Notas iniciais: Todo mundo pronto para o fim do mistério? Bora descobrir quem está chantageando a Cristal?
Cap 11 tá caprichando! Aproveitem!
_________________________________________
Chovia lá fora. Mesmo assim, uma das maiores cidades da América Latina, a capital do estado, o maior centro de
negócios do Brasil não parava. O trânsito continuava caótico, as pessoas iam e
vinham pelas ruas... São Paulo era sempre São Paulo. Não importava a época do
ano, o clima e tampouco o seu estado de espírito.
Eu assistia a tudo aquilo da janela de um quarto de hotel na zona sul. O lugar
era tão pequeno que eu mal tinha espaço para me sentir sozinha. Tinha até
momentos que imaginava que eu, o meu passado e todos os meus problemas não
iriam caber ali...
Fazia uma semana que estava na capital. Desde então, tudo o que eu fiz foi
remoer as minhas últimas decisões e pensar no que eu iria fazer dali em diante.
Porém, a única ação concreta que de fato eu cumpri foi ligar para o escritório
da F&S Casting e avisar que eu não iria trabalhar por aqueles dias.
Inventei uma desculpa qualquer, disse que estava com um problema de família e
fugi para aquele hotel onde ninguém me encontraria.
Já fazia um tempo que eu havia deixado São Paulo e me mudado para Londrina
disposta a deixar o meu passado para trás e recomeçar uma vida nova. Quem
poderia imaginar que eu estaria fadada a fazer aquele mesmo caminho de volta
arrastada pelos mesmos problemas que eu queria tanto esquecer?
Passei todo aquele tempo trancada no meu quarto, controlando as minhas crises,
tentando encontra forças... Todas as noites eu tinha o mesmo pesadelo que vinha
me aterrorizando a meses: o da pessoa de capa me perseguindo até o topo de uma
torre.
Eu quebrava a minha cabeça tentando encontrar uma saída, mas não conseguia
pensar em nada. Repassei mentalmente o meu encontro na torre com a chantagista.
Só de me lembrar daquela tarde o meu sangue “fervia” nas veias. Como foi que eu
não saquei que era ela a pessoa que estava me chantageando?
Fechei os olhos e repassei todos os detalhes daquele dia em busca de uma
solução. Me concentrei e a memória tomou conta da minha mente. Imediatamente
senti o meu corpo gelado e a minha respiração disparada. Nunca na minha vida
imaginei passar por um momento como aquele...
Curitiba – Torre Panorâmica
– Uma semana antes
- Sempre pontual, não é Cristal? – Ela me disse olhando para a tela do seu
celular que estava em suas mãos. Acabei, por puro impulso, olhando o relógio no
meu punho: 13h50. Sim, eu era uma pessoa pontual e somente alguém que me
conhecesse muito bem saberia que eu detestava chegar atrasada em algum
compromisso.
Escutei a voz da minha chantagista e depois a encarei, completamente perplexa e
sem fala. De repente tudo fez sentido. Do mesmo jeito que eu estava ali por que
era capaz de fazer qualquer coisa pelo Luan, eu sabia que a pessoa que estava
ao meu lado era igualmente capaz de tudo para salvar a sua família.
- Então é você? – Falei com a voz fraca, ainda sem aceitar muito bem aquela
realidade.
- Agora somos só eu e você, Cristal. Está na hora da gente acertar as nossas
contas...
- Laura? – Eu me recusava a acreditar que aquilo fosse verdade.
- Surpresa, Cristal? – Ela rebateu com a voz fria.
- Não vou negar, estou sim. Não consigo acreditar que era você me
chantageando... Você não tinha razões para fazer isso... – Minha cabeça
funcionava em um ritmo alucinante. Por mais que eu soubesse que a Laura era
capaz de tudo pela família, isso não justificava a sua atitude. Eu não tinha
feito nada para ela... Aliás, se alguém ali tinha motivos para querer se
vingar, esse alguém era eu.
