terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Capítulo 13 - A caminho de Paris

Notas iniciais do capítulo:

Meu Deus...
Parece que o mundo está conspirando contra mim. Quase que não consigo postar o cap hoje. TUDO está dando errado...
Acabei não caprichando tanto no cap quanto eu gostaria, mas...aí está ele! Espero que gostem! 
Aproveitem!
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Foi uma correria só arrumar tudo para a viagem. Passaporte, visto, malas, roupas de frio para encarar o rígido inverno da Europa... 

Ainda bem que eu tinha a melhor empresária do mundo, que conseguiu arrumar tudo em tempo hábil para o meu embarque.

Eu já havia terminado a minha participação na novela, e por mais que o Fiuk tivesse insistido muito para que fosse até a festa de encerramento da produção, eu ainda não tinha coragem de aparecer em público novamente. Tudo o que eu queria era fugir logo para Paris e deixar toda a minha tristeza e todos os meus erros para trás... A única coisa que me atormentava era que para conseguir deixar tudo isso para trás eu também precisaria deixar o Luan e todas as lembranças que eu tinha dele.

– Any, nós vamos perder o voo desse jeito! Fecha essa mala e vamos logo! Se faltar alguma coisa eu te mando por correio depois – Ouvi o Murilo gritar da sala. Ele e aquela péssima mania de me apressar.

– Não apressa a Any, Bebê! Quem sabe ela não está pensando em desistir dessa loucura... – Ouvi a Rafa comentar cheia de esperanças.

“Eu não vim até aqui pra desistir agora” – Entrei na sala cantarolando aquela velha música sem muito ânimo.

–Olha só, apelando para os clássicos – O Murilo riu – Anita, eu realmente não te reconheço mais...

– Me poupa das suas filosofias baratas, Bebê. Você não sabe que quando a gente não tem saída a gente apela para “as velhas coisas de sempre” – E agora era eu quem estava filosofando.

– Poxa, tem alguém aqui super feliz de ir para Paris, hein? Nunca vi tanta felicidade junta – O Murilo ria de mim.

– Any, você mudou de ideia, gata garota? – A Rafa me perguntou.
– Não, mas... é que de repente ficou difícil demais deixar tudo para trás – Confessei.

– Olha, acabei de receber uma mensagem aqui no meu celular, que acho que pode te incentivar a ficar – A Rafa comentou enquanto estendia o aparelho dela na minha direção. Peguei o telefone e li o texto que estava na tela.

“Rafaela Prado, diva das Luanitas, quer fazer o FA-VOR de botar a cabeça da sua assessorada e no lugar e NÃO deixar ela viajar?
Fala sério, não adianta ela fugir para Paris com o Fiuk-sem-química sendo que o lugar dela é em Londrina ao lado do Nego-divo-do-André! Ops.... digo, da Anita!

Faz essa MO-CRÉ-IA ficar no Brasil senão eu me DE-MI-TO! Beijoquinhas do André”

– É incrível como o André sempre ameaça se demitir quando não concorda com algo... Ele realmente acha que é insubstituível! Não sei o que tinha na cabeça quando aceitei fazer mais um projeto com ele – Ri irônica do meu comentário. Eu havia aceitado o convite do André e estávamos negociando os detalhes do novo filme que ele estava produzindo com a Ana Júlia.

– Ah... Mas ele tem personalidade! E mandou muito bem no conselho. Eu fecho com o André e não abro! - Lá vinha a Rafa com o discurso “Fica Anita”

– Não Rafa, esse discurso de novo, não... – Nem o Murilo aguentava mais aquela “ladainha” – Vem Any, vamos logo para esse aeroporto antes que ela resolva ameaçar a se jogar da sacada do prédio.

– Olha que essa é uma boa ideia – A Rafa ainda ameaçou.

– Vem amor, Paris nem é tão longe assim, a gente vai visitá-la depois da nossa lua-de-mel... – O Murilo foi até ela e a puxou pelo braço.

– Lua-de-mel? Qual parte da história eu perdi? – Fiquei surpresa com aquela revelação.

– Ah... Aproveitei o embalo que você vai viajar e resolvi espairecer um pouco por aí também. As gravações do Murilo na novela terminam essa semana. Então, semana que vem embarcamos para Las Vegas, baby! Vamos nos casar lá! – A Rafa disse, não se agüentando de felicidade.

– Vegas, baby?! Isso que é luxo! Você merece Rafinha, porque você é uma gata garota e toda gata garota é top! – Corri para abraçá-la. Ninguém mais que a minha empresária merecia aquela felicidade.

– Ok meninas, eu também amo vocês, mas nós vamos nos atrasar... Bora pro aeroporto de uma vez? – O Murilo se intrometeu no nosso momento de felicidade praticamente nos empurrando para dentro do elevador.

***

Apesar de toda pressão do Murilo, ainda chegamos ao aeroporto com um pouco de antecedência e o Fiuk ainda nem estava lá. Paramos no ponto em que marcamos para nos encontrar com o Fê.

Ainda era bem que ainda era cedo e o aeroporto não estava muito cheio. Mesmo assim ainda precisamos distribuir muitos autógrafos e tirar várias fotos com os fãs que nos reconheceram parados ali.

Notei que a Rafa e o Murilo não paravam de olhar no relógio e de correr os olhos em volta do saguão do terminal. Aqueles dois não me enganavam, eles estavam aprontando alguma coisa...

– Certo, qual é o plano? Não me diga que você ainda está cogitando a hipótese de se jogar da sacada, Rafa? – Disse irônica.

– Plano? Que plano? Não tem plano nenhum! Por que teria um plano? – A Rafa gaguejava enquanto falava. Agora estava confirmado. Realmente havia um plano!

– Se não tem plano, deixa eu ver o seu celular – Percebi que desde que saímos de casa a Rafa trocava mensagens freneticamente com alguém.

– Neeeeem pensar. É deselegante olhar o celular de outra pessoa, gata garota – Ela fingiu ficar ofendida. Porém eu fui mais rápida e peguei o aparelho de suas mãos antes que ela pudesse se defender.

“Já estou no aeroporto. Tô ajeitando tudo por aqui... Segura ela só mais um pouco” 

 Li o que estava escrito na tela do celular da minha empresária. Tentei checar o remetente, mas o aparelho não mostrava o número de quem estava enviando a mensagem.

– E aí pessoal, bom dia! Pronta para desbravar o velho continente, Anita Bonita? – O Fiuk chegou bem na hora que eu iria começar o interrogatório com a Rafa. Ouvi minha empresária respirar aliviada.

– Orra! Você não imagina o quanto a Anita está entusiasmada com essa viagem – O Murilo disse irônico.

– Mas que bom... Tenho certeza que essas férias farão muito bem a ela – Ele sorriu carinhosamente para mim – Bora fazer o check-in?

