domingo, 11 de novembro de 2018

Capítulo 40 – O outro lado da moeda


Notas iniciais: olha, vou contar uma coisa... deu trabalho escrever essa briga, viu?
Mas acho que aqui vale uma reflexão interessante: estariam Gabi e Mari invertendo os papéis? Se sim, isso faz da Gabi uma vilãzinha também?
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No capítulo anterior...
- Pessoal, vou correndo no banheiro e encontro vocês na biblioteca, ok? – avisei, já pegando minha mochila e saindo.

- Beleza, bonequinha. Eu vou ver se a Carol vai participar com a gente...  – o Alê deu de ombros, tentando se justificar. Desde o ocorrido na festa, ela andava faltando aos nossos encontros.
Ouvi a Rebeca comentar algo sobre o assunto, mas estava apertada demais para prestar atenção. Desci as escadas o mais rápido que pude e só parei ao sentir o alívio de quem consegue chegar a tempo para fazer xixi.
Estava me preparando para abrir a porta do box onde estava quando ouvi alguém entrar no banheiro chorando muito alto. Preocupada, saí para ver do que se tratava e dei de cara com a Marília.
- Está feliz com o que você fez, Gabriela?
            A acusação chegou até a mim como um tapa na cara. Demorei para conseguir organizar os meus pensamentos e entender a situação. A Mari estava me acusando de fazê-la chorar? Era isso mesmo?

- Não adianta ficar aí fazendo essa cara de santinha. Estou indo na diretoria agora reclamar desse vídeo ridículo que vocês fizeram – sua voz estava cheia de agressividade – Eu não consigo nem andar pela escola sem ficar ouvindo alguma piadinha. Está todo mundo rindo de mim porque você e os seus amiguinhos resolveram criar uma imagem minha que não é verdadeira.

Ao ouvir isso o meu sangue ferveu – Ah, então você está bravinha porque o vídeo faz uma pequena referência a você?! Está chorando desse jeito porque o pessoal está fazendo piadinha pelos corredores? Agora imagina o que você fez comigo! Todo mundo me olhava e torcia o nariz, me ofenderam, eu ouvi coisas horríveis, eu fiz coisas péssimas comigo mesma... EU PERDI O CARA QUE EU GOSTAVA POR SUA CAUSA! – foi inevitável. Quando percebi, estava gritando a plenos pulmões, colocando para fora a raiva que senti por todo aquele tempo. De onde eu estava, conseguia ver um espelho que refletia a minha imagem e a da loira. O que estava refletido ali me assustou: éramos duas completas estranhas. Como era possível que pudéssemos ter sido amigas por tanto tempo e agora eu mal reconhecê-la?

- Minha culpa? Quem saiu se oferecendo para o Eduardo não fui eu, queridinha! Pelo contrário! Eu tentei te avisar que não ia dar certo – disse com ar de desdém.

- Você tentou coisa nenhuma. A única coisa que sempre quis foi continuar sendo a queridinha por todos, por isso que ficou tão enciumada quando ele não quis saber de você... O que mais te incomoda é, lá no fundo, saber que eu nunca precisei correr atrás dele como você adora ficar espalhando por aí.

- Pode até não ter corrido atrás, mas sempre ficou se fazendo de coitadinha, falando que tinha que ensaiar, que não podia comer, que não podia ir... – afinou a voz para dar um ar infantil e frágil às afirmações – Se toca, Gabriela! Chega uma hora que as pessoas se cansam dessa sua vida de bonequinha. E é claro que todo mundo ia ficar falando, né? Não tenho culpa se você surtou, fugiu do colégio e se afastou do nosso grupo. Aliás, deve ser por isso que está criando toda essa confusão. Pra chamar a atenção, porque é isso que você faz para as pessoas ficarem te paparicando... – enquanto falava, ela secava as lágrimas, os olhos vermelhos e inchados. Eu duvidada que aquele choro era de tristeza. Para mim, era de raiva. Afinal, ela estava provando do próprio veneno.

Fiz uma pausa, respirando fundo para organizar os pensamentos. Eu estava diante de uma mestra em tirar as pessoas do sério. Não poderia permitir que ela ganhasse mais essa - É verdade, Marília! Eu era uma bonequinha mesmo e assumia a posição de frágil quando permitia que todo mundo desse opinião na minha vida e decidisse por mim o que eu deveria ou não fazer. Mas você ajudou a mudar isso quando me mostrou que nem todos que estavam a minha volta realmente se importavam se eu estava bem. O que elas queriam eram continuar vivendo a vidinha perfeita que levavam, independente do preço. Então, não! Eu nunca quis chamar a atenção. Isso quem faz é você! Eu me omitia, justamente porque não queria atenção, eu não queria era ter que me posicionar. Mas, ó, na real, eu preciso é te agradecer por ter sido essa pessoa tão egocêntrica e egoísta, porque só assim eu entendi que eu poderia ser muito maior que esse seu mundinho de aparência – enquanto eu falava, fui caminhando pelo banheiro até encostar no espelho. O movimento me ajudou a clarear melhor as ideias e, quando dei por mim, tinha encontrado todas as respostas que vinha procurando durante os últimos meses. A sensação era a de limpar uma vidraça e conseguir enxergar o que havia além – Agora, me fala Marília: quando foi a última vez que você se permitiu ser você mesma? Sem precisar ficar se preocupando com o que os outros vão pensar?