- Não tenho razões, Cristal? Não tenho razões? Certeza disso? – Ela me
perguntou com a voz bastante alterada – Cristal, você acabou com a minha
família, colocou um dos meus irmãos na prisão, ajudou o outro a se aventurar
por aí a bordo de um veleiro, acabou com a reputação do nosso estaleiro... Até
meu pai se foi, Cristal. Até ele! E você me diz que eu não tenho razão? – Os olhos
delas se encheram de lágrimas ao mesmo tempo que transbordavam angústia e
raiva. Ela estava transtornada e colocava a culpa disso em mim. Instintivamente
me lembrei da noite que vi o Diogo daquele mesmo jeito no meu apartamento.
Aquilo não tinha acabado bem e eu tinha o pressentimento que o meu encontro com
a Laura teria o mesmo fim.
- Eu acabei com a sua família? Pera aí Laura... O Diogo só está preso porque
tentou me matar, o Léo só viajou porque não aguentava mais a pressão de ter que
trabalhar no estaleiro... Eu não tenho nada a ver com os problemas da sua
família, do estaleiro ou com a morte do seu pai... – Me defendi com a voz
firme. Se era briga que ela queria, era briga que ela ia ter...
- Você é muito cara de pau mesmo, né Cristal? Se tudo isso aconteceu, foi por
sua causa! – Ela voltou a usar o seu tom de voz mais frio enquanto me encarava
com uma expressão de raiva e desprezo no rosto.
- Você está completamente louca! Nada disso faz sentido, Laura – Retruquei sem
realmente acreditar que eu estava ouvindo aquilo...
- Ah não faz sentido? Então vamos raciocinar um pouco... Quem sempre incentivou
o Léo a seguir essa ideia idiota de se aventurar pelo mundo? Você! – Ela
apontou para mim com uma expressão ameaçadora – Quem fez o Diogo querer entrar
nessa disputa idiota pelo Léo para te conquistar? Você! Quem desprezou o Diogo
a ponto de fazê-lo perder a cabeça e ir até o seu apartamento armado? Você! E
quem foi que fez ele ir preso e ainda por cima o convenceu a encobrir o seu
“namoradinho”? Foi você também, Cristal! Depois disso as coisas só pioraram, eu
fiquei sem os meus dois pais, sem meus dois irmãos, estou perdendo o bem mais
precioso da minha família que é o nosso estaleiro... – Ela fez uma pausa ainda
me olhando enquanto grossas lágrimas desciam pelo seu rosto – E você? Você
simplesmente foi embora, aproveitou tudo isso para se promover, para dar
entrevista... Arrumou um namoradinho famoso, agora vive em eventos chiques... E
você ainda me diz que não tenho razão? Eu tenho todas as razões do mundo! –
Dava para ver que ela fazia um esforço enorme para se controlar e não chamar
atenção das outras pessoas que estavam visitando a torre. Para a nossa “sorte”,
era dia de semana, então o local não estava tão cheio...
- Peraê! Eu não convenci o Diogo a encobrir o Luan! Ele se arrependeu de ter
atirado contra mim e por isso resolveu nos ajudar não contando que o Luan
também estava no apartamento aquele dia. Em troca disso eu o perdoei por tudo o
que ele me fez... – Expliquei tentando manter a calma. Se eu entrasse na
“pilha” dela e me desesperasse também, aí que a situação ia ficar complicada de
vez... – E você tá achando o quê? Que tudo foi fácil para mim? Que eu passei
por tudo isso sem encarar consequências?
- Acho... Mas eu vou mudar isso! Nós vamos equilibrar essa situação daqui em
diante... – A Laura me respondeu com um sorriso irônico no rosto que me fez
lembrar o Diogo. Sempre achei a Laura mais parecida com o Léo, mas desde que eu
deixei o estaleiro ela vinha me provando o contrário. Talvez isso fosse a prova
de que nós só realmente conhecíamos uma pessoa em um momento de adversidade...
- Equilibrar a situação? Laura, francamente! Não tem nada para equilibrar...
Essa história já acabou! Tudo o que eu quero é seguir a minha vida adiante... –
Argumentei sendo o mais sincera possível. Eu realmente não estava afim de mexer
naquela ferida.
