sábado, 12 de janeiro de 2019

Capítulo 43 – Maktub – Parte II

Notas iniciais: Primeiro capítulo de 2019 tá do jeito que a gente gosta: tem beijão, tem casal altamente shipável, tem a volta do Léo e muitas outras surpresas. Ó, eu aposto que você vai se surpreender nesse cap!
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No capítulo anterior:

- Desculpa, Gabs. Mas a única maneira de você descobrir é ir lá fora e ver quem está com o Gusta.

Parei por um segundo e pensei nas possibilidades. Eu não conseguia pensar em ninguém além do Edu até que, de repente, um estalo me trouxe um outro nome à cabeça.

- Não pode ser... – virei e fui em direção a saída, andando o mais rápido que podia.

Passei pela porta de entrada da minha casa, virei à direita e fui até a esquina e lá estava ele, encostado em uma mureta, os cabelos bagunçados e os olhos fixos em mim.

- Léo?!

- Oi, aniversariante! – ele me ofereceu o seu melhor sorriso de garoto cara de pau – Ó, antes que você fique brava, o Gusta e o Caio não tiveram culpa nisso, tá? A ideia de aparecer sem ser convidado foi minha, beleza?

- Isso aí, Gabs! Se for pra ficar brava com alguém, fique com esse cara aí. Eu ainda quero participar da festa. E a propósito, feliz aniversário! – só então eu reparei que o Gú também estava ali, parado alguns passos atrás do Léo, a expressão amedrontada de quem estava fazendo algo errado.

- Fica tranquilo, Gú! Eu não estou brava. E você vai para a festa, sim!  – sorri para tranquilizá-lo – Só estou muito curiosa para descobrir o motivo dessa aparição surpresa – levantei a sobrancelha para o Léo, como se estivesse cobrando uma satisfação.

- Bom... faz um tempo que a gente não se fala, né? – ele começou, meio sem jeito. A cena de nós dois discutindo no Fest Show veio a minha cabeça, ele tentando se justificar do porquê havia se acertado com a Vanessa sem me avisar. Uma sensação ruim percorreu o meu corpo ao me lembrar do quanto fiquei mal naquela festa. Bebi exageradamente, vomitei no banheiro, o Alê e a Laís me trouxeram para casa carregada e fiquei de castigo sem celular por causa da bebedeira. Naquele dia eu cheguei no fundo do poço e uma das pessoas que me fizeram ir tão longe estava bem ali, parada na minha frente, tentando entrar na minha festa de aniversário. Eu me lembrava de, no início do ano, ter pedido para que as coisas fossem diferentes. Eu só não imaginava que elas seriam tão loucas...

- Por que será, né? – não consegui conter a minha ironia.

-Bom, você ficou com o Gustavo na minha frente! Precisei de um tempo pra me recuperar desse baque.

- Sério mesmo que você vai colocar a culpa em mim? – a ironia estava começando a se transformar em irritação.

- Opaaa! Acho que essa é a deixa para eu vazar daqui. Gabi, será que eu posso entrar? – Gustavo parecia ainda mais apavorado do que antes.

- Vai lá, Gusta. É só seguir reto, minha casa é uma das últimas. Tem umas lanternas na frente, não tem como errar – expliquei, tentando manter o tom de voz calmo.

- Valeu! Por favor, não se matem! Senão vão querer cancelar a festa – ele brincou antes de sair e me deixar sozinha com o Léo.

- Gabi, sei que você ficou brava porque apareci na festa do Caio com a Vanessa. Mas você queria o quê? Ela era minha namorada! – ele voltou a falar, passando as mãos nos cabelos. Há um tempo eu acharia esse gesto muito charmoso. Mas, naquele momento, eu me culpava por ainda me surpreender com o fato das pessoas só enxergarem o próprio ponto de vista em um acontecimento. Depois da Mari, eu já deveria ter me acostumado...

- Uma namorada que você disse que não gostava mais e que naquela mesma semana vocês tinham brigado e você disse que iria terminar tudo com ela – fiz questão de relembrá-lo.

- As coisas não funcionam assim, Gabs. Eu até tentei terminar, mas ela veio falando que ainda gostava de mim, que queria mais uma chance... Eu fiquei sem saber o que fazer – vi o Léo abandonar a sua típica armadura de “cara engraçado” que ele sempre usava. A reação dele me desarmou um pouco, mas mantive a postura de pessoa que estava muito desapontada e brava.

