Capítulo 8 - Promete

Notas iniciais: Cá pra nós, eu caprichei no cap! Espero que gostem!

Aproveitem!

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- Booooom dia dorminhoco! – Chamei, entrando no quarto segurando uma bandeja com o café da manhã do Luan enquanto improvisava para encostar a porta com o pé.
 

- Ahhh Vida, deixa eu dormir mais um pouco, vai?! “Cê” quase não me deixou dormir ontem... – O Lú rebateu escondendo a cabeça embaixo do travesseiro tentando se proteger da claridade da luz que eu acabara de ascender.
 

- Não te deixei dormir por um bom motivo... – Falei toda contente me sentando ao seu lado – Afinal, precisávamos comemorar o seu aniversário, não é? E para compensar o “esforço” da noite passada, olha o que eu trouxe para você...
 

Com muito esforço, o Luan levantou a cabeça para checar sobre o quê eu estava falando – Café da manhã na cama? Aôôô trem bão! Assim eu fico mal acostumado, Vidinha! – Ele me respondeu com um sorriso largo no rosto.
 

- Resolvi prolongar mais um pouquinho o plano de paparicar o aniversariante do dia, mesmo hoje não sendo mais o seu aniversário – Expliquei depositando um selinho na sua boca.
 

- Por mim você pode continuar me paparicando o quanto você quiser... Até porque hoje a gente ainda vai continuar “festando” lá em São Paulo – Ele piscou para mim me provocando – “Cê” bem que podia embarcar comigo agora né, Vidinha?
 

- Luan, Luan... Eu tenho que trabalhar né?! – Respondi com a voz séria – Pessoal da F&S Casting precisa de mim...
 

- E o pessoal da Equipe LS também... – O Lú rebateu com a voz grave – Eu preciso de você.
 

Me derreti toda com aquilo. As lembranças da época que eu viajava com o Luan vieram à minha cabeça e me recordei do quanto nos divertimos andando por aí. Mas eu não tinha como voltar agora. O Luan não saberia me tratar apenas como sua assessora de imprensa e eu não conseguiria vê-lo como um mero cliente. E misturar relações pessoais com profissionais já não tinha dado certo uma vez na minha vida... Eu não queria que a minha história com o Luan desse errado como aconteceu com o Léo. Por isso eu não voltaria à Equipe LS.
 

- Vida, você sabe que eu não posso voltar agora. Comecei há pouco tempo nesse trabalho, pegaria mal sair assim, de repente... Sem contar que na F&S eu coordeno uma equipe, tenho um cargo de responsabilidade... E isso é ótimo para a minha carreira... – Contei a segunda razão que me impedia de voltar a trabalhar com o meu namorado. Sempre que eu e o Luan falávamos sobre aquele assunto era essa a resposta que eu dava. O meu “trauma” de “relacionamentos” com patrões era algo que eu não tinha coragem de dividir com ele.
 

- Minha carreira... Quanta chiqueza, hein muié? Me dá até orgulho te ver falando assim – O Lú disse antes de me dar um beijo nos lábios.
 

- Que isso! Eu é que tenho orgulho de você, que por onde passa arrasta multidões... – Acariciei os seus cabelos carinhosamente enquanto falava – Pode ficar tranquilo, tá? Eu vou estar lá hoje para te ver comemorar o seu aniversário junto com os seus fãs.
 

- Show hoje vai ser top... E eu separei uma música para cantar especialmente para você... – Ele me contou com um sorriso provocador no rosto, aquele que sempre conseguia me deixar sem ar.
 

- Uma música? Qual? – A curiosidade tomou conta de mim na mesma hora.
 

Ao invés de me responder, o Lú pegou um dos pães na chapa que eu havia feito para ele e deu uma mordida, enchendo a boca – Não posso falar agora, é feio falar de boca cheia, Cristal – Ele se justificou, tirando onda com a minha cara.
 

- Ahhh não, Luan... Me conta! – Praticamente implorei sem obter nenhum resultado.
 

