Notas iniciais: Todo mundo pronto para o Grito de Carnaval do Gueto? Só digo uma coisa:
o capítulo está babado, confusão e gritaria! Aproveitem e lá embaixo tem
recadinho, ok?
***Dedicado especialmente para Kamis
que aguentou firme a espera e não me matou! Hahahaha
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- Atrasada como sempre, né Gabriela? – Marília já foi logo me acusando
assim que entrei no Gueto. Porém, mesmo se fingindo de irritada, ela não
conseguiu disfarçar o olhar de surpresa ao me ver. Ponto para mim! Pelo jeito
minha superprodução estava funcionando.
Antes de responder, lancei um olhar rápido na direção delas. A Mari
estava bonita como Rainha Elsa – sua maquiagem estava perfeita. Eu seria capaz
de apostar que não fora ela quem fizera. A Nathy estava de bruxa enquanto a Mel
havia escolhido uma fantasia de Sininho. Mais sem originalidade impossível... -
Sim, mas eu tenho um bom motivo. A Cá não comentou da viagem de uma última hora
que minha mãe inventou? – me justifiquei mais por etiqueta do que por vontade.
A minha paciência com a Marília já estava por um tris.
- É ela comentou – a loira informou em tom de desdém – A sorte que a
Natália e as outras meninas vieram ajudar, porque com você a gente nunca pode
contar, né?
Nunca pode conter comigo? Como assim? Eu sempre ajudava a organizar todas
as festas e ficava para limpar a bagunça que sobrava no dia seguinte. Isso sem
falar em todas as vezes que ela se meteu em enrascadas e eu sempre ajudava com
a maior boa vontade. Quem a Marília era vir jogar na minha cara algo daquele
tipo?
- Vem, Gabs. Se elas já fizeram o trabalho duro, melhor pra gente. Assim
você não precisa estragar a sua roupinha de sereia – Alê puxou meu braço com um
sorrisinho cínico no rosto. Vibrei por dentro com aquela resposta. Com uma
única frase ele colocou a Mari em seu devido lugar.
- Na verdade, tenho uma missão para vocês dois – Carol interferiu para
tentar quebrar o clima – Preciso que alguém me ajude a pendurar aqueles
enfeites ali – apontou para uma caixa de papelão que estava em um canto.
- Opa, é pra já! Eu te ajudo – Alê se ofereceu de pronto. Peguei a caixa
e saímos para o corredor, conversando animados enquanto o Alê subia em um balde
e pregava cartolinas recortadas em formato de máscaras de Carnaval nas paredes
e pendurava linhas com pedaços coloridos de papel. Tudo era muito divertido,
combinando com o clima da festa.
Quando terminamos, pegamos uma cerveja e ficamos lá fora conversando. Eu
não estava afim de voltar para dentro e encarar o mau humor da Mari. Enquanto a
Cá reclamava do Caio e o Alê ouvia, dava conselhos e, claro, não perdia a
chance de criticá-lo, eu me dediquei a descobrir por onde andava o Edu.
Descobri que ele e a mãe foram buscar o pai no aeroporto e já
aproveitaram e passaram na casa do irmão. Dependendo do horário que eles
chegassem em Guarema, ele viria para a festa. O carioca começou a comentar
sobre o pai e o irmão e acabei mudando de assunto, guardando minha ansiedade
para mim. Apenas cruzei os dedos e torci para que tudo desse certo...
***
Lá pelas dez horas, o Caio e sua turma chegou, iniciando oficialmente o
Grito de Carnaval do Gueto. Como os pais da Carol haviam viajado para a praia,
estávamos liberados para ligar o som em volume máximo. Pegamos os petiscos na
cozinha e liberamos as bebidas que a empregada da casa havia comprado – como
não tínhamos idade suficiente, fizemos um acordo com a Neide: ela comprava as
bebidas e nós a deixávamos levar uma parte para casa.
Tentei me animar e entrar no clima da comemoração, mas não tinha jeito.
A cada dez minutos eu olhava o celular esperando uma nova mensagem do Edu. Já
fazia um tempo que ele havia parado de me responder e achei melhor não
insistir. Não queria bancar a chata que fica falando que nem uma tagarela mesmo
sabendo que ele está em um jantar com a família.
Quando não consegui mais me segurar, perguntei novamente se ele viria.
Foi o tempo de dar um gole na minha cerveja para a resposta aparecer na tela.
“Gabi, não sei se vai rolar aparecer aí. Estou saindo agora de São
Paulo, mas não tenho fantasia”.
Não tem fantasia? Como assim? Fazia duas semanas que não falávamos em
outra coisa a não ser naquela festa e ele nem teve o trabalho de pensar em algo
para vestir? Senti a raiva e a frustração tomarem conta de mim. Não dava para
acreditar que havia feito milhares de planos para impressioná-lo enquanto ele
não estava nem aí.