- Pois eu digo o que você deveria ter feito: poderia ter me ligado e me avisado que vocês tinham voltado, que iria levá-la à festa, que decidiu dar uma segunda chance para ela e que, por isso, talvez fosse melhor deixar o papo de contrato de lado. E não ir à minha casa alguns dias antes, falar um monte de besteiras e depois sumir sem dar nenhum sinal de vida, me deixando sem saber o que estava acontecendo.

- Eu sei que vacilei com você. É por isso que queria vir aqui hoje. Muita coisa aconteceu desde que paramos de nos falar. Eu e a Vanessa terminamos depois de uma confusão que rolou na escola. Inclusive, fui expulso. Acredita? – ele fez uma pausa esperando por alguma reação, mas me fiz de desentendida, por mais que a notícia do término tivesse me desarmado mais um pouco – Enfim, tudo isso me fez pensar no quanto eu fui burro. Tinha você ao meu lado, a gente estava se dando “mó” bem, tudo fluindo em uma vibe incrível e eu deixei tudo isso de lado para seguir por um caminho que eu já sabia que ia dar errado.

O garoto na minha frente fez uma pausa, deixando o olhar vagar, como se estivesse refletindo sobre o que acabara de contar. A cada frase que ele dizia eu sentia as minhas defesas irem se desfazendo aos poucos.  Aquela conversa não estava seguindo um rumo bom...

 - O DJ que está tocando na sua festa hoje é meu amigo. Eu pedi pra ele dedicar uma música para você. É o meu pedido de desculpas em forma de “pagação” de mico para você saber que estou falando sério – um sorriso travesso voltou a brincar em seus lábios.
Oi? Aquilo era sério? Ia rolar música dedicada pra mim?

- Bom, sendo assim... melhor voltar para a festa, né? Não posso perder esse momento por nada – achei melhor mudar de assunto e fugir logo dali. Eu estava começando a sentir que ia rolar um climão, tudo o que eu menos queria para a noite do meu aniversário.

- Não, peraí... Tenho mais uma coisa pra te falar – ele veio até mim e segurou o meu braço. Recuei um passo, surpresa com o gesto.

- Gabi? Mulher, o que você está fazendo aqui? Não deveria estar na festa? – uma Carol toda trabalhada em um look de calça e top muito parecido com o da Lala apareceu, pegando a gente no flagra. Mesmo que estivesse assustada com o Léo, não tive como imaginar que o figurino dela deixaria a minha amiga muito brava. A Lala tinha passado dias pensando naquela roupa.

- Pois é... exatamente o que eu acabei de falar – lancei um olhar de desespero em direção à ela torcendo para me ajudasse a sair dali.

- Então, vamos, né? Não dá para aniversariante ficar aqui fora conversando... Os convidados querem te ver – ela se aproximou, mesmo parecendo um pouco insegura.

- Vai lá, Gabi. Teremos muito tempo para conversar daqui em diante – o cabeludinho se afastou de forma misteriosa – Feliz aniversário! E obrigada por vir aqui falar comigo.

- Hããmmm... Não foi nada – foi tudo o que consegui dizer antes de me virar e seguir com a Carol. Eu ainda não tinha conseguido dirigir todas as informações daquele encontro. E o que ele queria dizer “teremos muito tempo pra conversar”?

- Eu achei que o Edu viesse para a festa... – foi o jeito que a Carol achou para tentar descobrir se eu estava ficando com o Léo.

- Ele foi convidado, mas não confirmou a presença – dei de ombros, fingindo costume.

Respirei aliviada quando voltei para a festa. Pelo menos ali eu me sentia mais no controle do que estava acontecendo. Já a Laís não podia dizer o mesmo. Quando viu a Carol cruzando a porta de entrada, a namorada do Alê arregalou os olhos como alguém que está furiosa.

- Já até sei porquê você está com essa cara – falei quando me aproximei da Lala e da Beca que estavam perto da mesa de doces. A Carol havia se separado de mim para cumprimentar os meninos, o que só colaborou para deixar a Laís ainda mais irritada.

- Essa menina não se toca? Ela deve ter visto os meus stories mostrando a minha roupa e resolveu fazer igual – a morena estava quase bufando de raiva – É inacreditável as coisas que ela faz para chamar a atenção do Alê. Na boa, vou falar para o Caio voltar a ficar com ela pra ver se ela sai da “bota” do meu namorado...

- NÃO! Não faz isso...

Eu e a Laís paramos no mesmo instante e olhamos para a Beca, tentando entender a reação da nossa amiga.

- Não faz isso porque... porque não vai funcionar. Se eles terminaram, é porque alguma coisa aconteceu... Talvez seja melhor arranjar alguém novo – ela se enrolou toda na sua justificativa enquanto ficava com o rosto todo vermelho.