Passei o resto do café tentando convencer o Lú a me contar de todas as maneiras possíveis, mas ele só se esquivou me deixando ainda mais curiosa. Claro que ele estava adorando aquela situação, né? Ele não perdia uma oportunidade de me provocar! Certas coisas nunca mudavam...
 

No fim, acabou dando a hora de eu ir para o trabalho e precisei sair, deixando o Luan tomando banho e terminando de se arrumar. O Rober passaria por ali para buscá-lo um pouco mais tarde.
 

Cheguei no escritório animada para trabalhar. Sempre que isso acontecia, a Débora fazia “mil e uma” piadas dizendo que a noite fora boa ao lado do Luan. Ela falava tanto que quase conseguia me tirar do sério. Naquele dia, porém, ela estava mais quieta que o habitual. Na verdade, ela estava calada demais...
 

- Deby, então eu estou indo, ok?! Você sabe que hoje pedi para sair mais cedo por causa do show do Luan, né?! Mas ó, estarei com o celular ligado esperando esse release. Precisamos dispará-lo para a imprensa ainda essa semana. Essa campanha de divulgação da nova música do Lucas vai bombar! – Avisei já recolhendo as minhas coisas para sair. Eu havia levado a minha mala e todas as minhas coisas para o escritório, assim poderia seguir direto para o aeroporto depois do expediente.
 

- Tudo bem, eu te mando o texto antes de você pousar em São Paulo. Você tem que caprichar mesmo nessa campanha, né?! Afinal, o Lucas é praticamente da família agora, não é? – A Deby retrucou ainda concentrada no seu trabalho.
 

- É, ele e a Brú andam de “rolo”. Acho os dois tão lindos juntos, mas é um relacionamento meio complicado, né? A Bruninha sabe muito bem como é difícil namorar um cantor famoso – Comentei pensando na minha cunhada que andava “sofrendo” por amor.
 

Fiquei esperando algum comentário “espirituoso” por parte da minha companheira de trabalho, mas ela nem me deu bola.
 

- Deby, tá tudo bem? – Perguntei realmente preocupada. 

- Hãã... Tá sim – Ela me respondeu sem muita firmeza. Aí tinha coisa...
 

- Bom, então eu vou indo, ok? Tô esperando o release! – Achei melhor não insistir no assunto, até porque eu já estava em cima da hora para ir sair.
 

- Cristal... – A Débora me chamou assim que me virei para sair da nossa sala – Aproveita o show e... – Ela fez uma pausa antes de continuar – Não, não é nada não! Só aproveita o show, tá? E... se cuida!
 

- Hum... Tá bom... – Falei sem entender nada. O que ela queria dizer com aquilo? Infelizmente eu não tinha tempo para ficar e perguntar. O relógio no meu punho já indicava que o meu tempo estava ficando “curto” e que eu precisava correr se não quisesse perder o voo.
 

Peguei um táxi, segui para o aeroporto e fiz todos os procedimentos de “praxe”, como despachar as malas, fazer check-in, esperar na sala de embarque...
 

Enquanto aguardava o voo decolar, fiquei repassando mentalmente tudo o que eu iria dizer e fazer na frente das fãs e da imprensa. Eu queria que a comemoração do aniversário do Luan fosse perfeita e por isso queria me preparar “psicologicamente” para mais uma “prova de choque” que vinha pela frente.
 

Eu não sabia o que era, mas dessa vez eu me sentia um pouco mais confiante para encarar toda aquela pressão. Talvez fosse a noite maravilhosa que eu passei ao lado do Luan que me encorajava daquela maneira. O jeito como ele disse que me amava, a forma como ele disse que fazia questão da minha presença, o olhar dele para mim, o toque dele na minha pele... Eu sempre senti algo diferente pelo Lú, algo forte, um sentimento capaz de mudar a minha vida, de me tornar uma pessoa melhor... Mas naqueles últimos tempos nós andávamos muito conectados. Talvez fosse por causa do anúncio do namoro, das mensagens anônimas que ele viu no meu celular ou do tempo que ficávamos separados por conta dos shows e compromissos... O fato era que se antes nós nos entediamos apenas com um olhar, agora eu era capaz de ler até os gestos dele. Eu sabia exatamente quando ele estava feliz ou triste, e na noite passada eu fui capaz de senti-lo por inteiro, completo, alegre, satisfeito e “de cara limpa” para encarar o que viesse pela frente no show de hoje. Só poderia ser aquilo que estava me dando forças e coragem, que me fazia sentir capaz de superar qualquer desafio ao lado do Luan...
 