“Não tem problema. Improvisa alguma coisa. Com certeza o Alê ainda tem
uma das fantasias que ele usou no ano passado”.
Mesmo decepcionada, insisti para que ele aparecesse. Eu precisava dele
ali. Era um sentimento inexplicável que crescia dentro de mim e que que só ia sossegar quando soubesse que tudo
estava bem entre a gente.
“Ahh, nem vai rolar. Vai estar todo mundo arrumado e só eu mulambento?
Deixa quieto. Aproveita a sua festa aí”.
Aproveita a sua festa? Isso era uma dispensa?
Senti vontade de atirar o celular longe, tamanho o ódio que estava
sentindo do Edu. Precisei respirar fundo várias vezes para voltar ao normal e
fazer uma última tentativa.
“Nossa, vai perder a festa? O Grito de Carnaval já começou aqui e está
bombando. A noite promete!”.
Esperei alguns minutos até que a resposta chegasse.
“Nem gosto tanto assim de Carnaval... Acho que vou aproveitar em casa
mesmo”.
Aquilo foi o fim para mim. Declarei a batalha como perdida antes mesmo
dela começar. Digitei um “então aproveite
aí sozinho” e corri para o banheiro para que ninguém visse meus olhos
cheios de lágrimas. Não dava para acreditar no que estava acontecendo! Por que
o Edu fazia aquilo? Por que ele insistia em se manter tão distante?
Apoiei as mãos na pia e encarei a minha imagem no espelho fixado na
parede. Eu me sentia a pessoa mais fracassada do mundo. E o pior: ainda teria
que fingir que estava tudo bem até o fim da festa para não dar bandeira que
estava triste. Era difícil acreditar na armadilha que eu mesma havia me metido!
Como pude ser tão boba a ponto de fazer tantos planos acreditando que o Edu
sentia algo por mim?
Senti uma lágrima correr pelo meu rosto anunciando a represa de tristeza
que estava prestes a estourar dentro de mim. Fechei os olhos e respirei fundo
várias vezes até conseguir voltar ao normal e segurar o choro. Apesar da dor no
coração, eu precisava manter o controle. Não era hora de fraquejar. Eu teria
quatro dias na Bahia para me recuperar do “baque”, mas naquela noite eu
manteria de pé. Eu precisava ser forte, não havia outra escolha.
Reunindo forças de onde nem sabia que tinha, limpei o rosto com um
pedaço de papel agradecendo mentalmente por o rímel não ter borrado e deixei o
banheiro. Mal dei dois passos quando ouvi alguém me chamar.
- Gabi, como você está linda! Nossa, adorei a sua fantasia de sereia! –
um garoto alto com cabelos castanhos veio até mim para me cumprimentar com um
beijo no rosto.
Demorei alguns segundos para lembrar quem era - Ahh, você é o Felipe,
né? Amigo do Caio, que estava na noite da pizza... – eu devia estar tão focada
no celular e nas respostas do Edu que mal notei que ele estava presente na
festa.
- Isso! Que bom que lembrou de mim. Naquele dia nem tivemos muito tempo
para conversar – ele se animou todo com o fato de eu ter me lembrado.
- Pois é... Eu fiquei jogando truco com o pessoal e logo depois fui
embora... – disse qualquer coisa só para desconversar. Achei melhor não falar que,
na verdade, eu não falei com ele porque não senti a mínima vontade.
- Nossa, você foi embora muito cedo mesmo. Tinha acontecido alguma
coisa? – seu tom era preocupado, como se fossemos amigos muito íntimos.
Precisei segurar a vontade de rir. Um garoto, quando estavam interessados em
você, podia ser muito cara de pau...
- Não, não... Eu só estava cansada por causa dos ensaios – expliquei.
- Ahh é, a apresentação! Eu vi a matéria que a TV local fez. Cara, você
estava incrível como Julieta. De verdade mesmo, eu adorei – seu tom continuava
entusiasmado, como se estivesse falando com uma atriz de cinema.
- Ahh, obrigada – respondi, um pouco sem jeito – A peça foi muito bacana
mesmo. E teve uma repercussão bem legal. Recebemos até convites para participar
de festivais em outras cidades.
- Uaau, que massa! Você deve estar super feliz, né? Mas e aí? Vocês vão
aceitar esses convites?
Eu não estava muito afim de papo, mas a simpatia do garoto acabou me
convencendo. Passei a responder suas perguntas e a conversa acabou rolando de
forma natural. Contei sobre a vontade de fazer intercâmbio e do desejo da minha
mãe que eu seguisse carreira como bailarina ou cursasse algo relacionado à
dança na faculdade. Ele também dividiu seus planos comigo: queria ser biólogo e
cuidar de animais selvagens, do tipo que passa dias na floresta investigando o
comportamento de macacos. Algo bem exótico, não pude deixar de pensar.
