Notas
iniciais: O clima está tenso, Braaaasil!
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Booom dia, dorminhoca! Acorda!
Abri
os olhos só o suficiente para ver minha mãe sentada ao lado da minha cama
tentando me fazer acordar. Fechei os olhos novamente e me concentrei: eu não
tinha aula, não tinha ensaio, tampouco algum compromisso de família. Então por
que ela estava querendo que eu saísse da cama se, supostamente, aquele era o
meu dia de folga?
-
Vamos Gabriela, deixa de ser preguiçosa! Tenho uma surpresa para você! – ela
pressionou sabendo que eu não resistiria: meu ponto fraco era a curiosidade.
Vencida
pela vontade de descobrir o que estava acontecendo, me espreguicei e me sentei
na cama, coçando a vista para tentar enxergar melhor.
-
Como está a melhor Julieta dos últimos tempos, segundo a opinião do pessoal da
Companhia Bolshoi? – dona Beatriz era só sorrisos. Parecia que tinha visto
“passarinho verde”.
Passei
a mão pelos cabelos relembrando a noite anterior: Edu falando que eu estava o
surpreendendo, a nossa caminhada de volta para casa abraçados, a conversa na
frente de casa até altas horas da madrugada, o beijo de despedida e a frase de
“durma bem e sonhe comigo” que ouvi antes de deixá-lo. É, acho que poderia
dizer que a minha noite foi boa. Bem boa...
-
Com sono – resmunguei de volta. Por conta do dia cheio, eu não havia conseguido
dormir direito. Fiquei acordada, mexendo no celular e relembrando os melhores
momentos da apresentação, da alegria da minha mãe, das reações do público...
-
Também, pudera! Ficou até tarde conversando na frente de casa...
Oooops!
Pega no flagra novamente...
-
Ai mãe, é a minha última semana de férias. Só quero aproveitar um pouco... –
tratei de mudar de assunto antes que ela começasse um interrogatório sobre o
Edu.
- Mas é
exatamente sobre isso que eu quero falar – ela levantou com um brilho travesso
nos olhos e foi até a escrivaninha que ficava do lado oposto do meu quarto.
Observei enquanto ela parecia fazer esforço ao ajeitar algo em seus braços.
Assim que
se virou, não acreditei no que vi. Dona Beatriz carregava uma bandeja de café
da manhã completa. Uaaauu! Ser Julieta estava rendendo bons frutos...
- Bom...
– fez uma pausa para ajeitar a bandeja entre nós duas sobre a cama – A
apresentação ontem foi um sucesso. O pessoal do Bolshoi amou você e, assim que
abrirem vagas para a companhia, vão me mandar um e-mail para agendarmos um
teste – o sorriso de contentamento quase não cabia no seu rosto – Além disso,
tudo indica que a nossa companhia será convidada para apresentar o espetáculo
em festivais e premiações de balé em outras cidades. Hoje mesmo começo a
trabalhar nisso! Mas, por enquanto, quero que você aproveite os seus dias de
folga. Ainda falta uma semana para as aulas começarem, então aproveite o tempo
livre. Nada de se preocupar com ensaios e com a dieta.
- Foi por
isso que você montou esse café para mim? – eu quase não conseguia acreditar. A
bandeja estava caprichada com sucos, cereal, salada de frutas, bolachas
recheadas e – o que de longe me chamou mais atenção – um generoso pedaço de
bolo de chocolate com cobertura de brigadeiro: o meu predileto. Eu não lembrava
a última vez que tinha comido um daquele!
- Isso mesmo!
Se tudo der certo, em breve teremos que voltar aos ensaios. E ainda vai ter o
colégio, né? Então quero que você descanse nesses dias, aproveite para repor as
energias e se preparar para os desafios que vem pela frente...