Desembarquei em São Paulo às 17h50. Voar de Londrina para a capital paulista era sempre tranquilo e eu adorava estar de volta àquela cidade por onde morei por tanto tempo. São Paulo tinha uma magia própria, uma energia contagiante...
 

Caminhei até a esteira para pegar a minha mala já com o celular em mãos. A Débora me prometera que enviaria um e-mail e eu precisava checar aquele texto antes de começar a me arrumar para ir ao show. Trabalho era trabalho, não tinha jeito...
 

Peguei a minha mala e saí distraída teclando na tela do meu celular, checando a minha Caixa de Entrada. Senti meu coração falhar uma batida ao ver que eu tinha uma nova mensagem de um remetente anônimo.
 

- Não, de novo não... Pensei comigo mesma ainda caminhando em direção à saída.
 

Pensei duas vezes. Eu poderia não abrir o e-mail para não ficar “encanada” com mais uma ameaça sem sentido. Mas se eu não checasse o conteúdo eu passaria o resto da noite na dúvida... Acabei optando por abrir, ler e ignorar o que quer que fosse que estivesse escrito naquele e-mail. Nada poderia estragar aquela noite, absolutamente nada!
 

Apertei o botão “abrir” e estaquei no meio do corredor, deixando a minha mala cair no chão e quase perdendo o ar. Anexada à mensagem, havia uma foto com data e hora do Luan saindo do prédio onde eu morava no dia que o Diogo me deu um tiro junto com uma mensagem:
 

“A hora do nosso acerto de contas está chegando. Em breve você vai me devolver tudo o que me roubou. Se quiser saber mais sobre essa foto, aguarde um contato meu marcando um encontro”.
 

Senti o mundo girar ao meu redor e as minhas pernas bambearem. Muito lentamente consegui me “arrastar” até um banco que havia por ali carregando as minhas malas. Sentada, tentei colocar a cabeça no lugar e pensar melhor sobre o que estava acontecendo.
 

A pessoa que estava me ameaçando tinha em mãos uma foto do Luan que provava que ele esteve no meu prédio no mesmo dia e horário que o Diogo praticamente tentou me matar. Até aquele momento, a presença dele no meu apartamento naquela ocasião era completamente ignorada pelo polícia, isso porque eu fizera um acordo com o Diogo que concordou em também omitir aquela parte da história. Por conta disso, ele conseguiu o meu perdão por tudo o que fez contra mim.
 

Mas se aquela foto fosse parar nas mãos da polícia, o Luan passaria automaticamente a ser um suspeito e o processo, que já estava quase para ser encaminhado para julgamento e encerrado, seria reaberto em virtude da nova prova que surgiu. As consequências disso seriam desastrosas... Minha cabeça doía só de imaginar o quanto a mídia iria especular sobre isso, em como as fãs iriam me odiar, na quantidade de contratos que o Luan ia perder, em como a nossa vida iria virar um “inferno” e, principalmente, na dor que seria ver o Lú sofrendo por minha causa, por um problema que era meu.
 

Sem perceber, as lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto, tamanho era o meu desespero. O que eu iria fazer agora? Como lidar com aquela novidade bombástica? E quem era aquela pessoa que dizia ter contas para acertar comigo? Será que eu já não sofrera o suficiente nas mãos do Diogo? Ou será que era ele que estava por trás disso tudo?
 

Secando as lágrimas com as costas das mãos, fiz o possível para não perder o controle. Senti minha mente me traindo e uma crise de pânico se aproximando.
 

