quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Para facilitar =)


Olá, pessoas bonitas! Tudo bom?

Seguinte: eu publiquei todas as minhas histórias aqui no blog porque há muitooooo tempo o Nyah suspendeu a publicação de fanfics (histórias com personagens reais ou inspirados em outras histórias) no site.

Porém, faz um tempo já que o Nyah voltou atrás nessa decisão e eu também descobri uma outra plataforma bem bacana para quem gosta de ler e publicar histórias, o Wattpad.

Estou transferindo todas as histórias e textos que já escrevi para estes dois sites aos poucos. Então, para facilitar, vou deixar os links dos meus perfis nos dois sites e a lista das fics que estão disponíveis em cada um deles, ok?


Neste site, você pode acompanhar:
  • todos os capítulos já publicados de Voar Outra Vez
  • A primeira temporada de Incondicional (já postei até o capítulo 9 e estou atualizando semanalmente).
  • A Nossa Canção (comecei a postar agora, então ainda tem poucos capítulos).
  •  As Quatro temporadas de A Granfina e o Caipira (só não estão lá os capítulos bônus).


Aqui você pode ler:
  • A primeira temporada completa de Incondicional
  • Os primeiros capítulos da segunda temporada de Incondicional (estou atualizando semanalmente)
  • Voar Outra Vez (já postei até o cap. 32 e estou postando os capítulos que estão faltando)
  • As Quatro temporadas de A Granfina e o Caipira (só não estão lá os capítulos bônus).
  • Todos os capítulos de uma fanfic de Rebelde que escrevi em parceria com uma amiga. Chama Una Canción e também é legal, viu?

E se você estava acompanhando as histórias por aqui e migrar para o Nyah ou o Wattpad, deixa um oi nos comentários para eu saber quem é você, combinado?

E fique à vontade para dar sugestões de histórias e comentar caso esteja acompanhando alguma fic <3




Capítulo 44 – Fios cruzados

Notas iniciais: História entrando na reta final e a prova de fogo da Gabi chegando. Desde o começo de VOV ela já rompeu todos os seus fios e os colocou no lugar novamente. Mas está chegando a hora de saber se ela vai conseguir mantê-los.

Desculpem a demora para postar. Tive semanas bem tumultuadas no trabalho, mas farei sempre o possível para postar, combinado?

Espero que gostem do capítulo!
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No capítulo anterior:

Quando a música voltou a ficar lenta foi a deixa para que as bailarinas se afastassem e eu fosse em direção ao Miguel. Eu deveria colocar o meu véu ao redor do seu pescoço e puxá-lo para o centro, onde eu dançaria para ele.

Comecei a caminhar na direção combinada sem sair do ritmo da música e agitando o véu para fazer um charme. Vi minhas tias paradas ali e interagi um pouco com elas, enquanto elas gritavam que eu estava linda. Sorri para elas e, na sequência, foquei meu olhar no ponto onde meu amigo estava. Porém, quem me esperava ali eram dois olhos verdes que me encaravam de modo firme enquanto um sorriso provocativo brincava nos lábios do carioca.

O Edu viera, afinal.



Precisei usar todas as minhas forças para me concentrar e não sair do ritmo enquanto minha cabeça trabalhava no máximo da velocidade para sair daquela enrascada. Eu poderia simplesmente ignorar a parte da coreografia que chamava alguém para dançar, mas aí teria que ser muito boa em improviso para  “tampar aquele buraco".

“Pensa, Gabriela. Pensa!”

Pelo canto do olho, vi o Nando e o Miguel me observando ali por perto. Pela expressão dos dois, estavam se divertindo com a minha situação. Não foi difícil concluir que estavam por trás daquela enrascada. O Miguel mexeu a cabeça, apontando em direção ao Edu, como se estivesse dizendo “vai logo, garota!”.

Desviei o olhar em direção ao carioca que mantinha sua pose de durão. Mas, quando olhei mais fixamente, percebi em seus olhos que ele estava surpreso. Eu havia conseguido fazer o carioca descer do seu pedestal e foi ali que decidi tirar proveito disto.