Por mais
que tentasse disfarçar, a última frase veio carregada de significados. Eu sabia
que aquele ano seria decisivo para mim e minha mãe fazia questão de bater
naquela tecla sempre que possível. Entre as principais escolhas, eu teria que
decidir se a)eu conseguiria passar na audição do Bolshoi – ou de qualquer outra
grande companhia de dança – e iniciar uma carreira profissional como bailarina
b)escolher o curso que gostaria de estudar na faculdade – que, obviamente,
teria que ser relacionado com dança para assim conseguir manter a escola de
balé da minha mãe c)no meio disso tudo, tentar convencer a minha mãe a me
deixar fazer um intercâmbio, porque na verdade não estava muito interessada nas
duas primeiras alternativas.
- Você
não vai comer? – ela interrompeu os meus pensamentos, olhando para mim de forma
ansiosa.
- Já que
você faz questão... – dei de ombros, fingindo indiferença. Mas assim que peguei
o garfo na bandeja, ataquei o bolo sem nenhuma cerimônia. Meu Deus, como aquilo
era bom!
- Vai
devagar, Gabriela! Não é porque está liberado que precisa comer tudo de uma vez
– dona Beatriz me repreendeu, mas fingi nem ouvir. Afinal, dieta liberada
significava comer o que eu quisesse e na quantidade que bem entendesse.
- Bom,
vou deixar você aproveitar o seu banquete! Tenha um bom dia, filha! – ela me
deu um beijo na testa antes de se levantar sair. Devorei o meu café em minutos
e passei o resto do dia no quarto, de pijama, só aproveitando o doce gosto de
não ter nada para fazer.
***
- “Garoto do Rio, calor que provoca
arrepio...” – ouvi alguém cantarolar da porta do meu quarto. Dei pause no
seriado que estava assistindo jogada sobre a cama com o notebook, deixei a
pipoca de lado, tirei os fones e dei de cara com a Carol me encarando.
- Que
milagre é esse? – ela apontou para o pote de pipoca fazendo cara de
impressionada.
- Estou
livre da dieta e dos ensaios até segunda ordem. E que música é essa que você
está cantando? – questionei enquanto me sentava na cama e fazia sinal para que
ela entrasse.
- É
Caetano Veloso, um clássico da música popular brasileira. Escolhi a dedo para
homenagear o seu boy, Edu – minha amiga se sentou na minha frente, uma
expressão sarcástica no rosto.
-
Huuumm... Deixa eu adivinhar – fiz cara de desentendida - Você quer saber
tudo o que aconteceu ontem, certo?
- Não só
o que aconteceu ontem, mas tudo que o vem acontecendo há tempos, mocinha! –
exigiu.
- Ok,
vamos lá... Do início – respirei fundo tentando organizar as ideias.
- Não,
espera!
- O que
foi?
- A
ocasião pede algo especial – a Carol sorriu de um jeito “diabólico” – “Bora”
fazer um brigadeiro de panela caprichado para colocar o papo em dia.
- Amiga,
você é brilhante! – concordei de imediato com a ideia.
Animadas,
levantamos e seguimos até o mercadinho que havia perto do condomínio para comprar
os ingredientes. Depois, voltamos para a casa e a Cá assumiu o fogão enquanto
eu soltava o verbo. Claro que ela fez questão de questionar cada mínimo detalhe
e fazer muitas observações, interrompendo várias e várias vezes a minha
narrativa.
- E foi assim
que terminamos a noite de ontem... – encerrei meu relato sentindo a boca
salivar só de encarar a panela de brigadeiro que esfriava em cima da bancada.
- Ai
gente, quanto amor vocês dois! Esse jantar foi tudo de bom! Mãozinha dada,
beijinhos, abraços e todo o mimimi que um casal tem direito! Está mais
adiantada do que eu com o Caio – minha amiga analisou.
- Não vou
nem começar a falar o que eu acho sobre o Caio... – mexi as mãos como se
quisesse evitar o assunto.
- Eu sei,
eu sei... – ela concordou de modo relutante – Mas agora é hora de falar o que
euzinha aqui sei!
