sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Capítulo 19 - Operação Fica Rafa - Parte I

Notas iniciais: Junte Uma Trupe Maluca, com um Operação Especial, mais uma Arma Secreta, uma Granfina e um Caipira mais que apaixonados e uma gata garota com talento de sobra para princesa queo resultado é o cap de hoje!

Preparem os corações, porque essa operação promete fortes emoções!

Aproveitem!
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Ponto de vista da Anita


Algumas semanas depois...


Passei a manhã toda cuidando dos detalhes do quarto da Nicole. Há alguns dias a decoradora tinha, finalmente, acabado as obras por lá. Apesar da "trabalheira", o cômodo ficou exatamente como eu havia planejado: os móveis em estilo colonial com tons claros, as gravuras coloridas, as referências lúdicas... Agora os móveis já estavam todos no seu devido lugar e só faltava instalar as peças de decorativas, além de guardar no closet as 59.763 peças de roupa que eu já havia comprado para a Nicole. O Luan vivia dizendo que era um exagero a nossa filha ser tão pequena e já ter um quarto apenas para guardar as suas roupas e sapatos, mas eu não resisti. Além do mais, aquilo poderia ser considerado como um investimento. Afinal de contas, a minha Nick ainda nem tinha nascido e já havia recebido tantos presentes que logo, logo, ela precisaria de muito mais que um closet para guardar todos os seus pertences. E se levássemos em consideração que ela teria uma tia como a Bruna e uma madrinha como a Rafa, com certeza um mero closet seria pouco. Aquelas duas iriam encher a Nick de roupas e acessórios cheios de estilo, eu já conseguia até imaginar...


E falando em Rafaela... Parei a organização do armário da minha filha por um instante e me sentei em uma das confortáveis poltronas que haviam por ali. Eu passara as últimas semanas tentando bolar o plano ideal para fazer a minha empresária permanecer no Brasil. Eu e a Malú passamos horas e viramos noites conversando para tentar encontrar a ocasião certa para “atacarmos” com a nossa “arma secreta”. Já estávamos quase perdendo as esperanças quando a sorte bateu à nossa porta. Literalmente.


Era uma das tardes de frio intenso em Londrina, uma daquelas que pedia um chá quente ao pé da lareira. Eu estava ao telefone dispensando todas as propostas de trabalho que recebera nos últimos tempos. Eu havia decidido que me dedicaria exclusivamente à minha filha naquele momento, e para tanto, era preciso deixar a minha carreira um pouco de lado. Era estranho ficar à toa, já que passei praticamente a minha vida inteira atuando, mas eu tinha feito a minha escolha. O lado bom era que o Luan ganhava o suficiente para sustentar sozinho toda a nossa família, então eu não precisaria me preocupar com esse "pequeno" detalhe... Dali em diante a minha profissão era a de ser mãe, trabalho esse que me prometia fortes emoções.


A Malú estava ao meu lado atualizando o blog que criara para postar as novidades sobre o seu projeto de fotografia, quando a campainha tocou.


A Dora correu para atender com a Divinha latindo atrás dela. Quando abriu, uma moça muito simpática, extremamente sorridente, baixinha, gordinha, dona de uma empolgação sem tamanho e de um sorriso contagiante disse estar procurando pela Maria Luiza Duarte. A mulher mais parecia uma chefe de excursão pronta para sair em mais uma expedição. Senti preguiça só de olhar para ela. Aquele lance de “energia, energia, energia” nunca foi o meu forte...


Para resumir, a Natália, como a chefe de excursão se apresentou, disse que estava ali representando um grande investidor que descobrira o projeto da Malú pela internet e que estava "afim" de bancar uma exposição onde ela pudesse mostrar suas fotos ao público.


Claro que a fotógrafa topou na mesma hora. Porém, o “Grande Investidor” deu apenas duas semanas de prazo para que a Malú e o Will selecionassem as melhores imagens e as colocassem em telas para a exposição. Além disso, ainda havia os textos que o amigo da Maria estava escrevendo e que também precisariam ser devidamente expostos junto com as fotos. O “G.I.” já havia reservado o Salão Nobre do nosso condomínio, contratado o buffet e garantido que os melhores fotógrafos e especialistas da área estariam presentes no evento. E, se tudo desse certo, ele assumiria os gastos da publicação do livro-fotográfico. Tudo que a Maria Luiza precisava fazer era montar uma exposição em 14 dias. Só isso...


Nós não tínhamos ideia de quem era esse tal “Grande Investidor”, mas de duas coisas tínhamos certeza: Ele era muito fã da Malú por topar financiar o projeto dela; e ele não tinha a menor ideia de quanto trabalho dava montar uma exposição e do tempo que isso demandava...