- Beca, posso te dar um conselho? – a Laís deixou sua fúria de lado e segurou a mão da nossa nerd de forma carinhosa – Se você está afim de um cara, vai atrás dele. Não tem problema nenhum nisso. Talvez as pessoas possam te chamar de pirigueti, de oferecida... Mas ó, você pode, sim, ser uma mulher inteligente, dona de si e chegar em um cara. Isso não te faz melhor, nem pior. Só te faz uma mulher que vai atrás dos seus objetivos, assim como você com tudo na sua vida...

Nossa “Hermione” escutava tudo atentamente, balançando a cabeça para sinalizar que estava entendendo. Ao mesmo tempo, o DJ começou a tocar uma das músicas que colocamos na lista das que ele “tinha que tocar de qualquer jeito”.



“Você prepara, mas não dispara
Você repara, mas não me encara
Se acha o cara, mas não me para
'Tá cheio de maldade, mas não me encara”

Como um olhar determinando, vimos a Rebeca procurar alguém no meio do pista de dança. Quando seu olhar recaiu sobre o Caio, que estava parado do outro lado da sala conversando com o Gus, ela saiu caminhando em sua direção.

“Você já 'tá querendo e eu também
Mas é cheio de história e de porém
Virou covarde, 'tô com vontade
Mas você tá demorando uma eternidade”

Enquanto ela se aproximava, o Caio observava a cena completamente sem reação. Chegava a ser engraçado, porque ele parecia estar vivendo uma batalha dentro da sua mente: ficar e assumir que sentia algo pela Rebeca ou sair e continuar fingindo que nada estava acontecendo. Independente de qual fosse a decisão, ele precisava tomá-la logo, porque nossa nerd se aproximava cada vez mais rápido.

“Se você não vem, eu vou botar pressão
Não vou te esperar, 'tô cheia de opção
Eu não sou mulher de aturar sermão
Me encara, se prepara
Que eu vou jogar bem na sua cara”

Ela o puxou pelo braço e o levou para a pista, dançando com ele de forma bem sedutora.

- Olha, quem diria? Nossa Hermione, além de expert em matemática, história, geografia e todas as outras matérias, também tira nota 10 no quesito “sedução do boy”– comentei enquanto continuava assistindo a dupla arrasar na pista.

- Poxa, só fiquei triste porque meu plano foi por água abaixo. Vou ter que arrumar outra pessoa para ficar com a Carol... Gabs, na companhia todos os meninos são gays?

- Mas é claro que não, né? Temos muito héteros por lá. E solteiros, tá mocinha? – quem respondeu a Laís foi o próprio Miguel que se aproximara de nós junto com o Nando – Gente, e o que deu na nossa nerd? Tá arrasando na pista!

- Rebeca percebeu que pode ser a “Senhora Boas Notas e a Dona Absoluta dos Cronogramas e Planejamentos” e também rebolar a “raba” na pista e pegar o boy que está afim – Laís explicou enquanto continuávamos assistindo nossa pequena Hermione dançando com o Caio.

- Graças a Deus! Se ela continuasse daquele jeito ia arrancar nosso couro no segundo semestre com todos aqueles resumos... – Alê chegou já dando a sua opinião – Mas, voltando ao que interessa, sabe que você acabou de tocar em um ponto muito importante... Todo mundo acha que bailarinos são gays. Mas, como Nando acaba de nos contar, não é bem assim... Acho que tem muita coisa que nós acabamos colocando em determinadas “caixinhas”, mas, que na verdade, não deveríamos ficar classificando...

- Um assunto bem tranquilo e pertinente para uma festa, né gente? – Nando soltou um dos seus comentários ácidos.

- Mas esse é um excelente tema para um vídeo. Todo mundo acha que uma nerd não pode arrasar na pista, ou que essa bonequinha linda - passou a mão no meu rosto para me provocar - não pode ser vilãzinha por um dia para dar o troco na Marília. Queria aproveitar que  tem uma galera aqui hoje e pedir pra cada um contar o que parece ser, mas não é.. 
- Já amei a ideia! Vou buscar sua lousa lá no seu quarto pra escrever a #parecemasnãoé. Aí a pessoa segura enquanto fala - Laís comprou a ideia do namorado, já saindo para buscar o material necessário. Enquanto isso, Nando e Alê foram preparar a câmera e um cenário. Como eles estavam fazendo imagens para fazer um vídeo da festa, o equipamento já estava por ali.