Seguimos para fazer o check-in no balcão da companhia área e despachamos as nossas malas. Já estávamos prontos para entrar na sala de embarque e a Rafa continuava com aquele ar de apreensão olhando para todos os lados como se estivesse esperando alguém.

– Murilo, o que está acontecendo com ela? – Perguntei, confusa.

– Eu não devia te contar, mas se eu fosse você eu esperava mais um pouquinho antes de entrar na sala de embarque – Ele falou abaixando o tom de voz para que o Fiuk não ouvisse.

Mas eu não precisei esperar muito para descobrir o que estava acontecendo. No instante seguinte ouvi um barulho de microfonia no sistema de som do aeroporto. De repente não se ouvia mais a voz das funcionárias do terminal avisando que o voo com destino a Miami partiria em dez minutos. Sem que eu pudesse entender, o local foi invadido por uma voz com um sotaque carregado, que eu conhecia muito bem...

– É.. bom dia pessoal! Acho que nem todo mundo vai reconhecer a minha voz, então é melhor eu me apresentar. Aqui quem ‘tá’ falando é o Luan Santana, e antes que alguém reclame por eu estar atrapalhando a viagem de vocês, eu preciso falar algo muito importante para uma pessoa que está prestes a pegar um avião para Paris, e eu não posso deixar isso acontecer... Ní, se você está me escutando eu só preciso te dizer uma coisa: Eu sei que você tentou falar comigo muitas vezes e eu não quis te escutar... Mas agora eu preciso que você deixe o seu orgulho de lado, como eu deixei o meu, e que você me escute só por um momento...

Eu estava chocada. Olhei para a Rafa que sorria de orelha a orelha. Agora eu sabia o que ela andava aprontando esse tempo todo. Do meu outro lado o Fiuk estava parado com uma expressão impassível no rosto. Era impossível descobrir o que se passava na cabeça dele naquele momento.

Pelo sistema de som ouvi o Luan começar a tocar algumas notas no violão. Em seguida ele cantou uma estrofe de uma das músicas do seu repertório que eu mais gostava.

*** Link para músicahttp://www.youtube.com/watch?v=ciEVXrt-7tQ ***

“Vou voar
Quem quer amar?
Sonhar alto, voar sem parar
Eu não vou ficar parado vendo você se afastar

A melhor é você
Meu destino é você
Fui feito pra você”

– É isso Ní, se você quiser voar comigo eu vou estar te esperando aqui no Bicuço. Se você olhar em volta vai ver que o Pedrão tá por aí em algum lugar do aeroporto para te buscar e te trazer até aqui, se você quiser vir, claro... Obrigado todo mundo que me ouviu, e agora voltamos ao normal. Ah.. o pessoal com destino à Miami já deve estar quase perdendo o voo – O Luan ainda fez piada com a situação. Não pude deixar de rir da cara de pau dele. Aquilo era pior que se declarar para alguém no palco de um show... Com certeza o Lú devia estar muito maluco para fazer aquilo!

Quando dei por mim o Pedrão, o “garoto de entregas” e motorista do Luan, já estava ao meu lado, apenas esperando a minha decisão.

– Alguém tinha que dar o braço a torcer – A Rafa me disse.

– E você conseguiu convencê-lo a fazer isso? – Perguntei sem acreditar.

– Na verdade, de uma certa forma, os dois deram o braço a torcer. Mas isso é uma longa história... Agora eu só preciso que você decida qual avião você vai pegar: O que vai rumo a Paris ou o Bicuço? – A Rafa me apresentou as opções.

Respirei fundo. Eu não sabia o que eu fazia. Eu olhava para o Fiuk e via a tristeza estampada em seu rosto. Eu não poderia magoá-lo, mas por outro lado meu coração pedia pelo Luan.

“Dá uma chance! Dá uma chance! Dá uma chance!” – No meio de toda aquela confusão eu nem tinha me dado conta de que várias pessoas que passavam pelo aeroporto tinham parado para ouvir a mensagem do Luan e agora pediam em coro para que eu desse uma chance para ele.

Olhei para o Fiuk. Eu não tinha coragem de dizer para ele qual era a minha decisão, mas eu tinha certeza que ele sabia exatamente o que eu queria naquele momento. Na verdade eu tinha tentando esconder a verdade de mim mesma todo aquele tempo, mas no fundo, eu sabia que não poderia viver longe do Luan.

– Vai Anita... Mas cuidado para não se machucar – O Fê me disse com uma expressão triste nos olhos.

Sem pensar duas vezes joguei a minha bolsa e o meu casaco no colo da Rafa e me virei em direção ao Pedrão. Eu nem precisei falar nada... Com certeza estava estampada na minha cara que eu queria ver o Luan, porque o Pedrão mais do que rapidamente me segurou pela mão e começou a me guiar em direção ao local onde o Bicuço estava.

Ao longe, ouvi o pessoal do aeroporto gritar boa sorte e comemorar a minha decisão. Fala sério, todo mundo adora finais felizes, não é? E antes de eu me afastar eu poderia jurar que tinha escutado a Rafa e o Murilo dizerem para o Fiuk “Perdeu, Playboy!”

***

Caminhamos pela pista de pouso onde vários aviões estavam estacionados até chegarmos onde o Bicuço estava parado.

– Pronto Anita, o Luan tá te esperando lá dentro – O Pedrão me disse. Ele havia chamado o Castro pelo rádio e o piloto já tinha deixado a porta aberta para mim.

Subi a escada até chegar à entrada do Bicuço. Estava silêncio no interior do jatinho. Respirei fundo antes de entrar. Meu coração batia tão forte dentro do peito que eu era capaz de ouvi-lo como se fosse uma música tocando em algum lugar por ali... O que será que o Luan tinha para me dizer depois da nossa última briga? O que tinha acontecido para de repente ele mudar de ideia e querer conversar?

Me enchi de coragem e entrei no avião. Por um instante não vi ninguém no interior da aeronave. Será que o Luan havia me pregado uma peça?

– Que bom que você veio! E que bom que o seu pé melhorou... – Antes mesmo de ouvir a sua voz eu já tinha sentido o seu cheiro. Aquele perfume que eu mais amava entre todos os aromas do mundo. Ele saiu do interior da cabine do piloto seguindo para área onde ficavam as poltronas para os passageiros.

– Não poderia recusar um convite tão... tão criativo – Me peguei sorrindo sem querer. O Luan sempre me deixava sem controle sobre mim.

– Bom, na verdade eu estou tentando falar com você faz alguns dias, mas eu precisava conversar pessoalmente com você e a minha agenda andava um pouco lotada demais... Aí eu planejei ir até a sua casa ontem à noite, mas o Bicuço teve uma pequena pane elétrica e a gente não conseguiu decolar lá de Natal, onde eu estava... Só conseguimos levantar voo hoje, e eu tive que improvisar um jeito que você me ouvisse antes que embarcasse para Paris – Ele disse enquanto caminhava até uma das poltronas da aeronave.

