segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Melhor presente de aniversário!

Oiii gente!

Não sei se vocês sabem, mas meu aniversário foi há uns dias atrás. Siiiim, no dia 29 de julho fiquei mais velhinha. Ou melhor, mais experiente! hahaha

E tive o prazer de receber como presente um texto lindo de autoria da Betth, uma das meninas da Trupe do Luan - grupo de fãs do qual faço parte.

Como ameeeei muito, resolvi compartilhar essa pequena homenagem aqui com vocês. Olha que lindeza:

Hoje é dia dela!!! É dia da "curica" mais top do neverso, da "gata garota", líder da "trupe mais maluca de todos os tempos". Ainda lembro como tudo começou, "Incondicional" era "A Nossa Canção" favorita e tema de um longa história da garota tão forte como um "Cristal" que logo foi ganhando o carinho de todos que a conhecem. No dia de hoje eu e toda a Trupe desejamos que você receba sempre o melhor de tudo, que papai do céu te abençoe ainda mais e te dê muitos, muitos anos de vida pra que eu possa te perturbar em cada um deles e que você tenha seus merecidos "Cinco Dias em Cancún" logo como você merece! Foi nessa "Vida de Luanete" que nos encontramos (por causa de um cantor aí) e hoje quero que saiba que eu agradeço a Deus por ter encontrado você, amiga. Sem você não teria histórias, não teria nosso grupo, nosso "QG", nossa Trupe e eu não estaria te escrevendo agora! E falando em escrever: um dia ainda quero fazer isso como tu chefinha! Feliz aniversário meu amor, nós amamos você!

Ps: manda preparar o churrasco e descer as tequilas que hj o cantor paga!!!


Tão gostoso receber esse carinho! Obrigada por tudo, meninas! <3

Capítulo 19 – O jogo da vida

Notas iniciais: Juro que não queria me atrasar com a postagem, mas “tá” tenso aqui gente. Minha vovó ficou doentinha e precisei viajar para visitá-la. Além disso, a casa está reformando e vocês não imaginam a bagunça que está o meu quarto. Mas, apesar dos pesares, consegui terminar o cap. E ó, já aviso que tem babado! Espero que gostem!
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- Maquiagem: ok; regata por baixo da camiseta do uniforme: ok; dinheiro para o ônibus: ok; lanche da dieta: na mochila. Beleza, tudo certo – repeti em voz alta para mim mesma.

Acordei mais cedo naquele dia para sair antes do horário habitual. Assim que me troquei, desci para tomar café e já pegar as minhas “marmitas lights”. Acabei levando bronca da Maria, porque não havia deixado os potes do dia anterior na cozinha. Quando voltei com os “esquecidos” em mãos, outra bronca: “você não comeu o seu lanche. Dessa vez sua mãe vai brigar com você e acaba brigando comigo também, né?”.

Nota mental: comer as tais frutas cortadas e jamais esquecer de deixar os potes na pia para lavar. Eu já tinha dona Beatriz para pegar no meu pé, não precisava da Maria assumindo esse papel também.

Pedi desculpas pelo “descuido” e terminei meu café rindo sozinha. Se ela soubesse como meu dia anterior fora “diferente”, não ficaria se preocupando com potes e frutas...

Deixei meu copo e prato na pia e subi correndo para terminar de arrumar minhas coisas. Fiz a maquiagem que a Laís me ensinara no dia anterior, passei perfume e pronto. Saí de casa quinze minutos mais cedo para não correr o risco de encontrar o Alê no caminho. Como ele estava preocupado com a minha ausência na escola, usei a desculpa da Dengue para justificar as faltas daquela semana. Ele até se ofereceu para me visitar em casa, mas disse que era melhor não porque não conseguia parar de vomitar.

Uma “vozinha” chata insistia em surgir na minha cabeça para me lembrar que aquelas mentiras não durariam para sempre. Mas tão rápido elas surgiam, eu já as mandava embora. Era uma comparação boba para se fazer, mas eu me sentia como a Caroline de “The Vampire Diaries” quando desligou a humanidade. A vida regrada e perfeita que eu levava não importava mais.

Dessa vez, peguei o ônibus em um ponto mais perto do condomínio. Não queria correr o risco de ser vista por algum aluno do colégio, por isso fiquei por ali mesmo. Com sorte, os funcionários estariam muito ocupados com o movimento da manhã que nem me veriam.

 Agora era torcer para que o ônibus passasse logo.

“Bom dia! Vai mesmo para o retiro hoje ou vai dar pra trás”?

Uma mensagem brilhou na tela do meu iPhone. Era o Caio. Revirei os olhos assim que li a frase. Caio e sua incrível petulância...

“Não te falei ontem que ia? Já até estou a caminho”.

“Sabia que você ia gostar. Vem comigo que você brilha, Gabi”.

“Você se acha a última Coca Cola do deserto, né garoto? Fala sério!”, respondi.

“Mas admite: sem mim você ainda estaria perdida na praça sem saber para onde ir”, ele retrucou mandando vários emojis com óculos de sol.

“O ônibus está chegando. Daqui a pouco a gente se fala”, desconversei só para não dar o braço a torcer. Além disso, o ônibus realmente havia chegado e estava lotado. Ou eu me segurava ou digitava... Os dois juntos não ia rolar.

***
“Qual é a senha?”, ouvi a voz do Léo perguntar através do interfone.

- Já chegou o disco voador – disse, me lembrando da resposta do Caio.

“Senha correta, entrada autorizada. Seja bem-vinda ao retiro especial de começo de ano. É uma honra recebê-la, Julieta”.

- Para de bobeira, Léo – respondi, rindo alto.

“Sinto muito, senhorita. Mas isso é genético e o médico pediu para não contrariar”, desligou, rindo.

- Bom dia! – sorri assim que o encontrei sentado no mesmo sofá da manhã anterior – Sou a primeira a chegar?

- Não, Caio está lá em cima procurando o baralho.

- Opaa, já estou de volta! E hoje quero ver quem vai ganhar de mim no truco...

- Só falar na coisa ruim que ele aparece – comentei – E eu já ganhei várias vezes de você no Truco. Não será difícil vencer de novo...

- Uoouu! Julieta mas é uma loba em pele de cordeiro – Léo fez cara de surpreso – Meus parabéns, Gabi. Adoro gente que sabe colocar o Caio em seu devido lugar. Porque o Rei do Camarote aqui adora se achar o “bam-bam-bam”- veio até mim e estendeu a mão para me cumprimentar.

- Rei do camarote? – repeti.

- Como o Caio tem mania de ostentar tudo o que tem e ficar se achando, comecei a chamá-lo com esse apelido carinhoso – deu um sorriso amarelo diante da cara de enfezado do amigo.

- Nossa, é perfeito! Combina muito!

- É, você está aí “botando banca”, mas só ganha no Truco quando está com o Alê. Quero ver hoje que não tem o seu parceiro – Caio me desafiou, ainda com a expressão contrariada.

Quis falar que também ganhei dele quando fiz dupla com o Edu, mas achei melhor não tocar naquele assunto. Só de lembrar meu coração já pesava no peito, me puxando para baixo como uma âncora - Bom, hoje você vai vencer por W.O. Não estou afim de jogar.

- Mas não vai mesmo, mocinha. Tenho outros planos para você...

- Que planos? – eu e o Caio perguntamos juntos.