A pergunta pareceu pegá-la de jeito. Ela me respondeu com seus olhos azuis frios e céticos cravados em mim – E dá para ser quem somos de verdade, Gabriela? O preço que se paga por isso não é alto demais?  – perguntou com a voz baixa. Na sequência, passou as mãos pelo cabelo e arrumou a postura, como se precisasse esconder aquele momento de fraqueza – O que eu sei é que você precisa parar de me culpar por tudo ter dado errado. Não posso fazer nada se você não tem o meu carisma, se eu não preciso ficar me fazendo de pobre coitada ou jogando baixo com as outras pessoas para conseguir o que quero – seu tom provocador retornou. Era engraçado como algumas pessoas precisavam atacar para se defender. Quanto mais acuada ela ficava, mais ela se agarrava aos seus argumentos tentando provar que estava com a razão. O problema dessas pessoas é que, na maioria das vezes, a estratégia delas funcionava. Quase ninguém tinha coragem de puxar a cortina e descobrir o que acontecia nos bastidores.

- O nome disso não é carisma. É medo disfarçado de sarcasmo, prepotência e autoritarismo que fazem as pessoas temerem ir contra você. Não te culpo pelo aconteceu comigo. Já falei: eu te agradeço, porque só assim fui capaz de ver a farsa que estava vivendo. Você e toda a Realeza que te cerca são uma farsa, Marília. Tão frágeis quanto um castelo de areia. Por isso se apegam tanto às aparências, porque sabem que por dentro não tem nada que se salve – despejei as palavras todas de uma vez me esquecendo de todo e qualquer tipo de filtro. Por mais que eu não quisesse descer ao nível dela, não conseguia controlar a raiva e a mágoa que estava sentindo.

- Gabi, chega! Vem! Vamos embora! – alguém colocou as duas mãos nos meus ombros e me empurrou para a saída. Eu nem tinha percebido, mas estava tremendo e gritando enquanto várias meninas assistiam a tudo fazendo comentários ou até filmando.

- Vou te falar uma coisa, viu bonequinha! Meu sonho sempre foi entrar no banheiro das meninas, mas não nessas circunstâncias – o Alê tentou apaziguar os ânimos fazendo uma piada enquanto me colocava sentada na escada.

Rebeca me encarava com a expressão tensa enquanto Nando parecia estar se divertindo horrores com a situação. - Quero deixar claro que fui contra o Alê entrar para te tirar de lá. Eu queria mesmo era ter visto a treta – meu amigo disse, cheio de empolgação.

- Falando nisso, como vocês perceberam o que estava acontecendo? – aos poucos, fui me acalmando e absorvendo tudo o que estava acontecendo ao meu redor.

- Lembra que eu ia avisar a Carol do nosso grupo de estudos? – Alê começou a explicar – Pois bem, ela disse que iria participar, mas, antes, precisava passar no banheiro. Eis que esperamos todos terminarem de pegar suas coisas e descemos juntos. Assim, já nos encontraríamos aqui na porta do toalete – ele falou a última palavra com uma entonação diferente só para fazer graça – Aí a Carol entrou e voltou poucos segundos depois com os olhos arregalados e dizendo que você estava brigando com a Marília.

- Você precisava ver, Gabs! Alê nem pensou duas vezes: saiu correndo para ir te socorrer – Nando contou, o que me fez sorrir para o skatista.

- E a Carol saiu correndo atrás do Alê que nem uma boba – Rebeca soltou em tom ácido – Aquela ali não se toca!

- E cadê ela? – perguntei.

- Deve ter ficado com a abelha-rainha, né? Ela ia ser boba de abandonar a líder da realeza justo nessa hora? – foi a vez do Fernando comentar em tom venenoso – Mas o que importa mesmo é: como que essa briga começou?

- Quando estava saindo do banheiro dei de cara com a Marília chorando. Quando me viu, ela reclamou do vídeo que fizemos. Disse que todos na escola estão rindo da cara dela... – contei enquanto sentia a raiva voltar a tomar conta de mim. Lembrar das acusações da loira me deixava indignada.

- Oi? Ela está bravinha porque fizemos um vídeo que faz uma referência a ela? E espalhar boatos pela escola e acabar com a vida das pessoas pode? – Fernando parecia tão bravo quanto eu.

- Essas meninas da Realeza são tão inúteis – Rebeca engrossou o coro dos revoltados.
- Gabi, você está bem?

Só percebi a Carol se aproximando quando ela já estava, praticamente, ao lado do Alê. Ao se dar conta da sua presença, a Rebeca revirou os olhos e fez uma careta, confirmando sua falta de paciência com a amiga da Marília. Tive que me segurar para não rir da sua reação.
- ... falei para ela não fazer isso, mas sabe como a Mari é, né?

