Capítulo 10 - Missão de paz

Notas iniciais: Missão de paz nessa Trupe? Será que vai dar certo? Sei não, hein?!

Meninas, o cap está morno, mas o próximo estará mais top, ok?

Digamos que vai rolar um "flash back". Rs!

Mas por enquanto,

Aproveitem!*

___________________________________________

Ponto de vista da Anita – Equipe das Poderosas
 

Quase um mês depois...
 

- Malú não esquece que essa é uma missão de paz, hein? Nada de escândalos, brigas... Malú? Malú! Dá para largar esse fone de ouvido e me escutar? – Pedi perdendo a paciência com a Maria Luiza e dando um tampa desses bem estralados em seu braço. Ela me olhou com uma expressão de “Você vai morrer”, mas continuou ouvindo música, me ignorando completamente.
 

- Ahhh, é assim? Então olha o que eu faço com esse fone! – Falei puxando os fios do seu ouvido com um só tranco – Vou jogar na privada e dar descarga! – Avisei me levantando da minha poltrona e indo até os fundos do meu jatinho particular, o Black Jack.
 

Nós estávamos voando em direção à Londrina. Por causa dos dias que passei de repouso em causa a minha agenda profissional estava uma bagunça e, para consertar isso, a Rafa havia marcado uma reunião comigo. Como eu também precisava acertar alguns detalhes do bebê, como a decoração do quarto e as roupinhas, resolvi que seria melhor que o encontro com a minha empresária acontecesse na Toca. Assim eu poderia matar dois coelhos com uma paulada só (ou seja lá como for o jeito certo de falar esse ditado popular...).
 

Naqueles dias que passei em casa, muita coisa aconteceu. Os resultados genéticos confirmaram que a minha filha realmente tinha Síndrome de Down. Mas, para a minha surpresa, eu não fiquei chocada ou triste com aquela notícia. Acho que a conversa com a minha mãe no carro, as minhas orações para Nossa Senhora da Aparecida e a canção que o Lú dedicara para mim por telefone conseguiram, de alguma forma, fazer com que eu encontrasse o meu equilíbrio, além de uma força inesgotável que vinha de dentro de mim e me tornava capaz de encarar qualquer desafio. Talvez fosse o famoso “amor de mãe” entrando em ação...
 

O fato é que aquele exame serviu como injeção de ânimo para mim. A partir daquele dia uma nova Anita nasceu. Uma Anita capaz de administrar sozinha os horários das suas vitaminas e refeições, que planejava ela própria a decoração do quarto da criança e que, junto com a mãe, comprava o enxoval para a filha. Me flagrei conversando por horas e horas com a Nicole, situação que não acontecia antes. Nós falávamos sobre todos os assuntos: filmes, novelas, fofocas de celebridades, sobre o meu amor por ela e, principalmente, sobre como o pai dela era perfeito. Os enjoos também pararam junto com as minhas “crises” de sono, que me faziam querer hibernar por quase um dia inteiro.
 

Minha mãe me ajudou muito nessa fase. Como a Dona Clara era a única que sabia do meu “segredo”, ela ficou ao meu lado me dando muita força e vários conselhos. Era tão bom passar aquele tempo com a minha mãe. Nós nunca tivemos uma relação familiar normal. Ela sempre trabalhou demais e depois eu própria iniciei a minha carreira. A Nicole estava servindo como uma “desculpa boa” para nos aproximarmos.
 

Por várias vezes ela me disse para abrir o jogo de uma vez e contar tudo para o Luan e o resto da Trupe, mas eu não tive coragem. Era estranho, mas eu sentia como se precisasse defender a minha filha. Não queria ninguém a julgando antes mesmo de conhecê-la. Fora isso, eu também temia a reação das pessoas. Eu não me sentia pronta para enfrentar a rejeição ou o preconceito de alguém, principalmente se essa pessoa fosse o Luan. 

Porém, já tinha um tempo que estava sentindo que a hora de contar havia chegado. Já tinha dias que estava ensaiando contar a notícia para o Lú e talvez a reunião na Toca me viesse a “calhar”. Se tudo desse certo, eu poderia conversar com o meu marido e já ficar em casa de vez! 