Desde aquele dia a Malú e o Will começaram uma verdadeira corrida contra o tempo, virando noites e noites trabalhando na seleção das imagens e textos e cuidando de todos os detalhes. A Natália aparecia todas as tardes para checar o andamento dos trabalhos e passar as instruções do “G.I.”. A sala da Toca virou o “QG” da missão e estava até “as tampas” de fotos ampliadas penduradas pelas paredes, papeis com lembretes grudados nos móveis e toda sorte de equipamentos fotográficos espalhados pra todo lado. Todo mundo foi convocado para ajudar: Rafa, Dora, eu, Luan... Até o André, mesmo a contragosto, deu alguns palpites que ajudaram muito. O diretor ainda fazia questão de “bater na tecla” que o tema do ensaio fotográfico da Malú era “clichê”, o que deixava a Malú soltando “fogo pelas ventas”, e claro, fazia os dois brigarem como cão e gato. A situação estava tão séria na Toca que até a Divinha e o Faísca fizeram as pazes para colaborar com o andamento da exposição.


Paralelamente a tudo isso, eu ainda arrumava tempo para arquitetar a “Operação Fica Rafa”. Eu sabia que o maior sonho da minha empresária era ser uma princesa, nem que fosse por apenas uma noite. E era exatamente isso que eu iria proporcionar a ela. Queria ver a loira resistir...


Finalmente o grande dia havia chegado e a minha casa estava fervendo com os últimos preparativos da exposição. As únicas telas que restaram por ali já estavam sendo carregadas para o Salão Nobre do Condomínio, por isso eu imaginava que a Malú teria alguns minutos livres para acertarmos os últimos detalhes do nosso plano.


Deixei o quarto da Nicole um pouco de lado e comecei a descer a escada lentamente rumo a sala apoiando as mãos nas costas.


- Lá vem a grávida! A barriga tá pesando, Any? – A fotografa brincou enquanto embrulhava, com a ajuda do Will, a última imagem com plástico bolha.


- Pior que tá! Nicole deve tá ficando sem espaço aqui dentro – Brinquei.


- E então? Veio nos ajudar, Anita? – O Will perguntou como se quisesse dizer “Vai botar a mão na massa ou vai só ficar aí, só observando?”


Lancei o meu olhar de “Não mexe comigo” para ele e cruzei o cômodo ignorando-o. Quem era aquele "jornalistazinho" metido a besta para falar comigo daquele jeito? Aff! A fama já estava lhe subindo a cabeça...

 – Malú, venha até o meu escritório – Chamei, mantendo a minha pose de “má” para impor respeito.
 
A fotografa me seguiu, e nos sentamos juntas à mesa de reunião, uma de frente para a outra.

- Bom, a minha parte no plano está caminhando perfeitamente bem. A exposição vai rolar, a Rafa garantiu presença e eu já avisei que reservei um carro para buscá-la. Bom... Na verdade, disse que o carro levaria todos nós até o salão e não somente ela, mas assim, pelo menos, ela não vai desconfiar de nada... E a sua parte, como anda? - Ela perguntou cruzando as mãos sobre a mesa, parecendo um daqueles chefes da máfia das séries americanas.
 
- Tudo certo também! Já aluguei a limusine, o vestido, os sapatos... Será uma noite especial! Memorável, eu diria – Garanti.

- E a nossa arma secreta? – Ela quis saber ainda com o tom sério e "mafioso".

- Bom, deixa eu ver... – Peguei meu celular para checar se havia alguma mensagem no Whats App – Rá! Melhor impossível! Escuta só: “Any, já estou a caminho de Londrina. O smoking e os sapatos que você me mandou ficaram perfeitos. Olha aí e me fala se aprova o resultado” – Li a mensagem que recebi antes de mostrar a foto que o Pato enviara junto com o texto. Na imagem ele estava vestido como um verdadeiro príncipe: paletó e colete preto, camisa branca, gravata borboleta, cabelos penteados para trás e um sorriso cativante no rosto.

- Está mais do que aprovado! – A Malú disse, “babando” ao ver a imagem.

- É, não é a toa que ele é a minha “arma secreta” – Falei, me gabando. Dessa vez eu estava fazendo tudo “direitinho”, sem dar nenhuma chance para o azar. Não tinha como o meu plano fracassar...

- Toda vez que você chama o Alexandre de arma secreta eu me lembro daquele comercial de produto de limpeza, sabe? Que o narrador fala “Confie no poder do Pato” – A Maria Luiza lembrou fazendo as duas caírem na risada.