- Oi? Desculpa, não entendi... – disfarcei para que ninguém notasse que a Carol estava falando comigo e eu não estava nem ouvindo. Porém, a Rebeca foi mais rápida e pegou a minha gafe. Segurando o riso, fez um gesto com as mãos como se quisesse dizer “nem liga. Ela é nem é importante mesmo...”.

- Falei que tentei fazer a Marília não ir reclamar de você na diretoria, mas não adiantou. Ela convenceu as outras meninas a irem com ela – Carol explicou pacientemente.

- E você não foi junto? – Fernando não conseguiu esconder sua surpresa.

- Não. Dessa vez eu vou fazer o que acho certo. Vou ficar do lado da Gabi, o que deveria ter feito quando rolou o lance com o Edu – ela disse com a cabeça baixa, sem coragem de olhar para nós.
Por um instante, todos ficaram sem saber o que falar. Vi a Beca e o Nando trocarem um olhar, enquanto o Alê mexia no boné, o que sempre fazia quando estava sem graça.

- Obrigada, Carol – sorri para ela de modo carinhoso – Bom, “bora” estudar, né gente? É o que tem pra hoje – tentei mandar o “climão” embora e fingir costume com a situação.

- É... com briga ou sem briga, temos provas na semana que vem – Rebeca recuperou seu típico ar de nerd.

-Ahh, agora sim! Essa é a Hermione que eu conheço. Já estava te estranhando, Beca. Como assim você está se envolvendo em assuntos mundanos e deixando os estudos de lado? Não pode isso! – Alê não perdeu a chance de cutucar nossa colega.

A partir daí a conversa seguiu um rumo mais confortável para todos. Rebeca falando dos resumos do dia, Alê fazendo suas provocações, Nando disparando comentários ácidos, Carol se esforçando para parecer que fazia parte do time e eu... bem, eu fingia estar acompanhando tudo, mas, na verdade, não conseguia parar de pensar nas acusações da Marília. Se ela estivesse certa, isso indicava que tínhamos trocado de lugar. Que eu tinha me transformado na Realeza, que agia sem dar a mínima para o que os outros sentiam. Será que eu era mesmo esse monstro que ela estava dizendo? E será mesmo que ela era essa vilã que eu tinha criado na minha mente?       

Eu não sabia quais eram as respostas para essas perguntas, mas poderia garantir uma coisa: a funcionária da secretaria que tinha acabado de entrar na biblioteca não estava ali por acaso. Quando a vi mexendo a cabeça de um lado para o outro procurando por alguém, levantei da cadeira, surpreendendo meus amigos de estudo.

- Ah, Gabriela! Era você mesmo que eu estava procurando. Por favor, preciso que me acompanhe até a diretoria – ela disse enquanto caminhava até a nossa mesa.
- Ok. Já estou indo...

Era como se eu estivesse no piloto-automático. Calmamente, peguei meus livros e cadernos e coloquei na mochila. Depois, segui a funcionária do colégio até a diretoria, onde a Marília e a dona Cecília estavam me esperando.

- Gabriela, boa tarde! Gostaria de conversar sobre o vídeo que você e seus amigos gravaram e também sobre a discussão que aconteceu hoje no banheiro - seu tom era ditatorial e seu olhar frio e julgador - Você sabe que nesta escola não permitimos bullying. Sendo assim, por que você incitou os seus amigos para gravarem esse tipo de material?

- Eu já falei. Ela queria se vingar porque acha que o Edu não ficou com ela por minha culpa. Mas eu a avisei desde o início que ele não era esse tipo de garoto – Mari disparou.

Naquele momento consegui visualizar como as mulheres acusadas de bruxaria se sentiram durante o período da inquisição. Eu estava sendo queimada na fogueira por causa de uma acusação completamente distorcida.

- Gabriela, não vejo outra solução senão aplicar as medidas cabíveis nesse caso: suspensão por três dias. Também vou chamar sua mãe aqui para que ela fique ciente desse seu comportamento.

Pensei na minha mãe e no apoio que ela estava me dando nos últimos dias. Lembrei também do meu pai e na sua célebre frase “surfe com a onda”. Se ela estava me enxergando como uma pessoa transgressora, então era isso que eu seria.

- Pode chamar. Mas chama a mãe da Marília também, porque há alguns meses ela fez algo semelhante comigo e ninguém da escola se posicionou. O que me parece algo bem estranho, já que o colégio não admite a prática de bullying – encerrei a frase levantando a sobrancelha e com um tom bem desafiador. O Alê, se estivesse vendo a cena, diria que eu estava no modo “vilã afrontosa” do jogo do Engana Trouxa – Além disso, quem disse que fui eu quem incitou os meus amigos? Nós fizemos o vídeo juntos, porque é assim que amigos de verdade fazem as coisas. Não temos um “líder” que dita como devemos ser e pensar... – finalizei dando uma alfinetada na Mari.