- Acabou para você! Para mim, ela ainda está rendendo muito... Mas nós estamos
prestes a colocar um ponto final nisso e você vai me ajudar – Ela rebateu
voltando a apontar o dedo para mim.
- Laura, o que você quer? – Resolvi ir direto ao assunto.
- Quero que você retire todas as queixas contra o Diogo.
- O QUÊ? – Praticamente gritei as palavras. Ela só poderia estar brincando...
- Quero que você retire to-das as queixas contra o Diogo. Assim ele fica livre
da prisão... Tem algumas outras coisinhas também, mas essa é a questão
principal. O resto a gente pode ver depois – A Laura repetiu aquilo como se
fosse a coisa mais normal do mundo, uma mera casualidade, um favor entre
amigas...
- Mas isso não faz sentido! Como eu vou retirar a queixa? O que eu iria dizer?
– Perguntei completamente perplexa.
- Relaxe, querida! Eu já pensei em tudo... Você vai dizer que acusou o Diogo
por conta do ciúme que o Luan sentia de vocês. Mas agora que vocês terminaram,
você caiu na real e percebeu que isso não faz sentido... Tudo o que você mais
quer nesse momento é ficar em paz com o Diogo e com a família que sempre te
tratou como uma filha. Depois você vai convencer o Léo a voltar dessa viagem
ridícula de volta ao mundo, nós vamos recuperar a credibilidade do estaleiro e
aí sim, essa história estará encerrada!
Precisei respirar fundo duas vezes. A minha cabeça girava e eu sentia vontade
de vomitar, tamanho o nojo que eu estava sentindo da Laura. Repeti mentalmente
o que ela havia acabado de me dizer, tentando memorizar aquela proposta
completamente sem pé e nem cabeça...
- Mas agora que vocês terminaram...? – Repeti uma das frases que ela disse – O
que você quis dizer com isso?
- Exatamente o que você entendeu! Você e o Luan vão terminar... Como você acha
que as pessoas vão acreditar no seu arrependimento se o “casal do momento”
continuar junto? Não, não... É fim de fila pro Luan. O cantorzinho perdeu... –
Ela me respondeu irônica, rindo da minha cara.
- Sem chance, Laura! Esse seu plano nunca vai dar certo... – Respondi com a voz
carregada de ódio.
“Calma Cristal, calma” – Precisei repetir para mim mesma. Perder a linha não
era a melhor saída naquele momento.
- Bom... Então essa foto aqui – A Laura mexeu na tela do seu celular e depois
me mostrou a foto do Luan deixando o meu prédio que ela já havia me enviado –
vai parar direto na polícia e seu querido namoradinho também vai virar suspeito
de ter atirado em você.
- O Luan é inocente – Eu praticamente rosnei, tamanha era a raiva que estava
sentindo.
- Eu sei, você sabe, mas a polícia não sabe... E até ela descobrir, todo um
processo vai rolar, toda a mídia vai especular, as fãs vão se desesperar... Já
imaginou o circo que isso vai ser, Cristal? Uma tremenda confusão, que você
pode evitar, não é mesmo, querida? – Ela repetiu o seu tom irônico que já estava
me tirando do sério. Estava cada vez mais difícil suportar aquilo.
Parei e olhei para frente tentando recuperar o foco. A cidade se estendia a 100
metros abaixo dos meus pés e a vista era magnífica, o que contrastava completamente
com a minha situação. Minha cabeça continuava a girar e por mais que eu tentasse, eu
não conseguia raciocinar usando a lógica e a razão. O meu coração gritava
dentro do peito. Eu não queria e não podia ficar sem o Luan. Mas eu também não
conseguia ver outra solução para aquele problema... A Laura parecia determinada
a levar o seu plano adiante e eu não queria um escândalo envolvendo o nome do
Lú. Aquele era um problema meu e não dele... Era eu quem precisava
resolvê-lo.
- Olha lá para baixo, Cristal... – A Laura disse baixinho me distraindo dos
meus pensamentos – Olha e pense: Por quem você se jogaria? – Ela fez uma pausa
também encarando os prédios e ruas – Eu me jogaria pelos meus irmãos... E pelo
meus pais, se eles ainda estivessem aqui... E você?