- Calma Cristal, calma – Repeti para mim mesma me concentrando em tudo o que a minha terapeuta me aconselhara a fazer naquela situação: respirar fundo, tentar manter o foco, repetir para mim mesma quem eu era, onde eu estava e tudo o que era importante para mim.
 

- Sou Cristal Soares, tenho 25 anos, trabalho na F&S Casting, namoro o Luan, amo minha família, amo meu namorado, eles são a razão pela qual eu vivo...
 

Não sei quanto tempo passei desse jeito, mas aos poucos consegui manter a crise sobre controle e parar de chorar. Fiquei imaginando o que as pessoas que estavam passando ao meu redor estavam pensando ao me ver naquele estado, mas o fato é que ninguém havia parado para me ajudar ou perguntar se eu estava bem. São Paulo também poderia ser cruel às vezes...
 

Respirei fundo e tentei raciocinar. A pessoa queria marcar um encontro... Talvez eu pudesse negociar com ela, talvez ela acreditasse que eu tinha acesso ao dinheiro do Luan e estava tentando me chantagear... De toda forma, aquele encontro me dava uma esperança. Aquela seria a minha chance de impedir quem quer que fosse de estragar com a vida do meu namorado. O difícil seria ficar a “mercê” dessa pessoa, esperando a boa vontade dela de entrar em contato comigo...
 

- Cristal?! – Ouvi a voz de alguém me chamar baixinho.
 

Levantei o rosto para ver quem era. Dei de cara com um grupo de meninas, na casa dos 16 e 18 anos, me encarando com os rostos preocupados.
 

- Tá tudo bem, nega? – Uma loira me perguntou.
 

- Não vai me dizer que mais Luanetes andaram te ameaçando? Ai gente, que “paia” isso! Não nem para acreditar que pessoas como essas se dizem fãs do Luan – Uma terceira deu sua opinião.
 

- Não, não... Fica tranquila, ninguém me ameaçou – Tranquilizei as meninas na minha frente – Eu só... me senti um pouco mal e acabei sentando aqui. Sabe como é, né? Não almocei aí a minha pressão caiu... – Menti na cara de pau.
 

- Mas você já está melhor? – A primeira quis saber.
 

- Já sim! Obrigada! – Respondi tentando corresponder à simpatia das meninas.
 

- Que bom que veio para o show! Nós vimos o Luan chegando sozinho no hotel e achamos que você não viria... – A loira contou.
 

- Pois é, eu tinha que trabalhar, por isso estou chegando só agora. O Lú veio antes para fazer passagem de som e essas coisas – Comentei – Mas e vocês? Não vão para o show?
 

- Vamos sim! Estamos só esperando uma conhecida nossa que vai chegar... – Uma delas me contou.
 

- É, é uma história meio maluca... Eu, Larissa, sou aqui de São Paulo. Aí eu conheci essas duas loucas – Ela apontou para as amigas – pela internet e começamos a participar de um grupo chamado “Trupe do Luan”. Foi assim que combinamos de vir ao show juntas! Minha mãe liberou, e vai tudo esse bando de Nega dormir na minha casa hoje!
 

- Nossa, que bacana! Vocês ficaram amigas por causa do Luan?! E qual é o nome de vocês, meninas? Vocês vieram de onde? – De repente eu estava muito interessada pela história.
 

- Eu sou a Thalice, mineira de Extrema, no interior do estado – A Terceira disse.
 

- E eu sou a Eliz, vim de longe, lá de Manaus – A Loira revelou.
 

- Manaus? Caramba! É longe mesmo! – Exclamei sem nem acreditar – E essa que está chegando agora?
 

- Então, a gente não sabe exatamente quem é ela... – A Larissa disse meio sem jeito – Na verdade ela é amiga de uma amiga minha, a Manuela. A Manu me disse que a Liandra estava precisando de companhia para o show e como Luanete não deixa Luanete na mão, viemos encontrá-la aqui!
 

