas não demorou para essa
lembrança ir para bem longe. O clima na casa não poderia estar melhor: a mãe do
Alê cozinhava com alegria enquanto a ajudávamos abrindo latas, descascando
legumes ou lavando verduras. Depois, enquanto ela tomava banho e se trocava, eu
e o Alê arrumamos a mesa. Pratos brancos de porcelana e jogos americanos
delicados contrastavam com a madeira rústica da mesa e dos bancos.
O
cardápio, além da prometida lasanha de berinjela, contava com uma salada vegana
com molho caesar, cozido de legumes, arroz branco e integral , além de salada
de frutas como sobremesa. A contragosto, a mãe do Alê também preparou uma
porção de fritas para o filho.
Pontualmente,
ao meio dia o Mário Sérgio chegou com uma travessa recheada de pavê com uma
cara deliciosa e coberta com um plástico transparente. Eu mesma fui recebê-lo
na porta.
-
Oi, tudo bem? – dei um beijo no seu rosto para cumprimentá-lo – Tá bonitão,
hein? Arrasou na produção!
-
Você acha? – ele passou a mão na camisa, sem jeito.
-
Claro! Adorei essa camisa rosa com esse jeans escuro. Ficou ótimo o contraste.
E esse detalhe da manga dobrada te deixou mais jovem e charmoso – brinquei.
-
Vocês jovens são muito engraçados. O que foi aquele vídeo que o Alê gravou? Ri
demais da blusa amarrada na cintura com um nozinho... – ele foi falando
enquanto eu o conduzia até a edícula.
-
Você viu o vídeo? – fiquei impressionada.
-
Sim, a Mel compartilhou no Facebook dela.
- Oi?
Espera... eu ouvi certo? Mel? – o Alê apareceu do nada quando estávamos
cruzando o jardim e já foi entrando na conversa. Pelo olhar que me lançou, pude
perceber que estava pensando o mesmo que eu: talvez criar o tal elo nem seria
tão difícil assim.
O
comentário fez meu pai ficar tão sem graça que ele perdeu até a fala. De forma
estabanada, ele voltou a alisar a camisa sem coragem para nos encarar. A cena me
fez rir baixinho. Até um coach conceituado que conseguia ajudar centenas de
pessoas estava sujeito a pagar uns micos de vez em quando....
-
Desculpem. É que acabamos ficando amigos. Estou encantado com o novo projeto da
Melissa – tentou consertar.
- Relaxa,
cara. Fica tranquilo! Você parece ser um partido legal para minha mãe – Alê
disse para quebrar o gelo, conseguindo o efeito contrário. Como um adolescente,
meu pai ficou encarando o chão, sem saber o que fazer. Claro que nós não
perdoamos e começamos a rir novamente.
- Nossa,
quanta animação! Posso saber qual é o motivo de tanta alegria? – dona Melissa
apareceu, usando um vestido azul rodado lindo. Seu cabelo estava preso em um
rabo de cavalo, o que lhe conferia a aparência de “sou sempre linda assim”.
- Mel,
como vai? Trouxe para sobremesa – “papi soberano” recuperou a pose rapidamente
para cumprimentar a mãe do Alê. Com um gesto simpático, estendeu a travessa de
pavê para ela.
- Poxa,
quanta delicadeza. Não precisava... – ela se derreteu – Está com uma cara
ótima! Deu até água na boca.
De onde
estávamos, eu e o skatista comemoramos de forma discreta. Tudo estava correndo
mais fácil do que imaginávamos.
- Mário
Sérgio está com moral! Vai até conseguir tirar minha mãe da dieta – Alê não
perdeu a oportunidade de soltar um comentário cheio de segundas intenções.
Dessa vez
foi a mãe do Alê quem ficou corada.
- Então
gente, o que vocês acham de começarmos a comer? Estou morta de fome – mudei de
assunto para quebrar o clima.
Os dois
assentiram, aliviados. Mais do que rapidamente, dona Melissa começou a cuidar
dos últimos detalhes da refeição, como levar a lasanha e o assado que estavam
na cozinha para a edícula. Meu pai a acompanhou para guardar o pavê na
geladeira, enquanto eu e o Alê esperávamos já sentados na mesa.