– Bom, te garanto que eu e mais todo o aeroporto do Rio te ouvimos – Falei irônica.

– Já diria a Rafa, a primeira parte da operação foi concluída com sucesso! Agora vem cá, senta aqui que eu preciso falar com você – Ele estendeu o braço na poltrona ao seu lado e deu dois “tapinhas” de leve apontando onde eu deveria me sentar.

– Jura que ela também te incluiu em uma das operações dela? – Comentei enquanto me ajeitava na poltrona ao seu lado – Qual é o nome dessa operação, posso saber?

– “Ou vocês se acertam ou eu mato os dois” – Ele disse rindo.

– Simpático, não? – Disse antes de cairmos na risada. Só a Rafa mesmo para conseguir ser tão criativa mesmo em uma situação com aquela.

Por um momento o clima de tensão entre nós se quebrou. Era tão fácil ser eu mesma ao lado do Luan, sem precisar me preocupar com o que as pessoas iriam dizer, se iria ser publicado em capas de revistas, se iriam me julgar ou me condenar por aquilo... Todos aqueles últimos boatos nos sites de fofocas me deixaram muito traumatizada.

– E então, Senhor Luan Rafael Domingos Santana? Até onde eu sei você tem algo a me dizer e eu vim até aqui para escutar. Portanto, chega de enrolações... – Me sentia como a velha Anita de novo.

– Bom, antes de eu falar qualquer coisa eu preciso que você veja isso – Ela mexia nos cabelos nervoso enquanto falava. Sinal que o que vinha pela frente deveria ser bem sério.

Ele levantou da sua poltrona por um momento e depois voltou com uma caixa de tamanho médio nas mãos. Ele tornou a se sentar e colocou a caixa ainda fechada sobre o seu colo.

– Na noite que você decidiu que iria viajar com o tal Fiuk a Rafa me ligou. Ela me disse que você não poderia viajar antes que a gente resolve a nossa situação... Mas eu estava chateado com você, e você estava chateada comigo e nenhum dos dois quis dar o braço a torcer, não é verdade? – Ele falava sério, me olhando nos olhos com uma expressão carinhosa no olhar.

– Eu não quis te escutar naquele dia do filme, e você acabou se cansando de correr atrás de mim para tentar se explicar. Mas a verdade é que desde o dia em que brigamos eu fiquei “encucado” com o que você disse para mim no corredor, e eu queria muito entender toda aquela história de gravidez e de término do namoro, mas não tive coragem de ir te procurar...

Ele parou para tomar fôlego por um instante.

– E então a Rafa me ligou aquela noite com a solução para a nossa teimosia e para o nosso orgulho. Ela me mandou essa caixa, e agora eu sei de tudo, Ní – Ele disse abrindo a caixa e tirando o meu diário de dentro dela.

Fiquei paralisada. Eu não poderia acreditar que a Rafa havia entregado o meu diário para o Luan! E o pior, que ele leu o que eu escrevi. Naquelas páginas estavam registrados os meus mais sinceros sentimentos, todas as minhas mágoas, minhas alegrias, todos os meus segredos.

– Como... Por que? Ela não podia ter feito isso... – Eu mal conseguia falar.

– Calma Ní. Antes que você fique brava com ela, ou comigo por ler o seu diário, me escuta! Eu relutei muito em começar a ler, porque sabia que aqui estava toda a sua vida, e que eu poderia não gostar de saber algumas coisas... Mas a Rafa me disse algo que me convenceu. Ela me disse que isso, o seu diário, foi a única coisa que resistiu a barreira que nós criamos entre a gente. Que somente nessas páginas estava toda a verdade, sem rodeios e sem disfarces... E foi por isso que eu li – Ele tentava me explicar a situação. Acabei me acalmando um pouco depois de ouvir aquelas palavras. De certa forma ele e a Rafa estavam certos. O diário foi o único que sobreviveu a avalanche de confusões que havia caído sobre nós.

– Certo, e o que você achou depois... de tudo? – Perguntei com medo. De repente me dei conta de que agora ele sabia o motivo pelo qual eu terminei o nosso namoro. Será que ele me achava uma egoísta que só pensava em sua própria carreira?

– Eu não sabia que você achava o Robert Pattinson lindo... – Ele tripudiou com o meu desespero.

– Luan! – Falei nervosa – Será que você pode parar de enrolação e me falar logo se você me acha a pessoa mais egoísta, egocêntrica e mimada desse mundo? – Disparei a falar. Era difícil se controlar sabendo que o cara que você gosta sabe exatamente tudo sobre você porque leu o seu diário.

– Do que você está falando? – Ele perguntou confuso.

– Estou me referindo ao fato de eu ter terminado com você por causa da gravação do filme. Se até hoje eu não te contei a verdade foi porque morria de medo de você me achar uma garotinha mimada e super egoísta capaz de pensar apenas em si mesma. E foi por isso que eu não te contei nada, eu tinha medo da sua reação – Desabafei.

– Ní, você tinha medo de eu te achar uma pessoa egoísta e mimada por não querer abrir mão de um dos seus maiores sonhos, que é a sua carreira de atriz, mas não teve medo de que eu ficasse chateado com você por terminar comigo me enviando uma carta que não fazia sentido algum? – Ele tentava manter o seu tom de voz calmo, mas eu conseguia perceber a mágoa que ele sentia sobre isso.

– Bom... Se você leu essa parte da história deve ter percebido que essa não foi a decisão mais fácil que eu já tomei na minha vida. E você também deve ter percebido que eu não tive muito tempo para decidir o que era o melhor ou o pior... E eu melhor do que ninguém sei o quanto a minha decisão foi precipitada, e pago por esse erro até hoje! Mas tudo o que eu queria era te preservar, era te manter longe dessa confusão. Eu imaginei que você sofreria muito mais me vendo ao lado do Murilo do que se eu rompesse o nosso namoro. Naquela época eu não podia imaginar que eu gostava tanto de você... Ou que eu sofreria tanto sem você do meu lado – Lágrimas começaram a correr pelo meu rosto. Aquela era a minha chance de explicar tudo de uma vez para o Luan. Não importava o que ele achasse daquilo tudo, eu precisava lhe contar toda a verdade.