- Boa, boa! Esse é aquele comercial que do nada uma repórter bate na porta da nossa casa e pergunta o que usamos para limpar o banheiro, não é? Imagina se isso acontece aqui... Vão nos perguntar o que estamos usando para manter a Rafa no Brasil. Aí a gente grita: O super Pato! Quac, Quac! – Me empolguei com a situação, deixando a minha imaginação ir muito além do que devia.


- Quac, Quac! – Ela repetiu o nosso “grito de guerra” às gargalhadas.


- Mas, vamos voltar ao que interessa – Tentei focar no plano, após recuperar o fôlego que havia perdido por causa da crise de riso  – O Murilo não vai, né?


- Então, é difícil afirmar porque foi o “Grande Investidor” quem fez boa parte da lista de convidados, e a Natália não me deixou ver os nomes. De toda a forma, ela me perguntou quem eu gostaria de incluir na lista. Coloquei o nome de todos os nossos amigos lá, menos o do “Bebê” – Ela me explicou.


- Ótimo! Bom, sei que você estará ocupada recebendo os convidados, então vou tentar monitorar o jantar dos dois da melhor forma que conseguir. Estou pensando até em subornar o garçom para ver se ele me manda uns vídeos do encontro - Ponderei - Não esquece de pedir ao André para dar uma força na operação também, tá?


- Então... O Dé não vai hoje. Ele está em Porto Alegre, em uma reunião com uma companhia de cinema de lá e não vai conseguir voltar a tempo... – A Malú me contou com olhar triste – Acho que ele fez de propósito. O André nunca curtiu muito a ideia desse meu projeto...


Fiquei sem reação. Eu sabia o quanto aquela exposição era importante para a Maria Luiza. E por mais que ela e o André não estivessem mais juntos, eu tinha certeza que ela gostaria de contar com a presença dele. A opinião do diretor era muito relevante para a Malú. Aquela seria uma desfeita muito difícil de ser perdoada... O diretor tinha pisado feio na bola dessa vez!


Enquanto eu procurava palavras para tentar consolá-la, lá fora alguém começou a tocar a buzina de um carro sem parar, fazendo o maior “furdunço” na  porta da minha casa.


- Mas que diabos é isso? Virou bagunça agora? Isso aqui é um condomínio de família! Pode isso, não! Cadê os seguranças? – Saí resmungando do escritório e corri para a frente da casa.


Eu já estava pronta para “soltar os cachorros” em quem quer que fosse que estive fazendo aquela algazarra toda, mas assim que passei pela porta, parei, congelada no lugar, completamente sem reação.


- Luan? – Foi só o que consegui dizer ao ver o meu marido parado ao lado de um carro tipo SUV branco. O veículo era lindo, exatamente do tipo que eu gostaria de ter (se soubesse dirigir, é claro).


- E aí Ní, o que achou do “Granfina Móvel”? Tá aprovado? – Ele me perguntou com um sorriso de orelha a orelha no rosto. Tava na cara que ele estava aprontando...


- “Granfina Móvel”? Que história é essa, Lú? – Perguntei, mesmo já desconfiando da resposta.


- Eu comprei pra você, ué! Tá na hora de aprender a dirigir e ter um carro não acha, Ní? Daqui a pouco a Nica nasce, você vai precisar levá-la para os lugares e vai fazer como? Por isso eu fui lá na agência e peguei um carro pra você. O moço que me vendeu falou que era o modelo mais top que eles tinham! – Ele falou, dando um tapinha no capô do carro, todo bobo com a nova aquisição.


- Caraca, é uma Sportage! Nossa, que luxo! – A Malú ficou de boca aberta quando viu o meu presente.


Cheguei mais perto para conferir melhor. Enquanto eu olhava, o Luan ia me contando tudo o que carro tinha parecendo que tinha decorado o discurso do vendedor – Direção hidráulica, vidros elétricos, GPS, câmbio automático, bancos de couro... – Claro que eu não prestei atenção nem na metade do que ele falou, mas mesmo assim deu para sacar que o modelo era bem completo e de última geração.


- Depois que a Nica nascer é só você tirar a habilitação e pronto! Já pode sair por aí pilotando a sua “caranga” – Meu marido disse chegando perto de mim, me puxando para junto dele para um abraço.


- É Nick, Luan! Nick! Eu já falei! – Chamei a sua atenção.


- Mas lá no Esquenta você falou Nica – Desde a gravação do programa ele fazia questão de voltar aquele assunto, só para implicar comigo.