- É o seguinte – o “cabeludo” disse em tom sério – Enquanto os dois ficavam de “papinho” lá em cima ontem, eu passava o maior apuro aqui em baixo. A Laís está pegando pesado, gente. Desse jeito não dá, pessoal! Não há quem resista quando a tentação usa um decote tão generoso...

- “Tá”, e o que eu tenho a ver com isso? Já disse minha opinião: se fosse eu, aproveitava que ela está fácil, fácil, e não perdia tempo... – Caio opinou me fazendo revirar os olhos.

- Sorte a minha que eu não sou você, né? – o outro ironizou – Mas ao contrário do que pensa, o senhor tem muito a ver com isso. Isso porque hoje, a vossa realeza aqui – fez um gesto exagerado como se estivesse saudando um rei de verdade – vai deixar a sua acompanhante comigo – apontou para mim - Com a Gabi por perto a Laís vai ter que ir mais devagar...

- Isso se ela não resolver me tirar da frente usando a força, né? – brinquei.

- Nossa, e você não pode simplesmente falar que não quer? – o Caio estava ainda mais bravo.

- Querido, eu já falei que tenho uma namorada. Agora o que eu posso fazer se mamãe passou açúcar em mim e me deixou assim, irresistível? – se gabou.

O ex da Carol estava prestes a retrucar quando o interfone voltou a tocar – Opa! Deve ser a “fera”. Todos aos seus lugares. E tenham cuidado! Os ataques da Laís podem ser letais...

Após o “ritual” da senha, Laís e Gustavo entraram na sala. A garota estava ainda mais bonita, se é que isso era possível. Usava uma regata justa como a minha, mas tinha um quimono bem estiloso por cima e seu cabelo estava todo jogado para o lado, fazendo a linha “acordei linda assim hoje”. Agora eu entendia o Léo: devia ser realmente difícil resistir aquela tentação.

- Opa! Sou a primeiro jogar a hoje – Gustavo correu para a frente da TV e segurou o controle do videogame como se fosse algo precioso.

- Ahh não! Vocês não ficar só jogando hoje, né? Vamos fazer algo diferente – a “tentação” fez “biquinho – E se a gente brincasse de Verdade ou Consequência? – propôs fazendo cara de criança que estava aprontando.

- Eu topo! – Caio foi o primeiro a se manifestar, um sorriso travesso no rosto. Não era difícil perceber que ele e a Laís tinham segundas, terceiras e até quartas intenções...

- Estou dentro também! Mas continuo sendo o primeiro a jogar depois – Gustavo disse.

Lancei um olhar para o Léo. O garoto parecia pensar quais seriam as tais “consequências” de entrar naquele jogo.

- Assim... e se a gente jogasse algo mais...”sussa”? Sem verdades, consequências e esses paranauês todos... – ele propôs com a voz um pouco vacilante.

- Jogo de tabuleiro! Sabe, aqueles de quando a gente era criança? São ótimos para essas coisas – a ideia surgiu de repente na minha cabeça.

- Grande ideia, garota! E eu até sei onde tem um – Léo pegou meu braço e saiu me puxando pela casa, passando pela cozinha e área de serviço até parar em um quartinho pequeno, com prateleiras cheias de toda sorte de bugigangas cobertas de poeira.

- Esse é o nosso quarto da bagunça – o rapaz disse depois que entramos.

- Jura? Poxa, se não tivesse me contado... – fingi estar espantada.

- Está terrível hoje, hein?

Apenas levantei a sobrancelha, como se perguntasse “Eu?”.

- Mas eu gosto assim... – deu um sorriso rápido antes de começar a olhar ao redor – Ok, estamos procurando por um “Jogo da Vida”. Se você fosse minha mãe, onde colocaria?

- Não faço ideia, nem conheço sua mãe... – também passei a olhar ao redor tentando ter uma ideia de onde poderia estar. De itens de cozinha a cadeira de praia, o cômodo era um verdadeiro cemitério de itens sem uso.

- Mônica Barros, 42 anos, engenheira civil, virgiana, é perfeccionista e está à procura de um par que entenda seu estilo de vida e goste de crianças...

- Seu bobo! Eu não quero casar com a sua mãe – retruquei tentando parecer brava, mas sem conseguir segurar o riso.

- Nunca se sabe... – deu de ombros – Olha, tem uma caixa com brinquedos lá em cima. É possível que o jogo esteja lá dentro – apontou.

Na última prateleira, bem no alto, havia uma caixa velha de papelão onde era possível ver a cabeça de alguns bonecos para fora

 – Eram seus brinquedos? – questionei.

- Sim. O lado bom de ser filho único que você sempre consegue tudo o que quer...

- Ou você vira o único alvo para sua mãe pegar no pé - rebati pensando na minha situação.

- É, isso também... Mas como sou um filho exemplar não sofro com esse tipo de problema – me deu um sorriso amarelo – Tem uma escada em algum lugar por aqui... Só me deixa achar – deu um giro completo bem devagar procurando pelo objeto até ter a ideia de checar atrás da porta – Aqui, achei! Eu seguro e você sobe, beleza?

- Hum... Não pode ser o contrário? – perguntei como quem não quer nada. Na verdade, eu morria de medo de altura. Além do mais, se eu caísse, dona Beatriz me mataria...

- Qual é, Gabi? Não confia em mim? – o Léo me olhou como se estivesse ofendido.

Assim que ouvi a frase um flashback da festa do Gueto veio a minha cabeça: uma sereia, um pirata e a mesma pergunta: “Você confia em mim?”.

- Não – a resposta saiu antes que pudesse segurar – Desculpa, é que... – tentei me explicar ao perceber a sua cara de susto – é uma longa história...

- Sobre a vida de boneca que você comentou ontem? – concluiu, franzindo a testa.

- É, mais ou menos isso... – concordei, sem jeito.

- Ok, melhor evitar esse assunto. Então eu subo e você segura, combinado? – propôs em tom amigável.

- Combinadíssimo! – disse, já me posicionando no meu lugar. A escada era daquelas portáteis, com pequenos degraus emborrachados. Estiquei os braços para firmar bem a peça enquanto o Léo subia.

- Caramba, quem foi que encolheu a escada? – brincou ao estender um dos braços e não conseguir pegar a caixa.

- Acho que foi você que esqueceu de crescer – ri.

- Está afiada hoje, hein dona Gabriela? – olhou para mim do alto da escada.

- Sabe como é, né? Tudo na vida tem fim, menos a zoeira – abri um sorriso irônico.

- Não basta não confiar em mim, ainda zoa com a minha cara. E eu achando que você não passava de uma garota inocente – balançou a cabeça como se estivesse inconformado – Só espero que não roube na hora do jogo.

- Prometo jogar limpo – levantei a mão direita como se estivesse fazendo um juramento – Isso se você conseguir pegar o jogo, né?

- Relaxa, está fácil! É só dar uma esticadinha assiiiim...

Vi o Léo ficar na ponta dos pés e esticar todo o corpo para puxar a caixa para baixo. Mal tive tempo de pedir que ele tivesse cuidado quando senti um baque e fui parar no chão. Um barulho imenso indicou que caixa, escada e Léo haviam caído bem em cima de mim.