– Calma linda, calma – Ele começou a limpar as lágrimas do meu rosto – Eu sei que você sofreu demais com tudo isso. Eu só quero que você saiba que todo mundo precisa abrir mão de coisas que gosta por causa da carreira. Eu também já precisei abrir mão de várias coisas por causa da fama... Mas não é tomando decisões precipitadas que a gente resolve as coisas. Nessas horas mais do que nunca a gente precisa da família, dos amigos, das pessoas que a gente gosta. Tem uma porção de gente ruim e egoísta lá fora, mas tem muito mais pessoas boas dispostas a te ajudar. Mas você precisa deixar as pessoas te ajudarem... Querer resolver tudo sozinha não vai te levar a lugar algum – Ele falava de um modo tão carinhoso, acariciando o meu rosto e me olhando fixamente nos olhos. De repente eu me senti tão bem, tão reconfortada, tão capaz de enfrentar o que quer que fosse que aparecesse na minha frente.

– Ah Nego, eu acho que eu finalmente aprendi... Do pior jeito possível, mas eu aprendi – Eu disse encostando a cabeça em seu ombro. Eu não queria que aquela sensação tão boa que eu estava sentindo acabasse.

– Que bom que você vai deixar de ser tão cabeça dura... – Ele riu baixinho – Tem um monte de gente querendo te ajudar... A começar por mim, a Rafa, o Murilo que se tornou um grande amigo para você, seu irmão e toda a sua família... Até aquele tal de Fiuk está disposto a te ajudar – Levantei a cabeça assustada. Achei que tudo iria ficar bem entre nós e de repente ele estava entrando em um outro assunto muito complicado.

– Shiiiii.... Não precisa falar nada. Se alguém errou naquela história do teste de gravidez fui eu. Você tentou tantas falar comigo e eu simplesmente não quis te ouvir. Eu acabei de te dizer que você não deveria tentar resolver tudo sozinha, mas eu acabei cometendo o mesmo erro que você. Achei que seria mais fácil se eu simplesmente me afastasse... Mas acho que deu tudo errado – Ele abaixou a cabeça e mexeu nos cabelos em um nítido sinal de quem estava chateado consigo mesmo.

– Mas que bom que você resolveu deixar de ser tão cabeça-dura – Devolvi o comentário que ele tinha acabado de fazer para mim. Ele riu sem graça da situação – Mas não tem problema. No fim tudo deu certo... – Disse tentando reconfortá-lo.

– Mas eu deveria estar lá com você para te ajudar. Você desmaiou no corredor do Projac, ficou desesperada sem saber o que fazer porque achou que estava esperando um filho meu... Eu queria estar ao seu lado nesse momento para te dizer que tudo ia ficar bem.

Ele ficou quieto por um momento com a cabeça baixa e eu fiquei sem saber o que falar. Aquela história da gravidez ainda mexia muito comigo. De certa forma era como um sonho que tinha se quebrado entre as minhas mãos.

– Mas, de um jeito ou de outro, tudo isso foi bom por uma coisa – Ele voltou a falar olhando para mim.

– Bom? – Perguntei, confusa.

– Foi bom para eu entender uma coisa... Depois que eu li o que você escreveu sobre a nossa filha, sobre a nossa família, sobre nós dois... Depois disso eu tive a certeza que é isso o que eu quero para mim! Que eu quero você do meu lado sempre, e que eu iria adorar chamar você e a minha filha de Ní... Seriam as duas “Nís” da minha vida – Ele disse sorrindo para mim, aquele sorriso que fazia eu me derreter toda.

Olhei toda boba para ele. Por momento eu consegui imaginar nós dois juntos, felizes... E aquilo agora parecia tão fácil, tão simples... Tão diferente de alguns dias atrás em que eu só conseguia sentir dor e mágoa por causa de todas aquelas histórias não resolvidas.

– Eu te devo um pedido de desculpas... – Ele recomeçou a falar.

– Não Lú, não precisa... Agora está tudo bem, e de certa forma estamos empatados – Disse colocando uma das mãos em seu rosto suavemente.

– Mesmo assim eu acho que você precisa de uma recompensa por agüentar essa minha teimosia. Eu sei o que você passou e o que você sentiu esse tempo todo porque li as suas anotações. Agora eu preciso que você saiba o que eu senti... Por isso... – Ele se levantou e caminhou até um pequeno painel de controle com vários botões instalados na lateral do jato – eu pedi uma “mão” para a Paulinha para te ajudar a entender tudo que está dentro do meu coração.

Ao fundo eu ouvi o som de uma melodia tocada em um violão. Enquanto a introdução da música rolava o Luan caminhou até mim novamente e me estendeu uma das mãos.

– Me concede o prazer desta dança? – Ele curvou ligeiramente o corpo imitando aqueles personagens de filmes medievais quando convidam uma donzela para dançar.

Me levantei, e em resposta ao seu gesto, também curvei ligeiramente o meu corpo como se o cumprimentasse. Em seguida ele puxou o meu corpo para próximo ao dele e começamos a valsar no curto espaço livre disponível na parte principal do jato.

Bailávamos nos olhando nos olhos e cantando juntos a letra da música em uma perfeita sintonia que mais parecia mágica. A versão violão e voz que a Paula Fernandes havia gravado especialmente para o Luan ficou linda. Aquela era a trilha perfeita para aquele momento.

"Eu sou o brilho dos teus olhos ao me olhar
Sou o teu sorriso ao ganhar um beijo meu
Eu sou teu corpo inteiro a se arrepiar
Quando em meus braços você se acolheu

Eu sou o teu segredo mais oculto
Teu desejo mais profundo, Teu querer..
Tua fome de prazer, sem disfarçar
Sou a fonte de alegria..Sou o teu sonhar

Eu sou a tua sombra, Eu sou teu guia
Sou o teu luar em plena luz do dia
Sou tua pele, proteção..Sou teu calor
Eu sou teu cheiro a perfumar o nosso amor.

Eu sou tua saudade reprimida
Sou teu sangrar ao ver minha partida
Sou teu peito a apelar gritar de dor
Ao se ver ainda mais distante do meu amor

Sou teu ego, Tua alma
Sou teu céu, O teu inferno..A tua calma
Eu sou teu tudo..Sou teu nada
Sou apenas tua amada...
Eu sou teu mundo, Sou teu poder
Sou tua vida.sou meu eu em você"


Era como se o mundo tivesse parado e a única coisa que existisse para mim fosse o Luan. Eu ouvia as batidas do meu coração aceleradas dentro do peito e por alguns instantes eu pude sentir que o coração do Lú batia no mesmo compasso que o meu. A letra da música me fez arrepiar ao imaginar que o que era cantado ali era o que o Luan sentia por mim. Me arrepiei ainda mais ao perceber que aqueles versos também traduziam exatamente o que eu sentia por ele.

Uma lágrima correu pelo meu rosto, mas diferente dos últimos meses não era uma lágrima de tristeza. Eu chorava de emoção, de alegria, por não conseguir conter dentro de mim toda a felicidade que eu sentia por ter o homem que eu amava comigo. Na minha frente o Luan sorria como uma criança, e eu podia ver que ele se sentia tão feliz quanto eu.