-
Nunca pensei que uma paquera de pessoas mais velhas pudesse ser tão divertida –
brinquei.
- Nem
fala! Certeza que o sábado ainda promete muitas emoções. Vai ser tão legal que
vai até compensar essa comida de coelho que minha mãe gosta – seu olhar para a
salada denunciava que, muito provavelmente, seu almoço seria apenas algumas
batatas fritas.
- Não sei
o que você está reclamando. Eu vivi de dieta, comendo praticamente só salada e
comidas integrais a minha vida inteira – disse, para mostrar que sempre existia
uma chance de piorar.
- Pior,
né bonequinha? Se virar minha irmã, você vai poder trocar dicas com a Mel sobre
esse cardápio estranho que dizem ser bom para a saúde – ele ponderou, fazendo questão
de falar o apelido da mãe em um tom diferente, só para caçoar da cara do meu
pai.
- É, acho
que você não vai ter escolha! Se virarmos uma família mesmo, você vai ter que
abandonar o hambúrguer de vez – provoquei.
- Então é
melhor abortar o plano agora mesmo. Tudo, menos comer que nem um hamster –
disse de um jeito exagerado.
Porém,
para o azar do skatista, ao longo do almoço descobrimos que meu pai também
adorava a tal comida de coelho. Ele fez vários elogios ao prato e disse que
comida vegetariana saborosa era aquela que sabia usar o tempero na medida
certa.
Fiquei
surpresa ao perceber que, se nosso plano realmente desse certo, formaríamos uma
família muito feliz. Nossos pais conversavam de modo natural com a gente e o
Alê contava os “babados” da escola como se estivesse falando com amigos.
Falamos sobre o Jogo do Engana Trouxa para a dona Melissa que elogiou a
criatividade do filho. Claro, os dois trataram o meu “pequeno problema” com o
Edu e Mari de forma bem sutil, o que me deixou muito agradecida. A tarde estava
muito agradável para ficar triste por acontecimentos do passado.
- Está
vendo por que estou tão empolgada com esse meu novo projeto? - a mãe do
Alê perguntou, parecendo bastante motivada. Ela já havia explicado seu novo
plano de trabalho para nós: basicamente, a ideia era trabalhar com adolescentes
na mesma idade que eu e o Alê e ajudá-los a encontrar suas verdadeiras paixões
e propósito. Assim, eles poderiam planejar a vida melhor depois de sair do
colégio ao invés de correr o risco de se matar para prestar vestibular para, só
depois, descobrir que não era bem isso o que queriam.
- A ideia
é ótima e o projeto foi muito bem montado, Mel. Tenho certeza que será um
sucesso. Quando pretende começar? – meu pai se mostrou bastante interessado.
- Até o
meio do ano, no máximo. Como você viu, faltam apenas alguns detalhes para
fechar tudo certinho.
- Que
ótimo! Vou colocar na minha agenda para voltar ao Brasil no segundo semestre,
então. Quero ver pessoalmente você trabalhando com as turmas. A ideia é montar
grupos para aplicar o processo de coach, não é?
- Sim.
Pretendo fechar grupos de, no máximo, 16 pessoas e colocar os jovens para
trabalharem em duplas. Também quero fazer trabalhos individuais. Mas... você
não pretende ficar no Brasil? – por mais que tentasse disfarçar, a sua decepção
era evidente.
- Não,
minha vida está em Nova York. Interrompi alguns trabalhos porque o caso da Gabi
parecia urgente, mas preciso voltar até a próxima semana – ele respondeu de
maneira natural, como se aquele fato fosse evidente.
Vi o Alê
me olhar com cara de quem fala “eu avisei”. Do outro lado da mesa, senti meu
estômago revirar. Poxa, estava tudo indo tão bem. Se não fosse esse “pequeno”
detalhe da distância entre eles...
- Também
achei que você ficaria mais tempo – confessei, o tom de voz um pouco mais
triste do que eu desejava.