Assim que ela passou pela porta, o Caio colocou uma das mãos no ombro da Rebeca e com a outra aproximou os rostos dos dois, tascando um baita de um beijo na nossa amiga. Sabíamos que era ridículo, mas eu e o Miguel demos um gritinho para comemorar. Era muito bonitinho ver a nossa “menininha” crescendo...

- Desisto! Não consigo acompanhar todas as atualizações de casais - meu pai disse parando ao nosso lado. Ele estava muito elegante vestido com uma camisa clara e calça jeans escura - Rebeca e Caio é novidade pra mim. Assim como a ausência do carioca. Jurava que ele estaria por aqui marcando território.

- Não foi só o senhor que achou, "seu" Marco... Mas, quando o assunto é a família Navarro, é realmente difícil prever algo - Miguel aproveitou o gancho para alfinetá-lo sobre o jantar com a dona Melissa.

Meu pai lançou um olhar para ele como quem diz "culpado". Depois coçou os cabelos antes de começar a falar - Meus jovens... Eu queria que as coisas fossem tão simples assim, mas, infelizmente, eu pisei muito na bola com a Beatriz no passado. Não dá para chegar agora, falar que vou levar a filha dela pra Nova York e, de quebra, que vou começar a namorar com a Melissa.

- Bem que a Beca disse que tinha alguma coisa a ver com isso – lembrei, tentando não demonstrar minha surpresa com a sinceridade do meu pai - Mas e agora? Isso quer dizer que você não vai ficar com a "dona" Melissa para não chatear a minha mãe? 

- Isso quer dizer que vamos dar um passo de cada vez. Primeiro vamos decidir se você vai mesmo pra Nova York...

- Eu vou! Isso é certeza! - eu o interrompi.

- Ótimo! O próximo passo é informar sua mãe. Também vou falar da minha sociedade com a Melissa e do fato dela e do Alê também também irem passar uma temporada por lá. Aí é ver como ela reage. Só depois disso eu e a Melissa vamos considerar a hipótese de ficar juntos. 

- Não dá pra fazer tudo estando com ela? Pra que esperar separados? - insisti. 

- Um passo de cada vez, querida. Um passo de cada vez... - ele bateu o dedo de leve no meu nariz - E agora, vou circular pela festa. Prometi para a sua mãe que a ajudaria a tomar conta do pes...

Ele parou de falar ao ver dona Melissa passando pela porta junto com a Laís. Ela estava linda com um vestido esverdeado com detalhes dourados bordados na altura do colo e na barra da saia. O modelo seguia justo até abaixo da cintura, quando se abria em uma pequena cauda de sereia. Os cabelos quase negros estavam enrolados em cachos que caiam pelas suas costas. De alguma maneira, ela me lembrou a Sherazade, personagem de uma história que ouvira há muitos anos.

- Pai, para de babar! – provoquei.

- Eu não estou babando... – ele tentou disfarçar – É... Vou ver se a Melissa precisa de alguma coisa – disse, antes de começar a caminhar em direção à mãe do Alê.

- Não é fofo? – virei para o Miguel, comentando a cena.

- Olha, não está fácil hoje! Quando decido que vou shippar BeCaio, vem seu pai e a “dona Melissa” batendo todos os limites possíveis de casal “shipável” – o Miguel estava com cara de bobo enquanto assistia a cena e eu suspeitava que eu também estava.

- Pronto! Já estou com a lousa. Vamos achar o Nando e o Alê – foi a vez da Laís se aproximar – E depois, o senhor vai me ajudar a apresentar um dos bailarinos para a Carol – a morena apontou para o Mig – Preciso tirar aquela menina do pé do meu namorado e isso vai ser hoje, ou eu não me chamo Laís!

***

A festa seguiu com muita música e animação. A proposta de pedir para as pessoas falarem o que parecia, mas não era, tinha deixado o pessoal bem empolgado. As respostas estavam ótimas, algumas divertidas, algumas em tom de desabafo, mas todas surpreendentes de algumas maneira.

- Gabi, está na hora de você se trocar para a apresentação – senti alguém me cutucar enquanto falava baixinho para não chamar a atenção do pessoal.

Meu Deus! A festa estava tão divertida - e imprevisível – que eu tinha até me esquecido da parte da apresentação. Saí de fininho para me trocar no meu quarto, um friozinho desconfortável tomando conta do meu estômago e o meu velho "monstrinho de estimação" voltando a dar às caras depois de algum tempo sem aparecer.

"Você é ridícula! Por que se presta a fazer esse papel? Quem você achou que poderia gostar disso? Nem balé você sabia dançar direito, quem dirá a dança do ventre..."
Ele continuou a me atormentar enquanto me vestia. Quando terminei, estava tremendo.