Ao final da música nos beijamos. Um beijo longo, suave, perfeito como só o Luan poderia me dar. E era como o nosso primeiro beijo, que aconteceu lá em Nova York, repleto de um desejo que vinha de ambas as partes.

– Será que você pode me perdoar agora por não ter te escutado quando você pediu? – Ele disse fazendo “cara de pidão”.

– Só se você me perdoar primeiro por ter metido “os pés pelas mãos” e ter terminado com você sem te falar nada – Pedi.

– Então vamos fazer o seguinte: Você esquece essa viagem para a Europa que ia fazer ao lado daquele playboy metido a besta e aceita fazer outra viagem comigo. Aí a gente passa uma borracha nisso tudo e vamos curtir juntinhos umas férias maravilhosas em Cancún, que tal? – Ele me encarava com aquele seu olhar de quem ia aprontar algo.

– Viagem para a Europa? Que viagem? – Brinquei – O convite já está mais do que aceito! Mas já que vamos viajar, que tal passar antes por Las Vegas para acompanharmos o casamento da Rafa e do Murilo? – Propus.

– Eles vão se casar? – O Luan também ficou surpreso com a novidade.

– Sim, em Las Vegas na semana que vem – Expliquei.

– Mas que beleza! Então nós vamos para o casamento da Rafinha e depois eu vou ter você só para mim lá em Cancun – Ele continuava com aquele olhar de quem ia aprontar alguma coisa.

– Ai que legal! Vou lá agora combinar os detalhes com ela e aproveitar para pegar a minha bolsa e o meu casaco que eu nem lembro onde deixei antes de vir para cá. Você me espera aqui? – Disse já caminhando em direção a porta. Minha alegria era tanta que precisava dividi-la com alguém.

– A senhorita não vai a lugar algum – O Luan disse me segurando pelo braço e me puxando de volta para perto dele.

– Hoje você é minha, Anita Tunice – Ele me falou antes de me virar e me deixar entre seu corpo e a lateral do Bicuço.

E então ele me beijou urgentemente, como se precisasse matar toda a saudade que ele sentia naquele momento de uma só vez. Me entreguei ao beijo com igual intensidade. Eu sentia uma vontade incontrolável do Luan que só crescia dentro do meu peito.

Não pude deixar de rir ao me lembrar que uma vez eu ouvi o Lú dizer em uma entrevista que sentia vontade de namorar dentro do seu avião. Achei que aquele seria o momento perfeito para atender o desejo dele.
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Notas finais do capítulo:

Tem Luanita feliz aí?
Queria ter caprichado mais, mas acho que até que não ficou muito ruim.
É sério gente, se vocês soubessem tudo o que tem acontecido comigo... Minha vida daria uma perfeita fic, cheia de emoção! kkkk
Bom, temos dois recados: Acho que faltam dois caps para o final da fic. Alguém aí gostaria de um capítulo extra com o casamento da Rafa e do Murilo em Vegas?
Segundo: Já me decidi! A próxima fic sai mesmo, assim que eu terminar essa.
A história vai acontecer durante as férias do Luan em Cancun. Será uma fic curta. A ideia é contar uma história com o Lú deixando um pouco a fama dele de lado... O que acham?
Quem quiser saber mais é só perguntar!
É isso meninas! Me perdoem a demora e espero que tenham gostado!
Bjx

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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Capítulo 12 - A proposta

Notas iniciais do capítulo:

 A teimosia do Luan e da Ní me espantam... Ai, ai

Tem suspense dos bons no final do cap. A fic já está no maior estilo de últimas emoções! kkkk
E eu gostei dessa história de colocar dois pontos de vista na história. Hoje também tem uma parte narrada pela Rafinha, ok? Não se confundam! 
E aproveitem!

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Ponto de vista da Anita

Os dias passaram como borrões. De repente era como se eu tivesse voltado à época das gravações do filme em Ribeirão. Eu não tinha vontade de sair, eu não tinha vontade de comer, eu simplesmente não tinha vontade de viver... O Luan tinha o poder de fazer aquilo comigo. Toda a vez que eu me afastava dele era como a minha mente e meu corpo funcionassem com apenas a metade de toda a minha energia. A outra parte das minhas forças era usada para me convencer de que a vida precisava continuar, mesmo sem o Lú ao meu lado.