Continuei olhando para frente sem coragem para encará-la. A Laura sabia qual
seria a minha resposta. Por isso ela me levou até ali... Ela me conhecia, sabia
que eu era fiel às pessoas que eu amava, e que era racional demais para
arriscar. Principalmente se o risco envolvesse a carreira do meu namorado...
Por um momento eu até senti pena. Ouvir ela falando daquele jeito, como se
tentasse justificar os seus erros, a sua loucura... Mas depois pensei nas
consequências que as escolhas dela teriam na minha vida. Se eu aceitasse
participar daquele plano maluco, se concordasse com aquelas condições, as
consequências seriam terríveis para mim. Mas se eu não topasse, a situação
ficaria difícil, e difícil até demais para o Luan.
- Como você conseguiu essa foto Laura? – De repente a curiosidade tomou conta
de mim.
- A filha do porteiro, que é fã do Luan... Ela sabia que você trabalhava na
Equipe LS e que ele ia na sua casa de vez em quando. Aí ela te viu chegando e
fez plantão na portaria... Algum tempo depois, PÁ! Lá estava o Luan, correndo
porta a fora... E ela como uma boa menina, registrou o momento e guardou a
foto! Depois foi fácil... Quando eu fui lá conversar com eles perguntando se
tinham visto algo diferente naquele dia, ela me contou da foto e aceitou me
passar o arquivo por e-mail – A Laura me contou como quem conta o resumo da
novela para uma colega no ônibus. Era incrível a naturalidade que ela tratava
aquela chantagem... – Fãs... Elas não são o máximo? – Ela zombou da minha cara.
Olhei para ela com uma cara brava. Eu lembrava da filhinha do porteiro. Ela devia
ter uns 10 anos e realmente era fã muito fã do Lú – Que absurdo, Laura! Usar uma criança desse jeito... –
Reclamei.
- Qual é, Cristal? Você ficou pensando que era a esperta, né? Que o seu plano
não tinha falhas? Você é tão esperta, tão esperta, que nem percebeu que tinha
gente do seu lado te traindo...
Oi? Gente do meu lado me traindo? De quem ela estava falando?
Foi aí que eu me lembrei do comportamento da Débora nos últimos tempos. Não, não dava para acreditar...
Foi aí que eu me lembrei do comportamento da Débora nos últimos tempos. Não, não dava para acreditar...
- Débora? – Soltei baixinho, completamente surpresa.
- Isso mesmo! – A Laura bateu palmas – Não tô falando que as fãs são demais?
Principalmente essas, do tipo apaixonadas... Bastou adicioná-la nas redes
sociais e me apresentar como uma ex-amiga sua. Depois eu contei uma história
que você era uma aproveitadora, uma alpinista social que já tinha acabado com a
minha família e que agora estava tentando acabar com a vida do Luan... Claro
que ela ficou horrorizada e se prontificou a fazer tudo o que eu pedi para salvar o seu ídolo – Ela
usava o seu tom mais irônico. Estava cada vez mais difícil... Mais um pouco e
eu perderia a compostura.
- Foi aí que ela ficou sua amiga para me passar todas as informações sobre a
sua vida. Eu também me aproveitei disso para “brincar” um pouco com você...
Falei para a Débora te aconselhar a ir ao show do Luan em Floripa só para te
ver sofrer nas garras dos “leões”... E você caiu direitinho! Também fui eu quem
pedi para que ela te fizesse entrar o Twitter e falar para as fãs que você era
amiga delas só para irritá-las ainda mais! Tá certo que nem tudo saiu como eu
planejei, mas fazer o quê? Essas Luanetes são imprevisíveis...
Agora ela tinha passado dos limites... Virei em direção à Laura e levantei o meu
braço me preparando para dar um tapa bem dado na sua cara.
- Vai me bater, Cristal? Um tapa e a foto vai parar nas mãos da polícia... –
Ela me ameaçou com a voz fria.