Eu sentia muita falta da minha casa e mais ainda do Luan. Eu estava louca para compartilhar com ele cada detalhe da minha gestação e, por mais que nós sempre nos falássemos por telefone, não era a mesma coisa. Sem contar que estava um “climão estranho” entre nós justamente pelo fato de que eu negara o seu pedido para voltar a Toca quando deixei o hospital. Na ocasião eu disse que gostaria de provar que era capaz de cuidar da minha filha sozinha. Agora eu já me sentia bem mais confiante em relação a isso. Tudo bem que muitos desafios ainda viriam pela frente, principalmente por causa da condição da Nicole, mas algo me dizia que eu me sairia bem nessa “missão”.
 

- Anita, me devolve já esse fone, ou eu vou esquecer que está grávida e vou te jogar daqui de cima sem paraquedas! – A Malú tentou me intimidar também ficando de pé.
 

Começamos uma verdadeira brincadeira de “pega-pega” dentro do jatinho. A Malú correu para tentar arrancar o fone de mim à força, mas eu fui mais rápida e me tranquei no banheiro. Depois, quando ela se distraiu, eu abri a porta e voltei correndo para a parte da frente do Black Jack, usando a minha bolsa como escudo para me proteger do “ataque de fúria” da Malú.
 

- Atenção passageiros, estaremos pousando em Londrina dentro de poucos instantes. As senhoras podem, por gentileza, hã... parar de correr pela aeronave, sentar-se e apertar os cintos? – O piloto (o mesmo que nos levou de Londrina para São Paulo quando eu saí de casa) anunciou pelo sistema de som.
 

- Droga Anita, por que você sempre me faz passar vergonha perto desse piloto bonitão? – A Malú me perguntou contrariada.
 

Lembrei do “mico” que ela pagara no aeroporto quando fora flagrada pelo comandante com jeito de Roberto Justus dançando a música da Wanessa Camargo como uma louca.
 

- Puts, é verdade né? E aí Malú? Dessa vez você não vai querer mostrar para ele todo o seu lado de “poderosa, atrevida...” – Falei o final da frase cantando no ritmo da música, o que irritou ainda mais a Maria Luiza.
 

- Cala a boca, Anita! – Ela retrucou de maneira mal-educada arrancando o fone da minha e voltando para o seu assento.
 

Passei o resto da aterrissagem rindo da cara dela por causa do piloto e não parei quando pegamos o táxi e seguimos rumo a Toca. A Malú continuava me encarando com uma expressão de ódio, mas não disse mais nada. Ela apenas voltou a colocar os fones no ouvido e a me ignorar como se nada estivesse acontecendo. Típico dela...
 

- Certo Malú, agora é sério! Viemos em missão de paz, lembre-se disso! – Voltei puxar os seus fones para que ela me ouvisse quando o carro parou em frente a minha casa.
 

- Tá Anita, tá... Eu já entendi! Sou toda paz e amor, tá bom assim? – A fotografa me respondeu com um tom irônico fazendo o símbolo de “paz e amor” com os dedos.
 

- Está ótimo! E agora vamos... Coloque um sorriso na sua cara e finja que tudo está perfeitamente bem – Pedi, já descendo do carro após pagar o motorista.
 

- Não preciso fingir, está tudo perfeitamente bem comigo – Ela retrucou de forma grossa.
 

- Então tá, senhora “Não tenho problemas”! Não está mais aqui quem falou! – Rebati também fechando a cara – Só se comporte, ok?
 

- Anita, eu só vou entrar, ver como a Vick Caramelo está e sair, tá? Desencana de mim e se concentra nos seus próprios problemas! Além da reunião da Rafa tenho certeza que você também veio para falar com o Luan. Tô “ligada” que tem um movimento estranho acontecendo aí... – Ela insinuou, as duas ainda paradas diante a porta da Toca. Atrás de nós o taxista arrancou nos deixando sozinhas.
 

- Apenas se comporte, Maria Luiza! E deixa o resto comigo – Lancei o meu melhor olhar mortífero para ela, em um sinal claro que eu não queria falar sobre aquele assunto. Seria possível que ela estava desconfiando de alguma coisa?
 

- O mesmo para você, Anita Tunice – A Malú devolveu o meu olhar antes de sair em direção a entrada da casa.
 