A única coisa que havia de diferente dessa vez é que agora eu sentia um pouco de raiva do Luan. Quando eu terminei com ele em Ribeirão a culpa era minha, e apenas minha, por a gente ficar separado. Mas dessa vez eu estava tentando acertar toda a situação e ele se recusava a confiar em mim. Toda a vez que eu me lembrava disso eu sentia uma tristeza enorme. Doía saber que o Luan pensava que eu não merecia o mínimo de crédito.
O Lú até tinha tentando me ligar depois da nossa briga. Mas eu estava chateada demais para atendê-lo. Depois de um tempo eu tentei ligar para ele, mas acho que o Lú também estava chateado demais comigo para me atender. Eu estava com o meu orgulho ferido, e com certeza ele também se sentia do mesmo jeito. E infelizmente aquilo só servia para nos separar ainda mais...
Enquanto apenas parte de mim continuava a viver, a vida ia passando diante dos meus olhos. Era como se uma barreira de vidro me separasse da realidade. Eu via e ouvia tudo o que estava acontecendo, mas nada daquilo realmente me afetava.
Depois da pré-estreia do filme todos os repórteres “caíram em cima” da minha história com o Luan de novo, principalmente depois que eles ficaram sabendo que eu tinha quebrado metade do meu camarim e que o Luan tinha abandonado o palco sem explicações naquela noite.
A manchete em todos os sites de fofoca foi “Briga com Anita Tunice faz Luan Santana interromper show”. Conseguem imaginar o quanto todas as “Luanetes” me odiaram depois disso? Todos os dias tinham várias delas na frente da minha casa loucas para me matar, afinal, eu tinha magoado o “Nego” delas. Me colocaram como a “bruxa má” da história quando na verdade eu era a “mocinha injustiçada”. Infelizmente isso fazia parte do jogo...
A única coisa que realmente deu certo naquela noite foi a Rafa e o Murilo terem se acertado. Os dois andavam “num love” só. E eu estava realmente feliz pelos dois, embora não conseguisse demonstrar isso muito bem...
Quem não ficou muito feliz com a história foi o meu irmão. Depois que eu disse na entrevista que o teste de gravidez era para a Rafa ele resolveu aparecer lá em casa para tirar satisfações dessa história. Na cabeça dele aquela era chance perfeita para os dois reatarem o noivado. Mas o que ele levou na verdade foi um “belo troco” do dia em que ele terminou com a Rafa e a deixou chorando sozinha. Minha empresária falou “poucas e boas” para o Caio. Ela ainda jogou na cara do meu irmão que o Murilo era mais maduro e mais responsável que ele. Imaginem se o Bebê não ficou “se achando” com isso... Além disso o Murilo também comemorava o sucesso que ele estava fazendo na novela das nove. A “maré” andava muita boa para ele...
Mesmo com todo esse rolo da pré-estreia, o filme foi um sucesso. Já estava há mais de quatro semanas em cartaz e toda a crítica fez muitos elogios à produção em geral.
Outra estreia que foi um sucesso foi o clipe da música “Nega”, que ficou mais de cinco semanas consecutivas na lista dos mais pedidos em todos os canais de videoclipe do Brasil e tinha mais de um milhão de visualizações no Youtube. A Rafa brincava que o clipe fez tanto sucesso porque aquele era o único jeito que tinha sobrado para as Luanitas verem eu e o Luan juntos...
Nesses quatro meses que se passaram eu não sai de casa, eu não dei entrevistas, eu não participei de nenhum evento promocional... A única coisa que eu fiz foi continuar a gravar a novela. A história da Ciça e do Gustavo era só o que me interessava.
O André se juntou a nós na produção da novela. Eu me lembrava que o Artur tinha anunciando que receberíamos um reforço na equipe, mas eu nem tinha dado muita importância para aquilo. Mas agora o jeito espalhafatoso do André era a única coisa que conseguia me fazer rir. Ele conseguia enlouquecer até mesmo o Artur, como todo aquele jeito calmo e tranqüilo. Era hilário ouvir o André gritar “Artur, assim não dá! Ou a gente regrava essa cena, ou eu me DE-MI-TO!”.
Mas apesar das confusões, a dupla A.A. (André e Artur) estava mandando super bem. A novela estava com um ibope ótimo e todo o público agora torcia pela recuperação da Ciça que aquelas alturas já havia sofrido o acidente e perdido a visão.
Bom, o André também pegava bastante no pé do Fiuk. Ele insistia que nós dois não tínhamos química o suficiente para “dar vida” ao amor da Ciça e do Guga. Sem contar que ele sempre fazia questão de me chamar de “Nega do Luan”, o que fazia o Fê bufar de raiva toda vez que ouvia isso.
Mesmo com todas as provocações do André o Fiuk não desistia da promessa que de ele sempre me faria sorrir. E eu tinha que admitir, ele estava se esforçando nessa missão. Todas as vezes que eu ameaçava me afogar nas minhas tristezas por causa do Luan ele aparecia para me salvar. De certa forma era como se ele me anestesiasse de toda a dor que eu sentia no meu peito, e tornasse mais suportável a condição de viver sem o Lú.
***
Nós já estávamos gravando as cenas finais da novela e toda a equipe já fazia planos para quando os trabalhos daquela produção terminassem.
Eu era a única que ainda não tinha nenhum trabalho à vista. E para falar a verdade, eu nem queria ter. A única coisa que eu queria era ir para bem longe de tudo o que me lembrava o Luan. Nós ainda não havíamos nos falado desde a nossa briga há meses atrás, e por mais que eu tentasse me manter longe, a todo o momento eu via na TV ou na internet notícias sobre ele.
A última era que ele fora flagrado aos beijos com uma repórter de um programa de TV. Aquilo feriu o meu peito profundamente. Enquanto eu me negava a deixar aquele corte em meu peito cicatrizar ele, pelo jeito, já tinha feito a fila andar...
Naquele dia o Fiuk não havia ido gravar. Pelo o que eu tinha ouvido ele precisava resolver uns problemas pessoais. Ótimo, eu me sentia ainda mais sozinha e mal-humorada quando o Fê não estava por perto. Era impossível me agüentar quando eu não tomava a dose diária da “minha anestesia”.
– Anita Maria, tem um minuto? Eu PRE-CI-SO falar com você! – O André me chamou ao final das gravações.
– Se for realmente só um minuto – Eu estava cansada demais para ouvir “sermão” depois do expediente.
– Serei breve querida. Como você já sabe, estamos na última semana de trabalho na novela. E eu queria saber se você já tem algum projeto em vista? – Ele me perguntou sério, o que era praticamente um milagre.
– Não André, eu estava pensando em passar uma temporada fora do país para espairecer um pouco – Respondi meio sem ânimo.
– Espairecer ou fugir do Luan-nego-divo-do André? – Fiquei surpresa com a sinceridade dele.
– E não adianta você fazer essa cara de espanto. Eu sei de TU-DO! Eu e a Ana Júlia estamos trabalhando em um projeto juntos e ela passou o relatório COM-PLE-TO de todo o lance com o pessoal do estúdio e sobre o triste fim com o Luan-nego-divo por causa disso. Depois eu juntei o quê aconteceu desde que você começou a trabalhar na novela. Ensaios com o Fiuk-sem-química, suspeita de gravidez, briga nos bastidores com direito a quebra-quebra no camarim... Você não me engana, QUE-RI-DA! Você pode tentar fingir que não está nem aí para nada disso, mas eu SEI que você quer o Luan de volta. Eu só na consigo entender por que você está aí parada enquanto ele se “atraca” com uma “reporterzinha” qualquer – Ouvir aquilo foi como levar um tapa na cara. Pelo jeito eu estava disfarçando muito mal tudo o que eu sentia pelo Lú.
– Não é tão fácil quanto você pensa. O Luan não quer mais saber de mim – Desabafei. Já fazia muito tempo que eu não falava sobre aquele assunto com ninguém.
– QUE-RI-DA, acorda! Aquele beijo que eu vi na gravação do clipe é o tipo de beijo que só duas pessoas muito apaixonadas podem dar uma na outra. E eu aposto com quem quiser que essa paixão toda não morreu dentro dele, como também não morreu dentro de você! O QUE VOCÊ ESTÁ ESPERANDO PARA IR RESOLVER ESSA SITUAÇÃO? Ou você vai esperar o Luan assumir o namoro com aquela repórter sem classe para você descobrir que deveria ter ido falar com ele antes? – O André parecia muito irado comigo.
– Eu já tentei falar com ele, mas ele não quis me escutar... E eu não tenho coragem para tentar de novo – Disse com uma voz fraca.
– Não tem coragem ou o orgulho não deixa? Cuidado querida, o orgulho pode te impedir de tomar as decisões certas. Mas, eu não vim até aqui para ser seu conselheiro sentimental! Na verdade eu queria te convidar para trabalhar no projeto que eu e Ana Júlia estamos desenvolvendo. Tá aqui uma cópia do roteiro, dá uma olhada e me fala se topa... Mas eu devo te avisar: O projeto está DI-VI-NO! Você não tem como dizer não – Ele disse me entregando um envelope com um calhamaço de papel dentro – Agora eu vou indo.. Eu só tenho mais uma coisa para te dizer... O Fiuk-sem-química vai te fazer uma proposta hoje. Pense bem antes de aceitar! E não deixa o orgulho te impedir de correr atrás do que você quer – O André me disse isso muito sério antes de sair caminhando rapidamente pelos corredores do Projac. O que ele sabia que eu ainda não sabia?
Fui para casa aquele dia “encucada” com isso. Que tipo de proposta seria aquela que o Fiuk pretendia me fazer? E como o André sabia de tudo aquilo?
***
O motorista do Projac me deixou no meu prédio e eu segui até o final do corredor exausta para pegar o elevador.
Assim que abri a porta de casa vi o Murilo e a Rafa me esperando na sala de estar.
– Hããã... Any, tem uma pessoa te esperando no seu quarto – a Rafa me disse apreensiva.
– Sério? – Perguntei, o meu coração se enchendo de esperança. De repente poderia ser o Luan que finalmente tinha resolvido conversar comigo.
– Sério... Mas digamos que não é bem o tipo de visita que você está esperando – O Murilo explicou.
– É Any, talvez você esteja esperando alguém do estilo mais caipira, e na verdade quem está aí faz mais a linha “playboy” – A Rafa tentou me avisar.
Segui para o meu quarto sem entender absolutamente nada. O que o Fiuk fazia me esperando ali?
Abri a porta receosa. Eu não sabia o que me esperava do lado de dentro do cômodo. Mas quando entrei dei de cara com um Fiuk sentando no meu puff tocando um violão e cantando uma música.
*** Link para música - http://www.youtube.com/watch?v=ictAwD-tlWI ***