Por um momento as duas me olharam completamente sem reação. Na certa elas não esperavam uma resposta tão ácida da minha parte. Olhei fixamente para a diretora sentada na minha frente e depois para a Marília que estava ao meu lado. Mantive a expressão séria, mesmo que por dentro eu estivesse dando pulos de alegria por ter conseguido desarmá-las tão rapidamente.

- Bom, sugiro que os pais de todos os envolvidos sejam chamados para conversar sobre o tema – o tom ditatorial havia passado, mas ainda havia uma firmeza ao falar que parecia um pouco exagerado, como alguém que precisa se impor - Por enquanto, a suspensão de três dias será mantida para você e todos os envolvidos no filme que estudam no colégio, é claro. Vou pedir para chamá-los aqui para conversarmos. Marília, você está dispensada. Agradeço muito a sua coragem de vir me contar sobre o vídeo e a discussão. Foi muito importante para o colégio – a última frase foi dita com uma voz suave, que beirava o tom maternal e seguida por um sorriso de compreensão que quase me fez revirar os olhos.Era sério mesmo que a Marília ia sair como santa da história?

 Tentei pensar em algum argumento rápido para fazê-la ficar, mas quando a loira atravessou a sala e colocou a mão na maçaneta, dei a batalha por perdida. Eu não conseguiria fazê-la ficar. Bem nesse momento um Alê completamente esbaforido entrou na sala aos gritos, seguido de todo o resto da nossa turma que começou a falar ao mesmo tempo. Pelo visto, o boato da suspensão já havia se espalhado.

 No meio da confusão de mãos e vozes, ouvia-se muitas frases soltas e era difícil descobrir quem estava falando o quê.

- Diretora, a culpa não é da Gabi. Nós fizemos o vídeo junto com ela!

- Não foi ela que começou a briga no banheiro. Foi a Marília que começou a acusá-la.
- Não é justo só ela ser punida!

- Estamos em época de prova! Não pode tirá-la da escola agora – sem nenhuma dúvida, essa reclamação era da Rebeca...

- MENINOS, ACALMAM-SE! – a diretora precisou elevar a voz para que todos escutassem – Ninguém será punido agora, nem precisará perder as provas. Vou fazer o seguinte – ela fez uma pausa, passando a mão pelos cabelos soltos. Sua expressão era a de alguém que olhava um quarto bagunçado e não sabia por onde começar a organizar – Vou chamar os pais de todos os envolvidos para conversar. Também reunirei o conselho da escola para definir quais serão as medidas adotadas pelo colégio. Uma coisa é fato: não vamos admitir bullying neste colégio. Todos entenderam? – lançou um dos seus olhares duros em nossa direção.

- Desde que fique claro quem estava praticando e quem estava sofrendo bullying – Mari fez questão de ressaltar.

- Fique tranquila, Marília. Vamos fazer o que for melhor para todos e para o colégio.

A partir desse momento, parece que alguém pegou os dias, colocou em uma caixinha e chacoalhou. Tudo virou uma loucura. Os pais foram chamados na escola e passaram dias discutindo o que deveria ser feito. Até meu pai participou da conversa via Skype. Como Marco Sérgio assumiu a questão, minha mãe não participou das reuniões. Ela estava prestes a sair em turnê com o espetáculo Romeu e Julieta e preferiu focar nos ensaios. Mas, Dona Beatriz fez questão de conversar comigo dizendo que estava ao meu lado e que não achava justo que eu fosse suspensa. Achei interessante quando ela me explicou que a dança, assim como outros tipos de arte, também pode ser usada como ferramenta de protesto, como eu e meus amigos havíamos feito nos dois últimos clipes. Intencionalmente ou não, conseguimos fazer com que outras pessoas olhassem para aquele problema de forma diferente e passassem a pensar em novas soluções.

E quando digo que outras pessoas passaram a prestar atenção no assunto, não estou exagerando. Todo o colégio resolveu se posicionar contra a punição que a diretoria queria nos dar e muitas pessoas se sentiram confortáveis para falar sobre situações parecidas que tinham acontecido com elas. A parte de comentários do nosso vídeo foi transformada em um mural de confissões anônimas dos mais variados casos que aconteceram dentro e fora da escola. Alguns eram engraçados, mas a maioria assustava. Era impressionante pensar que uma palavra ou uma ação impensada de alguém poderia interferir na vida de outra pessoa de maneira tão profunda. E também havia os vídeos da briga que foram postados nas redes sociais e serviram como combustível para vários memes.

Como o assunto deu o que falar e também porque as férias do meio do ano já estavam se aproximando, o conselho estudantil junto com os nossos pais resolveram organizar uma semana especial de atividades para lidar com o tema no segundo semestre. A organização já estava a todo vapor e, claro, que dona Melissa e Marco Sérgio se ofereceram para participar. Também ficou decidido que, até um segundo momento, as suspensões não precisariam ser cumpridas.

Mas, antes do merecido descanso, ainda tínhamos as provas de final de semestre para nos preocupar, como a Rebeca fazia questão de lembrar sempre que ameaçávamos perder o foco.