Fui até ele, passando o meu véu ao seu redor e o puxando para o centro da sala. As pessoas aplaudiram e soltaram gritos de entusiasmo enquanto eu sentia os olhos do Edu cravados no meu.

Me afastei dele um pouco e fiquei de costas, me curvando e descendo devagar até que pudesse encará-lo de enquanto a Shakira cantava o refrão da música em um ritmo mais lento.

“Le pido al cielo solo uma deseo
Que uma tus ojos yo pueda vivir
He recorrido ya el mundo  ncontr
Y uma cosa te vengo a decir
Viaje de Bahrein hasta Beirut
Fui desde el Norte hasta el polo sur
Y no  ncontre ojos así
Como los que tienes tú”

Quando a música ficou mais agitada, subi meu corpo e passei a dançar ao seu redor, mexendo o quadril, os braços e as mãos enquanto os convidados aplaudiam. O Edu acompanhava as palmas sem tirar os olhos de mim. A sensação de vê-lo totalmente desarmado era incrível. Sem dúvidas, um dos meus melhores presentes de aniversário.

 Passei uma das mãos no seu rosto e pisquei para ele antes de me afastar para encerrar a apresentação. Seus olhos verdes de tempestade ardiam em um brilho que parecia misturar excitação com alegria. Suspeitava que, naquele momento, meus olhos estivessem do mesmo jeito.

As bailarinas voltaram a se aproximar de mim e encerramos a coreografia em meio a aplausos eufóricos dos convidados. Olhei ao redor, sentindo meu coração bater a mil por hora dentro do peito. Se a Gabi do início do ano olhasse para a Gabi de agora, com certeza, ela jamais acreditaria. Eu vi todos os meus fios serem rompidos, mas, agora, eu sentia que eles não só estavam no lugar. Eles estavam muito mais fortes e seguros.
“Parabéns pra você...”

Minha mãe e meu pai entraram na sala passando pelo meio do pessoal segurando um bolo. Logo atrás deles estavam todos os meus amigos: Rebeca, Laís, Alê, Carol, dona Melissa... Ri sozinha ao perceber que o bolo tinha uma miniatura de uma Monster High no topo. Certeza que aquilo era coisa do skatista... Ainda sorrindo, olhei para o outro lado e vi o Edu parado ali perto, sua típica pose de garoto durão estava de volta enquanto batia palmas no ritmo da canção. Mas adiante, Mig e Nando também cantavam animados. Eu não poderia ter melhor companhia para aquela noite...

- Parabéns, filha! – minha mãe me deu um beijo na testa depois de cantarmos os parabéns – Mas, agora, quero saber: pra quem vai o primeiro pedaço? E ó, sem pressão, mas não esquece que sou sua mãe – ela brincou, fazendo todo mundo rir.

Encarei o bolo, pensativa. Eu não tinha como escolher uma única pessoa para receber aquele pedaço. Olhando ao redor, muitas pessoas ali eram responsáveis por eu estar bem.      Cortei a primeira fatia e coloquei em um prato sob olhares atentos.

- Bom, como não seria justo dar o primeiro pedaço para uma única pessoa, eu vou dividi-lo – anunciei antes de caminhar até a minha mãe e lhe oferecer uma garfada – um pouco para você por sempre ser uma excelente mãe e por ter a coragem de retroceder, mudar os paradigmas, deixar para trás os próprios medos para que pudéssemos resolver os nossos problemas e nos acertar – ela me lançou um olhar assustado antes de aceitar a minha oferta. Certamente, ela não esperava aquelas palavras. Ofereci um sorriso para ela antes de continuar.

- Uma garfada para você – fui até o meu pai lhe oferecendo um pouco de bolo – pela coragem de tentar consertar os erros do passado e assumir o seu verdadeiro papel, ao meu lado, ao invés de ser alguém que só me acompanha de longe – “seu” Marco aceitou o doce com uma expressão emocionada. 