Corri atrás dela e entramos juntas na sala da Toca. Tudo ali estava como antes: a sala de estar, o bar perto da escada, a sala de jantar mais adiante, os quadros, a decoração, até mesmo a mancha no tapete (culpa do Luan que deixara cair vinho ali em um dos nossos jantares românticos à luz de vela. Hum... Bons tempos! Era melhor eu nem lembrar o porquê ele deixou o vinho cair... Foco Anita, foco!)
 

- Ahhh, vocês chegaram! – A Rafa exclamou ao nos ver. A minha empresária tentou soar calma, mas estava nítido na sua expressão que ela estava apreensiva. Bom, eu não poderia culpá-la. Eu também estava...
 

- Sim, chegamos! Mas antes de começarmos a reunião preciso subir até o quarto da Nicole para pegar algumas medidas. Eu já fechei o projeto da decoração e preciso desses dados para mandar fazer os móveis e tudo mais... - Fui direto ao assunto tentando manter a minha voz confiante. Como o Luan já tinha postado no Instagram que o nosso bebê era uma menina, pulei essa parte da conversa. Naquelas alturas até o papa já sabia que  teríamos uma menina e que seu nome seria Nicole.

- VOCÊ O QUÊ? – O queixo da minha empresária foi lá no chão – Mas, mas... E os três projetos de decoração que eu já tinha montado para o quarto? – Ela perguntou, ficando triste de repente.
 

- Bom, eu resolvi que o quarto da Nick tinha que ter um pouco do Luan e de mim. E como nenhum dos seus projetos se encaixava nesse perfil, resolvi contratar uma decoradora que pudesse me ajudar nessa missão. Acabamos optando por móveis de madeira estilo colonial com cores claras; cortinas, almofadas e tudo mais em tons de lilás “clarinho” e obras do Romero Brito para decorar. Essa é uma forma de unir os universos “Granfina e Caipira” em um só – Expliquei parecendo uma professora dando aula para uma turma de alunos. Eu havia ensaiado muito aquele texto antes de sair de casa. Queria que a Rafa percebesse o quanto eu me empenhara naquele projeto – Também já estou cuidando do enxoval. Já compramos muitas peças, uma “coisinha” mais linda que a outra não é, Malú? – Emendei colocando a fotografa na roda.
 

- Ahh é, tudo muito lindo mesmo! A Any achou uma loja super bacana lá em Sampa! A Nicole será a bebê mais estilosa dos últimos tempos – A Malú concordou comigo de uma maneira um pouco enfática demais – Hã... Meu celular está tocando. Me deem licença – Ela mostrou o seu telefone e usou a chamada como desculpa para fugir da conversa.
 

- Oi! Sim, estou em Londrina! Claro, claro... Trouxe a minha máquina, vou aproveitar para fazer algumas fotos aqui para o nosso projeto! Ahhh, também estou com saudades. E como anda a redação do livro? – A Malú atendeu o telefone toda “meiga” e atenciosa. Pelo modo como falava e pelo assunto, dava para sacar que ela estava falando com o Will.
 

Ao ouvir a voz da Malú, o André surgiu sabe-se lá de onde e entrou com tudo na sala. Ele encarou a ex- namorada (ou atual, vai entender esses dois!) de cima a baixo com uma cara muito contrariada enquanto a Malú fingia que o ignorava descaradamente.
Pensei que o diretor iria perder a cabeça e pular em cima da Malú em um de seus característicos ataques de ciúmes, mas ele fez justamente o contrário. O André apenas respirou fundo, pegou o seu próprio celular do bolso e discou um número. Menos de um minuto depois alguém atendeu do outro lado da linha e então ele começou uma conversa muito animada com essa pessoa.
 

- Alô? Oi querida, como vai? Estou ligando apenas para confirmar o nosso café! Sim, estou... louco para ver as suas fotos! Devem estar maravilhosas, você fotografa super bem! Hoje à tarde? Seria perfeito! Então estamos combinados... – O diretor foi falando, agora ele ignorando a Malú.

A fotografa encerrou a sua chamada de repente, encarou o André com um olhar assassino e ficou prestando atenção em cada palavra que ele dizia. Quando ele encerrou a chamada, a Maria Luiza começou um verdadeiro interrogatório, sem nem disfarçar que estava morrendo de ciúmes.
 

- André Magalhães, quem é essa garota que estava falando no telefone com você? E como assim ela fotografa muito bem? Você está me trocando, André? Arrumou outra fotografa? – A minha “aliada” espumava de raiva.
 