- Eu
também adoraria ficar. Mas, nesse caso, realmente não posso. Tenho clientes
fechados até o final do ano. Mas não precisa se preocupar. Vou dar um jeito de
ficarmos sempre em contato. Além disso, quero conversar com a Mel depois para
ela te dar um suporte em casos de extrema necessidade – ele olhou em direção à
Melissa, com um sorriso cordial no rosto.
- Claro,
sempre que precisarem. Adoro a Gabi – respondeu tentando esconder a decepção no
olhar.
Infelizmente,
a informação deu uma esfriada no clima. Fiquei torcendo para que a rainha Elsa
trouxesse o verão de volta, mas não rolou. A paquera da terceira idade que
estava indo tão bem migrou para a friend zone sem previsão de saída.
A boa
notícia é que isso rendeu uma ideia para o próximo vlog do Alê: como saber se você
está na friend zone. O pavê também estava delicioso. Mesmo assim, me controlei
para comer só um pedaço e fiquei na salada de frutas.
Eu e o
meu pai ajudamos a lavar a louça, nos despedimos dos anfitriões e ficamos
conversando em frente de casa enquanto ele esperava o táxi. Ele voltou a
perguntar se estava tudo bem no colégio e se eu estava precisando de alguma
coisa. Aproveitei para perguntar se ele já tinha uma data para voltar para sua
casa.
- Preciso
embarcar até quarta-feira, no máximo – me respondeu com tom firme, mesmo que
seus olhos mostrassem um brilho de vontade de permanecer por aqui – Mas é como
disse: vamos manter contato. Hoje com WhatsApp, Skype e tantos aplicativos a
nosso favor, não vai ser difícil, não é mesmo? O essencial é que você confie em
mim e eu confie em você. Assim poderemos ser sinceros um com o outro – sorriu
com seu jeito amigável.
- Hum...
posso fazer uma pergunta? – não sei por quê, mas aquelas palavras mexeram
comigo. De repente senti vontade de compartilhar algo que vinha me atormentando
há um tempo.
- Claro!
O que quiser...
- O que
você faria se quisesse ficar com uma pessoa, mas houvesse algo que te
impedisse? - tentei manter uma postura
imparcial, para não denunciar que aquela era uma pergunta pessoal.
- Acho
que quando queremos mesmo alguma coisa, muito mesmo, não há nada que nos
impeça. Todo obstáculo pode ser removido ou ultrapassado. Claro, alguns são
mais complicados e demandam mais tempo, mas com persistência, calma,
determinação e, principalmente, fazendo o que é certo, a recompensa sempre vem.
Pode ter certeza disso – afirmou, com seu típico jeito de pessoa que sabe o que
fala – Posso saber o por quê dessa questão?
- Hum...
Digamos que é uma situação complicada – desconversei.
- Bom,
pelo visto, hoje infelizmente não conseguiremos tratar dessa tal situação. Mas
que tal marcar um almoço segunda? Aí podemos falar sobre isso e eu já te passo
certinho a minha data de embarque e formas de me encontrar lá em Nova York, ok?
– disse depois de olhar para o outro lado da rua e ver o táxi se aproximando.
Dei um
abraço nele para me despedir e fiquei observando o carro se distanciar até que
fiquei completamente sozinha. Como a situação com dona Beatriz ainda estava bem
tensa, fui direto para o meu quarto tentando fazer o mínimo de barulho possível
para não atrapalhá-la. Pelo som de música que vinha do seu quarto, concluí que
ela estava estudando novas coreografias.
Fui até o
meu quarto, tomei um banho e coloquei um vestido mais soltinho com detalhes em
renda. Não fazia bem a linha sexy, mas era confortável e bonito. Escolhi uma
rasteirinha tipo gladiadora para combinar e improvisei uma trança nos cabelos.
Ia me maquiar, mas ao ver o horário achei que ainda estava cedo. O Léo só
deveria chegar lá pelas dez da noite...
Resolvi
assistir algumas séries no Netflix para passar o tempo e deixar os detalhes da
produção para mais tarde.
Porém, lá
pelas oito horas, meu celular apitou.
“Rapunzel, jogue suas tranças! Hahaha Brincadeira.
Estou aqui na portaria. Rola liberar a entrada desse mero plebeu?”