- Pra você, por ser mais que o meu amigo. Por ser o meu irmão – dei mais um pedaço do bolo, dessa vez para o Alê. Senti a minha voz tremer um pouco ao dar aquela declaração.
- Só acho que um irmão deveria ter direito a ganhar mais um pouco de bolo, né? – ele brincou, fazendo todo mundo cair na risada.

- Toma, seu chato! Depois você pega um pedaço só para você – caprichei em mais uma garfada para o meu amigo antes de seguir.

- Por ser quem você é e permitir que todos nós sejamos as nossas melhores versões – a Laís recebeu a sua porção com um sorriso e retribuiu com uma piscada, no seu típico jeito de garota descolada e empoderada.

Virei e segui até a Rebeca – Por me ajudar a salvar as minhas notas, por ser a rainha da organização e, principalmente, por não julgar as pessoas por seus erros ou escolhas. Com exceção do Caio e do Alê, né? Aí você acaba julgando um pouquinho – brinquei antes de me virar para o Caio.

- Por me estender a mão quando eu estava perdida e por sempre estar por perto – lhe dei o seu pedaço enquanto ele me encarava completamente surpreso – E nem pense em machucar a nossa Hermione, hein? Embora ela saiba se cuidar muito bem sozinha, nós estamos de olho – completei chegando mais perto, para que só ele escutasse.

Atravessei a sala para me aproximar dos dois últimos amigos que faltavam. No caminho, parei em frente a dona Melissa.

- Por todo o apoio nesse ano maluco. E por tudo que ainda vem por aí em Nova York – recebi um sorriso esperançoso em agradecimento enquanto ela me lançava aquele olhar carinhoso que era capaz de aquecer o coração de qualquer pessoa.

E, finalmente – falei ao chegar perto do casal – Para o Mig, por ser o melhor companheiro dentro e fora dos palcos e para o Nando, por ter sempre o melhor humor, por ter uma criatividade incrível e uma coragem inabalável.

- E pra você, por ter caído, se levantado, seguido em frente, tudo isso arrasando ao som de “Shake it off” e no ritmo das arábias deixando algumas pessoas ba-ban-do – o Nando pegou o prato de bolo das minhas mãos e me serviu de uma garfada – Você pode agradecer a todos nós, bebê, mas não pode esquecer de agradecer a si mesma por não ter desistido e ter seguido em frente.

Meus olhos se encheram de lágrimas em uma mistura de sentimentos: felicidade, gratidão, orgulho... 

- Um aniversário representa o término de um ciclo e o começo de um novo. Que todos nós tenhamos a coragem e a força para recomeçar, sempre for preciso!  - falei com a voz um pouco embargada – E, agora, ao bolo! Está uma delícia, pessoal! 

***

Levou um bom tempo até conseguir me livrar de todos os abraços, beijos e felicitações dos convidados. Aparentemente, todo mundo tinha amado a festa porque elogiaram muito tudo: desde a decoração até o DJ. Tudo foi tão corrido que, quando me dei conta, a noite já estava chegando ao final e eu ainda não tinha sequer tirado a roupa da apresentação.

- Meu Deus! Dar uma festa é muito legal, mas é bem cansativo – falei sozinha em voz alta enquanto tentava subir para o meu quarto sem chamar a atenção. No caminho, consegui ver a Rebeca e o Caio conversando no maior clima de romance. Pelo jeito, os dois tinham se acertado o que fazia daquele casal o mais surpreendente de todos os tempos. Um pouco mais adiante, sentados nas almofadas do lado de fora, Nando e Miguel conversavam animados enquanto Alê se esforçava muito para fazer fotos incríveis para a Laís postar no Instagram depois. 

- Parece que alguém está fugindo da própria festa...

O típico sotaque carioca quase me fez soltar um grito.

- Ai que susto, Eduardo! – coloquei a mão no peito em gesto clássico de quem é surpreendido – Não estou fugindo. Só quero ir até o meu quarto colocar uma roupa mais confortável. E um sapato... Meu pé está mais sujo que chão de rodoviária – eu estava andando descalça desde a hora da apresentação, o que era confortável em alguns aspectos, mas bastante incômodo em outros, como o frio que eu estava começando a sentir.