Fui obrigada a baixar a mão e tentar me controlar. Voltei a olhar para a
frente, sem realmente ver a cidade logo abaixo. Respirei fundo de novo. Meu corpo
estava tremendo e o meu coração estava disparado dentro do peito.
“Calma Cristal, calma...”. Mais do que nunca eu precisava manter a calma...
- Se eu topar essa loucura, e eu disse se – Frisei bem a última palavra – Vou
querer um contrato que deixa bem claro que você não poderá usar essa foto de
nenhuma forma que prejudique o Luan.
- É justo! – A Laura ponderou balançando a cabeça – É até melhor colocar tudo
em um contrato, assim você não tem como esquecer da sua parte no trato... – Ela
piscou querendo me provocar e eu precisei me segurar para não voar no pescoço
dela – Isso quer dizer que temos um acordo?
- Eu... eu... eu não sei – Vacilei, completamente perdida – Eu preciso de um
tempo para pensar – Pedi tentando manter a voz firme.
- Pensar Cristal? Não tem o que pensar... É aceitar, ou ver a foto ir parar nas
mãos da polícia. Mas tudo bem, eu te dou essa noite para pensar. E só essa
noite... – Ela mexeu as mãos para destacar bem o meu prazo - Mas como eu sei
que você vai aceitar... – A Laura chegou bem perto de mim – Te espero amanhã em
São Paulo para acertar os detalhes do contrato – Ouvi a irmã do Diogo completar
com a voz baixa antes de virar e sair caminhando em direção à saída, dando por
encerrada a nossa conversa – E ó, o namoradinho não pode saber de nada, hein? –
Ela me avisou já a uns dois passos de distância.
Usei uma das minhas mãos para me apoiar em uma barra de ferro que ficava
paralela ao vidro do observatório. Eu me sentia sem forças, fraca, perdida...
Por que tudo aquilo tinha que acontecer comigo?
Fiquei olhando a cidade lá embaixo por mais um tempo, respirando fundo e
tentando controlar a crise de choro que ameaçava tomar conta de mim.
“Eu não vou chorar, eu não vou chorar”.
Era a segunda vez que aquela família tentava arrancar tudo de mim e mais uma
vez eu precisava ser forte para superar aquele problema.
Muito lentamente me virei e também fui em direção ao elevador que me levaria à
saída. Quando cheguei ao térreo dei de cara com duas meninas, uma morena de
cabelos cacheados e outra de cabelos lisos e pretos.
- Zica? – A morena exclamou ao me ver.
- Shiuuuu Isa, não fala assim! A Cris vai achar que você está a ofendendo – A
parceira da garota ralhou com ela.
- Ahhh Bety, que nada! A Cris sempre trata as fãs bem, mesmo quando tem umas
“sem noção” tentando bater nela... E isso é só um jeito carinhoso de
chamá-la... – A morena, que deveria se chamar Isa, disse - E aí, zica? – Ele repetiu para mim com um sorriso no rosto – O Luan tá aqui
em Curitiba também?
Oi? Zica? Eu tinha entendido direito? Era sério que aquilo era um apelido
carinhoso?
- Oi meninas! – Tentei sorrir – Não, o Luan está em Londrina hoje. Eu vim
sozinha para cá – Expliquei.
- Eita Cris, tá tudo bem com você? “Cê” tá meio pálida – A segunda menina, que
a Isa chamou de Bety, me perguntou com uma expressão preocupada no rosto – Teve
outra queda de pressão? Tipo aquela que você teve no aeroporto?
Certo, as pessoas poderiam acusar as Luanetes de qualquer coisa, menos de mal
informadas. Aquelas meninas sempre sabiam de tudo. Eu nem me surpreendia
mais...
- Não, não... É que eu tenho medo de altura – Menti para disfarçar.
- Ahhh, a gente também! – As duas falaram ao mesmo tempo – Só vamos subir
porque está rolando uma promoção em uma rádio e a gente acha que uma das pistas
está lá em cima – A Bety me explicou.
- Bom, boa sorte! Eu não vi nenhuma pista lá em cima, mas confesso que não
estava reparando muito nos detalhes - Comentei – Mas agora eu preciso ir.