- Gente,
e a tal festa? – falei para mim mesma. Era impossível que ele já tivesse
passado na casa do amigo.
Dei um
pulo da cama e, enquanto ligava para o Alê, tratei de passar perfume e um
gloss, pelo menos.
- Fala
minha ex-futura irmã – meu amigo atendeu após cinco longos toques.
- Libera
a entrada do Leonardo na portaria. Depois explico – foi tudo o que disse no
meio da correria para terminar de arrumar.
- Ok,
madame. Mais alguma coisa? – falou de forma petulante para me irritar.
- Por
enquanto só isso. Se precisar, eu ligo – fui mais petulante ainda ao
respondê-lo.
- Ok,
como a senhora desejar – disse antes de desligar. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde teria que
explicar o lance do Léo para o skatista, mas quanto mais eu conseguisse evitar,
melhor.
- Mãe,
vou dar uma volta no condomínio – gritei do corredor. Cedo daquele jeito não
dava para arriscar levar a minha “visita” para casa.
- Não
esquece que você ainda está de castigo, hein? Não abusa! – a resposta veio logo
em seguida.
- Pode
ficar tranquila! – gritei de volta antes de sair em disparada porta afora.
Acabei encontrando o Léo no meio do caminho.
- Lembrei
que da última vez você não queria que os seguranças nos vissem juntos. Por isso
vim ao seu encontro – se justificou ao me ver.
- Garoto
esperto! – brinquei. Estava morrendo de vontade de beijá-lo, mas segurei minha
onda. Na nossa situação, todo cuidado era pouco – Mas o que aconteceu com a
festa?
- Ah, não
estava muito empolgado e quase ninguém ia. Aí achei que poderia vir direto para
cá – deu de ombros, como se não fosse nada demais.
Abri um
meio sorriso, tentando parecer indiferente a informação. Por dentro, estava
dando piruetas de alegria. Cancelar um compromisso para ficar comigo era um
excelente sinal, não era? - Vem, vou te levar para conhecer um lugar... –
chamei, encostando minha mão na dele de leve.
- Ué,
pensei que íamos ficar na sua casa... – ele me olhou com um jeito desconfiado
enquanto começávamos a caminhar lado a lado.
- Então,
a gente ia mesmo... Mas você chegou muito cedo, aí achei arriscado. Naquele dia
minha mãe estava super brava comigo, por isso era certeza que não iria até o
meu quarto. Além do mais, ela estava em um dos seus dias “ruins” quando se
tranca sozinha e coloca música no último volume. Sem falar que já era mais
tarde, horário que já está deitada se preparando para dormir. Hoje é diferente,
entendeu? – tentei explicar.
-
Entendi, entendi... – assentiu com a cabeça – E posso saber para onde está me
levando?
- Tem
tipo uma pracinha cercada por um jardim lindo aqui no condomínio. Quase nunca
ninguém vai lá porque fica um pouquinho longe, mas eu adoro aquele lugar –
contei.
-
Huumm... Então já estamos nesse nível? De compartilhar coisas prediletas? Se
quiser posso mostrar umas fotos antigas, contar umas lembranças da infância –
disse em tom sério, mas o brilho zombeteiro nos seus olhos denunciava a ironia.
- Mas não
são as mães que devem mostrar as fotos dos filhos pequenos, matando a gente de
vergonha quando levamos um namorado para conhecer a nossa família? – entrei no
clima da brincadeira enquanto descíamos a rua do Lago.
- Ui! Me
parece que alguém aqui tem experiência no assunto – ele riu.
- Na
verdade, não. Eu nunca namorei – confessei, tentando manter o tom de voz leve.
- Você
está me zuando, né? – levantou as sobrancelhas, completamente surpreso.
- Não.
Por que estaria? – me esforcei para manter o tom de voz firme – Mas sei lá...
acho que nunca tinha me apaixonado de verdade. Minhas amigas viviam me zuando,
dizendo que eu estava esperando o príncipe encantado. Mas eu sempre tive uma
vida muito “fechadinha”, sabe? Era ensaio todo dia, escola, as mesmas
companhias, as mesmas festas... Não tinha espaço para coisa diferente – senti
coragem para contar a verdade. O Léo merecia aquele voto de confiança,
afinal...