- Quem diria que ser a Princesa das mil e uma noites não é assim tão glamouroso? – ele brincou – Vai lá, Sherazade. Depois a gente conversa.

- Não! – dei um grito antes que pudesse me segurar. Eu tinha muitas perguntas para fazer – Quer dizer... Estou curiosa! Quero saber como o “senhor-estou-ocupado-conhecendo-novas-praias-para-surfar” veio parar na festa das mil e uma noites, como você mesmo disse...

- Eu precisava te enrolar enquanto o pessoal aqui armava todo o plano – ele deu de ombros como se tentasse se desculpar.

- Oi? Como que é? Como assim o pessoal daqui armava o plano? 

Ele deu ombros de novo, um sorriso provocativo nos lábios – Aparentemente, eles acharam que a minha presença era indispensável para esta festa.

Olhei para a escada, pensei na roupa confortável que eu poderia colocar e depois pousei o meu olhar no Edu. Por que não juntar o útil ao agradável?

- Vem! Você me conta essa história lá em cima – puxei o seu braço enquanto subia em direção ao meu quarto.

***

- Vamos lá, sr. Eduardo. Quero saber tudo! Quem bolou essa surpresa? – comecei o meu interrogatório de uma forma bem inusitada: com o Edu sentado na tampa do vaso sanitário enquanto eu dava um jeito de prender a minha saia para lavar os pés.

- Tudo começou quando o Alê me ligou para perguntar se eu viria para a festa. Expliquei o lance do cartão da minha mãe que também comentei com você – ele mexeu as mãos para enfatizar a afirmação – Aí ele falou com a tia Melissa e compramos a passagem no cartão dela.  Com essa questão resolvida, ia te mandar mensagem confirmando presença, mas ele pediu que eu não contasse para fazer surpresa. Foi aí que comecei a te enrolar e a não te responder direito. Desculpa! 

- Isso quer dizer que todo mundo sabia que você viria, menos eu? – encarei o carioca fazendo cara de brava.

- Mas ó, eu também não sabia da parte da dança, viu?  - ele levantou as mãos como se quisesse se defender – Só me pediram para esperar lá fora. Quando me chamaram, me pediram para ficar naquele ponto onde eu estava. Mas eu não tinha nem ideia que você iria me tirar para dançar. Se eu soubesse, não teria entrado naquela hora... – carioca mostrou um dos seus raros momentos de fraqueza, o que me fez rir.

- Ahhh, não foi tão ruim assim, vai...  

- Eu sei que não foi! Você estava bonita pra caramba e dançando “mó” bem. É que eu não sabia o que fazer. Fiquei lá com cara de babaca, principalmente depois que você saiu para fazer o encerramento.

Era oficial: tinha alguém se sentindo bem envergonhado ali. Precisei segurar o riso enquanto fechava o chuveiro e pegava a toalha que estava pendurada ali perto. Eu sabia que não deveria me aproveitar daquele momento, mas era inevitável não me sentir “por cima” quando via o Edu tirando a sua “armadura de cavalheiro inabalável”.

- E como você veio para cá? Digo, eu apostava que seria a tia Melissa que iria te buscar no aeroporto. Aí quando ela falou que passaria o dia todo trabalhando, tive a certeza que você não viria mesmo... – falei ao mesmo tempo que saia do box e me encostei na pia.

- E quem disse que ela realmente trabalhou o dia inteiro? – ele levantou as sobrancelhas de modo sarcástico.

- Ai, claro! Ela realmente foi te buscar no aeroporto... Por isso que chegou tarde hoje – bati a mão na testa, rindo da minha lerdeza.

- E seu pai levou comida e refri pra mim lá fora... – ele completou.

- Todos cúmplices! Me enganaram direitinho... – dei de ombros, me dando por vencida.

- Eu... comprei uma coisa pra você – seu tom de voz indicava que ele não sabia o modo certo de fazer aquilo. Minha vontade era de soltar um grito e perguntar o que era. Mas ele parecia tão “exposto” naquele momento que deixei que as coisas fluíssem no seu tempo. 