- Isso que eu chamo de pouco forçado – ouvi a voz do Léo bem próxima do meu ouvido. Assim que consegui me recuperar da pancada, percebi que ele estava com o corpo estirado sobre o meu, a escada sobre o seu corpo e a caixa abandonada não muito longe, os objetos espalhados pelo chão.

- Eu chamo de dar o troco em grande estilo. Poxa Léo, foi só uma “zuerinha” a toa. Não precisava “cair matando em cima de mim”, literalmente – não sei como, mas ainda consegui achar graça na situação.

- É como você disse... A zuera não tem limites. “Tá” valendo até cair da escada... – ele riu, uma risada gostosa de ouvir, do tipo que fazia bem a alma.

- E machucar minha mão! Você não tem noção do quanto está doendo... – reclamei, mexendo o braço.

- Nossa, será que machucou? – pegou minha mão e a examinou – Acho que foi só uma batida. Com um beijinho sara – deu um beijo estalado entre meus dedos e os segurou entre os seus, acariciando levemente – Tenho certeza que já, já passa – emendou, em tom suave.

A delicadeza do seu gesto me deixou paralisada. Embora a situação não fosse nem um pouco confortável, uma pequena parte de mim pedia desesperadamente para que eu não me mexesse, que prolongasse aquele momento o máximo possível.

Senti seus olhos azuis focarem nos meus. Pela sua expressão, ele também estava surpreso com aquela cena inusitada e sem nenhuma pressa de encerrá-la.

Seus dedos ainda passavam pelos meus, o peso do seu corpo me pressionava enquanto cada parte de mim reclamava: uma parte pela dor, outra por não entender porque ainda existia distância entre nós. Um arrepio percorreu as minhas costas e, de repente, uma vontade louca de passar as mãos pelos seus cabelos e abraçá-lo surgiu na minha mente.

Tentei esticar o braço, mas o mínimo movimento fez todo o encanto do momento se quebrar.

- Nossa, estou te machucando, né? – ele se levantou de jeito meio estabanado, batendo na caixa, depois na escada e fazendo muito barulho.

- Olha, acho que não sairei ilesa dessa. Pelo menos um roxo vai ficar – falei, me esforçando para sentar. Minha cabeça girava e eu não sabia se era por causa da queda ou do que acabara de acontecer.

- E a sua mão? – ele questionou, estendendo o braço para pegá-la, mas puxando logo em seguida, como se precisasse se segurar.

Voltei a encará-lo, dessa vez reparando que seus olhos tinham leve toque de cinza, como uma nuvem de chuva e um lindo céu de verão.

- Foi estranho o que aconteceu agora, né? – Léo disse depois de alguns segundos de silêncio.

- É, foi bem estranho... – balancei a cabeça, concordando.

- Acho que até poderia ter rolado algo... – ele mexeu no cabelo, bastante sem jeito.

Encarei o chão, sem coragem de admitir o que sentira.

- Mas é complicado... Você tem um rolo do passado, que eu não sei o que é, mas pela cara que você faz quando fala nesse assunto, deve ter sido algo sério – ele falava e mexia as mãos, como se quisesse organizar os próprios pensamentos – E eu tenho a Vanessa...

- Sua namorada? – questionei. Era a primeira vez que ela era citada como uma pessoa de verdade e não como um detalhe a ser considerado.

  - Isso, minha namorada – repetiu como se precisasse firmar a informação na sua cabeça.

  - Você deve gostar muito dela... – eu não queria me meter no relacionamento dele, mas a curiosidade acabou falando mais alto.

- É complicado... – seu olhar vagou pelo lugar como se estivesse procurando palavras para explicar a situação – Eu gosto da Van. A gente está junto desde o primeiro ano do ensino médio. Ela é a minha primeira namorada e aí, você sabe, né? Rola aquela empolgação, você acha que está apaixonado, mas o que eu sei de amor? – respirou fundo - Enfim, o tempo passou e sei lá... Acho que nos tornamos pessoas diferentes. Na verdade, estamos em uma fase meio crítica agora e eu não sei direito o que estou sentindo...

- Acho que sei exatamente pelo o que você está passando... – me encostei na parede ao seu lado.

- Conte-me mais sobre isso... – pediu em tom de brincadeira.

- Não tem muito o que contar. Só que gostei de um garoto, achei que ele também gostava de mim, mas estava enganada. Como você disse, acho que nos tornamos pessoas diferentes do que imaginávamos. Ele e eu – resumi, tentando disfarçar o tom de voz triste.

Ele virou a cabeça na minha direção e fixou os olhos em mim como se quisesse descobrir qual parte de mim estava doendo para que pudesse cuidar.

- Além do mais, ainda tem o Caio... – saiu de perto de mim, como se estivesse preocupado em manter uma distância segura.

- O que tem ele? – me forcei a prestar atenção novamente na conversa.

- Não sacou ainda que ele quer ficar com você?

- Comigo? Mas ele ficava com a Carol... – aquilo simplesmente não fazia sentido.

- Caio sempre teve uma queda por você. Mas como a Julieta nunca quis saber do Rei do Camarote, ele ficou com a sua amiga... – deu de ombros.

- Oi? É sério isso? – ainda não dava para acreditar.

- Tenho cara de quem mente, Gabriela? – fingiu estar bravo – Caio se acha, mas é um cara legal. Caso você queira dar uma chance para ele...

- Sem chances. Não quero ficar com ninguém agora – eu ainda precisava juntar os meus pedaços quebrados.

- Ok, não está mais aqui quem falou – levantou os braços, encerrando o assunto – De qualquer maneira, acho melhor deixar quieto tudo o que rolou aqui. Tipo, o que acontece no quarto da bagunça fica no quarto da bagunça, saca?

- Certo. Isso jamais aconteceu – enfatizei.

- Grande garota! – piscou para mim – E agora, vamos ao Jogo da Vida – pegou a caixa do jogo e saiu do quarto, deixando toda a bagunça – física e mental – para trás.

***
Pensei que todo mundo iria comentar sobre a nossa demora, mas, quando voltamos, os meninos estavam comendo na cozinha enquanto conversavam animados.

- Jogo recuperado! Foi uma tarefa difícil, mas vencemos – Léo disse ao entrar, passando a mão na testa para secar um suor imaginário.

- Vem comer, gente! Sobrou pudim de ontem. Léo, separei um pedaço para você – a garota lançou um olhar do tipo “43” para ele – Gabi, você disse que estava de dieta. Mas tem maçã no cesto – emendou de modo gentil.

- Fica tranquila! Eu trouxe o meu próprio lanche.

Claro que fui zoada por levar “lancheira” para a escola, mas não liguei. Peguei meus potinhos de frutas dentro da mochila e me juntei a eles na conversa animada.

Depois do lanche, voltamos para a sala para jogar. No começo o pessoal demonstrou um pouco de resistência ao Jogo da Vida. O Caio ficou insistindo no Truco e a Laís no “Verdades ou Consequências”. Mas com o tempo – e graças ao bom humor do Léo – todo mundo acabou curtindo a brincadeira.

Ao longo da manhã tive a confirmação que o Leonardo estava certo: o Caio realmente me olhava de maneira diferente e, como o Léo me fez ficar o tempo inteiro ao seu lado, o ex da Carol demonstrava, claramente, que não estava curtindo aquela aproximação. A Laís, por outro lado, aproveitava cada brecha para “atacar”. Porém, comigo por perto, boa parte das investidas acabava dando em nada.