Pelo canto do olho, percebi que a Mari e a Nathy não paravam de olhar na
nossa direção e fazer comentários. Na certa estavam torcendo para o Felipe
conseguir me conquistar para que saísse do caminho do Edu. Mal sabiam elas que
eu já era carta fora do baralho e que fui descartada pelo próprio carioca...
O garoto buscou uma cerveja para nós e continuamos conversando animados.
Do outro lado da festa, reparei que as coisas também não iam bem para a Carol.
Ela estava conversando com o Alê com o olhar triste enquanto meu amigo a
consolava segurando sua mão e falando algo que eu não conseguia entender. Não
pude deixar de reparar no carinho com o qual o skatista olhava para a Cá.
Parecia que era ele quem estava sofrendo, e não ela. Eu estava tão acostumada a
ver o primo do Edu rindo e fazendo piadas que estranhei esse seu jeito mais
“maduro” e atencioso. Aquele garoto não parava de me surpreender.
Passei o olhar pelo restante da festa à procura do Caio. Na certa aquele
cretino devia estar aprontando algo! Olhei para a mesa de truco onde as garotas
e outros convidados estavam e nada! Para a mesa onde estavam as comidas. Nada!
Para o isopor com as bebidas. Nada! Foi quando meu olhar passou pela porta que
eu vi. Loiro, alto, olhos verdes cativantes. O Edu acabava de cruzar a entrada,
o olhar fixo em mim e no Felipe. Para completar a surpresa, estava vestido de
pirata: chapéu preto com um lenço vermelho amarrado na cabeça, camisa branca um
pouco mais larga, cinto de couro grande, colete, calça e botas pretas. Como ele
conseguira uma fantasia? E por que logo de pirata? Será que tinha alguma coisa
a ver com a minha?
- E aí? Tudo certo? – ele se aproximou para me cumprimentar com dois
beijos.
- Ué, decidiu vir? – não consegui disfarçar a ironia na voz. Eu ainda
estava muito chateada com ele.
- É, ouvi dizer que seria imperdível... – ele retrucou em tom sarcástico
me olhando de uma maneira um pouco afetada demais. O que ele quis insinuar com
aquilo?
- E aí, cara? Tudo bem? – o carioca estendeu a mão para o Felipe sem
muito ânimo antes de resmungar qualquer coisa e se afastar de nós.
Fiquei com cara de “perdida”, tentando entender o que estava
acontecendo.
- Hããã... Gabi – o Felipe me cutucou de leve – Acho que o Alê está te
chamando.
Olhei para frente e vi o skatista e a Gabi balançando os braços como
loucos para tentar chamar minha atenção. Mexi os ombros como quem diz “o que foi?”
e vi o Alê apontando para o celular freneticamente. Os dois estavam tão
eufóricos que nem parecia que há cinco minutos a Carol estava na maior “bad”.
Olhei para a tela do iPhone e vi que havia um Whats do skatista.
Precisei segurar o riso quando terminei de ler:
“Gabi, aconteça o que acontecer, fique aí falando com o Felipe. Inventa
alguma história, troquem receita de bolo, mas não deixa ele sair de perto de
você! Aliás, para de fugir do rapaz! Deixa ele encostar no seu braço de vez em
quando, ele não morde!
Lancei um olhar divertido na direção deles antes de responder:
“Tá, tudo bem. Mas por que?”
Da onde estavam eles soltaram um grito para me zuar. Na certa, eles
achavam que a resposta estava óbvia.
“Não viu a cara que o Edu fez quando te viu conversando com o nerd aí?
Está na cara que ele está com ciúmes. Você só precisa provocá-lo um pouco
mais.”
Guardei o celular depois que li a resposta para não chamar a atenção do
Felipe. Depois me lembrei do conselho que o Alê me deu no carro: eu precisava
desafiar o carioca, tirá-lo do seu lugar comum. Seguindo essa linha de
raciocínio, o plano dos dois era perfeito.
Sentindo uma nova esperança surgir no meu coração, me concentrei ainda
mais na conversa com o Felipe. Ele começou a contar sobre como eram as coisas
na sua escola e sobre a preparação para o vestibular enquanto eu fazia o
possível para parar de “fugir” dele, como o Alê aconselhara.
Não demorou muito para o Fê perceber que havia algo diferente e se
aproveitar do “espaço” que abri. Sempre que podia, ele passava a mão suavemente
pela minha e teve até um momento que chegou mais perto para afastar uma mecha
de cabelo que caíra sobre o meu rosto. Fiz o possível para não evitar esses
gestos mais carinhosos, já que o meu primeiro instinto era me afastar. Se
aproveitando ainda mais da situação, o Felipe passou a me chamar de linda e fez
vários elogios sobre a minha fantasia.