Com calma, ele tirou do bolso da sua calça jeans clara e meio surrada um saquinho, que parecia ser feito de juta, e me entregou. O pacote estava amarrado com uma fina fita azul clara. Desfiz o laço e tirei o conteúdo de dentro, ficando encantada na mesma hora.

- Que coisa mais linda! – me virei pra ele encarando o meu presente: um brinco de argolas dourado com detalhes de pérolas, conchas e um rabo de sereia, além de um colar, da mesma cor, com uma pedra azul como pingente – Nossa! Eu amei muito! Vem cá, me ajuda a colocar! – pedi, toda entusiasmada, enquanto me virava para o espelho e passava o colar ao redor meu pescoço.




- Essa pedra é uma água marinha, dizem que ela protege as sereias no fundo do mar – o Edu explicou enquanto se levantava e se posicionava atrás de mim para fechar o colar – Quando vi essas coisinhas de sereia  lembrei de você. Aí resolvi comprar - ele encaixou o fecho e fixou seu olhar em mim através do espelho – E aí? O que acha?

- Ficou lindo! – coloquei a mão no pingente, completamente apaixonada – Só faltou você estar de pirata agora... – me virei em sua direção, ficando entre ele e a pia.

Ele usou uma das mãos para improvisar um tapa-olhos – O melhor que posso fazer agora – brincou, dando de ombros – Mas... se eu for o pirata e você a sereia... aí então eu vou ter que fazer isso – ele tirou a mão do olho e a colocou delicadamente sobre o meu rosto antes de se aproximar e me beijar suavemente nos lábios. 

No começo foi como revisitar um lugar que eu não ia a muito tempo. Recordei o sabor, o cheiro, o toque... Era bom estar de volta. Fazia sentido. Mais do que isso... finalmente, eu me senti no lugar certo, como se houvesse, finalmente, restabelecido o meu último fio.

Senti seus braços ao meu redor e de repente me vi sentada em cima da pia, o beijo tomando uma intensidade nova, uma urgência, como se precisássemos matar a saudade que sentimos ao longo daquelas férias, mesmo que esse sentimento nunca tivesse sido admitido por nenhum de nós. Havíamos construído essa cumplicidade, afinal. Eu sabia. Ele sabia. E não precisávamos falar. Tudo era dito, não em palavras, mas quando nos permitíamos ser quem queríamos ser.
- Gabriela, você está aqui, filha?

O Edu parou de me beijar e arregalou os olhos enquanto eu descia da pia e tentava arrumar a saia e o top.

- Oi, mãe! Tô aqui no banheiro – respondi, apontando a porta para o Edu na esperança que ele entendesse a dica e se escondesse ali atrás.

- Filha, o que você está fazendo aqui? – minha mãe entrou no meu quarto enquanto eu saía do banheiro, torcendo para que a minha cara não me denunciasse.

- Vim lavar o meu pé e trocar de roupa. “Tô” achando essa saia e esse top um pouco demais – essa parte, pelo menos, não era mentira.

- Ahh Gabriela, então acelera isso aí. Tem algumas pessoas lá embaixo querendo se despedir e o DJ precisa encerrar, mas disse que antes precisa tocar uma música para você – dona Beatriz falou a última informação com um sorrisinho irônico nos lábios.

- Tá, só vou colocar uma roupa mais confortável. Já estamos no fim da festa mesmo, não tem problema se eu tirar o figurino agora...

- Ok, mas não demora. Vou avisar o pessoal que você já está descendo – minha mãe avisou antes de sair do quarto.

- Já pode sair, Edu – avisei, assim que considerei seguro.

- Foi por pouco, hein? – ele apareceu no quarto, ainda parecendo com medo.

- Bom, não seria exatamente um problema, mas...

- Seria estranho explicar – o carioca completou a minha frase.

- É...  bem isso! Bom, vou trocar de roupa...

- Faça o favor... – um sorrisinho presunçoso apareceu no seu rosto.