- Aquele foi um momento de emoção, eu me perdi com as palavras. Mas é Nick! Esse lance de Nica não está com nada! – Falei de um jeito decidido, querendo encerrar aquela conversa de uma vez por todas.


- Tá certo, tá certo... Não vou brigar com você por causa disso! Bora estrear a sua “máquina” nova? Tenho uma outra surpresa para você – Meu marido voltou a sorrir daquele jeito atrevido e eu não resisti. Eu aceitaria ir até o fim do mundo com ele depois daquele sorriso.


- Só vou pegar a minha bolsa! Já volto! – Disparei para dentro da casa e poucos minutos depois já estava de volta com tudo o que eu precisava.


- Não se esqueça do nosso plano. Me mantenha informada! – Sussurrei ao passar pela Malú. O Will, a Rafa com a Vick e a Dora também tinham saído para ver o meu carro novo, por isso precisávamos manter a descrição. Ela assentiu com a cabeça fazendo um sinal de positivo com a mão – Volto no horário combinado. Mantenha a situação sobre controle até lá! – Passei as instruções finais antes de entrar no carro e fechar a porta.


O Luan deu partida e pegamos o caminho rumo à saída do condomínio. Agora que a situação com os fãs estava normalizada, eu não tinha mais medo de sair de casa. Os boatos da separação já haviam ficado para trás e as Luanitas haviam feito as pazes com a gente. Estávamos "in love" com os nossos fãs, o que me deixava muito feliz!


- Posso saber para onde estamos indo? – Perguntei encostando a cabeça no ombro do Luan enquanto ele dirigia, os olhos fixos na estrada. Fazia um dia típico de inverno, com o céu fechado e as árvores secas,deixando a paisagem com um tom triste, mas ainda sim belo.


- Já não falei que é surpresa? Sossega aí, muié! Quando chegar a hora você vai saber – Ele fez mistério.


Eu sabia que não adiantaria insistir. Quando o Lú cismava com alguma coisa ele ia até o fim. E nada o deixava mais feliz do que me irritar ou me deixar curiosa. Portanto, resolvi ligar o rádio e procurar alguma música boa em uma das estações para tentar me distrair. Aquela já era uma “guerra” perdida para mim...


***

Andamos por cerca de uma hora e meia. Já fazia um tempo que havíamos deixado o asfalto e agora seguíamos por uma estrada de terra, cercados por pastos e plantações.


- Você está pensando em me sequestrar? – Fiz graça, fingindo estar com medo.


- Sabe que essa não seria uma má ideia, né?  - Ele me encarou de um jeito muito provocativo, mordendo de leve os lábios – Mas, não. Não por enquanto... Hoje eu só quero que você conheça o nosso mundo – O Lú enfatizou bem as últimas palavras, aumentando ainda mais o suspense.


Fiquei o encarando sem entender nada, mas é claro que ele também não me explicou o que estava querendo dizer, o que só fez a minha curiosidade aumentar ainda mais.


Uns cinco minutos depois, o Lú parou diante de uma porteira de madeira, decorada com grandes aros no centro. Ele saltou do carro, destrancou o portão e depois voltou a assumir o volante, entrando na propriedade. Subimos por uma pequena ladeira ladeada por árvores até chegarmos a uma parte plana,e pararmos em frente a uma casa de campo.


Nesse instante as coisas começaram a se encaixar. Eu sabia que ele sempre sonhou em ter uma fazenda. E, mais cedo, quando ele disse que queria me mostrar “O Nosso Mundo”... Será que era isso que ele estava tentando me dizer? Que aquele lugar agora era nosso?


- Luan Rafael, não me diga que... – Não consegui completar a frase. De onde estava eu conseguia ver um pedaço da propriedade. A casa era gigantesca. Deveria ter, no mínimo, uns cinco quartos, além da piscina, churrasqueira e da varanda enorme cercada por jardins. Dali para ver as pastagens que começavam na parte plana e seguiam em uma leve descida até acabar em um grande rio. Mais para baixo dava para ver grandes galpões, que eu nem imaginava para quê serviam.


Do lado de cima, uma escada de pedra levava até o topo de uma pequena colina onde havia uma construção rústica com uma cruz em cima. Tudo indicava que era uma capela.


O Luan apenas sorria como um garoto que tinha acabado de ganhar uma bola nova - Fechei negócio na semana passada. O Rober veio aqui várias vezes olhar tudo de perto e me ajudou a comprar. “Tava” só acertando uns “trem” aí, mas agora tá tudo beleza. Essa agora é a nossa fazenda. O que achou do nome que eu escolhi?