De relance, eu via o Edu passando de um lado para o outro, demorando
mais que o necessário quando se aproximava de nós. Ele disfarçava, fingia estar
interessado em algo, mas sempre acaba lançando um olhar na nossa direção como
se quisesse saber como estava a situação. Sempre que isso acontecia, o Alê e a
Cá faziam um gesto de positivo, me incentivando a continuar. Tentei achar a
Marília e a Nathália, mas elas não estavam perto da gente. Na certa, haviam
mudado o foco de mim para o carioca.
Porém, quanto mais eu ficava perto do Felipe, mais incomodada eu me
sentia. Aquele garoto, que mal me conhecia, não se importava em ficar ao meu
lado durante toda a festa e não parava de tentar me “mimar”, fazendo o possível
para chamar minha atenção. O Edu, no entanto, agia de forma totalmente
contrária. Só me tocava quando estávamos sozinhos, quase nunca me elogiava ou
fazia algum tipo de esforço para ficar comigo. Comparando um com o outro,
cheguei à conclusão que a minha situação com o carioca era ainda mais
complicada do que eu imaginava.
- Está calor aqui dentro, né? O que acha de ir lá fora? – ele perguntou
de maneira sutil, tentando disfarçar suas segundas intenções.
Ai meu Deus! E agora?
- Huum... Acho que preciso ir no banheiro primeiro. Bebi cerveja demais
– o que, de fato, era verdade. Durante todo o tempo que conversamos eu estava
com o meu copo na mão.
- Quer que eu te acompanhe?
Sério mesmo que ele seria mala aquele ponto?
- Não, imagina! Não precisa se incomodar. Eu também preciso ver se a Cá
está precisando de ajuda com alguma coisa. Não sei se você sabe, mas eu ajudo a
organizar a festa – arrumei uma desculpa qualquer – Mas a gente volta a se
falar mais tarde, pode ser? – pisquei tentando parecer que tinha algum
interesse nele. Não quis dispensá-lo totalmente. Afinal, ainda poderia precisar
do garoto.
Me afastei com um sorriso muito falso no rosto e fui até o banheiro.
Quando saí, a Cá já estava por ali, na certa só me esperando.
- Por que você saiu de lá? – questionou em tom acusatório.
- Porque ele me chamou para ir lá fora. E você sabe que não vai rolar
ficar com ele – respondi enquanto olhava ao redor. A festa estava pegando fogo:
muitas pessoas dançavam e conversavam e a mesa de truco estava a todo vapor.
Não vi nenhum sinal do Edu e da Mari. Aquilo seria um mal sinal? Balancei a
cabeça, tentando não pirar – Bom, eu dei a desculpa que iria te ajudar a
organizar a festa. Então acho que agora precisamos fazer alguma coisa do tipo,
para disfarçar – sugeri.
- Até que não é uma má ideia! A cerveja está mesmo acabando. Vem, vamos pegar
mais – ela chamou, já caminhando em direção a casa.
No caminho, encontramos o Alê que já veio na minha direção com a mão
levantada – Toca aí, sereia! Arrasou! Meu primo está pirando de ciúme!
- Bem feito! Ele fica vacilando! É bom para aprender que, se não der
valor, vai perder a nossa sereia aqui – a Carol emendou.
Caminhamos até a cozinha e começamos a pegar as cervejas da geladeira.
Eu e a Carol acomodávamos as latas em vasilhas e o Alê levava até o isopor com
gelo localizado na entrada do Gueto. A conversa estava animada e o assunto
principal era os acontecimentos da festa: que estava ficando com quem e coisas
do tipo.
- Vocês estão precisando de ajuda? – alguém perguntou. Nem precisei me
virar para saber que o Edu estava parado na porta, nos encarando.
- Pô primo, toda ajuda é bem-vinda! Até porque abastecer esse pessoal
com cerveja está quase impossível – o Alê confirmou todas as minhas
expectativas.
O carioca se juntou a nós e rapidamente terminamos o serviço. Para
completar, colocamos mais alguns salgadinhos e lanches na mesa e
disponibilizamos mais uma garrafa de vodka para o pessoal.
- Pronto! Agora a festa pode rolar até amanhã de manhã – o skatista
brincou – Achava digno a gente aproveitar um pouco agora, né? Já trabalhamos
bastante!
- Bora tomar uma cerveja, então? – foi a vez do Edu entrar na conversa.
Voltamos para a festa e arrumamos um canto para ficar. Mal abrimos as
nossas latinhas, o Caio apareceu do nosso lado.
- Carol, posso falar com você? – seu tom era de quem já havia bebido um
pouco além da conta.
- Eu não tenho mais nada para falar com você – ela retrucou com a cara
fechada.
Fiquei impressionada. Nunca tinha visto a Cá falar daquele jeito com
alguém.