- Deixa de ser bobo, Eduardo! Você espera aqui. Já volto!

Escolhi uma calça preta skinny e um tênis e fui ao banheiro para trocar de roupa. Acabei ficando com o top, porque achei a combinação interessante. Já estava quase saindo quando voltei para colocar os meus brincos novos. Eles eram bonitos demais para ficarem guardados.

Descemos as escadas juntos, não antes do Edu me puxar e me dar mais um beijo.

- Finalmente a aniversariante apareceu! – o DJ fez questão de anunciar ao me ver descendo as escadas. Meus amigos lançaram olhares curiosos ao me verem ao lado do primo do Alê, mas não fizeram nenhum comentário – fato que agradeci mentalmente – Gabi, foi um prazer tocar na sua festa! Eu espero que você tenha aproveitado muito o seu dia. Está chegando a hora de eu me despedir, mas antes, preciso tocar uma música que o Léo me pediu para dedicar especialmente para você, Gabriela. Escuta só!



“Yeah, is it too late now to say sorry? (Yeah, é tarde demais agora, para pedir desculpa?
'Cause I'm missing more than just your body(Porque eu sinto falta mais do que só do seu corpo)
Ooh, is it too late now to say sorry? (É tarde demais para pedir desculpa?)
Yeah, I know that I let you down (Yeah, eu sei que te decepcionei)
Is it too late to say I'm sorry now? (É tarde demais para pedir desculpa?)

Fui puxada para a pista por todos os meus amigos que não perderam a oportunidade de me zuar por alguém ter dedicado uma canção para mim. O fato da letra falar de arrependimento e pedir para que a garota voltasse abriu um precedente enorme para que eles fizessem muitos comentários bobos, do tipo “ele está caidinho por você”, “Gabi está arrasando corações”, “perdoa, Gabi. Ele está com saudades”.

Claro que eu sabia que, na realidade, tudo não passava de uma brincadeira. Depois da festa do Caio, eu duvidava muito que o Alê e a Laís sequer me permitissem chegar perto do Cabeludinho de novo. Já a Beca e o Nando não sabiam da história completa. Então, eles não tinham nem ideia de quem era Léo e qual era a “participação” dele no meu histórico de garotos problemáticos e rebeldes. 

O único que permaneceu em silêncio foi o Edu. Ele apenas ouvia a conversa como alguém que está “coletando dados”. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde ele iria tirar satisfação e o meu principal objetivo naquele momento era deixar aquela conversa para o mais tarde possível.

Depois que a música escolhida pelo Léo acabou, o DJ fez uma sessão de “saidera” de músicas antigas e formamos uma roda para dançarmos. 

 - Então o Léo está com saudades? – o carioca deu um jeito de vir parar ao meu lado e sussurrou no meu ouvido.

- Eu sabia que você não ia deixar o comentário passar – revirei os olhos pra ele, lamentando mentalmente não ter conseguido evitar a conversa como desejava.

- Não tinha como não comentar, né? Afinal, você está arrasando corações.... – seu tom era de falsa brincadeira. No fundo, ele estava procurando por informações.

- Não tem nada de arrasar corações! O Léo deve estar só querendo aparecer, já que não foi convidado... – tentei desconversar.

- E tem algum motivo para ele não ter sido convidado? – Eduardo fez a pergunta cravando seus olhos verdes em mim. Ele percebeu que havia algo a mais naquela conversa que eu não estava contando.

Continuei dançando ao mesmo tempo que tentava achar uma desculpa boa o suficiente para convencê-lo. Aquela noite estava exigindo muito jogo de cintura de minha parte. 

Para minha sorte, um barulho muito alto vindo do lado de fora chamou a atenção de todos, tirando o foco do Edu de mim - pelo menos, por um tempo.                                                                               
- MELISSA! – ouvi meu pai gritar na sequência, ainda sem entender nada. 

“Seu” Marco Sérgio correu para o lado de fora da casa e todos nós o seguimos. Ao me aproximar, vi a dona Melissa caída no chão com vários pratos quebrados ao seu redor. Um dos seus braços sangrava. Muito provavelmente, ela havia se machucado com os cacos quando caiu.