- Escuta aqui Maria Luiza, eu não te devo satisfações de... nada, entendeu? Foi você que saiu de casa e está aí, de parceria com aquele sujeitinho “sem sal, nem adoçante”! E se me dá licença, eu tenho uma pessoa me esperando para um café – O diretor esnobou a garota e foi caminhando em direção à porta.
 

Eu estava impressionada. As tais aulas de “Como ser Homem” do Luan realmente estavam funcionando! Se tinha algo que as mulheres odiavam era ser ignorada por um homem.
 

- Ele está me ignorando? É isso mesmo que eu entendi? – A Malú se virou para mim e para a Rafa e perguntou muito indignada.
 

- Bom, tudo indica que sim... – Mexi os ombros como se quisesse dizer que não havia muito o que fazer sobre aquilo.
 

- AHHH NÃO, MAS ISSO NÃO VAI FICAR ASSIM! ANDRÉ, VOLTA AQUI! AGORA A GENTE VAI CONVERSAR! – Ela saiu correndo atrás do diretor me deixando sozinha com a Rafa. Ótimo! O plano da Maria Luiza se comportar já tinha ido por água abaixo!
 

- Hum... Então... – Tentei puxar assunto meio sem jeito – Acho que vou lá em cima pegar as medidas do quarto da Nicole...
 

- Fica a vontade! A casa é sua! – A Rafa tentou fazer uma piada para quebrar o clima esquisito que tinha tomado conta do local – Vai precisar de ajuda?
 

- Acho que seria ótimo! – Sorri com a proposta.
 

Subimos juntas, o silêncio “zunindo” nos meus ouvidos como um mosquitinho chato. Era muito estranho ficar daquele jeito com a Rafa. Mas ela quem tinha começado com a briga...
 

Estava passando pelo corredor, pensando em tudo que havia acontecido nos últimos tempos quando algo me surpreendeu. De um dos quartos vi um vulto escuro passar correndo na minha frente. Parei, assustada. O que era aquilo? Assombração? Mas só me faltava essa...
 

Fiquei olhando para aquele vulto e aos poucos fui percebendo que ele tinha pelos, patas e forma... A forma de um gato!
 

- Mas o que esse bicho nojento está fazendo aqui? – Gritei no meio corredor. Eu detestava gatos!
 

- Ahhh, esse é o Faísca! O novo mascote do Luan! – A Rafa me explicou.
 

- Novo mascote do Luan? Desde quando o meu marido tem um gato? – Não consegui processar a novidade logo de cara.

O bichano, só para me afrontar, franziu a cara para mim em uma expressão de ataque e levantou aquelas terríveis e enormes garras como se quisesse me machucar. Tá, ok! Não eram tão terríveis e enormes assim, mas mesmo assim eu detestei a atitude daquele bola de pelos.
 

- Quero esse bicho fora daqui imediatamente! – Ordenei.
 

- Ihhh, não vai dar! A Vick adora o Faísca! – A loira me respondeu dando de ombros.
 

- Não posso acreditar que a minha afilhada gosta desse bicho tão sem graça...
 

- Mas ela gosta!  E mais, o Faísca é muito útil! Ele matou o rato que apareceu na cozinha há uns tempos atrás – A Rafa explicou.
 

Gato, rato... Toda aquela história já estava indo longe demais! Eu e o Luan iríamos ter uma conversa muito séria sobre isso!
 

Resolvi ignorar o gato que continuava me olhando de uma maneira muito ameaçadora com os pelos todos eriçados e entrei no quarto da minha filha. A Rafa me ajudou com a fita métrica que eu levara de casa e eu anotei as medidas e já passei via Whats App para a minha decoradora.
 

Quando voltamos para a sala, passei para pegar a Caramelo que brincava com a babá no seu quarto e descemos todas juntas para o escritório da Toca, onde nos sentamos na nossa “grande mesa de reuniões”.
 

- Então Anita,  sua agenda profissional anda bastante complicada... – A Rafa começou a falar, mexendo em papéis e checando a sua agenda. Eu estava brincando com a Vick no meu colo e por isso, é claro, não estava prestando muita atenção. Era incrível como a minha afilhada tinha crescido! Ela era tão linda e esperta...
 

- Anita, você está prestando atenção em mim? – A minha empresária chamou a minha atenção.
 

