quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Transcrição nº 9 – Bomba-relógio

Notas da Estagiária: Como a Raquel escreveu no diário, esse caso era realmente uma bomba-relógio. 

Eu acompanhava tudo só imaginando quando aquilo iria estourar. 

E o pior: o que eu iria fazer quando tudo desse errado. De qual lado eu ficaria? Do certo ou do perigoso?
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Transcrição da página 27 à 31

[“Uma gota no oceano ou um simples grão de areia
Podem mudar tudo
Reescrever a história, transformar dor em glória
Em um segundo” – Uma gota no oceano, NX Zero] 

Tic-tac. Tic-tac.

O tempo corria. E para mim era como uma bomba-relógio prestes a estourar.

Eu decidira tocar o processo adiante, sem fazer questionamentos. Meu coração deveria ser deixado de lado. Meu papel era vencer a causa, e foi nisso que me concentrei.

Tracei estratégias. Juntei provas. Mantive a máscara. Repeti para mim mesma que aquilo era certo. Me convenci que estava lutando pelos direitos de um empresário injustiçado e não pelo meu coração despedaçado.

Tudo dentro de mim gritava de desespero. Por fora, eu era uma rocha de otimismo e determinação.

Se me permitissem um pedido, eu desejaria tempo. Para fechar as feridas, para decidir o que era certo ou errado, para organizar a minha mente, para me encontrar no meio daquela bagunça.

Mas o relógio era implacável. Ele avançava e cada minuto a menos significava um passo a mais rumo ao fim do caminho.

***

Enfim, o grande dia chegou. Naquela tarde, aconteceria a audiência do caso. Para mim, mais parecia o juízo final.

Dramático? Sim. 

Mas a situação era extrema. Eu não conseguia mais sustentar a minha máscara. Era o fim do teatro.

Eu me vestira como se estivesse indo para a guerra: vestido social escuro, cabelo preso em um coque, sapatos de salto não muito altos, maquiagem bem feita. Armadura reluzente, palavras afiadas, planos alinhados.

Mas eu me sentia frágil, exposta. Eu parecia um bicho acuado prestes a ser capturado e não aguentava mais essa situação.  A única solução seria contra-atacar. Mas como?

Durante o percurso até o fórum fiz uma rápida avaliação das minhas possibilidades:

1 – sair correndo sem olhar para trás e nunca mais voltar;

2 – desistir do caso, contar toda a verdade para o Amor e encarar a fúria dele e da minha família por mandar um noivado e o melhor caso de todos os tempos para o espaço;

3 – ficar, encarar a situação e lidar pelo resto da minha vida com o sentimento de ter lutado por uma causa pela qual não acreditava;

4 – desistir do caso, procurar o rapaz da voz encantadora, contar tudo o que estava acontecendo no maior estilo “desabafo de vida” e esperar pela sua reação. Incluindo aí os riscos de ele não querer me atender, de estar ocupado demais para falar comigo, de nunca conseguir me aproximar por conta da barreira que “A Produção” fazia ao redor dele e, claro, dele estar muito feliz com a namorada e nem sequer se lembrar de mim – todas muito prováveis, considerando que recusei todas as ligações de número desconhecido que recebi nos últimos tempos porque não queria correr o risco de falar com ele;

5 – Aproveitar a situação para me vingar, mesmo acreditando seriamente que ele era inocente quanto as duas acusações;

Basicamente, todas as opções envolviam escolher entre o que eu realmente acreditava ser certo e tudo aquilo que a situação e as aparências diziam ser correto.

Ahh, como eu queria ter tempo... Mas a bomba-relógio estava prestes a estourar. Meu tempo já havia acabado.

***

Juiz, defesa, acusação, cliente. Todos estavam a postos em seus melhores ternos e expressões sérias e pensativas.

Eu lutava para manter a sanidade. Assumi o meu lugar e passei a rever papéis e contratos. Todos pensavam que eu estava concentrada e me julgavam profissional.

Eu tremia e lutava contra as lágrimas.

Ele ainda não estava lá. Não tinha certeza se compareceria. Havia a possibilidade de mandar um representante. Havia outros sócios envolvidos no processo que poderiam cuidar do caso.

Mas ele foi.

Quando entrou na sala, cercado por pessoas, como sempre, foi como se o meu coração falhasse uma batida. Nossos olhares se cruzaram e, quando me reconheceu, vi em seus olhos tudo o que sentia dentro de mim: saudade, medo, dúvida, vontade, sinceridade.

Éramos um espelho, refletindo um ao outro. 

Fui até ele e me apresentei como a advogada do empresário. Disse que esperava uma audiência limpa e rápida, e que todos saíssem ganhando.

Sua expressão foi da surpresa à dúvida. Silenciosamente, ele me questionava sobre o que estava acontecendo. Da mesma maneira, respondi que não teríamos tempo para explicações.

Éramos adversários.

Mas quando me afastei, meu coração ficou ao seu lado. 