Espero que dê tudo certo, meninas – Me despedi torcendo para não ter parecido
muito rude. Infelizmente, eu não andava muito no clima para encontro com fãs depois de ter "negociado" com a Laura.
Dirigi de volta para Londrina pensando nas possíveis saídas para o meu
problema. A única solução que aparecia na minha cabeça era abrir o jogo para a minha
advogada, a Doutora Tereza. Porém eu tinha certeza que nem ela poderia me
ajudar... Afinal, como a advogada conseguiria impedir que a Laura enviasse a
foto para a polícia e envolvesse o Luan no caso?
Falando em Luan, ele me ligou no meio do caminho e me convidou para um
churrasco que o “Seu” Amarildo estava fazendo na chácara da família. Não tive
como dizer não e acabei combinando de passar por lá mais tarde.
- Talvez o churrasco acabaria sendo algum tipo de despedida, pensei me sentindo arrasada.
- Talvez o churrasco acabaria sendo algum tipo de despedida, pensei me sentindo arrasada.
Passei em casa, troquei de roupa e dirigi para a chácara já conformada com o
meu destino: Eu não teria escolha senão ceder à chantagem da Laura.
Porém, ao chegar ao local do churrasco fui surpreendida com um “mordomo” me
esperando e uma verdadeira noite de rainha preparada pelo Luan. Acabei entrando
no “clima” e curti a noite, me permitindo esquecer de todos os meus problemas.
Aquele era um momento só meu e do Luan, e foi a noite mais mágica da minha
vida.
Mas como tudo que é bom dura pouco, depois que o Luan adormeceu eu ouvi o meu
celular tocar. Demorei algum tempo para localizá-lo ali no quarto e mais ainda
para lembrar que o Ronaldo havia me avisado que levaria a minha bolsa até o
quarto onde o Luan estava instalado. Caraca, o “pinguim” pensava em tudo...
Vi toda a minha felicidade ir embora assim que li a mensagem na tela do meu telefone:
Vi toda a minha felicidade ir embora assim que li a mensagem na tela do meu telefone:
“TIC, TAC, o seu tempo está acabando. Se não estiver em São Paulo até amanhã,
você já sabe quais serão as consequências...”
Tive vontade de atirar o celular longe, mas isso não adiantaria de nada. Infelizmente
a Laura estava certa...
Olhei para o Luan dormindo no meu colo e duas lágrimas rolaram pelo meu rosto.
Aquela noite fora como a calmaria que precedia a tempestade. Agora era a hora
de voltar ao mundo real. Era hora de enfrentar os meus fantasmas...
Levantei e tomei um banho rápido. Depois, sem muita dificuldade, encontrei as
roupas e sapatos que estava usando quando cheguei à chácara no quarto perto do
lugar onde a minha bolsa estava. Grande Ronaldo! Até disso o “mordomo” tinha
cuidado...
Coloquei a roupa me esforçando para não acordar o Luan e peguei a chave do
carro. Meu coração sangrava e as lágrimas escorriam sem parar pelo meu rosto.
Então era isso? Toda uma história acabava daquele jeito?
Não, tinha que ter uma saída! A Laura tinha deixado bem claro que eu não
poderia contar nada para o meu namorado, mas... E se eu desse um motivo para
ele desconfiar? Talvez ele sacasse que alguma coisa estava errada e tentaria me
ajudar...
Com uma nova chama de esperança, peguei dinheiro e os meus documentos da minha
bolsa e deixei todo o resto lá, torcendo para que o Lú percebesse que não era nada
comum uma mulher sair sem bolsa. Só para garantir, já que o meu namorado era um
pouco distraído, também deixei os meus dois aparelhos celulares. Eu havia uma
cópia de segurança dos meus contatos, e poderia comprar um novo telefone quando
chegasse a São Paulo. Por fim, tirei as duas alianças, a que eu ganhei dele e a
que a Larissa me dera no aeroporto, e deixei sobre o criado-mudo. Aquela foi a
forma que eu encontrei de dizer ao Lú que eu estaria sempre com ele, mesmo
distante... Deixar aqueles anéis ali era como deixar o meu próprio coração para
que o Lú tomasse conta...