- Hãã... Claro! Você ia dizendo que... – Tentei disfarçar, mas estava na minha cara que eu estava “boiando” no assunto.
 

- Eu ia dizendo.. – Ela retomou, brava – que a sua agenda está bagunçada por conta dos dias que você precisou ficar de repouso. Eu consegui reorganizar muitos dos seus compromissos, e felizmente não tivemos grandes problemas com os contratantes. Eles gostam muito de você, e parecem já saber que tem essa personalidade meio... impulsiva...
 

Fingi ignorar o comentário. Com certeza ela estava se referindo ao meu “Show da Poderosa”. Fala sério, dava para acreditar que o assunto ainda estava rendendo? Poxa, o que tinha de tão anormal assim em subir em um palco e cantar uma música? Ô povo que não tinha o que fazer, viu?!
 

- Eles gostam de mim porque sou uma pessoa talentosa, excelente profissional, carismática e que tenho várias fãs que me adoram e me apoiam em todas as minhas decisões – Retruquei em tom ácido.
 

- Claro! Por isso também... Você é realmente uma pessoa de mil e uma facetas, Anita Tunice! – Ela me deu um sorrisinho amarelo, o que me deixou ainda mais irritada – Mas vamos ao que interessa: Como eu ia dizendo, eu consegui remarcar boa parte dos seus compromissos e a sua agenda agora está mais tranquila, assim como você me pediu. E eu sei que você quer dar um tempo no trabalho para dar mais atenção à sua filha, mas teve um contrato em especial que eu não pude e também não quis adiar – A minha empresária foi falando toda empolgada. Aff, por que ela não pulava a introdução e ia direto ao assunto? - Não sei se você lembra, mas amanhã tem a gravação do comercial das Havaianas que você e o Luan vão fazer juntos.
 

- Amanhã já? – Era claro que eu não me lembrava, né?
 

- Sim, é amanhã Anita. E eu não tive como mudar a data, porque o Lú não tem outro dia para gravar. Mas por outro lado, esse comercial será ótimo para vocês! Essa será a oportunidade perfeita para mostrar a todos que o Casal Luanita está mais firme e forte do que nunca! Você sabe, né? Depois de todo aquele lance na boate... Bom, basta dizer que a hashtag #AnitaPoderosa e #LuanitaCausaNoRole ainda são os mais comentados nas redes sociais...
 

- Nem consigo imaginar o porquê... – Me fiz de desentendida ainda brincando com a minha afilhada no meu colo.
 

- Pois é, eu também não... – A loira balançou os ombros também se fingindo de desentendida – As gravações acontecerão em São Paulo a partir das dez da manhã. Você vai, né? – Ela parecia apreensiva de repente.
 

- Mas é claro que eu vou! Eu já tinha até me programado para a gravação desse comercial. Só não tinha me dado conta que já era amanhã. Mas deve ser a gravidez que está me deixando meio avoada... – Disse passando a mão de leve pela minha barriga que já estava bem marcada sob a minha blusa.
 

- Perfeito! Então eu te encontro lá! Você já conhece o estúdio, então não terá problemas para chegar. De mais urgente é isso, Anita. Qualquer novidade vamos nos falando por e-mail ou telefone, como já estamos fazendo desde que... sou só a sua empresária – Senti um tom amargo no comentário dela, mas achei melhor não rebater. Aquela era uma missão de paz, e tudo o que eu queria era não arrumar ainda mais confusão para o meu lado.
 

- Bom... Já que a Malú ainda não voltou, vou passar no meu quarto para pegar algumas coisas que estou precisando e aproveitar para ligar para ela. Espero que aquela maluca não esqueça que precisamos voltar para São Paulo ainda hoje – Avisei me levantando da cadeira e colocando a Vick em seu carrinho que estava ao meu lado.
 

– Tchau bebê! Você está cada dia mais linda! Uma verdadeira gata garota! Sua mãe deve morrer de orgulho de você! – Disse para a minha afilhada que agitava os bracinhos para mim.
 

- Anita, posso fazer uma pergunta? – A Rafa interveio. Assenti com cabeça e ela seguiu em frente – É que já faz um tempo que eu, e até o Luan percebemos que você está diferente, mais... madura. Sei lá, é como se você estivesse mais confiante em relação a sua gravidez, ao mesmo tempo que está mais misteriosa. Tipo, ninguém participou de nenhum dos exames do pré-natal e tudo que se refere a esse assunto é guardado a sete chaves. E por isso eu queria saber... Aconteceu alguma coisa? Está tudo bem com a Nicole?
 