- Está tudo bem, gente! Estava ajudando a Beatriz a recolher a louça do jantar e acabei tropeçando em um tapete. Cortei o braço com os cacos, foi isso – dona Melissa tentou nos tranquilizar, como sempre.

- Mel, falei para você que não precisava! Eu já ia te ajudar – “seu” Marco Sérgio olhava para a mulher em seus braços com extremo cuidado, como se ela fosse se quebrar.

- Não exagera, Marco! Não foi nada... Só um cortinho  – ela tentou se levantar, soltando alguns gemidos de dor na tentativa. A quantidade de sangue indicava que não tratava-se de um ferimento tão pequeno quanto ela estava afirmando.

- Vem, eu te ajudo! Vou te levar para um médico... Acho que vai precisar dar  pontos – meu pai estava aflito. Eu nunca tinha o visto daquele jeito, tão preocupado. Eu imaginava que nada seria capaz de tirá-lo do sério, mas, aparentemente, a dona Melissa tinha esse poder.
- Gabi, onde eu pego uma toalha? Precisamos estancar o sangue – o skatista apareceu do nada ao meu lado, me tirando do meu devaneio.

- Vem, tem lá no meu quarto – chamei enquanto já nos virávamos em direção às escadas.
No geral, demorou entre 10 e 15 minutos até que meu pai estivesse dirigindo o carro da minha mãe a caminho do hospital com uma dona Melissa super calma e tranquila ao seu lado enquanto o Alê ficava em casa e parecia que ia ter um treco.

- Calma, amor! Sua mãe vai ficar bem – Laís tentou tranquilizá-lo – Aliás, difícil saber quem ficou mais preocupado, né? “Seu” Marco parecia que ia ter um infarto. Tão fofo o jeito que ele trata a dona Melissa. Queria que eles ficassem juntos logo...

Deu para sentir todo mundo prendendo o ar ao mesmo tempo. A expressão do Alê, que já estava tensa, ficou ainda pior. Tentando ser discreto, ele cutucou a namorada e mexeu a boca, sem emitir som.

“A mãe da Gabi ainda não sabe dos dois”.

- Calma, Alexandre! Não precisa brigar com a Laís. Ela não contou nenhuma novidade... – minha mãe brincou ao perceber o “climão” na sala – Bom, também não era difícil de imaginar, né? O Marco comentou comigo da sociedade com a Melissa e da viagem para Nova York. Aí eu juntei com a forma que ele a tratou hoje e... bingo!

- E está tudo bem pra você? Meu pai estava preocupado com o que você poderia achar. Ele queria te contar de uma forma mais apropriada – tentei explicar o outro lado da história.
- Está sim, gente! Tudo bem... Eu e o Marco não temos nada há muito tempo. E outra... Ele e a Melissa combinam muito, né? Como é que vocês jovem dizem? É um chip?

- É mais ou menos isso, dona Beatriz! Quando você torce por um casal você fala que “shippa” os dois – Miguel explicou depois que todo mundo caiu na risada com o comentário da minha mãe.

- Já imagino essa família maravilhosa desfilando por Nova York: Marco e Mel na frente, Alê e Gabi atrás representando a dinastia – foi a vez do Fernando falar.

- Peraí... Você também vai pra Nova York? – o Edu virou na minha direção, os olhos verdes fixos em mim, uma sombra de medo formando uma tempestade no verde dos seus olhos.
Era oficial: ele estava mesmo expondo as suas fraquezas naquele dia, até as que eu nem poderia imaginar.
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Notas finais: Ok, vamos por partes:

- teve reencontro GaLeo, presente e beijo! Achei o Edu tão fofo nesse capítulo! E vocês?

- Também teve Léo “marcando presença”. E ó, a partir do próximo capítulo ele volta de vez para a história, viu?

E esse final, hein? Será que a viagem para Nova York vai fazê-lo desistir da Gabs? Façam as suas apostas, meninas!