- Por isso nós estamos com esses cartazes aqui – A Eliz me mostrou o pedaço de cartolina na sua mão onde estava escrito “Liandra, @NoivaDoLS, chega mais, Nega” – É assim que vamos encontrá-la.
 

- E ela também vai dormir na sua casa, Larissa? – Perguntei preocupada.
 

- Não, ela vai ficar em hotel. Só essas duas vão lá pra casa! E amanhã, se a gente voltar inteira do show de hoje, eu vou apresentar a cidade para essas duas. Elas ainda não conhecem Sampa! Se pá, a Liandra vai com a gente também fazer um “tour”, vamos ver... – A Lari sorriu toda contente.
 

- Meninas, acho melhor a gente ir andando... O voo da Lí chega daqui a pouco e a gente não pode perder essa Nega! Quer ir com a gente, Cris? – A Thalice me convidou.
 

- Infelizmente não posso, meninas! Preciso correr para o hotel e me arrumar ainda... Quero ficar pronta logo para ajudar o pessoal da Equipe LS no que for preciso. Hoje o show promete... – Respondi bem mais animada do que há poucos momentos atrás. Eu nunca ia entender de onde as fãs tiravam tanta força e disposição, mas o fato era que aquela energia que elas tinham era contagiante.
 

- Mas você já melhorou? Por que se não estiver melhor, liga pro Rober ou pro Welligton e pede alguém vir te buscar – A Eliz sugeriu – “Capáiz” que eles vão deixar a namorada do “patrão” passando mal no aeroporto sozinha...
 

- Ah não, eu não quero dar trabalho! E foi realmente só um mal-estar. Agora eu já estou bem... – Sorri agradecida para as meninas.
 

- Então nós vamos indo... Mas antes, Cristal... Será que você pode entregar isso na mão do Luan, por favor? – A Larissa tirou uma carta da bolsa e me entregou – É muito importante! Promete que vai entregar?
 

- Prometo! – Falei com a voz firme, tentando lhe passar confiança.
As outras duas meninas também me entregaram alguns presentes para o Lú e depois se despediram com algumas palavras de carinho.
 

- E Cris, isso daqui é para você... – A Larissa disse tirando um anel escuro de um dos seus dedos e o estendeu na minha direção. Reconheci a peça como sendo o “anel de coquinho” que simbolizava a aliança do Luan com as fãs – Agora você também é uma nega do Luan!
 

Encarei a menina na minha frente por alguns segundos impressionada com o seu gesto. Depois peguei a “aliança” e a encaixei no meu dedo junto com o anel de compromisso que o Luan me dera no final do ano passado. O acessório ficou um pouquinho largo, mas nada que me impedisse de usá-lo.
 

- Muito obrigada! Não vou tirar mais! Eu adorei! – Fui sincera. Eu realmente tinha adorado o presente. O anel de coquinho fazia um contraste enorme com o anel decorado com pedras que ganhei do Lú, mas o significado de ambos era extremamente importante para mim: Os dois demonstravam que eu era a mulher do Luan. Nada poderia me deixar mais feliz.
 

- Espero que você use mesmo! E agora a gente vai indo de verdade, tá? Se cuida, Cris – Elas saíram me deixando sozinhas com os meus próprios pensamentos. Fiquei impressionada com a forma que elas conseguiram me distrair dos meus problemas, talvez fosse aquela a “saída” que iria salvar a minha noite.
 

Chequei meu celular novamente. Nenhuma notícia do meu “chantagista”. Tirei o som do aparelho e o joguei dentro da bolsa enquanto me levantava para sair em busca de um táxi. Aquela seria a minha estratégia durante o show: Manter a mente ocupada e pensar em um problema de cada vez. Primeiro o “desafio” da comemoração do aniversário do Lú, depois a “chantagem”. Agora era rezar para tudo dar certo...
 

***
 

A casa estava cheia e o clima era de muita excitação. No salão, as fãs já esperavam pelo momento de ver o seu ídolo cantando no palco já com os cartazes prontos. Nos bastidores, a situação também estava agitada.
 