Droga! Às vezes eu odiava o fato da Rafa me conhecer tão bem! Era claro que ela ia desconfiar que eu estava escondendo alguma coisa! Durante o último mês eu tinha passado QUASE todas as informações que eu tinha sobre a Nicole para o Luan. Nós nos falávamos todos os dias, mas me faltava oportunidades para abrir o jogo com ele. Eu ainda sentia muito medo da reação do meu marido.
 

- Rafaela Prado, pensei que já estivesse bem claro que você é contratada apenas para cuidar da minha carreira. Da minha vida pessoal você pode deixar que eu tomo conta, ok? – Precisei ser grossa para desconversar. Se abrisse alguma brecha, a Rafa iria sacar tudo. 

Ela me olhou com uma expressão muito sentida, como se eu tivesse batido nela. Ai droga... Adeus missão de paz! Mas o que eu poderia fazer? A Rafa me obrigava a agir daquele jeito.
 

Tentei falar algo para me justificar, mas fui interrompida pelo Luan que tinha acabado de chegar.
 

- “Paxão”, nem acredito! Você resolveu voltar para casa! – Ele gritou abrindo os braços para mim, vindo em minha direção com um sorriso enorme no rosto.
 

- Hããã.... Na verdade, não... – Disse com a voz meio fraca sem coragem de encará-lo nos olhos.
 

- NÃO? MAS COMO NÃO? – Ele estacou no meio do caminho, abaixando os braços, o sorriso murchando completamente nos lábios.
 

Droga! Por que eu sempre estragava tudo?
 

- Eu vim para pegar as medidas do quarto da Nick e para acertar algumas coisas com a Rafa – Tentei me explicar.
 

- E você estava indo embora sem nem me esperar? Se eu não tivesse chegado agora eu nem saberia que você tinha passado por aqui? – Meu marido estava muito, mas muito bravo.
 

- Não é isso, Luan! Eu preciso conversar com você, mas preciso que seja com calma... E você está super ocupado cuidando do novo DVD e tudo o mais... – Comecei a falar rápido, mexendo as mãos ansiosas, querendo desesperadamente que ele me entendesse.
 

- Ahhh, mas é claro que nós precisamos conversar! Mas eu só falo com você quando a senhorita largar de bobeira e resolver voltar para casa – Ele gritou de volta, também muito agitado.
 

- Não Luan, é sério! A gente realmente precisa conversar – Praticamente implorei. Era agora ou nunca: Eu ia contar tudo para ele.
 

- Não quero saber, Anita! É lógico que eu quero conversar com você, mas quero fazer isso como todo marido faz com a sua esposa: em casa, tudo direitinho, como manda o figurino. Tá certo isso de ficar longe de mim não, muié! – Ele estava irredutível.
 

- Ahhhh, seu caipira teimoso! – Caminhei até ele e apontei o dedo bem no seu rosto, bufando de raiva. Era tão difícil assim me entender?
 

- Sua granfina mimada – Ele retrucou sem tirar os olhos dos meus. Atrás de nós, ainda sentada na mesa de reuniões, a Rafa acompanhava tudo com uma expressão perplexa no rosto.
 

- Quer saber? Se você não pode parar nem por um segundo para me escutar, então eu não tenho nada para fazer aqui nessa casa. Estou voltando agora mesmo para São Paulo! – Gritei decidida, antes de sair batendo o pé em direção à porta.
 

Quando estava quase alcançando a saída, senti alguém me puxando. Me desequilibrei e caí direto nos braços do meu marido que me olhava com uma expressão confusa.
 

- Espera Anita, vamos conversar direito – Ele disse com a voz séria.
 

- Ahhh, agora você quer conversar? – Me soltei do seu abraço e cruzei os braços diante dele, fazendo bico – Pois agora quem não quer falar mais nada sou eu!
 

- Ahhh Anita, porque tudo tem que ser sempre do seu jeito? – Ele me perguntou bravo.
 