- Então
diga, oras – pedi de modo impaciente.
- É o
seguinte: Mari veio falar comigo esses dias no Whats. Falou que estava
preocupada porque o Edu disse para ela que tinha gostado muito da Nathy e que a
garota, por sua vez, tinha achado o carioca um gatinho... Mari disse que está
rolando um climinha entre eles – seu tom de voz ficou sério e ela se sentou na
minha frente na bancada, esperando ansiosa pela minha reação.
Fitei a
panela sem saber o que pensar. Tudo era muito estranho! Até onde eu me
lembrava, Edu e Natália só tinham se encontrado uma única vez, na festa do
Gueto na qual eu trombei com ele e
machuquei o pé. Em nossas conversas ele comentava de todo mundo, menos dela.
Sem falar que o garoto parecia estar empenhando em me conquistar. Por outro
lado, o seu jeito misterioso e fechado abria espaço para várias e várias
dúvidas.
- E tem
mais – Carol acrescentou ao perceber que fiquei muda – Marília jura de pé junto
que ele é super pegador e que você vai se machucar nessa história. Ela fica
repetindo a todo momento aquele papo chato sobre você nunca ter se apaixonado e
acabar se apagando mais do que deveria.
- Qual é
a da Mari, afinal? Por que ao invés de ficar fazendo fofoquinha ela não tenta
me ajudar? Se ela e o Edu ficaram tão amigos assim, por que ela não tenta
descobrir algo útil a meu favor? – explodi. Já fazia muito tempo que estava com
aquilo entalado na garganta.
-
Sinceramente, eu também não estou entendendo nada... Desde que esse carioca
apareceu a Má está estranha. Ela fica fazendo de tudo para chamar a atenção
dele. Esses dias eu peguei o celular dela e vi a conversa dos dois. Você
precisa ver! Fica puxando o saco dele, forçando uma amizade, saca? – ela fez
careta, mostrando sua reprovação – E desde quando ela é tão amiga assim da
Nathy para ficar do lado dela ao invés do seu? Até ontem ficava falando mal da
menina para a gente, lembra?
Suspirei
alto. Minha cabeça rodava com tantas informações. Poxa, por que justo quando
aparecia um cara legal, uma das minhas melhores amigas resolvia criar problemas
com isso?
- Calma,
Gabs. Come um pouco de brigadeiro que eu acho que já esfriou – a Cá disse, já
colocando a colher na panela e se servindo de uma generosa porção do doce.
Imitei o
seu gesto levando o conteúdo à boca. O gosto era algo surreal. Eu já havia
esquecido como um simples brigadeiro de panela tinha o poder de levantar a
moral de qualquer garota – E agora, Carol? O que eu faço?
- Bom,
não posso deixar de dar um pouco de razão para a Marília – ela começou a falar
se deliciando com o chocolate – Você está realmente “apaixonadinha” pelo cara.
Mas, na boa... Acho que a Má e nem ninguém tem que se meter nisso. Quem tem que
decidir se vai dar certo ou não são vocês. Esse tal medo dele te machucar...
Isso só você pode decidir.
- Eu concordo
com isso... Só queria que a Mari me apoiasse ao invés de ficar complicando as
coisas – fiz biquinho antes de pegar mais uma colherada de brigadeiro.
- Mas tem
uma coisa – a Carol levantou o talher em tom de advertência – Você e o Edu não
tem nada oficialmente. E infelizmente, isso te deixa na mesma situação que eu
enfrento com o Caio: ele pode ficar com quem quiser. Ou seja, se realmente
estiver rolando um clima com a Nathy, nada o impede de ir adiante.
- É, você
tem razão... – comentei com a voz baixa. A última coisa que eu queria era ver o
Edu ficando com outra garota, ainda mais uma conhecida.