As coisas andavam tão malucas que eu e o Edu acabamos nos reaproximando. Começou com o assunto do bullying. Ver as pessoas relatando seus casos e como refletiu na vida delas abriu uma porta para que falássemos como nos sentimos depois que a Mari espalhou o boato a nosso respeito. Falei para ele sobre a minha fuga da escola, do Léo, de conhecer o meu pai e da briga com a minha mãe, do Jogo do Engana Trouxa e de quanto o Alê me ajudou no processo de voltar ao colégio e tudo o mais que acontecera desde então...

O carioca não era muito de falar sobre o que pensava, mas acabou revelando um pouco de como foi complicado vir do Rio para cá, que ao chegar aqui ele tentou se encaixar em algum grupo e, quando viu que tudo estava indo por água abaixo, fugiu para outro colégio, onde sofreu mais ainda porque não quis fazer amigos para ter certeza que não prejudicaria ninguém. Lembrei que já tínhamos conversando um pouco sobre o tema no Guararema Fest Show, mas dessa vez ele foi um pouco mais fundo contando alguns detalhes mais específicos. Uma coisa era certa: não foi uma barra fácil para ninguém segurar.

Confissões a parte, nós passamos a nos falar todo dia, o dia inteiro. Tudo virava assunto: a escola, o almoço, séries que estávamos assistindo no Netflix, o vizinho que tinha arrumado uma namorada nova... A conversa não morria nunca. Dormíamos conversando e, pela manhã, a primeira mensagem sempre era dele. Tínhamos virado melhores amigos, fato que não tive coragem de compartilhar com os meus amigos. Afinal, por mais que todo mundo fale que não devemos nos importar com a opinião dos outros, também há aquele ditado que diz que errar uma vez era humano, mas a segunda já era burrice. E aí surgia uma tremenda dúvida que me deixa bem confusa: ficar com o Edu tinha sido um erro ou não? Sem toda a intromissão da Mari, nós teríamos dado certo?

***
Quando as aulas acabaram, foi como se o furacão tivesse passado. Os primeiros dias do recesso foram marcados pelo silêncio. Parecia que todo mundo estava de ressaca, porque o assunto no grupo estava bem escasso. Demorou uns quatro dias para que a ficha que estávamos de férias caísse. E, claro, que o primeiro a se manifestar a esse respeito foi o Alê, colocando em prática o plano para aproximar o Miguel e o Nando que havíamos arquitetado antes de toda a repercussão do clipe.

“E aí, pessoal? Bora aproveitar o recesso pra gravar mais clipes de dança, que nem a mãe da Gabs sugeriu? A gente pode tentar não causar tanto dessa vez... hahaha”

Era uma quarta-feira de manhã e o tempo já estava bem frio. Eu já havia tirado todos os casacos pesados do armário e pela janela do meu quarto via o típico céu do inverno, aquele bem azul e com um sol fraco, que aquecia como se fosse uma fogueira se apagando.

Enquanto digitava que estava mais do que disposta, meu telefone tocou, indicando uma chamada de vídeo via WhatsApp.

- Oi, filha! Tudo bem? Está aproveitando as férias? – vi a figura do meu pai aparecer do outro lado. Ele estava com roupas de calor, o que me fez lembrar que o tempo em Nova York era diferente do nosso.

- Não muito, ainda. Com toda aquela confusão no colégio, o pessoal acabou ficando meio desanimado. O Alê está tentando animar a galera agora para gravar mais vídeos... Vamos ver o que vai rolar – respondi enquanto colocava o celular em um suporte que ficava na escrivaninha, deixando, assim, minhas mãos livres.

- Mais vídeos? Hm... ainda bem que estou indo para o Brasil então, né? Assim, se der problema de novo, já estarei aí para intervir por você... – disse em tom de brincadeira.

- Nossa, pai! É verdade! Acabei me esquecendo completamente...

- Como assim esqueceu de mim, Gabriela? Esses jovens de hoje são realmente muito ingratos – ele fez um drama, fazendo os dois caírem na risada - Sua mãe vai entrar em turnê com o espetáculo e, como este ano você deu uma pausa na dança, ela me pediu para ficar com você. Aí, já vou unir o útil ao agradável: organizarei as atividades antibulying na escola com a Mel e ficarei para o seu aniversário. Pensei em fazer uma festa à fantasia. O que acha?

- Uaaauuu! Nós até estávamos pensando em algo, mas nada tão caprichado assim... – exclamei, bastante animada. Como sempre estava em turnê na época do meu aniversário, as comemorações sempre foram simples: só eu, minha mãe, Carol, Mari e o pessoal da companhia de dança. A ideia de ter uma festa de aniversário de verdade me deixou muito animada. Só uma coisinha me incomodou – Mas à fantasia não pode ser. Já tivemos uma no Gueto esse ano – fiquei séria ao me lembrar da ocasião. Afinal, foi ali que tudo começou.