- Deixa de ser boba! Chega aí, vamos conversar - ele insistiu.
- Cara, deixa ela aqui. Na boa... – o Alê interviu querendo defender a
morena.
O Caio apenas deu de ombros antes de afastar, como se não fizesse
diferença.
- O que está acontecendo aqui? Alguém pode me explicar? – minha
curiosidade já estava a mil.
- Nós terminamos... – a Cá disse tentando não transparecer o quanto
estava magoada.
- O que nunca começou, diga-se de passagem – meu amigo não perdeu a
chance de alfinetar.
- Peraí... Mas o que rolava entre vocês, afinal? Nunca entendi esse
lance direito – o carioca perguntou enquanto eu lançava um olhar de censura em
direção ao Alê. Não era hora de pegar no pé dela. Poderíamos zuá-la quando a Cá
estivesse melhorzinha.
- Nós ficávamos. Tipo, sem compromisso, saca? Só que eu acabei me
envolvendo, mas ele não queria nada sério. Já fazia um tempo que estávamos
nessa briga de eu querer que ele me levasse mais a sério e só levar fora como
resposta. Aí hoje ele chegou e pediu para terminar porque queria curtir o
Carnaval de boa. Disse que seria melhor assim – ela contou com a voz triste.
- Caramba! Ele teve a cara de pau de terminar com você e ainda ficar na
sua festa? Bem que meu primo fala que esse cara não vale nada – Edu mexeu as
mãos de modo indignado.
- É complicado isso. Por isso eu acho o seguinte: se a pessoa não está
afim, é melhor chegar logo e falar. Esse negócio de ficar enrolando não está
com nada – aproveitei para soltar a indireta. Senti que acertei o alvo quando o
Edu me olhou de forma estranha, como se estivesse pensando sobre o assunto.
- É, eu concordo com você. Mas acho que não foi esse o caso. Fui eu que
me iludi mesmo... – minha amiga disse de forma bem desanimada.
- Carol, você pode vir aqui, por favor? – a Mari apareceu do nada
parecendo bastante contrariada.
- O que aconteceu, Má?
- Quero falar com você, em particular – ela enfatizou a última parte.
- Tá, vai lá na cozinha que já vou indo – a morena revirou os olhos,
impaciente.
- Te dou um doce se você adivinhar o que ela vai falar – a Cá disse olhando
para mim depois que a Mari se afastou.
- Sobre o assunto predileto dela nos últimos tempos – foi a minha vez de
revirar os olhos. Eu poderia apostar que eu era a pauta principal daquela
conversa.
- Ahh não, eu vou lá com você. Não é justo ela ficar de “mimimi” justo
no Carnaval. Não, não! Eu vou lá e vou colocá-la em seu devido lugar – o
skatista disse, decidido.
Contrariada, a Carol deixou sua latinha em um banco ali perto e saiu de
perto de nós, seguida pelo Alê.
Ficamos só eu e o Edu, um olhando para o outro sem falar nada. Ele
parecia incomodado o que me fez pensar se ele estava refletindo sobre a
indireta que soltei um pouco antes.
- Você disse que não tinha fantasia. Onde arrumou essa? – minha
curiosidade falou mais alto e acabei perguntando.
- Paramos em um shopping em São Paulo que tinha uma loja vendendo
fantasias. Aí aproveitei e comprei – ele explicou depois de dar um gole na sua
bebida.
- Ahhh, que sorte – comentei. Fiquei tentada a perguntar se ele
escolhera aquela para combinar com a minha, mas me contive. Conhecendo o Edu
como eu conhecia, eu sabia que ele não iria dar o braço a torcer – E seu pai e
irmão? Estão bem?
- Estão bem, sim. Foi muito bom vê-los. Estava com saudade – a resposta
foi curta e grossa.
Ok, agora era oficial: ele estava bravo. Restava descobrir com o quê.
- Ahh, olha lá seu amigo – ele apontou para o Felipe que passava por ali
olhando fixamente para nós, sem nem disfarçar – Não vai falar com ele?
Ahhh, então era isso? Um sorrisinho convencido brotou nos meus
lábios quando percebi que ele estava com ciúme.
- Ele não é meu amigo. Nós só estávamos conversando... O Fê já fez um
intercâmbio e estava me dando umas dicas – fiz questão de usar o apelido do
Felipe, só para demonstrar uma intimidade que não existia.
- Ahã, percebi mesmo como vocês estavam se dando bem – ele mexeu a boca,
gesto que eu sabia que significava que estava contrariado – Mas é sério, Gabi.
Se quiser ir lá falar com ele, pode ir. Não quero atrapalhar a sua festa.