Eu me encontrara com o Luan no hotel e nós havíamos seguido juntos para o Villa Country, local onde meu namorado se apresentaria naquela noite. No caminho lhe entreguei as cartas e os presentes que as meninas que me acharam no aeroporto me pediram para entregar e lhe contei como foi o nosso encontro. O Luan abriu um sorriso de “orelha a orelha” ao saber daquilo e pediu que todos os presentes fossem guardados no camarim para que ele pudesse abrir tudo com mais tempo depois.
 

Eu sentia o meu namorado tão tranquilo e tão feliz que era impossível não ficar do mesmo jeito quando estava perto dele. Eu ainda me sentia conectada a ele de uma maneira muito intensa e, como eu desconfiava, foi esse sentimento que me ajudou a me “manter em pé” mesmo com tudo o que estava acontecendo.
 

Nós estávamos agora na “segunda rodada” de atendimento à imprensa, conversando com alguns repórteres após posar para fotos. Ao contrário das outras vezes, eu e o Lú estávamos descontraídos, rindo e brincando um com o outro. Era quase como se não existisse mais ninguém ali além de nós dois. Eu só tinha olhos para o Luan e eu sentia que ele só tinha olhos para mim.
 

- Luan, o que você ganhou de presente da Cristal? – Um repórter quis saber.
 

- Ela me deu uma música... – O Lú explicou sorrindo para mim – Quer dizer, ela escolheu uma música para dançarmos juntos, só nós dois. Cara, foi bonito demais! Um dos melhores momentos da minha vida – Ele completou com a voz um pouco emocionada. Claro que eu me derreti toda ao ouvir isso.
 

- E você? Quando vai fazer uma música para ela? – Uma mulher usando um óculos com armação bem moderna perguntou.
 

- Eu já fiz, eu já fiz... Mas tô trabalhando em uma moda nova que vai ser tão linda quanto a Cristal – O Lú contou.
 

Oi? Outra música para mim? Então ele estava falando sério aquele dia no hotel do Rio?

 

- E quando vamos ouvir as músicas? – A mesma repórter disse.
 

- Uma delas eu pretendo cantar hoje... Ainda não sei, preciso combinar tudo certinho com o pessoal da banda. A outra ainda vai demorar mais um pouquinho... Tô caprichando bastante nela...
 

As perguntas continuaram, mas eu dei um jeito de “sair de fininho” e fiquei só de lado espiando, vendo o Luan todo a vontade em frente às câmeras.
 

Depois foi a vez dele atender as fãs no camarim. De todas as meninas que entraram, a maioria foi educada, me cumprimentando e falando comigo. Algumas já se “empolgaram” um pouco mais e me abraçaram e beijaram enquanto outras fizeram questão de me ignorar. Mas graças a Deus, nenhuma delas me destratou. Acho que aquilo já poderia ser considerado um grande avanço...
 

- Hey, que música nova é essa que você está fazendo, hein?! Eu tô curiosa! – Perguntei quando estávamos sozinhos no camarim. Nós tínhamos alguns minutinhos antes do Luan começar a se preparar de fato para subir ao palco.
 

- Nem adianta ficar me perguntando... Só vou te mostrar quando ela estiver “prontinha” – Ele me respondeu dando uma última ajeitada no seu cabelo.
 

- Isso não é justo! – Fiz bico cruzando os braços. Eu estava sentada sobre a mesa que ficava em frente ao espelho, bem próxima a ele, só “babando” pela beleza do meu namorado.
 

- Ó, para compensar, hoje eu vou cantar a sua música, viu?! Você não tava querendo saber hoje de manhã? Então... Agora você já sabe! – Ele se virou para mim colocando as mãos sobre as minhas pernas, me puxando para ainda mais perto dele.
 

- Mas não precisa... - Tentei rebater bastante sem graça.
 

- Mas deixa de ser “braba”, muié! É claro que precisa! – Ele me deu um beijo suave nos lábios – Eu tô muito feliz por você estar aqui hoje, viu? E eu não disse que ia fazer questão de contar para todo mundo quem era a mulher da minha vida? Pois eu vou contar, uai... Vou contar cantando a nossa música – O Lú disse baixinho para mim, acariciando os meus cabelos.
 