- Bom... podemos pensar em algo diferente. Uma festa temática, sei lá... Ou só uma comemoração mais básica mesmo... – o tom do meu pai diminuiu ao perceber minha hesitação sobre a festa à fantasia.

- NÃO! Nada básico! – quis deixar claro – Gostei da ideia da festa temática. Vou pedir para o pessoal sugerir temas. E você chega quando ao Brasil?

- Até o final dessa semana. Aí acertamos melhor os detalhes, ok? Estou na correria para deixar tudo pronto para a viagem, liguei só para avisá-la e saber como estava.

- Beleza, pai! Fico só te esperando, então... Enquanto isso, já vou pensando nos detalhes da festa – disse antes de nos despedirmos.

Quando voltei a atenção ao grupo, o pessoal já tinha se manifestado com algumas sugestões de músicas para gravarmos a coreografia. Comecei a digitar novamente para contar a novidade quando o chegou uma mensagem do Miguel.

“Pessoal, não poderei gravar agora. Podem seguir sem mim”.

Parei de digitar e fiquei olhando para a tela tentando entender porque meu amigo estava sendo tão seco. Pelo o que dava para perceber, a minha dúvida era a mesma de todo mundo, porque um silêncio constrangedor tomou conta do grupo. De repente, todos ficaram quietos.

“Mí, tudo bem? Está ansioso com a turnê?”

 Mandei mensagem para ele no privado. Eu sabia que a preparação para apresentações sempre era tensa, por isso achei melhor confirmar se ele não era só nervosismo pré-estreia.

“Bastante! Principalmente porque você não vai estar lá, né? Tantos anos com a mesma parceira que estou achando muito estranho me apresentar com outra pessoa. É quase como se estivesse te traindo”.

“Magina! Tenho certeza que tudo vai dar certo. Minha mãe anda bem calma aqui em casa e isso só pode ser sinal de uma coisa: que os ensaios estão indo bem” .

Tentei descontrair um pouco antes de ir direto ao assunto.

“Mas é só por isso mesmo que você não quer gravar com a gente?”

A resposta demorou para chegar. Enquanto esperava, quebrei o “climão” no grupo contando sobre a festa e que precisava de sugestões de temas. Alê não perdeu a oportunidade: já foi logo dizendo que o tema deveria ser “A Barraca do Beijo” pra gente armar dos nossos pais ficarem juntos de uma vez.

Embora tenha achado a ideia muito engraçada, a notificação de resposta do Miguel voltou a me deixar tensa.

“Bom, acho que deu para perceber que não fiquei tão à vontade com a brincadeira do Nando quando gravamos da última vez. Confesso que estou um pouquinho confuso com isso, Gabs. Eu amo a companhia dele, mas não sei se é desse jeito... Além disso, eu morro de medo. Você sabe que só por eu dançar balé já sofri muito preconceito. Imagina se um dia eu me assumir gay?”

Li a mensagem do meu amigo com tristeza. Infelizmente, eu sabia que não era fácil para ele ser um bailarino. Eu já tinha presenciado algumas situações constrangedoras nos bastidores com pessoas que faziam perguntas ou comentários homofóbicos. Até os pais dele não apoiavam muito no início. Minha mãe precisou conversar muito com eles para conseguir com que mudassem de ideia.

“Mig, sei que não é fácil para você. Mas ó... você não precisa tirá-lo da sua vida de uma forma tão radical. Acho que podemos ir com calma, respeitando o seu tempo. E não esquece que estamos aqui para te apoiar em tudo” – tentei argumentar.

“Obrigada pelo apoio, Gabs. Mas eu realmente não quero pensar nisso agora. Estou bastante focado nas apresentações. Trocar de parceira está me deixando bem inseguro. E você sabe que dona Beatriz é bem exigente quando o assunto é apresentação”.

Resolvi dar a batalha por perdida, pelo menos por um tempo para não estressá-lo ainda mais. Mas, antes, eu precisava falar com o Nando que também devia estar triste com aquela situação.

  Se te conheço bem, você não está se manifestando no grupo porque ficou chateado com a resposta do Miguel. Acertei?”.

“Na mosca, garota. Desculpa, mas perdi totalmente o clima. Prometo que depois te ajudo com a festa, beleza?”

Mandei um áudio contando pra ele sobre a minha conversa com o Miguel e falando que, por causa das apresentações, seria melhor dar mais um tempo para ele.

“Gabs, se a questão é o balé, não podemos ir todos juntos assistir alguma das apresentações? De repente podemos ficar nos bastidores dando um apoio moral, sei lá... você entende melhor como essas coisas funcionam. Assim ele vai confiando mais na gente” – Nando sugeriu.

“Ótima ideia, migo. Vou perguntar pra minha mãe as datas das apresentações aqui perto. Aí vemos com o resto do pessoal se eles também vão querer ir” – me animei imediatamente com a ideia. Fazia toda a diferença receber o apoio de pessoas queridas antes de subir ao palco.

“Querida, já vou montar o meu kit cheerleader, com direito até a pom-pom e coreografia. Se Miguelzito precisa de apoio, é isso que ele vai ter”.