Depois segui para o meu carro, completamente aos prantos. O lado de fora da
casa estava vazio.Com certeza todo o pessoal que trabalhara no jantar já havia
ido embora.
Dirigi de volta para São Paulo em silêncio, apenas o som do meu choro enchendo
o carro. Fazer aquele caminho de volta era como voltar para um pesadelo que
ainda não tinha acabado e que talvez nunca tivesse fim...
São Paulo – Quarto de hotel – dia atual
São Paulo – Quarto de hotel – dia atual
O som do telefone do quarto tocando me tirou do turbilhão de lembranças que eu
estava. Eu só passara aquele número para o pessoal do escritório e para a minha
família sobre ordens expressas de que eles não poderiam passá-lo adiante para mais niguém.
- Alô – Me surpreendi ao ouvir o som da minha própria voz depois de tanto
tempo.
- Cristal? – Era o Sorocaba em pessoa me ligando. Ótimo, o “big boss” tinha
descoberto a minha “escapadinha” do trabalho.
- Oi... – Tentei forçar a voz e parecer mais bem disposta.
- Cris, está tudo bem com você? – Ele quis saber.
- Ahã... Tudo sobre controle – Mentir já estava virando um hábito para mim...
- Já sabe quando volta para Londrina? Já conseguiu resolver os seus problemas
pessoais? – A voz dele era tranquila, como um amigo perguntando como estavam as
coisas.
- Hum... Já... – Foi tudo o que eu consegui responder.
- Poxa, mas que bacana! Bom, se tudo estiver realmente resolvido por aí, eu queria
muito que você acompanhasse eu e o Fernandinho em um festival que vai ter em
Goiás daqui uns dias. Vai tocar uma porção de gente lá, vai ser um evento
grande e a gente, a Thaeme e o Thiago e o Lucão estamos na lista de atrações.
Aí já sabe, evento assim é sempre bom para divulgar as novidades, e você é
ótima em cuidar disso... Será que você pode ir? – O Sorocaba me perguntou todo
animado.
Puxei pela memória. O Luan também se apresentaria nesse festival no mesmo dia
que Fernando e Sorocaba e Thaeme e Thiago. Ou seja, se eu fosse com certeza
encontraria o meu namorado (ou seria ex-namorado?) lá. Por outro lado, por
quanto tempo eu conseguiria continuar fugindo do meu trabalho, da minha vida?
- Claro Sorocoba! Volto para Londrina ainda essa semana e combinamos os
detalhes – Avisei.
Agora só me restava saber se eu sobreviveria a mais aquela prova na minha
vida... Quantas vezes eu poderia ter o meu coração quebrado? E quantas vezes eu
conseguiria juntar os pedaços e seguir adiante?
_________________________________________________
Notas finais: PARA O MUNDO: Casal Vidinha separado? Pode isso produção?
E essa Laura, gente? Já pode atirar ela de cima da torre?
E a Débora? Pode bater nela? Duas cobras!
Meninas, preciso saber o que vocês acharam desse cap! Please, ME CONTEM!
E ó, aviso aos navegantes: Esse festival promete!Reencontro do casal vidinha vai bombar...
No próximo cap eu conto como vai ser, ok??
(*)
E não esqueçam:
Segue no Twitter pra gente "prosear" - https://twitter.com/Manudantas_diz
(Quem quiser receber avisos de capítulos novos dá um grito no Twitter que eu te coloco na Lista)
Adiciona no Facebook - http://www.facebook.com/manuela.dantas.585
Tire suas dúvidas no Ask - http://ask.fm/Manudantasdiz
E não esqueçam:
Segue no Twitter pra gente "prosear" - https://twitter.com/Manudantas_diz
(Quem quiser receber avisos de capítulos novos dá um grito no Twitter que eu te coloco na Lista)
Adiciona no Facebook - http://www.facebook.com/manuela.dantas.585
Tire suas dúvidas no Ask - http://ask.fm/Manudantasdiz