- E aí, Gabi? Pronta? Posso pedir para o DJ começar? – a Rute, uma das bailarinas da Pérola que me aguardava do lado de fora, perguntou parada na porta.

Apenas balancei a cabeça, confirmando, enquanto repassava o plano na minha cabeça. O DJ iria baixar a luz e trocar a música enquanto eu e as meninas nos posicionávamos perto da piscina. Dali, começaríamos a dançar, interagindo com os convidados e seguiríamos até a sala onde eu finalizaria a apresentação puxando um dos convidados para dançar comigo. Como eu não queria correr riscos, fui esperta e combinei com o Miguel para que ele ficasse em um ponto perto da porta da onde seria fácil puxá-lo.

- Mandei uma mensagem para ele. Assim que ele diminuir as luzes, podemos descer – a bailarina me avisou – Você está muito bonita! Vai encantar a todos lá embaixo – ela sorriu para mim de modo carinhoso, tentando me acalmar. 

- Vem, Gabi! Chegou a hora – a Rute pegou a minha mão e descemos juntas. Enquanto passávamos pela sala, dava para ouvir as pessoas comentando ansiosas sobre a súbita mudança no ambiente. Como não sabiam o que esperar, elas olhavam para todos os os lados, o que nos ajudou a passar despercebidas.

Quando cheguei ao lugar marcado, vi que minha mãe estava ali por perto, garantindo que tudo estivesse pronto para a apresentação. Vê-la por ali me ajudou a me sentir mais confiante. Era como nos velhos tempos de balé, quando ela cuidava de tudo como um verdadeiro general.

Passei o olhar ao redor e vi que todo mundo também estava por ali: meu pai, dona Melissa, Alê e Nando segurando as câmeras, Laís, Beca... Abri um sorriso, respirei fundo e mandei meu monstrinho particular embora repetindo para mim mesma que eu havia ensaiado e, portanto, não tinha como nada dar errado. E, mesmo que desse, meus amigos que estavam ali. Se algo saísse do planejado, com certeza eles me ajudariam a contornar a situação.

- Pronta? – as dançarinas me perguntaram enquanto os convidados começavam a esticar o pescoço para entender o que estava acontecendo.

- Pronta! – concordei, confiante. 

Fizemos um gesto para o DJ, e a música da apresentação começou a tomar conta do ambiente, enquanto as luzes voltavam ao normal.


Para começar, na introdução e na parte em que a Shakira cantava, nos movimentamos pela parte externa da casa, girando e balançando os nossos véus enquanto os convidados batiam palmas e soltavam gritinhos e palavras de entusiasmo. 

Quando a canção passou para a parte da percussão, já estávamos no centro da sala. Nesta parte, a coreografia explorava mais passos específicos da dança do ventre, como movimentos de cintura, pernas e braços. 

Era incrível como todo o nervosismo tinha ficado para trás. Eu sorria para as pessoas e me divertia ao ver as reações de cada uma, especialmente nos momentos que os movimentos ficavam mais sensuais. Fiquei ainda mais tranquila ao ver que o Miguel estava no ponto que combinamos. Tudo estava caminhando perfeitamente!

Quando a música voltou a ficar lenta foi a deixa para que as bailarinas se afastassem e eu fosse em direção ao Miguel. Eu deveria colocar o meu véu ao redor do seu pescoço e puxá-lo para o centro, onde eu dançaria para ele.

Comecei a caminhar na direção combinada sem sair do ritmo da música e agitando o véu para fazer um charme. Vi minhas tias paradas ali e interagi um pouco com elas, enquanto elas gritavam que eu estava linda. Sorri para elas e, na sequência, foquei meu olhar no ponto onde meu amigo estava. Porém, quem me esperava ali eram dois olhos verdes que me encaravam de modo firme enquanto um sorriso provocativo brincava nos lábios do carioca.

O Edu viera, afinal.
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Notas finais: Mas que festa é essa? Teve Léo, teve Marco Sérgio e Melissa e teve Edu!
E agora? Será que a Gabi vai puxá-lo para dançar? E a música que o Léo falou que ia dedicar para ela? Algum palpite? Aliás, nosso Cabeludinho voltou cheio de mistérios, né? Que papo foi aquele que terá muito tempo para conversar com a Gabs? 

Sem falar em Rebeca e Caio, né gente? Quem gostou dela tomando a atitude e tascando um beijão nele bem na nossa cara grita EU bem alto aqui nos comentários!

Enfim, espero que estejam gostando da história!

Beijão e até o próximo capítulo!

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