“Demorei muito pra te encontrar
Agora quero só você
Teu jeito todo especial de ser

Eu fico louco com você
Te abraço e sinto coisas que eu não sei dizer
só sinto com você
meu pensamento voa de encontro ao teu
será que é sonho meu
Tava cansado de me preocupar
quantas vezes eu dancei

E tantas vezes que eu só fiquei
chorei, chorei
Agora eu quero ir fundo lá na emoção

Mexer teu coração
salta comigo alto e todo mundo vê
que eu quero só você
Eu quero só você só você

Te abraço e sinto coisas que eu não sei dizer
só sinto com você
meu pensamento voa de encontro ao teu
será que é sonho meu
Tava cansado de me preocupar
quantas vezes eu dancei

E tantas vezes que eu só fiquei
chorei, chorei
Agora eu quero ir fundo lá na emoção

Mexer teu coração
salta comigo alto e todo mundo vê
que eu quero só você
Eu quero só você só você”

Sentei na minha cama para ouvi-lo cantar. De uma forma muito estranha eu não me sentia surpresa com aquela declaração. No fundo eu sabia que uma hora eu teria que passar por aquilo. Já fazia um tempo que eu desconfiava que o Filipe sentia mais do que amizade por mim, mas eu sempre fiz o máximo possível para ignorar isso.
– Surpresa? – Ele me perguntou ao me encarar depois que terminou de cantar. Eu devia estar com uma expressão de completa confusão no meu rosto.
– Bastante – Confessei.
– Imaginei que você ficaria – Ele sorriu sem jeito – Agora vem cá, quero te fazer uma proposta, e preciso que você preste atenção – Ele deixou o violão de lado e se aproximou de mim, segurando a minha mão.
– Any, a gente já está terminando de gravar a novela e... eu queria te dizer que gostei demais de trabalhar com você e principalmente de poder te conhecer melhor. Você é uma pessoa encantadora, linda, super talentosa... E, eu não queria perder esse contato com você. Na verdade, eu não queria ficar longe de você – Ele falava com aquele jeito carinhoso que ele tinha que era capaz de encantar qualquer pessoa.
– E por isso que eu resolvi te fazer essa proposta. Eu queria fazer uma viagem pela Europa e pensei em te convidar para ir comigo. Imagina só, a gente viajando como mochileiros cruzando o velho continente – Ele falava super animado – E você não tem como dizer não! Você mesmo disse que queria passar um tempo fora do Brasil... E a gente pode começar por Paris, o que acha?
–É, eu disse... Mas Fê, você sabe que na verdade eu queria viajar por causa do Luan, né? E também sabe que apesar de tudo o que aconteceu eu ainda gosto muito dele, e que.. bom... e que eu não posso retribuir o que você sente por mim – Não tinha jeito, eu precisava dizer isso para ele. Eu não poderia enganar o Fê depois de tudo o que ele tinha feito por mim.
– Eu sei disso Any, mas na verdade a proposta é exatamente essa... Você aceita viajar comigo e aceita deixar toda essa história para trás. E aí a gente só curte o nosso passeio e deixa as coisas rolarem... Se der certo deu, se não der, eu não vou ficar chateado com você – Ele me disse – Eu só quero ter a sua companhia, e se possível algo mais...
– Fê, posso pensar melhor nessa proposta e te dar uma resposta amanhã? Acho que essa é uma decisão muito importante para eu te falar assim, agora, sem pensar... – Disse sincera.
– Claro que você pode pensar, minha linda! Mas você precisa prometer que vai pensar com carinho e que estará realmente disposta a querer sair dessa tristeza que você está vivendo nesses últimos tempos. Você não merece nada disso... Você merece sorrir, e eu quero te ajudar a continuar sorrindo – Ele veio até mim e me abraçou. E era tão fácil conviver com o Fê. Ele era tão carinhoso, tão atencioso, tão disposto a me ver bem... Por um instante era tão fácil esquecer tudo e seguir com ele para onde ele quisesse ir... 
Naquele momento eu me senti completamente tentada a aceitar aquela proposta. Aquela realmente parecia a melhor solução para todos os meus problemas.
***
– Hey, será que eu posso entrar? – A Rafa bateu na minha porta depois que o Fiuk foi embora de casa.
– Claro, entra aí, Rafinha – Gritei lá de dentro.
– Tá tudo bem por aqui? – Ela perguntou entrando e se sentando na cadeira da minha escrivaninha.
– Se quer saber sobre a visita do Fiuk, sim, está tudo bem – E surpreendentemente eu sorri para ela ao dizer aquilo.
– Peraê... Para tudo! Você sorriu!? O que esse garoto fez com você? – A Rafa ficou completamente surpresa com a minha reação.
Me sentei na minha cama e contei para ela sobre a proposta do Fê. Ela me ouvia atentamente.
– E você vai aceitar? – Ela me perguntou séria.
– Sim, já me decidi. Acho que ele está certo, já fazem meses que eu estou nesse baixo-astral por causa do Luan, e o que tudo isso adiantou? Absolutamente nada! Ele está lá fazendo a fila dele andar e estou aqui, chorando por ele – Disse.
– Hoje o André me falou para tomar cuidado com o meu orgulho porque ele poderia me impedir de correr atrás do que eu quero. Mas o Luan nunca deixou o orgulho dele de lado por minha causa. Sempre fui eu quem correu atrás dele. Fui eu que me declarei para ele no show, fui eu que implorei para ele ficar comigo na gravação do clipe e fui que pedi para que ele me escutasse na última vez que a gente brigou... Tudo bem que eu errei ao terminar com ele, mas eu não posso pagar pelo meu erro para sempre – Eu tinha pensando muito sobre aquilo desde que o Fiuk foi embora, e aquela parecia a melhor decisão a tomar.
– Any, mas ele te ligou várias vezes depois que vocês brigaram e você não quis falar com ele – A Rafa me lembrou.
– Eu tenho direito de ficar chateada também – De repente eu me sentia com muita raiva do Luan por tudo o que ele estava fazendo comigo.