- Gente do céu, preciso ir embora – comentei ao conferir o horário no celular. Já estava mais do que atrasada.

- Deixa que eu abro o portão para você – o Léo se levantou para me ajudar.

Corri até a cozinha, peguei meus potes, dei um tchau rápido para todos e voei para a garagem, onde o Léo já me esperava com o portão aberto.

- Tchau. Obrigada pela ajuda – agradeceu, enquanto eu dava um beijo e um abraço de despedida.

- Imagina. Fica como pagamento pela hospedagem – brinquei, já me virando para sair.

- Gabi!

Me virei para ver o que era, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, a boca do Léo estava colada na minha. Foi um beijo intenso e com vontade, como se estivéssemos matando a nossa sede depois de uma longa temporada no deserto. Mas o que mais me surpreendeu foi o que senti. Ao contrário do que acontecia com o Edu, o beijo não despertava uma necessidade descontrolada, algo extremamente necessário para a minha sobrevivência. O beijo do Léo era uma corrente elétrica, que me fazia sentir mais viva, mais dona de mim. Enquanto um era calmo, o outro era... explosivo.

- Léo... – me afastei dele, sentindo seus olhos de verão fixados em mim.

- Desculpa, é que não gosto de passar vontade – riu como se fosse um garoto travesso que acabara de conseguir o que queria.
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Notas finais: GaLéo? Será que rola? E aí, o que acham? Ansiosa pra saber a opinião de vocês!


*** Bora para o próximo capítulo? Então clique aqui

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Gratidão, gratidão e gratidão!

Uhuuuuu!

O blog chegou aos 100 mil acessos! Dá para acreditar? CEEEEEM MIIIIIIL!



Vocês não tem ideia da minha felicidade em abrir o blog e ver esse número! Principalmente agora que estou empenhada em escrever o meu primeiro livro. Com certeza é um incentivo para continuar sonhando e me dedicando aos meus objetivos. =)

São quase quatro anos de blog e muitas boas recordações. Afinal, são 260 posts, cinco fanfics, vários depoimentos do VDL, alguns textos e cartas pessoais, 1.243 comentários e o primeiro livro em andamento. É muita felicidade, Braseeeeel!

E “se só quem sonha consegue alcançar”, que todos esses objetivos alcançados representem apenas o início de uma longa jornada como escritora. Que venha por aí muitas histórias, comentário, surtos e muita, mas muita alegria mesmo!


Gratidão para todo mundo que me ajudou a chegar até aqui. E “bora”, que o melhor ainda está por vir!

Capítulo 18 – Saída de emergência

Notas iniciais: Como promessa é dívida, nesse cap começa uma pequena reviravolta na vida da Gabi. Espero que gostem!
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Um dia após o outro. Um ciclo interminável que nunca falhava: o sol nascer, depois se pôr, a lua aparecer junto com as estrelas para também se esconder ao final da noite. E no meio dessa repetição sem fim, estávamos nós. Não importava quanto o dia anterior pudesse ter sido ruim ou bom. O novo amanhecer sempre vinha para nos lembrar que a vida seguia em frente. Essa era a sua única regra.

Mas como seguir em frente quando o peso nas suas costas te impede de caminhar, ou quando as cicatrizes no seu peito são tão profundas que respirar é quase impossível?

Foi essa pergunta que me fiz quando o despertador tocou pela terceira vez naquela manhã me avisando que, se eu não levantasse imediatamente, estaria realmente atrasada para o colégio. Sem nem um pingo de vontade, saí da cama, vesti o uniforme e improvisei uma trança nos cabelos.

Quando desci para tomar café, minha mãe estava dando instruções para a Maria.

- Filha, bom dia! Se apressa para tomar café que preciso chegar mais cedo no estúdio hoje. Aí aproveito e já te deixo no colégio – ela disse, assim que me sentei na bancada.

Chegar na escola mais cedo era tudo o que eu não queria, mas não tinha como negar a carona. Sendo assim, engoli meu iogurte desnatado batido com frutas e algumas bolachinhas integrais e subi para escovar os dentes e pegar a mochila.

- Gabriela, está levando algo para comer no colégio? Você precisa comer de três em três horas, esqueceu? – dona Beatriz ralhou comigo quando tornei a descer.

- Está aqui, Gabi. Já separei para você – a Maria veio em meu auxílio, esticando alguns potinhos com frutas picadas e pacotes de bolacha.

- Precisa levar essa dieta a sério, Gabi! Olha, essas férias te deixaram muito mal acostumada – chamou minha atenção mais uma vez, enquanto checava os e-mails no celular. Eu achava incrível como ela conseguia acordar cedo, se vestir e pentear os cabelos de forma impecável, manter uma dieta equilibrada, dar conta de uma casa, cuidar da nossa companhia de dança e ainda ser responsável pelos festivais da cidade. Às vezes eu achava que nunca teria a mesma força, determinação e talento que minha mãe tinha.

- Estou levando, mãe – e ela nem poderia imaginar o quanto: de vômitos a horas extras de treino, estava me esforçando muito para manter o peso.

- Igual está se dedicando aos treinos? – levantou a sobrancelha de forma irônica.

Não respondi nada. Apenas peguei os lanches com a Maria, enfiei tudo de qualquer jeito na mochila e saí para esperá-la dentro do carro. Não estava com humor para discussões. Pensando bem, não estava com humor para nada...

Coloquei os fones e entrei no Spotify. Selecionei uma das playlists temáticas que eles sugeriam na tela inicial e apertei o play sem nem checar as músicas. O nome da seleção era “Para começar bem o dia”, e tinha canções animas, todas com um ritmo alegre e letras positivas. Enquanto minha mãe dirigia para o colégio falando com alguém no celular, me esforcei em me concentrar na mensagem das músicas, prestando atenção nos versos. Porém, parecia que havia um “monstrinho” sentado em cima do meu ombro. Conforme minha mãe avançava em direção ao colégio, ele ficava mais e mais pesado, me fazendo encolher no banco. Mesmo com o som alto, ele sussurrava no meu ouvido o que eu me esforçava para esquecer.

 “A escola inteira vai debochar de você”

“A Mari e todo o resto da realeza estarão lá, rindo da sua cara e fazendo você se sentir ainda pior”

“O Edu não quer saber de você”

“Ninguém gosta de você”

“Você é ridícula, boba e feia. Nunca vai ser como a Mari e suas amigas: bonitas e descoladas”.

- Passo lá em casa às três horas para te buscar para o ensaio – minha mãe avisou quando paramos em frente ao colégio.

Dei um beijo de despedida no seu rosto e desci do carro junto com o meu “monstrinho”. Atravessei a rua como se estivesse caminhando para a fogueira, igual às bruxas da Idade Média.

“Por que você não foge?”, o monstrinho perguntou de modo sedutor.

Imediatamente, a fuga da Margo surgiu na minha mente. Por que não se aventurar em algo diferente? Perder-se para se encontrar como dizia o livro.

Eu já estava quase no portão de entrada e, por sorte, o porteiro não estava ali como sempre. Talvez, por ainda ser cedo, ele devia ter ido tomar um café ou dado um pulo no banheiro. Olhei para trás para me certificar que minha mãe já havia saído e se havia alguém mais por perto. Nada! Aquela era a minha chance!