- Mas
sinceramente, acho que a situação está a seu favor. Tudo indica que ele está
curtindo ficar com você. Acho que o melhor a se fazer é deixar rolar. Com o
tempo vamos descobrindo os mistérios desse “garoto do rio” – a Cá disse em tom
carinhoso, só para tentar melhorar a minha cara de triste.
- É só o que eu posso fazer, não é mesmo? –
dei de ombros dando a discussão por encerrada. Minha única saída era esperar
que o tempo apontasse o que era certo ou errado naquela história.
***
Resolvi
seguir o conselho da Carol e deixar o tempo correr, sem me preocupar com nada.
O resultado foi uma semana tranquila e divertida. Eu acordava tarde todos os
dias e gastava meu tempo assistindo séries ou comprando material e algumas
coisinhas a mais que precisaria para o ano letivo. Geralmente, no final da
tarde, eu saía e encontrava com o Alê e o Edu na rua de casa e ficava filmando
as manobras de skate que eles tentavam aperfeiçoar.
A melhor
parte, claro, era a hora de voltar para casa quando o carioca fazia questão de
me acompanhar até a porta e ficávamos juntos. Eu já havia me acostumado com o
seu jeito fechado e com a “rotina” que impôs para os nossos dias. Na frente do
Alê, ele me tratava como uma amiga, conversando e fazendo brincadeiras. Mesmo
que percebesse olhares atentos e um certo “cuidado extra” quando estávamos em
público, os gestos carinhosos ficavam reservados exclusivamente para os
momentos que ficávamos a sós.
Quando as
aulas começaram, esse comportamento se repetiu. Eu meio que já esperava que o
Edu não fosse me tratar de modo diferente na frente das pessoas, mas era
estranho agir como se nada estivesse acontecendo. Eu precisava me segurar ao
máximo para não dar nenhuma brecha, como mexer no cabelo dele ou dar um selinho
na hora de cumprimentá-lo de manhã. Ele, no entanto, parecia nem se importar
com isso.
Para não
dar nenhum fora, passei a primeira semana de aula mais na minha, falando pouco,
mas observando muito. E quanto mais eu via, mais eu me preocupava. O que a
Carol comentara sobre a Mari estar se esforçando para chamar a atenção do Edu
realmente era verdade. Ok, ela era o tipo o garota que adorava ser o centro das
atenções e agradar a todos e aquilo nunca me incomodou. Mas estava na cara que
ela estava concentrando uma energia extra para se tornar amiga do carioca.
Dentro dos “esforços”, a Mari emprestou livros e anotações, apresentou todos os
professores e foi extremamente simpática – ao ponto de deixar eu e a Carol um pouco
enjoadas diante de tanta cordialidade.
Fora
isso, não vi mais nenhum comportamento “anormal” por parte do Edu. Ele tratava
todas as meninas – inclusive a Natália – de forma educada e simpática, mas sem
grandes intimidades. Quanto a mim, conversámos sempre que havia uma “brechinha”
entre uma aula e outra. Os assuntos eram mais “gerais”, como o conteúdo das
matérias, filmes ou seriados, mas eu sentia uma espécie de “vantagem” por ter
papos mais sérios com ele, como a mudança para a nova casa e a vinda do pai e
do irmão para São Paulo. Como nos falámos muito por Whats, conhecia muitos
detalhes da sua vida que ele não havia dividido com as outras pessoas. Concluí
que isso deveria somar alguns pontos extras a meu favor e me dediquei a manter
esse “vínculo especial” entre nós, já que aparentemente essa era a única
vantagem que eu tinha. Se a Mari tentava ganhá-lo pela simpatia e a Nathy pela
beleza – que ela tinha de sobra, por sinal – minha estratégia seria agir pelas
“beiradas”, focando em oferecer o que elas não poderiam: o companheirismo.
Bom,
mesmo se eu não quisesse ficar na minha, meio que fui obrigada a isso...