Foi inevitável não rir. Era quase impossível acreditar que o Edu, que
sempre se achava o “bonzão”, estava no meio de uma crise de insegurança ali,
bem na minha frente. Ao perceber que eu estava me divertindo com a situação, o
carioca fechou ainda mais a cara, o que só me deixou com ainda mais vontade de
rir.
Respirando fundo, me posicionei na sua frente e olhei fixamente para ele
– Quer deixar de ser bobo, Eduardo? Por que você atrapalharia a minha festa?
Não lembra que fui quem pedi para você vir?
- Ahh, não sei, né? Talvez você queira aproveitar o Carnaval, esse clima
de todo mundo pega todo mundo... – ele deu de ombros evitando olhar pra mim.
- Nossa, tenho cara de quem sai por aí pegando todo mundo? – me fiz de
ofendida – Eduardo, vou repetir: quer fazer o favor de parar de ser bobo? Não
tem nada a ver isso que você está falando... – disse em tom carinhoso, para que
ele percebesse que estava falando sério.
Ele não respondeu nada. Apenas virou sua cerveja, terminando de beber
todo o seu conteúdo e deixando a lata de lado. Ficamos em silêncio mais uma
vez, um olhando para o outro, menos de um metro separando meu corpo do dele.
Em ocasiões normais, eu não ultrapassaria aquele limite a não ser que
ele pedisse. Mas eu tinha uma meta a cumprir naquela noite. Por isso, resolvi
usar o exemplo do Felipe e partir para o ataque.
- Eu não quero pegar todo mundo... – passei a minha mão sobre a sua,
chegando mais perto – Até porque, não sei se você sabe, mas as sereias sempre
são atraídas pelos piratas – inventei a história na maior cara de pau.
O plano deu certo. Um meio sorriso surgiu no seu rosto, mas ele
permaneceu quieto. Droga! Por que o Edu tinha que ser tão difícil?
- Me ajuda a terminar de beber? Não aguento mais essa cerveja... – pedi,
dessa vez passando a mão pela sua mão e subindo um pouco pelo seu braço.
- Tá fraquinha hoje, hein? – ele brincou, pegando a minha latinha.
Embora não retribuísse o meu gesto, ele também não me evitava. Concluí que isso
era um bom sinal.
- Não é isso... É que não quero beber muito hoje. Amanhã vou acordar
cedo para ir para o aeroporto e não quero chegar na Bahia de ressaca... –
expliquei.
- Bahia? – questionou com um interesse renovado em mim.
- Minha mãe inventou uma viagem de última hora para o Club Med na Bahia.
Vamos amanhã e voltamos só na terça-feira.
- Sério? – ele fechou a expressão. Será que vinha mais uma crise de
ciúme por aí? – Pensei que você ia ficar por aqui...
Huum... Ele estava insinuando que sentiria a minha falta?
- Eu também pensei, mas dona Beatriz resolveu mudar os planos – fiz
biquinho - Mas a gente ainda tem hoje para aproveitar... – decidi usar a
situação a meu favor para ousar um pouco mais: dei mais um passo, diminuindo
consideravelmente a distância entre nós, e estiquei o braço para acariciar o
seu rosto.
Ao meu toque, ele fechou os olhos rapidamente. Quando abriu, cravou os
dois rubis esverdeados em mim, tirando todo meu fôlego.
- Acho essa uma ótima ideia – sua voz rouca me fez estremecer de leve.
Respirei fundo. Agora era tudo ou nada. Se eu pretendia fazer algo para
“fisgar” o Edu de vez, aquele era o momento.
- E como a gente pode fazer isso? – falei de modo um pouco mais
insinuante, torcendo para que soasse de forma sedutora. Depois dei mais um
passo, eliminando de vez a distância entre nós, e apoiei a mão no seu peito.
- Não sei, você tem alguma ideia? – ele permaneceu imóvel, mas seu tom e
os olhos fixados em mim insinuavam que ele mesmo tinha muitas ideias sobre o
que fazer.
Fiquei em silêncio analisando a situação. Uma parte de mim queria
desesperadamente que ele me abraçasse, colocasse a mão na minha cintura, que
fizesse algo que demonstrasse algum interesse. Era muito difícil lidar com
aquela postura fechada e misteriosa. Todos seus movimentos eram praticamente
indecifráveis. Ele dava pistas confusas, ora deixando entender que gostava de
mim, ora que estava só brincando comigo.
Porém, o calor do meu corpo contra o dele, o toque da minha mão contra a
sua pele, seus olhos verdes brilhando de expectativa, a música, meu coração
disparado dentro do peito... Tudo isso falou mais alto. Me enchi de coragem e
aproximei meu rosto do dele, ficando a poucos centímetros da sua boca. Com o
corpo tremendo, fechei os olhos e pressionei os meus lábios contra o dele de
forma suave, como se estivesse pedindo permissão para ir adiante.