Apressei o passo tomando o cuidado de apenas parecer que estava com pressa e não dar na cara que estava fugindo. Continuei pela estrada, passando por uma dupla de alunos que caminhava na direção contrária. Eles me encararam por um tempo e depois cruzaram os olhares como se estivessem pensando “Lá vai a garota chiclete que o carioca dispensou”. Abaixei a cabeça e continuei andando, como se não fosse comigo. Segui por mais ou menos uns 800 metros até chegar a um ponto de ônibus. Dei uma olhada rápida para ver se alguém tinha percebido algo. Os dois alunos já haviam entrado no colégio e o porteiro retomado o seu lugar sem parecer me notar.

Me encolhi o máximo que pude contra o abrigo do ponto, rezando para que o ônibus passasse logo. Foram dez minutos de expectativa até que a linha que seguia para o centro da cidade passasse.

Dei sinal e entrei no coletivo, agradecendo mentalmente por não ter nenhum aluno do meu colégio no ônibus. Temi que alguém pudesse estranhar o fato de eu estar de uniforme, mas estava tão lotado que ninguém pareceu nem me ver.

Consegui um lugar próximo à porta, encolhida entre a janela e uma grade de segurança para cadeirantes. Coloquei o fone, dessa vez escolhendo uma playlist pop, e fiquei observando o caminho tentando decidir onde eu iria descer.

Uma adrenalina diferente tomou conta de mim. Passei a reparar melhor nas pessoas ao meu redor e a traçar mil estratégias para manter o “sucesso” da minha fuga. Na minha mente, tudo já estava certo: eu desceria no centro, procuraria uma lanchonete com wi-fi, pediria algo bem gostoso para comer e enrolaria bastante tempo ali. Depois poderia dar uma olhada nas lojas, experimentar alguns sapatos... Se bobear, poderia ir até o cinema de Mogi, assistir algum filme legal. Será que tinha alguma sessão de manhã?

  Só comecei a voltar à realidade quando desci no centro da cidade e vi todas as lojas fechadas. Me esqueci completamente que o comércio só abria a partir das oito ou nove da manhã. Olhei no relógio: 7h30. O que eu iria fazer?

  Resolvi seguir até à praça da igreja Matriz. Caminhei pelas ruas, o receio de alguém me reconhecer crescendo a cada passo. Afinal, eu era filha da professora de balé mais conhecida da cidade e, não bastasse isso, fiz a Julieta na apresentação de encerramento do Festival de Verão. Para piorar a minha situação, meu uniforme azul e verde parecia brilhar como um letreiro luminoso que dizia “Ela está cabulando aula”.

  - Gabriela?!

  Assustada, dei um grito ao ouvir alguém me chamando.

  - Calma, calma! Sou eu, o Caio. Lembra?

  Ahhh não! Era só o que me faltava...

  - Lembro sim, claro! Tudo bem com você? – cumprimentei com um sorriso amarelo.

  - O que está fazendo perdida aqui? – ele tentou puxar assunto.

  - Hããã... Tenho uma consulta marcada no médico. Estou indo para lá e depois volto para o colégio – improvisei – Aliás, deixa eu ir indo, senão vou perder a hora – me apressei em dispensá-lo. Não estava nem um pouco afim de aguentar o Caio bancando o “espertão”.

  - Onde é? Eu acompanho você – ele se ofereceu.

  Quis dizer que aquela era uma péssima hora para ele se mostrar meu amigo, mas tinha um problema muito maior para resolver: eu precisava manter a minha mentira.

  - É para lá – apontei para a direita, torcendo para ter algum consultório médico por ali. Como meu convênio era de Mogi, não tinha noção de onde poderia encontrar um médico naquela região.

  - Legal, também estou indo para lá. Só não lembro de nenhum médico nesse caminho. Tem certeza que é por aqui? – questionou em tom intrigado, como se estivesse realmente preocupado comigo. Mas era muito azar mesmo!

  - Tenho, tenho sim... – continuei mentindo, acelerando o passo.

Seguimos pela avenida com o Caio puxando todo tipo de assunto: tempo, o calor que fazia logo pela manhã, como a nossa cidade era pequena e todo mundo se conhecia... Eu respondia sem nenhum ânimo, muito mais preocupada em como me livrar dele do que em manter uma conversa.

- Caramba, esse médico é longe, hein? Tem certeza que você está no caminho certo? – ele voltou a questionar, dessa vez parecendo que estava desconfiando de mim.

- Olha Caio, você não precisa me acompanhar se não quiser – respondi, curta e grossa.

- Fala sério, Gabi! Você não está procurando médico coisa nenhuma! Você está cabulando aula, não é? – sua expressão era a de quem tinha matado uma charada.

- Estou mesmo, por que? Algum problema com isso? – retruquei, colocando a mão na cintura, ficando ainda mais irritada.

Ele me encarou, um brilho travesso nos olhos – Então vem comigo – pegou uma das minhas mãos e saiu me puxando, virando em uma rua estreita, que beirava a linha do trem que cortava a cidade.

- Caio, onde você está me levando? Me solta, por favor! – comecei a pedir, me esforçando para não gritar. Chamar atenção não era uma boa pedida.

- Calma, a gente já está chegando – respondeu sem parar de me puxar.

“Chegando só se for no inferno, né? Porque qualquer lugar com você se torna insuportável”, pensei em responder, mas preferi ficar quieta.

Ele parou em frente a uma casa com portão de ferro e apertou o interfone. Segundos depois, uma voz masculina atendeu:

“Qual é a senha?”

- Já chegou o disco voador – o Caio respondeu, parecendo estar se divertindo muito.

“Senha correta. Entrada autorizada”, a voz do interfone informou ao mesmo tempo em que o portão automático começou a subir, abrindo passagem.

- Eu não vou entrar aí – avisei. Tudo bem que eu estava desesperada, mas não era tanto!

- Gabi, que opção você tem?  - o rapaz me encarou, sério – Você está com o uniforme da escola e, provavelmente, é a bailarina mais conhecida dessa cidade. Para sua mãe descobrir que você não está no colégio é assim, ó – estalou os dedos antes de me lançar um olhar do tipo “eu sei do que estou falando”.

- Eu sei de tudo isso... É só que... – travei no meio da frase. Eu não queria falar que, além de não confiar, não gostava dele, o que tornava a alternativa de passar uma manhã inteira ao seu lado intragável.

- Já fiz mal para a Carol alguma vez? – ele pareceu ler meus pensamentos.

- Não, mas...

- Gabi, eu não vou fazer nenhum mal para você. Essa é a casa do Léo, meu amigo. O Gustavo e a Laís também vêm. Nós não vamos ficar sozinhos, nem nada disso... – seu tom era o de quem falava com uma criança.

“Vai entrar ou vou ter que te pegar pela mão para mostrar o caminho?”, a voz do interfone voltou a soar.

O ex da Carol me olhou, fazendo um questionamento silencioso “E aí? Vai ou não vai?”.

Ponderei minhas escolhas: entrar e aguentar a chatice do Caio ou sair e correr o risco de ser pega. Bom, eu poderia ficar ali só até umas 9h30, horário que o café já estaria aberto. A partir daí poderia retomar o plano inicial de ir para o café, comer algo e depois matar o tempo.

- Tudo bem, eu entro. Mas quero ficar com a chave da porta e o controle do portão – exigi.

- Seu pedido é uma ordem, senhorita – fez um gesto afetado, indicando que eu deveria entrar primeiro.