- “Nosso Mundo”? É... perfeito! – Não havia outra palavra que pudesse usar. Eu estava completamente deslumbrada com o lugar.


- Vem, “Paxão”! Quero ver como está tudo! Eu só vim aqui uma vez antes de comprar. E como mandei fazer umas modificações para que ficasse do seu gosto, quero conferir o resultado junto com você – Ele me chamou, descendo do carro e dando a volta para me encontrar do outro lado.


De mãos dadas, entramos na casa, andamos pela área externa, passamos pelo jardim, ele me apontou onde ficavam a garagem dos carros, os currais do gado, e me explicou que o “seu” Amarildo agora era o mais novo empresário do ramo agropecuário e que iria tocar os negócios da fazenda.


- E agora vem! Quero te mostrar a melhor parte! – Ele me puxou até a escada de pedra. Era uma subida longa, com uns trinta degraus de pedra que seguiam em forma de “L” até o topo do monte, mas com a ajuda do meu marido consegui chegar ao fim da escadaria.


Lá em cima, como eu havia imaginado, havia uma pequena capela pintada de branco. O lugar parecia ser antigo, mas era muito charmoso, com o teto baixo e pedras fincadas no chão indicando o caminho da entrada. Nas janelas haviam grandes vitrais por onde a luz do sol passava, iluminando o interior da capela e formando um mosaico de diferentes cores no chão. Passamos pelas grossas portas de madeira e entramos. Na parte de dentro a construção era bem simples. As paredes eram decoradas com quadros religiosos simples e o altar era feito de mármore. Ali, claro, estava uma imagem de Nossa Senhora Aparecida. Havia bancos de madeira dos dois lados, além de um tapete vermelho que percorria toda a extensão do corredor, desde a porta até o altar. No teto, lustres feitos de madeira davam um toque “rústico” ao ambiente.


- E aí, você gostou? – Meu marido quis saber, a expectativa estampada em seu rosto.


- Se eu gostei? Caramba Luan, e tem como não gostar desse paraíso? É tudo tão perfeito! Já estou imaginando a gente aqui, reunindo a família, passando as férias, a Nicole e a Vick correndo por aí, a Divinha nadando no rio... – Meus olhos se encheram ao imaginar as cenas.


- Eu também fiquei imaginando tudo isso quando vim aqui pela primeira vez. É bem como você disse... É  o paraíso, o nosso mundo! Tem um rio para eu pescar, espaço para as crianças brincar, uma casa para receber o pessoal, tocar umas “moda”, fazer churrasco, tomar umas “cachaça”... É tudo o que eu sempre quis! – Ele me abraçou por trás, apoiando a cabeça no meu ombro, os dois parados de frente para o altar, Nossa Senhora como testemunha da nossa felicidade.


- E eu estou muito feliz por poder compartilhar esse sonho com você. Tenho certeza que a gente vai ser muito feliz aqui – Segurei a sua mão junto da minha, querendo que aquele abraço durasse para sempre.


- Se você estiver aqui, tudo já vai estar mais do que perfeito... – Ele me virou para me dar um longo beijo na boca, sem pressa, aproveitando aquele momento de paz tão absoluta.


- Sabe do que eu mais gostei daqui? – Ele perguntou, após encerrar o beijo com selinhos rápidos – Da capela! Fiquei imaginando você vestida de noiva, entrando por aquela porta e eu paradinho ali no altar, te esperando...


- Sério? Mas Luan, nós já somos casados! Esqueceu? – Mostrei a minha aliança para ele, tentando refrescar a sua memória.


- Eu sei, eu sei... Foi só uma coisa que eu imaginei na hora – Ele se justificou, sem graça – É que eu sempre quis casar na igreja, “cê” sabe...


- Bom, a gente pode dar um jeito nisso agora mesmo! Vai lá para o altar – Falei, me soltando dele e correndo para fora.


- Você tá pronto? – Gritei parada junto à porta.


- Estou! Nada e fugir, hein “Paxão”! Se fugir eu te caço até no fim do mundo – Ele me respondeu lá de dentro, rindo.


Fui até o jardim que ladeava a capela e colhi uma flor que crescia por ali. Depois tornei a entrar na pequena igreja, o Luan improvisando a marcha nupcial.


-“TanTanTanTan, TanTanTanTan...” – Ele ia “cantando” enquanto eu percorria, sem pressa, o caminho até o altar.


Quando cheguei ao seu lado, respirei fundo e repeti os votos que fiz a ele no dia do nosso casamento.