- Nem tudo sempre é do meu jeito. Eu só estava pedindo que você me escutasse por cinco minutos, só isso... Mas você tem sérios problemas em me ouvir, não é mesmo? – Joguei na cara dele. Uma vez já havíamos ficado separados por causa da teimosia do Luan. Agora ele estava repetindo o mesmo erro.
 

- Você vai querer falar daquele Playboy? – Lá vinha ele com o ciúme bobo que sentia do Fiuk. Será que o meu marido ainda não tinha percebido que o Filipe era “águas passadas”?
 

- Não! Eu queria era falar sobre a nossa filha! Mas agora já mudei de ideia! Tchau Luan, a gente se vê amanhã na gravação! – Saí, batendo a porta atrás de mim, sem dar tempo do Lú falar mais nada.
 

***
Ponto de vista da Rafa - Equipe dos Entocados
 

Acordei cedo para aproveitar a carona no “Bicuço” e cheguei em São Paulo junto com o Luan. O cantor estava caindo de sono e “numa” tristeza só. Brigar com a Anita sempre deixava o Lú mal.
 

- Pô Rafinha, eu vacilei, né? Não deveria ter falado com a Ní daquele jeito. Mas é que ela me tira do sério! Tá que pariu, por que ela não volta logo para casa? – Ele desabafou na van. Junto com a gente estava o seu empresário e o seu personal trainer-barra-secretário-barra-faz tudo sentado no banco atrás de nós.
 

- Ai Luan, a Anita SEMPRE te tirou do sério e no fim vocês SEMPRE se entendem! Relaxa, que tudo vai dar certo! Vocês vão passar o dia todo juntos hoje e eu aposto que antes de irmos embora tudo já estará resolvido – Tentei tranquilizá-lo.
 

- Queria convidá-la para jantar hoje. Ela disse que queria conversar... Tô curioso para saber o que é! Será que ela vai pedir o divórcio? – O Lú me perguntou preocupado. Ahhh, os homens... Sempre tão desligados!
 

- Pelo amor de Deus, você precisa confiar no seu taco, menino! – Chamei a atenção dele – Pode apostar, o que a Any tem para te falar é algo bem delicado, mas não é nada ruim. Deve ser algum assunto relacionado à Nicole, algo que está a assustando, que ela não sabe muito bem como lidar ainda... – Expliquei.
 

- Caraca Rafa, agora você virou guru? Mãe Rafinha? – O Luan zuou com a minha cara.
 

- Não é nada disso – Ri da piada – É só que eu conheço aquela Gata Garota melhor do que ninguém.
 

Chegamos ao estúdio de gravação, localizado na zona sul de São Paulo, uma região bem nobre de São Paulo. O local já estava fervendo de gente da produção que corria para acertar os últimos detalhes. Isso porque tratava-se apenas de um comercial e algumas fotos comerciais. Imagine se eles fossem gravar um filme?! Socorro!
 

O Luan foi rapidamente levado por uma bando de maquiadoras e cabeleireiras que estavam babando por ele. Literalmente.
 

Nós ainda não tínhamos muitos detalhes do roteiro. Aliás, ninguém nem sabia quem iria dirigir o comercial! Tudo estava muito misterioso! Além disso, todos estavam muito apreensivos. Por causa dos boatos que rolavam na mídia da separação do Casal Luanita, a produção temia que a “química” entre o Luan e a Anita tivesse desaparecido. Dava para ouvir os cochichos entre os câmeras e o pessoal da equipe de iluminação. Os comentários eram sempre os mesmos: “E se os dois estiverem se divorciado mesmo?” “Se os dois estão mesmo brigados, eles vão querer ficar um ao lado do outro o dia inteiro?” “Será que o comercial vai fracassar por causa da falta de entrosamento entre os ‘garotos’-propaganda”?
 

Ri sozinha ao ouvir aqueles sussurros. Fala sério, como o povo poderia ser tão bobo? Tava na cara que a química entre eles nunca iria acabar.
 

- Rafaaaa, ô Rafinha! Vem pra cá ficar comigo... Eu... quero falar com você – Ouvi o Luan me chamar dos bastidores. A expressão dele era de puro desespero ao se ver cercado pelas “maquiadoras sanguinárias”. Definitivamente ele precisava de ajuda!
 

Fui até ele  e me sentei na cadeira ao seu lado. Uma das maquiadoras havia decidido passar pó no rosto do Lú e agora ele estava envolto em uma verdadeira nuvem de maquiagem branca. A cena seria cômica se não fosse deprimente.
 