Era inevitável.

***

A audiência corria exatamente como eu planejara. O advogado de defesa montara uma boa estratégia e estava quase ganhando a causa.

Aquilo não me surpreendia. No fundo, eu sabia que meu cliente não tinha muitos direitos.

Por isso, eu guardava uma carta na manga. Uma pequena cláusula no contrato que não fora muito bem estudada e que poderia mudar todo o jogo. Talvez não desse a vitória ao meu cliente, mas certamente renderia uma boa indenização.

No fundo, era isso que importava para ele.

Mas a defesa também tinha uma arma secreta. Claro que eles não sabiam disso, mas o depoimento dele decidiu “a partida”.

Enquanto contava como eles construíram a sociedade, o quanto lutaram juntos e como tudo sempre foi dividido e feito dentro da lei, eu não escutava a sua história. Eu a via. Fui capaz de visualizar cada obstáculo, cada vitória, as lágrimas, sorrisos, o sonho, a realização... a verdade. 

Ali eu soube que ele não era um vilão. Ali eu vi o brilho e o encantamento que me seduziram manifestar-se com seu típico jeito inocente e sereno. 

Talvez como eu, ele fosse só mais um bicho acuado tentando se defender. 

Ou talvez como eu, ele só estivesse usando uma máscara para disfarçar os seus verdadeiros sentimentos.

Mais do que a mim, o depoimento dele também impressionava o juiz.

Como sempre, ele mostrava-se um problema. 

E eu precisava de tempo.

“Você tem remédio para dor de cabeça?”

Rabisquei em um papel e entreguei o bilhete disfarçadamente para a Garotinha, que me auxiliava no caso.

Graças às forças superiores, ela acompanhou todo o processo sem comentar nada sobre “os desdobramentos” que ele trazia à minha vida. No fundo, eu sabia que ela me observava de perto, esperando um deslize para fazer o seu próprio julgamento da situação, comigo assumindo o papel de ré.

Mas não houve deslizes. 

Pelo menos, não até aquele momento.
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Notas da Manu: Só uma palavra: Socorro!

Gente do céu, o que essa menina aprontou? Será que ela vai colocar tudo a perder?

A cada transcrição eu fico com mais certeza de que a Raquel é MUITO louca! Gente, como ela consegue encarar tudo isso? Eu já teria surtado!

E Estagiária, estava conversando com as minhas leitoras e chegamos à seguinte conclusão: vamos procurar no Google Maps onde foi que a gente te deu essa liberdade.

Se estamos contando a história da Raquel, é porque o diário está BOM-BAN-DO! Mas pega leve aí, garota. Você chegou agora, tem muita coisa ainda para aprender. Não é bagunçado assim, não! Coloque-se no seu lugar.

Dito isso,

Até a próxima transcrição, pessoal.

Beijo, 

Manu.


***Leia a próxima transcrição:Página 31 à 34: Se perder é o caminho

4 comentários:

  1. Manu só tenho uma coisa pra te falar! TU SAMBOU NA CARA DA ESTAGIÁRIA!! Hahahaa!! Morri!!
    G-zuis a Raquel é doidaa!! Qiero saber o que ela aprontou!!

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    1. Ai Sofi,

      Estava na hora de colocar um limite nessa intimidade, né? Isso aqui não é casa da mãe Joana, poxa!

      Também estou louca para saber o que a Raquel aprontou! Essa garota é terrível!
      Só sei de uma coisa: com certeza essa história não terminou bem!

      Beijo Nega! Fica com Deus!

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  2. Muito bom!! O que será que a Raquel aprontou?? Que curiosidade!! Manu muito boas as transcrições e vc está sendo muito rápida, muito obrigada por não matar a gente de curiosidade !! Bjbj Luisa Dantas

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    1. Oiii Lu! Estava sumida!

      Como você está?

      Olha, como eu já postei a transcrição nº 10, eu já sei o que a Raquel aprontou. Portanto, posso te adiantar: foi uma tremenda loucura! Corre lá para ler!

      As transcrições estão bombando, né Lú? Esse diário da Raquel está demais!Um bapho atrás do outro.

      E como não estou trabalhando, estou conseguindo me dedicar mais ao blog. Por isso estou postando rápido! hahahah O ritmo aqui está frenético! hahahahahaha

      É isso, Lú! A gente se vê na próxima transcrição! =)

      Beijão!

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Oiieeee.... xD

Espero que esteja curtindo a fic!
Se estiver, não deixe de "perder uns minutinhos" para me contar a sua opinião, registrar o seu surto ou apenas para dar um oi! E se não estiver curtindo, aproveite o espaço para "soltar o verbo" e falar o que te desagradou!

Uma história não existe sem leitores! São vocês que me dão forças para continuar escrevendo e caprichando cada vez mais em cada capítulo! Portanto, deixe de "corpo mole" e venha "prosear" sobre as fics comigo e com as outras meninas que passam por aqui! *-*

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