– Eu, Anita Tunice, aceito Luan Rafael como meu legítimo esposo e agora oficialmente-marido, e prometo amá-lo acima de qualquer coisa, não importando em quantas confusões eu possa me meter ou se outras maldições vão aparecer no nosso caminho. Eu prometo cuidar do meu Caipira, estar ao seu lado quando ele mais precisar, ser a inspiração para as canções mais belas que ele escrever, a mão que vai ajudá-lo a se levantar quando cair, o ombro onde ele vai poder chorar, e as suas asas para que ele possa continuar voando muito alto... E acima de tudo, eu prometo ser a sua metade, aquela que o completa e a razão para ele sempre continuar sorrindo... – Falei, segurando a sua mão entre as minhas, os meus olhos colados nos seus.


- Eu, Luan Rafael, aceito Anita Tunice como minha legítima esposa, e prometo fazer dos nossos dias juntos os melhores das nossas vidas. Eu prometo segurar a sua mão quando ela sentir medo, entendê-la toda vez que se sentir confusa, ouvir sempre o lado dela na história e nunca me esquecer que apesar de se fazer de durona, na verdade ela é apenas uma menininha “mimada” que precisa de alguém para cuidar dela sempre... Também juro que vou relevar toda a falta de sorte que ela tem e não ficar “brabo” com as confusões que só essa Granfina sabe aprontar. E prometo também que mesmo que a minha vida esteja toda “certinha” e “arrumadinha”, sempre vou torcer pra ela chegar e bagunçar tudo de novo. Além disso, eu também serei a metade do que ali restou, aquele que a completa, e que não precisa de razões nem motivos para amá-la – Ele também recitou os seus votos, de um jeito tranquilo e com a voz confiante, como se estivesse reafirmando a sua promessa palavra por palavra.


 – Eu só me esqueci de incluir uma coisa nesses votos... – Ele me puxou para bem perto de si, passou os braços ao redor do meu corpo e sussurrou no meu ouvido – Que o meu amor por você é para sempre!


- Sempre! – Repeti antes de beijá-lo mais uma vez nos lábios, o coração disparado dentro do peito. Com os olhos fechados, fiz uma promessa que eu torcia para que todos os anjos dissessem amém: Que o nosso amor fosse eterno, e a nossa felicidade infinita.


***

O caminho de volta foi tranquilo. O Luan cantava baixinho para me fazer dormir, e eu acabei realmente pegando no sono, mesmo precisando focar na “Operação Fica Rafa”.


Quando cheguei em casa, a Divinha me esperava sentada ao pé da porta junto da Malú, que estava com bobes no cabelo, usando um roupão e batendo o pé no chão de maneira aflita. Tive que me segurar para não rir. Ela estava parecendo a Dona Florinda!


- Finalmente! Estou te ligando sem parar! Onde você se meteu? – A fotografa disparou a falar.


- Foi mal, esqueci o celular dentro da bolsa. Deve ter acabado a bateria – Expliquei – Mas e aí? Como está o nosso plano?


- O alvo está em casa. Ela está no quarto, se arrumando e o nosso tempo está acabando! – Ela disse, beirando o desespero.


- Ní do céu, e agora? Cadê o Marreco? Ele já não deveria estar aqui? – O Lú, que estava a par de tudo, perguntou com a voz bastante preocupada.


- Ai caramba, eu não sei! Será que aconteceu alguma coisa? Pior que se o meu celular estiver realmente descarregado, ele pode ter tentado me ligar e não ter conseguido... – Mexi na minha bolsa a procura do meu telefone, que de fato, estava desligado.


- Vou pegar o carregador e ligar para ele. Não deixem a Rafa fugir! – Falei, me dirigindo para a escada.


Não cheguei nem ao segundo degrau quando ouvi o som de uma buzina vindo de fora da casa.


- Pera, “vô” ver quem é... – O Lú se prontificou, correndo até a entrada e abrindo a porta – Rapáis, mas o Marreco tá chique “dimais”! Todo engomadinho! Tá mais pra pinguim do que pra Pato! E tá num “carrão” também, estilo daqueles que a gente vê em filmes gringos – Meu marido soltou a "pérola", anunciando que a nossa “arma secreta” finalmente havia chegado.


- Boa noite, pessoal! – O jogador cumprimentou a todos, entrando na casa carregando uma caixa enorme nas mãos. Ele estava vestido como na foto que me enviara naquele dia mais cedo. A diferença é que agora dava para sentir o seu perfume, uma fragrância suave, mas com um aroma marcante – Any, tive um problema no hotel, por isso acabei me atrasando. Tentei te ligar, mas...