Passei pelo portão, me deparando com uma garagem coberta por telhas vermelhas com um jardim enfeitado por roseiras. Adiante, uma porta de madeira grande e imponente dava acesso a um sobrado pintado de amarelo claro. Ao me ver parada perto da entrada, o Caio assumiu a frente e girou a maçaneta.

- E aê, muleque? – ele cumprimentou o amigo que estava sentado no sofá apertando freneticamente os botões de um controle do videogame.

Garotos...

- E aêê? Bora jogar? Opa! Quem é essa? – questionou assim que me viu.

- Minha amiga, Gabriela. Gabi, esse é o Léo – o Caio tratou de fazer as apresentações – Achei a Gabs perdida perto da praça. Aí resolvi trazer para cá...

- Orra! Queria eu achar uma dessas perdida por aí... – o amigo assoviou, me deixando sem graça – Mas, de qualquer forma, fique à vontade! O nosso retiro especial de começo de ano está só começando... – veio até mim e me deu um beijo no rosto. Fiquei esperando pelo segundo beijo, o que fez o garoto me olhar de maneira estranha.

- Desculpa, é o costume – me expliquei, ficando ainda mais sem graça – É que tenho um amigo carioca e ele sempre cumprimenta as pessoas com dois beijos.

- Amigo, né Gabi? – claro que o Caio não perdeu a oportunidade de me zoar.

Se é que era possível, fiquei ainda mais vermelha.

- Huum... Sinto no ar um cheiro de rolo mal solucionado – o Léo levantou o rosto e mexeu o nariz, como se de fato estivesse sentindo o aroma de algo – Seja lá o que for, nosso retiro não é lugar para falar dessas coisas. Senta, Gabi. Vem cá, deixa eu te ajudar com a sua mochila.

O garoto puxou minha bolsa com delicadeza antes de pegar minha mão e me levar até o sofá – Bebe alguma coisa? Temos Coca Cola, jurupinga, vodka e, acho que sobrou um pouco de Big Apple da última festa – ofereceu, prestativo.

- Huum... Tem água? – eu estava começando a me arrepender de ter entrado naquela casa.

- Gabi é bailarina, mané. Não pode ficar bebendo essas coisas – Caio interviu, deixando o controle do portão e a chave da porta na mesa de centro na minha frente. Depois piscou para mim, como se quisesse demonstrar toda sua eficiência.

- Ahh, ela é a bailarina? Agora tudo faz sentido – Léo fez cara de quem finalmente tinha entedido a piada -  Está certa, tem que manter a forma. Com gelo ou sem?

- Sem, por favor – pedi.

- Ok, saindo um copo de água sem gelo para a bailarina aqui – disse, enquanto caminhava para o cômodo ao lado, que eu imaginava ser a cozinha, improvisando piruetas e imitando passos de balé.

- Não liga para isso. O Léo é um bobo mesmo – Caio disse, os dois rindo das palhaçadas do rapaz.

- Pronto! Aqui está – dois minutos depois o rapaz estava de volta com a água que pedi.

Enquanto bebia, aproveitei para reparar no lugar. A casa era bem mobiliada, com móveis elegantes e sofisticados, todos de cores mais sóbrias. O dono da casa também era bastante interessante: alto, cabelos cacheados castanhos claros, olhos cor de mel, estilo despojado, além de muito simpático.

- Obrigada – agradeci depois de beber todo o conteúdo.

- Agora me conta, por que você está fugindo? – sentou-se na minha frente, cruzando as pernas e colocando uma mão na boca, como se fosse um analista.

- É uma longa história... – desconversei – Mas digamos que eu não quero mais voltar para a minha vida de boneca.

- Huumm... Como eu presumia, é um caso de rolo mal resolvido – mexeu a cabeça como se estivesse avaliando algo muito sério – Sendo assim, o nosso retiro é perfeito para você. Durante toda essa semana ficaremos aqui, na minha humilde residência, apreciando a sutil arte de não fazer nada – mexeu as mãos, dando ênfase as suas palavras.

- Por que durante essa semana? – questionei.

- Minha mãe está viajando a trabalho e só volta na sexta-feira à noite. Minha tia de Mogi recebeu a incumbência de ficar aqui e tomar conta de mim, porém ela precisa sair bem cedo para ir trabalhar, o que deixa a casa liberada para nós – sorriu de maneira presunçosa – Aí foi só avisar esse meu amigo aqui – apontou para o Caio – e o Gustavo, e pronto: retiro de começo de ano marcado! Fizemos uma “vaquinha”, compramos algumas coisinhas para beber e comer e vamos ficar por aqui.

- Espera! Não ia vir uma menina também? – voltei a ficar preocupada.

- Ahh sim, a Laís... – mexeu a boca, parecendo preocupado – Esse é um problema que terei que resolver.

- Basicamente, a Laís é uma gata e está afim do Léo. Tipo, muito afim. A garota está usando um arsenal pesado para cima dele, mas o nosso amigo aqui tem namorada, por isso está resistindo bravamente – o Caio entrou na conversa.

- A Laís não estava oficialmente na lista de convidados, mas aí ela nos ouviu comentando sobre o retiro e se ofereceu para participar – o garoto de cabelo cacheado emendou com a voz contrariada.

- O lado bom é que ela prometeu que sabe cozinhar – o ex da Carol acrescentou.

- Mas chega de falar da Laís. Até porque vocês interromperam a parte mais importante do plano – Léo retomou a palavra.

- Verdade, os atestados...

- Atestados? – questionei.

- Precisávamos de um álibi para encobrir as nossas faltas, não é mesmo? Aí aproveitamos que o Gú tem um caso com uma enfermeira e pedimos para ela conseguir alguns atestados dizendo que estamos com Dengue. É a desculpa perfeita – os dois mexiam a cabeça orgulhosos.

- Mas e as matérias? Vocês não estão preocupados com as aulas que vão perder? – perguntei, só agora me lembrando que perder um dia de aula poderia ser bem complicado dependendo do conteúdo da matéria.

- Relaxa! Depois a gente pede para as meninas explicarem para a gente... – o Léo não parecia nem um pouco preocupado.

- Ou colamos delas – Caio lançou um sorriso malandro em direção ao amigo, que pareceu aprovar a ideia.

- O que me faz pensar em uma coisa – o “cabeludo” levantou o dedo – a senhorita tem um álibi?

- Eu?

- É... Se pretende “fugir da sua vida de boneca” – imitou meu tom de voz, me fazendo rir – precisamos de uma desculpa. Tem algo em mente?

- Na verdade, tenho o motivo perfeito – dei um sorriso sem graça.

- Ótimo! Então só precisamos criar um e-mail falso para a sua mãe e pronto.

- Oi?

- É, ué... Como você acha que vamos mandar os atestados para a diretora do colégio? Por pombo correio que não é – o Léo explicou, impaciente.

- E como vou fazer isso? – perguntei.

- Vem, eu te ajudo – o Caio ficou de pé na minha frente, me estendo a mão.

Mesmo estranhando toda aquela gentileza, resolvi aceitar a ajuda. Ele me conduziu até o fundo da sala, onde uma passagem dava acesso a um lavabo, situado do lado direito. No esquerdo, uma escada levava à parte superior da casa.