Segundos depois ele passou o braço pela minha cintura, me puxando para
ainda mais perto. O beijo começou de maneira delicada, mas foi aumentando de
intensidade conforme eu deslizava as mãos pelas suas costas e acariciava o seu
cabelo. Ele também aproveitava para desbravar o meu corpo, me segurando pela
nuca e dando leves puxões no meu cabelo de vez em quando. Em certo momento,
ouvi o barulho da latinha que ele tinha nas mãos caindo no chão, deixando-o com
as duas mãos livres.
Eu estava completamente ciente que havíamos nos tornado o centro das
atenções. E por mais que odiasse chamar a atenção, eu não estava me importando.
Era tão bom ficar com o Edu! A química que rolava entre a gente, a forma como
nos encaixávamos tão perfeitamente... Sem falar no fato de finalmente ficarmos
juntos em público. Para mim, era uma verdadeira conquista! Talvez agora as
coisas começassem a fluir de maneira mais fácil, sem tantas dúvidas e medos.
Ficamos mais um tempo juntos, conversando e trocando beijos, uma de suas
mãos na minha cintura. A sensação de alegria que tomava conta de mim era tão
grande que eu desconfiava que seria capaz de sair flutuando por aí.
- Preciso dar um pulo no banheiro. Você me espera aqui?
- Claro, vai lá – respondi – Acho que vou aproveitar para ir também.
Preciso dar uma olhada na minha maquiagem...
- Aff, para de bobagem. Está ótimo assim... – mexeu as mãos demonstrando
que aquilo não tinha importância.
- Falou o cara que manja tudo de make up – falei de modo brincalhão –
Vai por mim, é melhor dar uma checada. E você – coloquei a mão no seu rosto –
melhor limpar o rosto também. Tem um monte de glitter da minha sombra aqui, ó –
esfreguei os dedos de leve pela lateral do seu rosto, rindo da situação.
- Vixi, melhor eu ir logo, então... Não quero ficar brilhando por aí...
Assim que ele saiu, me virei para subir até o quarto da Carol. Eu sabia
que encontraria tudo o que precisaria por lá, incluindo a minha bolsa. Logo que me viram cruzando o Gueto, Alê e Carol vieram em
minha direção. Os dois pareciam estar bem “animadinhos”.
- Tá ouvindo a música? – ela praticamente gritou, o entusiasmo brilhando
nos seus olhos.
- Que música? – perguntei sorrindo, já imaginando a resposta.
- A de você sambando na cara das inimigas – ela riu fazendo todo mundo
cair na gargalhada.
- Aêê sereia, conseguiu fisgar o pirata! – Alê comemorou com uma
dancinha duvidosa.
- Não seria o contrário: o pirata fisgou a sereia? – a Cá questionou.
- Vem cá, o que vocês andaram bebendo? – perguntei enquanto caminhava
para o interior da casa com os dois no meu encalço.
- Shots de tequila! – responderam juntos em ritmo cantado antes de
caírem na risada.
- Vocês dois estão muito amiguinhos essa noite, hein?
Tudo bem que eles sempre se deram bem, mas eu sentia algo diferente no
ar. Só não sabia dizer o quê.
- Estamos comemorando! Sabe por quê? – Alê apontou para mim tentando
fixar o dedo na minha direção, sem muito sucesso – Porque até um pé na bunda te
põe para frente. Ou seja, a Carol assumiu a dianteira essa noite – ele completou
caindo na risada como se aquele comentário fosse muito engraçado.
Nota mental: nunca mais deixar aquela dupla sozinha com uma garrafa de
tequila.
Seguimos todos até o quarto da Carol e enquanto eu pegava o rímel da
minha amiga emprestado para dar um up na minha maquiagem, ela e o Alê faziam
guerra de travesseiros no quarto. Tentei entrar no meio para interromper a
bagunça, mas não adiantou. Acabei levando alguns golpes até que finalmente
consegui colocar “ordem” no lugar e convencê-los a voltar para a festa.
Desci as escadas e segui até o Gueto rindo sem parar da palhaçada dos
dois. Eles estavam impossíveis fazendo uma piada atrás da outra. Porém, meu
ânimo mudou quando cheguei na festa e vi a Mari em um canto conversando com o
Edu. Ela mexia as mãos sem parar e passava a mão pelos cabelos parecendo
ansiosa enquanto o carioca apenas escutava com os braços cruzados e jeito de
entediado.
- Droga, o que ela está fazendo com ele? – senti meu corpo ficar tenso e
a raiva tomar conta de mim. Tudo que eu queria era ir até lá e tirar o Edu de
perto daquela víbora.
- Calma! Aguenta firme! – a Cá disse, como se estivesse adivinhando meus
pensamentos – Seja superior. Enquanto ela tenta te prejudicar, nós – mexeu os
dedos para indicar nós três – vamos para a pista dançar. Depois, quando ela
cansar, você vai até lá e pega o seu boy de volta mostrando todo o seu poder de
sereia, combinado?