- Eu sei, eu sei...Sai com o Luan e o meu celular ficou sem bateria. Foi mal! Mas vamos ao que interessa: Você está pronto? – Intimei o Alexandre. Ele era a peça-chave naquela operação. Se ele vacilasse, todo o meu investimento seria perdido.


- Pronto eu estou! Mas você sabe, né? Sua amiga é linha dura! Ela não quer nem saber de mim – Ele comentou, nervoso – Além disso, eu tenho pouco tempo. Preciso estar amanhã de manhã em São Paulo por causa dos treino. E tenho que estar descansando, se não o professor briga comigo.


- É... É bom mesmo começar a se dedicar mais aos treinos, porque “ocê” não anda jogando essa bola toda, né cara? Aproveita e treina a bater pênalti também... – O Lú cobrou, deixando o seu lado jogador falar mais alto.


- LUAN! – Chamei atenção do meu marido, sem acreditar no que ele tinha acabado de falar. Poxa, aquilo não era hora de colocar a moral da nossa “arma secreta” para baixo.


- Alê, relaxa... Tenho certeza que o que você precisa para ajeitar de vez a sua vida profissional é uma mulher de verdade ao seu lado. E essa mulher é a Rafa! Então chega de perder tempo! Suba essas escadas, bata na porta do quarto dela e a chame para jantar! – Assumi a postura de uma verdadeira técnica de futebol – “Vamô lá”, moleque! Essa é a hora! Vamos virar esse jogo!


- Isso aí! Quac, Quac! – A Malú soltou o nosso grito de guerra, empolgada.


- Espero que você esteja certa, Anita. Porque eu estou muito apaixonado pela Rafaela – Ele confessou baixinho, antes de começar a subir as escadas comigo, a Malú, o Luan e a Divinha seguindo os seus passos.


Enquanto a Maria Luiza indicava a direção, repassei o meu plano mentalmente. A ideia era simples: A minha empresária sempre sonhara em viver um dia de princesa. Então eu simplesmente resolvi proporcionar isso a ela: Arranjei um príncipe, que vinha em uma carruagem (nesse caso uma limusine, porque as carruagens estavam em falta na cidade) e que a levaria para jantar no melhor restaurante de Londrina. Para completar, dentro da caixa que o Pato carregava nas mãos estava um vestido lindo-de-morrer, um par de sandálias-poderosas, e acessórios-bapho que combinavam com as peças.


Não tinha como dar errado. A Rafa ia ficar tão apaixonada que abandonaria aquela ideia maluca de se mudar para Nova York na mesma hora. Fala sério, eu era mesmo uma gênia!


Paramos todos em frente à porta da minha empresária e eu bati.


Quando abriu, ela nos encarou com os olhos arregalados, e parecia que estava prestes a ter um “piripaque”. Antes que ela desmaiasse, tratei logo de explicar a situação, empurrando o Pato para deixar os dois frente a frente - Entrega especial de um príncipe para você, Rafa! Faça bom proveito!

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Notas finais: Caraca, será que a Rafa vai se render ao "Poder do Pato"?
E quem é, afinal, esse "Grande Investidor"?
E a exposição, vai dar certo? Será que o André não vai mesmo dar às caras no evento?
E a Anita e o Luan casando de novo? A fazenda, "O Nosso Mundo", o carro Foi só eu que fiquei suspirando sem parar qui? É muito amor, né? Luanita tá demais!

Ai gente, essa reta final promete muito! Portanto, façam as suas apostas! O que vocês acham que vai rolar daqui pra frente, hein?

Beijão, a gente se vê no próximo capítulo!

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10 comentários:

  1. Ai Manu xonei nesse capitulo ele ta incrivel :3
    Na parte da fazenda o Luan cantando tantantan (eu ri) mas depois chorei foi tão romantico eles dois *----*
    E agora a rafa rafaela tagarela tem que ficar poxa um homen daquele uma trupe maluca e ainda ta chegando mais uma peça dessa trupe ela tem que ajuda e nao pode ir embora não
    E o Andre sinceramente fiquei maguada com ele, mas fiquei pensando e sabe que eu acho que o "Grande Investidor" é ele sla essa ideia surgiu não sei daonde . Mas ta incrivel o cap adorei parabéns comk sempre e o Luan ta certo pato ta jogando nada :/ vai curinthians ! Rs
    E Manu desculpa fica te cobrando o cap ok sei que vx tem que escreve revisa e talz e vx tem vida é pq fico curiosa ;-; não consigo ler ota fic pq sla vx escreve tão bem ai se vai lê umas nada haver ai nem cola por isso desculpaas ok !