Entramos em um quarto decorado com cortinas azuis e miniaturas de carros antigos enfeitando prateleiras. Como todo o resto da casa, o espaço era confortável e aconchegante, daquele tipo que fazia um convite para tirar o sapato e se jogar.

- Só vou ligar o notebook aqui. Pode deitar na cama, se quiser – o garoto sugeriu posicionando-se na cadeira em frente à escrivaninha. Embora a cama fosse confortável, apenas sentei na beirada, cruzando as pernas e mexendo no cabelo sem parar. Aquela proximidade com o Caio estava me deixando bastante sem graça.

- E então? Como gostaria que fosse o e-mail da sua mãe? – me perguntou com a página do Gmail aberta.

- Que tal beatriz navarro cia de dança? – arrisquei.

- Vamos ver se aceita...

Depois de algumas tentativas, conseguimos encontrar uma combinação que o servidor aceitasse. Consultamos o e-mail da diretoria no site do colégio e depois começamos a pensar na mensagem.

- Posso saber qual é o seu motivo perfeito? – questionou.

Abaixei o olhar, envergonhada. Não queria tocar naquele assunto. Quanto menos lembrasse, melhor.

- Se for sobre o lance com o Edu, já estou sabendo... – não tinha julgamento na sua voz – A Mari me contou – emendou ao ver minha expressão de surpresa.

- Bom, acho que perder a virgindade com um cara que diz que só ficou com você por dó e suas melhores amigas ajudarem a espalhar esse boato pelo colégio inteiro é motivo suficiente para não querer aparecer na aula, não acha? – tentei soar irônica, porém meu tom de voz me traiu demonstrando minha chateação.

- Esse Edu é um trouxa – o garoto balançou a cabeça, parecendo inconformado.

- Por que? – estava tão acostumada a levar a culpa por tudo que estranhei a afirmação do Caio.

- Eu não trocaria você pela Nathália. Nunca.

O comentário me pegou tão desprevenida que fiquei sem saber o que falar – Hum... E o que podemos escrever no e-mail? – trouxe o assunto novamente para uma zona mais tranquila.

- Peraí, tive uma ideia – ele voltou a prestar atenção na tela, digitando sem parar – Veja se ficou bom – me chamou para ler o conteúdo.

“Bom dia, Cecília!

Como vai?

Não sei se está ciente, mas minha filha passou por uma situação constrangedora ontem no colégio. Pelo que a Gabriela me contou, uma das meninas da sua sala espalhou um boato bastante íntimo sobre minha filha e agora todos os alunos estão fazendo comentários e piadinhas de mau gosto.

Como a Gabi ficou bem abalada, achei melhor deixá-la em casa essa semana. Acredito que ela não terá problemas em recuperar o conteúdo perdido.

Qualquer novidade, volto a escrever.

Atenciosamente,

Beatriz Navarro”.

- Ficou ótimo! Está bastante convincente – opinei, depois de ler.

- Agora é só enviar e esperar pela resposta – ele voltou a mexer no notebook enquanto eu me sentava novamente na cama. Eu não sabia quanto tempo aquela mentira duraria, mas por enquanto era a minha única saída. Voltar para o colégio não era uma alternativa. Só de cogitá-la eu já ouvia a voz do “monstrinho” me lembrando que ninguém me queria por lá.

- E quando você volta a interpretar a Julieta? – mudou de assunto, novamente me surpreendendo. Desde quando ele sabia que eu fazia a Julieta?

- Em breve. Já voltamos a ensaiar. Acredito que mês que vem as apresentações recomecem – expliquei.

- O espetáculo ficou lindo! Você dança muito bem – disse, esticando as pernas e colocando os pés em cima da mesa.

- Você assistiu a apresentação? – quase gritei, tamanho foi o meu susto.

- Claro que assisti. Minha mãe adora música clássica e dança. Só achei chato que foi apenas uma apresentação...

- Pois é... A ideia era só “dar um gostinho” mesmo. No Festival de Inverno voltamos para uma temporada mais longa – expliquei.

E foi assim que começamos uma longa conversa que durou um tempão. O Caio me contou que, por influência de sua mãe, ele ouvia música clássica desde pequeno e compartilhamos alguns compositores que gostávamos. Depois falamos sobre gostos musicais, filmes, comida... No meio disso tudo, a diretora do meu colégio respondeu o e-mail dizendo que estava à disposição para ajudar no que fosse preciso e que orientaria os alunos para que os boatos não continuassem.

Aos poucos fui relaxando e cheguei até a tirar o sapato, cruzando as pernas que nem índio sobre a cama. Apesar de se “achar o tal”, o ex da Carol também sabia ser engraçado, além de uma boa companhia.

- Sei que o papo está bom, mas a os meninos estão fazendo um lanche na cozinha e se vocês não descerem agora é capaz de ficarem sem nada – uma garota com longos cabelos negros, olhos azuis e pele bem branquinha avisou, parada na porta. Se aquela era a tal Laís, os garotos estavam certos quando falaram que ela era bonita. Já não bastasse a beleza natural, ela ainda usava maquiagem forte nos olhos e batom escuro – mesmo sendo de manhã – e blusa decotada com um jeans justo. Até eu não conseguia parar de olhar para ela...

- Opa, estou morto de fome! Já estou descendo – Caio não pensou duas vezes antes de levantar e sair correndo.

- Oi, prazer! – cumprimentei a garota quando ficamos sozinhas.

- Gabi, né? Prazer! – veio até mim para me dar um beijo. De novo me confundi com os dois beijos e precisei explicar o motivo, o que fez eu me lembrar do Edu e sentir meu coração doer dentro do peito.

- Tranquilo! Essas coisas acontecem – ela sorriu de maneira simpática – Vamos comer? Comprei um pudim de leite que parece delicioso!

- Huumm... Desculpa! Estou de dieta – não queria correr o risco de começar a comer e não conseguir mais parar, como aconteceu com o bolo da Maria.

- Só um pedacinho não vai fazer mal para ninguém – ela piscou, me chamando para descer.
Quando chegamos à cozinha, o papo estava animado. Os meninos falavam sobre videogame enquanto comiam pão com mortadela e tomavam tubaína.

- Não vai apresentar a amiga, Caio? – um garoto moreno, forte, cabelo curto e sorriso perfeito perguntou.

- Gustavo, essa é a Gabi. Gabi, esse é o Gustavo – o outro garoto disse com a boca cheia.

- Tudo bem, Gabi? Aceita um pão? – ofereceu gesticulando a mão na direção na mesa.

- Não, obrigada! Não estou com fome – menti. Meu estômago estava roncando, mas não queria comer na frente deles.

- Gabi estuda no Raízes, Guga. Povo de lá é metido, não come essas coisas – Caio provocou.

- Nada a ver isso! Eu não sou metida – me defendi.

- Claro que é. Mal falava comigo nas festas do Gueto – disse, enquanto servia Tubaína para todo mundo, inclusive para mim.

- Que mentira! Quem não falava comigo era você – retruquei.

- Está fácil de resolver isso – Laís interveio. Percebi que ela estava parada bem perto do Léo e que o garoto parecia desconfortável com a aproximação. Na certa estava pensando na namorada  – Gabi, come um pouco e mostra para ele que você não tem frescura.

- Tudo bem, mas só um pedacinho – acabei concordando, depois de alguns segundos.

- Aproveitem a honra, moçada! Não é sempre que a Julieta lancha com a gente – o Caio brincou, piscando para mim.