“Vindo de você, eu não duvido! Aqueles bastidores jamais serão os mesmos depois que você passar por lá” – respondi, rindo só de imaginar a cena.

Depois de resolver essa “questão”, voltei para o grupo do Time B, onde a conversa estava bombando. Depois de dar uma olhada por cima nas mensagens, vi que a Beca sugeriu o tema “Noite Mexicana”, que estava agradando a todos até o momento. A Laís já estava até procurando referências de como fazer uma maquiagem de caveira mexicana quando Nando voltou ao grupo com uma entrada triunfal.

“Gente, o tema pre-ci-sa ser As Mil e uma Noites! Já imaginaram a Gabi dançando para o Eduardo que nem a Jade dançava para o Lucas enquanto tocava ‘somente por amor...’. Vai ser épico!”

*** Para quem não entendeu a referência, Jade e Lucas eram personagens de uma novela chamada O Clone. Pra entender melhor, dá uma olhada no vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=aLFfzffSPKA (Eu amava a Jade dançando. Meu sonho de princesa é dançar que nem ela. Rs!”) ***

“Nando, você arrasou na ideia agora. Já estou imaginando minha fantasia inspirada na Jasmin. Sem falar nos delineados bafos que vai dar pra fazer. Por favor, o tema tem que esse” – Laís foi a primeira a se manifestar a favor.

“Se a Gabi falar que consegue dançar igual a aquelas odaliscas, eu topo!” – Rebeca engrossou o coro.

“Ela consegue, sim. Essa garota dança super bem” – Miguel entrou de novo na conversa. Fiquei mais tranquila ao vê-lo interagindo com o pessoal.

“Já era, Gabs. Tema fechado! Só não sei se vai rolar a parte de dançar para o meu primo, porque ele ‘tá’ indo pro Rio hoje... Aliás, eu, minha mãe e a Lala vamos levá-lo no aeroporto. Bora junto, Gabi?” – o Alê me marcou na mensagem.

O Edu tinha comentado que iria pro Rio, mas, quando ele disse, as férias ainda pareciam algo distante. Eu não tinha me dado conta que já havia chegado. Tanto que levei um baque ao me lembrar. Tínhamos nos reaproximado bastante nos últimos tempos. Como ficaríamos com ele longe?

***
As discussões no grupo sobre o meu aniversário continuaram. Laís ficaria responsável pela decoração, Beca por fazer os orçamentos do buffet e escolher o cardápio, enquanto Alê e Nando registrariam todos os preparativos. A ideia da Lala era conseguir os itens da decoração com desconto ou com permuta oferecendo a divulgação no canal.

- Seu pai já falou com você? – minha mãe apareceu na porta do meu quarto. Ela estava preparada para sair para os ensaios com a bolsa a tiracolo.

- Sim, ele ligou faz uma meia hora. Mãe, você acha que consigo aprender dança do ventre até o meu aniversário?

Precisei explicar todo o contexto para que ela entendesse a minha dúvida – Hmmm.... Acredito que seja possível, sim. Evidente que uma coreografia simples, né? Nada muito complicado – ela parecia estar falando mais com si mesma do que comigo – Conheço uma professora ótima que pode te dar aulas. O nome dela é Pérola. Vou te passar o contato, aí você vê se há disponibilidade de horários – dona Beatriz parecia muito feliz por me ver demonstrar algum interesse na dança novamente, mesmo que não fosse pelo balé – Mas agora eu preciso ir. A Maria vai fazer almoço, tá? – se aproximou, dando um beijo na minha testa.

- Mãe, será que eu e o pessoal podemos acompanhar as apresentações que vão acontecer aqui nas cidades da região? – aproveitei para perguntar.

- Pode, claro! – um sorriso ainda maior surgiu em seu rosto agora que eu tinha reforçado o meu interesse pela dança – Vou pedir para o pessoal da produção colocar os nomes na lista da equipe.

- Tá, pede para me passarem as datas e os locais das apresentações também, por favor.

- Pode deixar. Mas agora eu realmente preciso ir. Depois me fala se deu certo com a Pérola. Tchau! – deu outro beijo na minha testa e bagunçou de leve o meu cabelo.

- Ahh, vou com o Alê e a dona Melissa levar o Edu no aeroporto, tá? – avisei enquanto ela caminhava para a porta.

Dona Beatriz virou e me lançou um olhar de “como que é?”.

- Calma, mãe. Somos amigos. Só isso... – me expliquei.

- A Marília também era... – ela soltou baixinho. Depois, balançou a cabeça e saiu.

***

- Podemos colocar uns aquecedores na parte da piscina para esquentar as pessoas, lenços coloridos pendurados e lanternas marroquinas para dar um ar diferenciado. E incenso, né? Ou é em festa indiana que se usa incenso? Preciso pesquisar...

Estávamos no carro a caminho do aeroporto e a Laís não parava de falar da festa. Eu já tinha marcado de ir até a escola da Pérola para explicar melhor o que eu tinha em mente.