    Beijos e Abraços
    Da Thay para Escritora Manu ;3

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    Respostas
    1. Oiii Thay! Capítulo ficou caprichado, né? Essa Operação da Rafa tá rendendo! kkkk

      Eu também ri escrevendo essa parte. Fiquei imaginando o Luan com aquela cara de bobo dele cantando a marcha nupcial! kkkk E a cena da capela foi emocionante mesmo! Achei tão fofo os dois juntos!

      Rafinha não pode ir embora de jeito nenhum mesmo! Mas a Any e a Malú já estão cuidando disso! Tenho certeza que de um jeito ou de outro ela vai ficar! Basta saber como, né? Rafinha é uma peça essencial nessa Trupe! Sem ela, nada faz sentido...

      André pisou na bola com a Malú! Mancada mesmo ele não ir a exposição! E ó, algo me diz que o seu pressentimento está certo! Sinceramente, cá aqui pra nós, a gente sabe que o Dé jamais deixaria a Malú assim, né? Certeza que tem "paranauê" nessa história!

      Luan disse tudo! Pato não tá jogando nada mesmo! kkkkkkk

      Ahh amore, obrigadaaaa! Fico feliz em saber que você curtiu o cap! E ó, não precisa pedir desculpas não! Tem problema nenhum ficar me cobrando o cap! Na verdade, eu até gosto! Sinal que vocês estão curtindo a fic! Nada me deixa mais feliz do que isso!

      "não consigo ler ota fic pq sla vx escreve tão bem ai se vai lê umas nada haver ai nem cola por isso desculpaas ok !" - AHHHHHH, surtei aqui! Que linda você! Obrigada mesmo, de coração!

      Beijão e a gente se vê no próximo cap! *--*

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  2. Manu minha diva vc só sabe escrever caps e fics perfeitas ou é impressão minha? Eu amei, o cap tá Perfeito!!!
    Amei o Luan e a Ní na capela, amei o plano da Ní, amei a fazenda que o Luan comprou eu simplesmente amei TU-DO!! Tá perfeito esse cap e espero que a segunda parte esteja melhor ainda! Me marca no novos cap no tt!! Bjss Diva!!
    Sofia
    @Sofia_Alves12

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    1. Mágina Sô, é impressão sua! Eu tento sempre caprichar bastante para vocês, só isso! Fico feliz demais em saber que vocês curtiram o cap! É tipo a sensação de dever cumprido, sabe? kkkkkk

      Ahhh, capítulo foi cheio de emoções, né? A cena da capela, a fazenda, a operação "Fica Rafa"... Essa Trupe anda fervenddo demais! kkkk

      Prometo que vou me esforçar bastante na segunda parte, ok? Até pq esse plano da Any promete muitas emoções ainda! Quero nem ver no que esse rolo todo vai dar...

      Podexá que eu te marco sim! Beijão Sô, até o próximo capítulo! *--*

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  3. Tomara que a Rafa fique logo com o Quac! Kkkkk alem do mais ela não merece mais sofrer né? Kkkkk não sei quem é o "Grande Investidor" mais eu tenho alguem que eu acho que é mais não vou fala não kkkkkk Gente que fofa a fazenda! Kkkkk AMEI

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    1. Olha Mille, Rafa é uma das pessoas que mais se ferra nessa fic. Acho que ela pegou o azar da Anita! hahahaha

      Hum... Acho que esse "Grande Investidor" já está meio na cara de quem é, né? Mas vamos aguardar os próximos caps.

      Essa parte da fazenda é tããaoo ownnt! Eu adoro!

      Beijo Mille!

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    2. entao o cso do pato vai pro brejo?

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    3. Calma, eu não disse isso! Pato ainda terá sua chance! hahaha

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Oiieeee.... xD

Espero que esteja curtindo a fic!
Se estiver, não deixe de "perder uns minutinhos" para me contar a sua opinião, registrar o seu surto ou apenas para dar um oi! E se não estiver curtindo, aproveite o espaço para "soltar o verbo" e falar o que te desagradou!

Uma história não existe sem leitores! São vocês que me dão forças para continuar escrevendo e caprichando cada vez mais em cada capítulo! Portanto, deixe de "corpo mole" e venha "prosear" sobre as fics comigo e com as outras meninas que passam por aqui! *-*

Cada comentário ilumina muito o meu dia! Não deixe de fazer uma quase-escritora feliz: Comente! *-*

E não esqueça de deixar o seu nome, ok?!