Começamos a conversar, especulando sobre como seria o comercial e quem iria dirigi-lo. Enquanto falávamos, eu ia mexendo no meu Instagram. Eu tinha vários seguidores por causa do meu livro, por causa das fãs que buscavam notícias da Anita e do Luan e até mesmo porque algumas meninas queriam copiar os meus looks. Eu amava ver o que as pessoas estavam falando sobre mim!
 

- Ai meu Deus, eu não acredito! – Exclamei surpresa ao checar a minha lista de seguidores.
 

- Que foi, Rafa? Aconteceu alguma coisa? – O Luan ficou preocupado.
 

- O Pato! Ele me seguiu no Instagram e curtiu várias das minhas fotos – Eu parecia uma menina de 15 anos feliz porque o garoto de quem gostava havia olhado para ela durante o recreio.
 

- Ahhh, lá vem esse Marreco! Até você caiu na desse cara? – O cantor fez bico antes de receber mais uma rodada de pó no rosto e ficar perdido em uma “nuvem branca”.
 

-Eu não cai na de ninguém... É que... ele é diferente. Não sei como, só sei que é... – Eu disse. A questão era que eu nunca havia sentido nada parecido por ninguém. O Caio foi na minha vida o meu amor de adolescente, aquele por quem fazemos loucuras e achamos que tudo vale a pena. Já o Murilo foi um amor tranquilo. Nós nos envolvemos, ficamos, casamos, tivemos uma filha, mas agora... Era como se não fizesse mais sentido. Ele não me aceitava como eu era - cheia de compromissos e preocupada em ajudar todos aqueles que eu amava – então porque insistir em ficar ao lado dele? O Pato era realmente diferente. Era algo de pele. Não dava para explicar, mas meu coração disparava quando ele chegava perto e eu passava o dia imaginando mil e uma maneiras de me encontrar com ele de novo.
 

- Ahhh não Rafinha, não vem me dizer que você está afim dele... Ó, já vou avisando que não gosto desse cara! Ele estava dando em cima da Anita e quando eu perguntei para ela o que estava rolando entre os dois a Ní desconversou e não me respondeu – O Lú foi logo me contando tudo, sem fazer cerimônias e sem se importar que estávamos cercados de pessoas desconhecidas.

- O quê? Ele está dando em cima da Anita? – Quase cai da cadeira ao ouvir aquilo.
 

- Alguém aí falou o meu nome? – A própria Anita apareceu atrás de nós com cara de “poucos amigos” acompanhada pela Malú.
 

Pelo espelho o Luan encarou a esposa que sustentou o seu olhar de maneira firme. Dava para ver que ambos ainda estavam magoados por causa da briga no dia anterior. Eles ficaram se encarando por alguns segundos sem falar nada e por um instante eu temi que o medo do pessoal da produção fizesse sentido: E se aqueles dois não se entendessem? Como empresária da Anita eu temia pelo futuro do comercial e da sua carreira. Como amiga do casal eu tinha medo do que iria acontecer com o casamento dos dois.

 Respirei fundo.Tudo poderia acontecer durante a gravação daquele comercial.

 ______________________________

Notas finais: Vixi, e agora? Acho que essa gravação promete, hein?

E aí? Será que o casal Luanita vai se acertar ou será que o comercial vai fracassar?

E quem será esse diretor misterioso?

E quando a Any vai contar a verdade para o Luan?

E a Rafa e o Pato? E a Malú, Will e André? E o Faísca?

Ahhhh, essa Trupe ainda me enlouquece! kkkkkk

Façam suas apostas que a Quarta Temporada de AGeOC tá pegando fogo!

Beijão meninas! A gente se vê no próximo cap!

*** Bora pro próximo capítulo? Então clique aqui

(*)

E não esqueçam:

Segue no Twitter pra gente "prosear" - https://twitter.com/Manudantas_diz 

(Quem quiser receber avisos de capítulos novos dá um grito no Twitter que eu te coloco na Lista)

Adiciona no Facebook - http://www.facebook.com/manuela.dantas.585

Participe do nosso grupo no Facebook - http://www.facebook.com/groups/605737802783882/

Tire suas dúvidas no Ask - http://ask.fm/Manudantasdiz