– Eu ainda acho que vocês precisam conversar. Conversa essa que vocês estão marcando desde a gravação do clipe – A Rafa não parecia muito a favor da ideia de eu viajar com o Fiuk.
– Eu tentei conversar com ele... – Me defendi.
– E ele tentou conversar com você, e seu orgulho não deixou você atendê-lo. O André tem razão quando disse que você precisa tomar cuidado com esse sentimento de mágoa – A Rafa me advertiu, séria.
– Rafa, eu fiz tudo o que eu podia.. .E fala sério, você acha que ele está se importando beijando outras por aí? – A desafiei.
– Sinceramente, eu acho que ele ainda se importa – Ela me respondeu um pouco irritada com a minha teimosia.
– Rafa, não adianta insistir! Eu sei que ele não está nem aí para mim.... Afinal, se ele realmente estivesse a fim de mim, por que ele não veio até aqui falar comigo como o Fiuk fez? – Insisti na minha teoria.
– Porque alguém vai ter que dar o braço a torcer – A Rafa concluiu.
– E esse alguém não será eu. Eu já dei o braço a torcer várias vezes e não adiantou nada - Lembrei
– É, nesse ponto você está certa. Tudo bem Any, se você acha que essa é a melhor decisão – Minha empresária se deu por vencida.
– É Rafa, essa não é a decisão mais fácil, mas é a melhor solução... Eu preciso deixar o Luan para trás – Disse, decidida – E é por isso que eu preciso te pedir um favor – Peguei uma caixa que estava em cima da minha cama e entreguei para ela.
– Aqui está tudo o que me lembra o Luan... O colar que ele me deu, o CD que ele gravou para mim, a camisa dele... E tem o meu diário também – Mostrei para ela o meu caderno de anotações que estava junto com as outras coisas – Aqui está registrada toda a minha história com ele. Desde quando nós nos conhecemos até agora, quando eu decidi que era hora de esquecê-lo. A última coisa que escrevi foi que não vai ser fácil deixá-lo para trás porque ele foi único para mim e porque eu fui muito feliz ao lado dele, mas que eu preciso seguir em frente... De um jeito ou de outro...
– Ah gata garota, você não está feliz com essa decisão... Por que você vai fazer isso? – A Rafa me perguntou triste.
– Porque não tem outro jeito, Rafa – Sequei a lágrima que rolava pelo meu rosto – Uma hora eu ia ter que tomar essa decisão, tem que ser assim...
– Pensa bem... – A Rafa insistia.
– Já pensei, e chega desse assunto! Agora eu vou estudar o roteiro do projeto que o André me entregou hoje. Ele me convidou para trabalhar com ele e me entregou isso aqui – Apontei o envelope para ela – Talvez esse seja um sinal de que realmente é hora de seguir em frente...
– Tudo bem! Vou te deixar estudar o roteiro, mas depois me conta sobre esse projeto, hein? – Ela piscou para mim, pegou a caixa sobre a minha cama e se dirigiu para a porta.
–Fique bem, minha menina – Ela disse antes de fechar a porta. Sorri para ela. Não seria fácil ficar bem sem o Luan, mas eu teria que tentar...
***
Ponto de vista da Rafa
Eu sabia que a Any estava triste. E eu também sabia que não ia adiantar ela viajar com o Fiuk. Onde quer ela fosse a paixão dela pelo Luan iria junto. E eu tinha certeza daquilo porque tinha visto aquele amor nascer e crescer... E estava certa que aquele sentimento entre os dois ainda não tinha morrido.
Olhei para a caixa em minhas mãos. Vi o diário da Anita. Coloquei o material sobre uma mesa no corredor e comecei a ler as anotações que a minha gata garota fez durante todo aquele tempo. Me diverti ao ler os momentos felizes que ela passou junto com o Luan, e também chorei ao ver os registros dos momentos difíceis. A página em que ela havia contado sobre a possível gravidez estava borrada, possivelmente algumas lágrimas tinham caído ali. Senti um aperto no peito ao ler que ela queria realmente estar grávida do Luan e não pude evitar derramar lágrimas sobre o papel onde estava registrada a última briga dos dois.
Ler todos aqueles registros da vida da Any me fez ter uma ideia. Ela já não tinha mais coragem para ir atrás do Luan. Mas talvez a Anita não precisasse falar tudo para ele... Bastava apenas que ele lesse tudo o que ela registrou sobre a história dos dois. Desse jeito ele descobriria toda a verdade e saberia que a Anita não teve culpa de nada.
Sem pensar nas conseqüências do que eu estava fazendo corri até o meu quarto e peguei o meu celular. Procurei o número na agenda e disquei.
– Luan? Oi Lú, é a Rafa empresária da Anita. Eu preciso te entregar uma coisa, e é urgente... Onde você está? – Dei sorte. Foi ele quem atendeu o celular e não o empresário. Minhas mãos tremiam segurando o aparelho. Se aquilo não desse certo a Anita jamais me perdoaria.
– Em Londrina, Rafa. Amanhã viajo para o sul, tenho um show lá... Mas, está tudo bem? Aconteceu alguma coisa? – Ouvi ele perguntar preocupado do outro lado da linha.
– Aconteceu. A Anita vai viajar para a Europa com o Fiuk na semana que vem. E antes dela viajar eu preciso que você veja uma coisa... Você precisa ler o que eu vou te mandar. Se depois disso vocês não se acertarem, aí eu deixo ela viajar e seguir com a vida dela – Eu iria mandar o diário da Any para o Luan ler. Com sorte ainda dava tempo de fazer os dois se acertarem....

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Notas finais do capítulo:

E aí, o que acham? O plano da Rafa vai dar certo? Ou o Fiuk vai conseguir levar a Ní para a Europa?
Pessoas, já estamos nos últimos caps da segunda fase. E como eu não tive ideias de como continuar a Granfina e o Caipira pretendo começar outra história. Será que alguém toparia ler?
Outra coisinha... fic chegando aos 100 comentários! Mal posso acreditar! Muito obrigada a todas!
Bjx

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