***
Foi bem mais fácil do que eu imaginava ficar na companhia do pessoal. Depois do lanche, os meninos concentram-se no videogame e eu aproveitei que a Laís estava retocando a maquiagem no lavabo para pedir umas dicas de make up. Eu sempre tive medo de usar delineador, batom ou qualquer coisa muito forte. A única exceção foi no Grito de Carnaval do Gueto, quando assisti vários tutoriais para montar um visual bem ‘PÁ!”.

- Nossa Gabi, você está linda! – Caio deu um grito ao me ver depois de ser maquiada pela Laís.

- Ficou ainda mais gata. Mandou bem, Laís – o Gustavo também elogiou.

- Acho que agora, depois dessa de fazer essa obra de arte, mereço um pedaço de pudim – a garota anunciou, recebendo frases de aprovação dos garotos.

- Vou ter que pular essa – falei depois de consultar o relógio – Tenho ensaio hoje e se não sair agora vou me atrasar.

- Vou levá-la até a porta – o Caio se ofereceu depois que me despedi do pessoal e peguei minha mochila.

- Obrigada pela ajuda – disse, enquanto caminhávamos para a saída. O mínimo que poderia fazer era agradecer. Caio tinha saído melhor que a encomenda naquela manhã.

- Você volta amanhã?

- Se não tiver problema...

- Claro que não tem, né? Mas faz o seguinte: coloca uma roupa por baixo do uniforme ou na mochila. Aí, assim que der, você troca para não chamar a atenção – me aconselhou.

- Sim senhor. Mais algum conselho, mestre da “Cabulagem” de aula? – levantei a sobrancelha de modo irônico.

- Não. Se lembrar de algo mando pelo Whats.

- Combinado! Nos vemos amanhã, então – dei um abraço rápido nele e depois segui em direção ao ponto de ônibus, o cheiro do perfume dele impregnado na minha blusa.

***
            - Nossa, que maquiagem é essa? – foi a primeira coisa que a Maria perguntou ao me ver quando cheguei em casa. Estava atrasada e tinha menos de 30 minutos para ficar pronta para o balé. A sorte foi o lanche que estava na minha mochila, que ajudou a matar minha fome. Eu merecia nota 10 por improviso naquele dia e 0 por disciplina com a dieta.
         
   - Ah Mary, as meninas do colégio fizeram em mim na hora do intervalo – menti – Esquenta meu almoço rapidinho, por favor. Vou subir para trocar de roupa antes que minha mãe chegue. Preciso correr que já estou atrasada! – gritei, já subindo os degraus a toda velocidade.
            Quando dona Beatriz chegou eu estava esperando na porta. Tirei a make para que ela não desconfiasse de nada e achei melhor evitar que a Maria falasse com a minha mãe. A diarista acabaria entregando que cheguei em casa muito animada e dona Beatriz ia querer saber o porquê.
          Evitei mexer no celular no caminho para o estúdio para não ver mensagens ou postagens que alterassem o meu astral. Quando li Cidades de Papel, fiquei imaginando o que a Margo sentiu quando fugiu de casa e deixou tudo para trás. Agora eu sabia como era: no início era difícil, dava medo, mas a adrenalina compensava tudo. Meu ânimo estava renovado, como se fosse uma pessoa que acabasse de descobrir um superpoder. Minha mente fervilhava pensando em mil hipóteses. Eu poderia aprender a me maquiar com a Laís, ficar com o Gustavo e voltar para o colégio dando a volta por cima e “sambando” na cara da Marília e do Edu. Seria a vingança perfeita.
    
        - Nossa, que sorrisão é esse? – Miguel perguntou ao me ver.
      - Sorriso de quem quer ensaiar até tarde hoje. Topa? – precisava queimar as calorias do pão com mortadela e da Tubaína, além de agradar minha mãe.
     
       - Isso que é animação! Estou vendo que está bem melhor que ontem...

            - É, estou melhorzinha mesmo. Acho que posso dizer que o mundo dá voltas... E ele é surpreendente – disse, sentindo uma energia diferente tomar conta de mim. Aquela era a primeira vez que eu fazia algo e não corria contar para a Carol e para a Mari. E a sensação era libertadora. Era bom tomar as próprias atitudes, correr os próprios riscos, fazer as próprias loucuras. Talvez essa fosse a maior ironia de todas: a Mari fez tudo o que fez para me deixar por baixo. Mas, ao revirar o meu mundo, ela me mostrou a porta de saída da prisão que eu mesma construíra para mim sem perceber.

***
Mais uma vez cheguei em casa exausta, mas dessa vez minha mente parecia um pouco menos confusa. Era como se a poeira tivesse baixado e agora pudesse enxergar melhor a situação. Quer dizer, quase todos. Por exemplo: toda minha cota de raiva, ressentimento e mágoa estava reservada para a Mari e sua corja. Agora que o “susto” inicial passara, eu simplesmente não conseguia entender os motivos da loira. Eu sempre fui uma boa amiga para ela e era assim que ela me retribuía?

Já o Edu... Bom, esse era um assunto ainda indefinido. Ao mesmo tempo que queria esquecê-lo, eu não conseguia parar de pensar nele. Ao longo do dia, bastava um mínimo gesto, palavra ou música para me fazer lembrar. Acontecia nos momentos mais improváveis e me pegava desprevenida, fazendo meu coração doer como se faltassem forças para continuar batendo. Edu continuava sendo um mistério, mesmo distante...

Para me distrair, peguei meu celular e chequei o Whats. Além do grupo do balé, havia mensagens do Alê querendo saber como eu estava e da Carol.

“Desculpa não te chamar para a última festa do Gueto. É que você sabe como é a Marília, né? Quando cisma com alguma coisa, não tem jeito! Queria ter falado pessoalmente com você hoje na escola, mas você não apareceu”.

Fechei a janela sem nem me preocupar em respondê-la. Não queria prolongar aquele assunto. E além do mais, algo que eu desconhecia totalmente era como a Marília era. Eu até pensava que sabia, mas não poderia estar mais enganada...

Percebi que não fazia mais parte do grupo do Gueto e do “Babados”, onde eu e as meninas fofocávamos sobre os assuntos da escola. A Mari devia ter me excluído, já que eu não era mais digna de fazer parte da “realeza”. Fiquei encarando o celular, pensando como era estranho não ter mais algo que você nunca pensou em perder.

Nesse meio tempo, uma nova mensagem chegou. Era o Caio falando oi. Ficamos conversando até meia-noite, quando o sono me venceu e eu disse boa noite.

Antes de apagar a luz do abajur perto da cama, pensei no quanto a situação parecia estranha. Eu não tinha mais Mari, Carol e Edu para conversar, mas estava construindo uma amizade – ou qualquer coisa desse tipo - interessante com o Caio.

É, o mundo realmente dava voltas...
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Notas finais: Depois de GaDu, será que vai rolar CaBi? Ou será que a nossa bailarina vai preferir o Gustavo? E esse “retiro”, o que será que vai dar? Estou loucaaaa pra saber a opinião de vocês depois dessas mudanças! Meeee contem TU-DO! hahahaha

Tem alguém aí com saudade do Edu, Marília e toda a corja? Calmaaa que eles voltam na terceira fase! E aí fica a dúvida: será que vamos descobrir os mistérios de Edu?


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