Afinal, a Mari resolveu se aliar de vez com a Nathy e suas amigas e me deixar
cada vez mais de lado. Quando conversávamos, o seu assunto preferido era “como
evitar desilusões amorosas”. Ela ficava comentando histórias de pessoas que
ficaram com alguém e acabaram se iludindo. Claro que tudo isso era uma indireta
sobre o Edu, mas eu sempre fingia ignorar as “dicas” e dar um jeito de fazer comentários
focando o lado positivo da história. Era inevitável não se divertir com as
expressões de brava que ela fazia ao perceber que suas alfinetadas não estavam
funcionando.
Eu até
tentei retomar nosso antigo relacionamento contando para ela que eu e o Edu
estávamos ficando e que tudo estava indo bem, mas ela não ligou muito para a
notícia. Pelo contrário: voltou a repetir aquele papo sobre eu me machucar e
blá, blá, blá...
A Carol
assumiu a posição de “neutra” nessa história. Como era amiga das duas, ela não
opinava. Só escutava e dava alguns conselhos quando pedíamos.
No final
das contas, passei a semana inteira presa na correria da volta às aulas,
deveres de casa e curso de inglês e francês – que também haviam voltado de
férias – e a ansiedade de tentar entender o que estava acontecendo. Se eu e o
Edu estávamos nos dando bem, então por que ele agia daquela forma estranha? Por
que não dávamos um passo adiante e assumíamos para todos que estávamos juntos?
E se a Mari estivesse certa? E se ele estivesse apenas me enrolando? E se eu
estivesse fantasiando demais, me deixando levar por um sentimento novo e
completamente desconhecido?
Acabei
descontando todas as minhas frustações em doces ao longo da semana. Eu passava
no mercadinho e comprava um estoque imenso de chocolates, balas e guloseimas
enquanto via vídeos na internet tentando não pensar em nada. Mas é claro que,
quanto mais esforço eu fazia para tirar Edu, Mari e companhia da cabeça, mais
eles apareciam para me assombrar.
As
dúvidas só acabavam quando eu via a mensagem dele no Whats. “Estamos aqui fora. Vem prá cá”.
Incapaz
de dizer não, eu me arrumava e descia para assumir o meu papel de “melhor amiga
do Edu” até a noite acabar e receber minha recompensa, como uma boa menina. Era
um ciclo vicioso do qual eu não enxergava a saída.
***
Só um
assunto foi capaz de quebrar a tensão da primeira semana de aula e reunir o
nosso trio como nos velhos tempos: o grito de Carnaval do Gueto.
Todos os
anos, eu, Carol e Mari organizávamos uma festa à fantasia para celebrar o
primeiro dia de folia. A comemoração já era considerada tradicional no colégio
e todos os anos rolava uma certa expectativa sobre a festa, já que que era uma
das poucas ocasiões que convidávamos pessoas que não faziam parte do nosso
grupo para participar.
Com a
proximidade do Carnaval, eu e as meninas deixamos um pouco as “brigas” de lado
e passamos a nos concentrar nos preparativos: lista de convidados, convites,
bebidas, petiscos e, claro, as nossas fantasias.
Levando
em consideração que aquela poderia ser a nossa última festa de Carnaval – a
previsão é que todas nós estaríamos morando em outras cidades no ano seguinte
por conta da faculdade – resolvemos fazer “O” grito de carnaval. Caprichamos ao
máximo na decoração e na seleção das músicas. Nos reunimos todos os dias na
casa da Cá para recortar cartolinas, fazer downloads de músicas e escolher cada
detalhe do nosso look.
Marília
escolheu ir fantasiada de Rainha Elsa, do filme Frozen. Como era loira e tinha
olhos azuis, a personagem cairia muito bem nela. Carol escolheu uma fantasia
militar super sexy enquanto eu decidi que iria de sereia.
Mesmo
encomendando os trajes em uma loja especializada, ainda passamos muito tempo
pesquisando detalhes da maquiagem, cabelo e customização de algumas peças para
dar um charme a mais à produção.