- E se
apaixonou pelo cara que te zuou na escola? – não dava para ter certeza, mas eu
seria capaz de jurar que havia um quê de ciúme naquela pergunta.
- Não foi
ele que me zuou. Foi a Mari e suas amigas – corrigi.
- Tá, mas
ele tem participação, sim. Tudo bem que essa tal Mari pegou o celular dele, leu
as conversas e saiu espalhando por aí, mas ele poderia muito bem ter ficado ao
seu lado. Mas, até onde sei, ele nem se pronunciou – ele falava de um jeito
controlado, como se estivesse se segurando para não falar demais.
Parei
para encará-lo por um momento. Primeiro sua reação me fez pensar o que
realmente se passava na sua cabeça sobre aquela história. Naquele dia no meu
quarto, ele tentou parecer indiferente, mas estava óbvio que ele sabia o
suficiente para ter uma opinião concreta. Depois, me peguei pensando sobre o
que eu mesma pensava sobre o assunto. Será que eu não tinha aceitado os fatos
fácil demais colocando a Mari como vilã absoluta e Edu como uma vítima, assim
como eu? Será que no fundo a loira não tinha apenas dado voz aos verdadeiros
sentimentos que o carioca tinha por mim?
-
Chegamos – disse com a voz séria ao me dar conta que tínhamos alcançado o nosso
objetivo. A praça tinha formato circular com piso de paralelepípedo e bancos de
pedra circundados por um pequeno muro de pedra. Na parte de cima, um delicado
jardim com flores coloridas emoldurava o cenário. A iluminação meio amarelada
que vinha dos postes deixava o local convidativo para uma conversa em uma noite
de verão.
- Vem cá,
vem – me puxou para perto assim que percebeu que estávamos em um ambiente
“seguro” – Você tem razão. Esse lugar é lindo – comentou enquanto escolhia um
banco para sentar. Fiquei em pé, de frente para ele, encarando aquele belo par
de olhos azuis que me olhavam de forma intensa.
- Não
fica com essa carinha, vai... – apertou minha barriga, de leve – Já que estamos
nessa vibe de compartilhar coisas, vou mostrar uma música que gosto – falou,
antes de pegar o celular no bolso e mexer na tela. Instantes depois um rock com
uma batida dançante começou a tocar.
*** Link para música – https://www.youtube.com/watch?v=D-Xo8SWBSKg
Segurando
minha cintura, ele me colocou sentado no seu colo. Me entregando ao clima,
estendi as pernas no banco e passei as mãos pelo seu pescoço, enquanto ele me
beijava devagar, balançando o corpo no ritmo da canção.
“Me deixa louco só de olhar
Abro a porta pra ela entrar
Me contagia hoje e sempre
Faz a vida andar pra frente
Fico com ela, porque ela me faz bem
Estou com ela, não preciso de ninguém
Ela tá longe, sinto falta dela também
Se não é amor, eu não sei o que é, meu bem”
Eu tinha muita coisa para pensar e para acertar no meu coração,
mas resolvi me presentear com aquele minuto de paz e me proteger naquele abraço
que parecia ter o poder de me recarregar de boas energias.
Naquele momento, duas certezas penetraram no meu coração tão
profundamente que seria impossível ignorá-las daqui em diante. A primeira:
vítima ou culpado, o Edu escolheu ir, enquanto o Léo preferia ficar. E a
segunda: eu estava deixando de atender a principal cláusula do nosso contrato,
justamente a que sustentava todo nosso relacionamento. Mas quem poderia me
culpar? Apaixonar-se pelo Léo era algo inevitável.
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Notas finais: Aiii gente, estou tão
empolgada com a continuação da nossa história. Daqui pra frente vai ser tudo
tãããão legal!
Mas e aí? O que acharam do
cap? O que foi Alê arrasando nas dicas e virando o pop star do colégio?
E o almoço da ex-futura
família feliz? Mel e Mário Sérgio bem que poderiam ficar juntos, né?
E nem vou comentar nada do
Léo. É muito amor e fofura, gente! Cadê um desse na minha vida, hein? Hahaha
Beijo, meninas!
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