Sentado ao meu lado no banco de trás, além da Laís, estava o Edu, que mexia no celular, parecendo alheio à conversa. Vi que ele bloqueou a tela do seu aparelho e, segundos depois, uma notificação chegou no meu telefone.

“Por que está todo mundo tão animado para essa festa árabe, menos você?”.

Era uma mensagem do Edu. Pelo canto do olho, percebi que ele estava vigiando para ver a minha reação.

“Acho que é por causa desse lance da apresentação... Estão achando que vou dançar igual a uma Odalisca. Não sei se consigo” – comentei, só então notando a ironia: tinha escapado de subir ao palco com o balé, mas não consegui fugir da pressão de ter que me apresentar.

“Relaxa, Gabi. Pra quem já foi a Julieta, ser uma odalisca vai ser facinho” – ele mandou com vários gifs e emojis de pessoas dançando.

“Você sabe que nenhum desses é de dança do ventre, né?” – provoquei.

“Sim, mas pelo menos fez você dar risada. Estava muito séria...”

Precisei me segurar para não demonstrar uma reação muito exagerada ao comentário. Eduardo sabia ser fofo quando queria.

“E aí? Animado para voltar ao Rio?”.

“Simplesmente contando as horas para ver o amor da minha vida”.

“Calma! Estou falando da minha prancha.” – ele riu da cara de assustada que fiz ao ler a mensagem. Fiquei morrendo de vergonha com a bandeira que eu dei, mas, por sorte, ele continuou digitando e não percebeu nada.

“Deixei a prancha na casa desse amigo onde vou ficar esses dias. Fiquei de ir buscar, mas acabei me enrolando e não fui. Vou trazê-la comigo na volta”.

“Falando nisso, quando você volta? Chega a tempo para o meu aniversário?” – não aguentei e acabei perguntando.

- Gabi, olha esses acessórios para o cabelo que maravilhosos! Vão ficar incríveis em você – Laís interrompeu nossa conversa para mostrar algumas imagens no seu celular.

Percebendo que eu estava ficando um pouco aborrecida com o assunto, dona Melissa deu um jeito de puxar outro assunto. Infelizmente, ela não foi tão feliz na missão...

- Meninos, a conversa da festa está muito boa, mas... vocês já decidiram se vão prestar vestibular esse ano? Acabamos não conversando sobre isso ainda.

Eu quase conseguia sentir o Alê se encolhendo no banco do passageiro. Assim como eu, ele também estava bem confuso sobre o assunto.

- Nossa, mãe! Que assunto é esse? Deixa a Laís continuar falando das arábias que estava melhor...

- É que eu e o Marco Sérgio estávamos conversando e tendo algumas ideias. Por isso perguntei. Queria saber se estão planejando algo – por mais que tentasse esconder, dava para perceber um ar de alegria na fala da mãe do meu amigo.

- Mãe, se vocês estiverem planejando se casar e oficializar eu e a Gabi como irmãos, saiba que os planos de vocês batem com os nossos, não é Gabi? Mas esquece esse lance de vestibular, pelo amor de Deus! E nem pense em perguntar de Enem...

Daí em diante a conversa ficou bem mais animada. Para nossa surpresa, dona Melissa achou graça na brincadeira do filho e praticamente todos no carro eram a favor da ideia de que não precisávamos decidir nossas carreiras assim que saímos do colégio, o que me deixou muito mais calma. Eu já ficaria extremamente feliz se conseguisse sobreviver ao último ano do Ensino Médio. Esse lance de definir a minha vida teria que esperar um pouco...

***

- Boa viagem sobrinho lindo! Aproveite a Cidade Maravilhosa! – dona Melissa deu um abraço apertado no Eduardo. Já estava quase na hora do embarque e tudo o que eu conseguia pensar era que ele ainda não havia me respondido. Eu realmente odiava a mania que ele tinha de fazer mistério sobre tudo.

- Hey, Julieta! Juízo, hein? Sem causar polêmicas por aí. Não estarei na cidade para ajudar a gravar vídeo de revanche – ele brincou antes de me abraçar bem apertado – Guarde uma dança pra mim, combinado odalisca? – o ouvi sussurrar no meu ouvido antes de me soltar e se virar para entrar na sala de embarque.

Enquanto ele caminhava, senti um aperto estranho no peito. Como eu poderia querer tanto que ele não se afastasse ao mesmo tempo que me causava medo tê-lo por perto? Será que algum dia o carioca deixaria de ser um mistério pra mim?
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Notas finais: Vocês estão sentindo esse cheiro? Siiim, é cheiro de festa no ar! E vocês já conhecem o problema que Gabi tem com festas, né? Algo sempre dá errado para nossa bonequinha. Será que algo vai dar errado justo no aniversário dela? Será que o Edu vai voltar a tempo? E Nando e Miguel? Vão ou não se acertar?

A propósito, tem alguém com saudade do Léo aí?

E a briga da Marília com a Gabi? O que acharam?

Estamos entrando na reta final de VOV, meus caros! Emoções é o que não vão faltar!

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