Assenti com a cabeça, fazendo um tremendo esforço para me controlar. Eu
sabia que a minha amiga estava certa. Me rebaixar ao nível da Mari seria fazer
o jogo dela e isso era exatamente o que eu não queria. E no final das contas, o
jogo estava a meu favor. Se alguém tinha motivo para desconfiar que eu não
estava na parada pelo Edu, agora não tinha mais.
Os dois me puxaram para a pista improvisada no meio do Gueto e começamos
a dançar junto com as outras pessoas. Alguém tinha colocado funk para tocar e a
minha dupla “tequileira” começou a causar na pista, dançando até o chão e se
divertindo muito. Mesmo contrariada, entrei no ritmo e tentei me divertir. Mas
claro que eu não conseguia tirar o olho do lugar onde a Mari estava com o Edu.
Fiz o máximo que pude para relaxar e curtir a música, mas não consegui
me segurar por muito tempo. A raiva e o descontentamento com aquela situação
foram ganhando força e dominando, igual algo cozinhando em uma panela de
pressão. Se eu não saísse dali, com certeza explodiria.
Vários pensamentos passavam pela minha mente, me deixando cada vez mais
frustrada. Poxa, se eu queria ficar com o cara, então por que eu não podia ir
até lá e simplesmente ficar com ele? Por que eu precisava ficar a mercê
daqueles joguinhos bobos e cansativos? E o principal: se ele queria ficar
comigo, por que não deixava a Mari falando sozinha de uma vez?
Cansada daquela confusão, subi para pegar minha bolsa e voltei para a
festa determinada a ir embora. Ainda era cedo, quase duas da manhã, mas não
aguentava mais aquele lugar. Passei pela Carol e pelo Alê e me despedi
rapidamente. Animados como estavam, eles nem me deram atenção. No mínimo não
entenderam que eu estava indo embora de verdade.
Deixei os dois para lá e foquei no meu próximo objetivo. Com a raiva
pulsando nas veias, segui em direção à loira.
- Tchau Mari, tchau Edu, estou indo embora – fui direto ao ponto sem nem
me preocupar em ser simpática ou educada. Todo meu corpo estava tenso e se eu
não me segurasse, seria capaz de soltar umas boas verdades para os dois.
- Tchau, Gabi – a loira me respondeu de forma irônica, como se quisesse
que eu já tivesse deixado a festa a muito tempo.
- Não, espera. Eu vou com você. É perigoso você sair agora sozinha – o
carioca aumentou o tom de voz ao perceber que eu já estava me afastando.
Virei o rosto para encará-lo, a expressão fechada – Não precisa se
preocupar, eu sei me virar sozinha.
- É Edu, e está cedo para você ir. A festa acabou de começar – Marília
entrou na conversa usando um tom manhoso para convencê-lo.
Aff...
- Verdade, a festa está só começando... É melhor você ficar e curtir –
enfatizei de modo sarcástico antes de virar e voltar a caminhar.
Ouvi o barulho dele correndo para me alcançar. Segundos depois, o
carioca estava ao meu lado, mexendo a boca como sempre fazia quando estava
bravo – Já disse que vou com você.
Lancei um olhar zangado na sua direção e cruzei os braços, me sentindo confusa,
nervosa, frustrada e, sobretudo, com vontade de bater no Edu – Então vamos logo
– foi tudo o que consegui dizer.
Deixamos a casa lado a lado em silêncio. Quais reviravoltas aquela noite
ainda me reservaria?
_______________
Notas
finais: Gente do céu, pensem em uma pessoa ansiosa querendo saber a opinião de
vocês! O que acharam da festa? Cara, foram tantas reviravoltas que deu até para
ficar tonta! Tadinha da Gabs!
E como
vocês podem imaginar, as emoções da festa ainda não acabaram! Pois é, ainda tem
muitaaaa coisa para acontecer! Portanto, façam suas apostas: o que será que vai
acontecer com o casal Gadu?
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Oiieeee.... xD
Espero que esteja curtindo a fic!
Se estiver, não deixe de "perder uns minutinhos" para me contar a sua opinião, registrar o seu surto ou apenas para dar um oi! E se não estiver curtindo, aproveite o espaço para "soltar o verbo" e falar o que te desagradou!
Uma história não existe sem leitores! São vocês que me dão forças para continuar escrevendo e caprichando cada vez mais em cada capítulo! Portanto, deixe de "corpo mole" e venha "prosear" sobre as fics comigo e com as outras meninas que passam por aqui! *-*
Cada comentário ilumina muito o meu dia! Não deixe de fazer uma quase-escritora feliz: Comente! *-*
E não esqueça de deixar o seu nome, ok?!