Aquele
tempo ocupada acabou me fazendo bem. A agitação me fez comer menos doces. Além disso,
era ótimo estar de bem de novo com as minhas duas melhores amigas. Mesmo que o
clima não estivesse exatamente igual a antes, era como se estivéssemos experimentando
um período de trégua. Eu só temia que aquele tempo de paz fosse o prenúncio de
um período ainda mais tenso, como se estivéssemos apenas nos preparando para o
conflito inevitável.
Minhas suspeitas
foram confirmadas na quinta-feira à noite, véspera da festa. Como de costume,
estava na rua do condomínio com o Alê e o Edu, quando vi no meu Instagram uma foto
postada pela Nathy. Na imagem, ela aparecia abraçada com a Mari, as duas rindo
muito de algo que não dava para saber o que era. A legenda dizia “Aberta a temporada para Mozão 2015”.
Abaixo, um comentário da Mari chamou a minha atenção: “Estamos juntas, amiga. #PartiuRio #VamosVirarSurfistas #ORioÉNosso”.
Por mais
que não estivesse escrito diretamente, o recado era claro. A Nathy realmente
queria ficar com o Eduardo e a Mari estava disposta a ajudá-la – mesmo sabendo
que estávamos juntos. Mas o que estava acontecendo, afinal?
- Planeta
Terra chamando Gabriela! – o carioca estalou os dedos na minha frente tirando a
minha atenção da tela – Vai ficar aí mexendo no celular ao invés de falar
comigo?
Por mais
que eu adorasse essas pequenas – e raras - demonstrações de ciúme que ele dava –
minha mente estava trabalhando em uma velocidade muito rápida para comemorar
aquele gesto. Toda a ansiedade e dúvida que vinham se acumulando dentro de mim
durante aquelas semanas vieram à tona e não consegui me segurar. Eu precisava
agir.
- Você
vai amanhã na Festa do Gueto, né? – perguntei em tom frio e calculista.
- Não
sei. Lembra que comentei que meu pai vem do Rio e que minha mãe está querendo
aproveitar a família reunida para visitar meu irmão em São Paulo? – questionou em
tom indiferente.
- Lembro
sim. Se você for, me dá um toque? – pedi, ainda com a voz controlada.
- Aviso,
pode deixar. Agora vem, você não queria aprender a andar de skate? Ou vai ficar
aí no Whats? – ele provocou com o seu típico jeito mandão.
Levantei
com um sorriso decidido no rosto. Eu havia cansado de ficar esperando o tempo
passar. Era hora de entrar em ação e a Festa no Gueto seria o cenário ideal
para o meu plano.
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Notas
finais: Caraca, quantos mistérios.
E
aí, gente? Edu está ou não afim da Gabi? E a Mari, o que diabos essa menina
está aprontando? E o que será que vai rolar nessa festa?
Só
digo uma coisa: o Grito de Carnaval no Gueto será inesquecível. Podem começar a
esquentar os tambores porque teremos fortes emoções na passarela do samba.
E
depois desse trocadilho horrível, eu vou embora! Hahahaha
Oieee... Queria dizer que estou A M A N D O! Aff, fiquei tanto tempo sem ler e já me atualizei kkkkkkkk.. Já estou LOUCA pra ver o próximo capitulo que #promete. Quero beijos na frente da galera e Gadu sambando na cara de Nathália e Marília :D kkkkk
ResponderExcluirMenina do céu, não esquece de deixar o seu nome pra eu saber quem é!
ExcluirMas que ótimo que já se atualizou e que está curtindo a fic! Fico muito feliz em saber disso! *----*
E pode se preparar que o próximo capítulo já tem trilha sonora definida: vai ser a Gabi sambando na cara "dazinimigas". Como você disse, próximo capítulo promete, e muito!
Essa festa no Gueto vai bombar, já vou avisando!
Beijão e obrigada por comentar! <3