- Obrigada por tudo, Luan – Foi tudo o que eu consegui dizer sem cair no choro. Eu estava tão “abalada” com tudo o quê estava acontecendo que com certeza aquilo me deixou muito mais sensível.
 

- Que isso, Vidinha! Esqueceu que estamos juntos nessa, para o que der e vier, até o final?
 

- Juntos, para o que der e vier, até o final! – Repeti me jogando no seu colo e o abraçando muito forte, o apertando nos meus braços como se aquela fosse a última noite que ficaríamos juntos.
 

***
 

O show correu sem nenhum problema. O Luan estava arrasando no palco como sempre e o público estava curtindo muito a apresentação.
 

Toda a família e parte da Equipe do LS estavam no camarote, mas eu fiz questão de ficar do lado do palco, de onde já vira tantos outros shows do meu namorado. Da grade, algumas meninas implicaram comigo, mas outras me apoiaram. Uma delas eram a Larissa, a Thalice e a Liz que acenaram contentes para mim.
 

Quando o momento “romântico” da apresentação chegou, o Luan pegou um violão e depois de uma rápida pausa para se ajeitar com o instrumento em um banquinho, ele olhou para o público e disse:
 

- Essa música aqui eu fiz em uma das noites mais felizes da minha vida... Fiz quando estava “paxonado” demais por uma muié, que me conquistou com o seu jeito forte de mulher e com a delicadeza e a fragilidade de um cristal... Nessa noite eu pedi que ela me prometesse que fosse pra sempre minha...
 

Depois ele começou a introdução da música que eu ouvira pela primeira vez em um hotel do Rio Grande do Sul depois da primeira vez que fizemos amor.
 

*** Link para música - https://www.youtube.com/watch?v=_wSCcZv4FDs *** (E guenta coração, porque essa música é perfeita demais!).
 

O Lú olhou para mim, e com os olhos refletindo toda a emoção que eu mesma estava sentindo, ele começou a cantar.
 

“É impressão minha
Ou o sol brilhou mais forte quando olhou pra mim?
O brilho desceu das estrelas e no meu olhar ficou até o fim
É impressão minha ou metade do meu peito mora em você?
Se o mal chegar entro na frente pra te proteger
Eu te amarei por 1001 motivos
Vou perguntar baixinho ao pé do ouvido
Promete que vai ser só minha
Que vai me entender num olhar
Promete que vai visitar os meus sonhos de noite
A luz do luar...”
 

Me entreguei ao ritmo da canção relembrando cada detalhe daquela noite no Rio Grande do Sul. Tudo fora tão perfeito, tão inesquecível... Eu não esqueceria aquele momento nem dali a mil anos. O Lú cantando aquela linda canção feita especialmente para mim, nós dormindo na mesma cama, a cara de susto do Rober quando descobriu que nós estávamos juntos....

“Vem cá Cristal, vou te mostrar como um homem de verdade deve tratar uma mulher”. 

Fechei os olhos e agradeci mentalmente por poder viver um amor como aquele. Quando tornei a abri-los, o Lú me presenteou com o seu sorriso que era capaz de me tirar o fôlego. Agora a banda acompanhava a melodia completando o som do violão do meu namorado e enriquecendo ainda mais a canção.
 

“Promete ler meus pensamentos
Decifrar o meu coração
Por que só assim vai saber
Que minha vida inteira está em suas mãos”
 

Ao ouvir a última estrofe eu tive uma certeza: Se a vida do Luan estava em minhas mãos, eu faria o que fosse possível para salvá-la. Por isso, não importava o que o meu “chantagista” pedisse, eu aceitaria qualquer proposta para ver a razão da minha vida a salvo.

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Notas finais:

Ok, vamos por partes (como sempre):

1 - O que foi esse café da manhã do Casal Vidinha?

2-Deby anda meio estranha, né gente? Hum... Será que aí tem coisa?

3 - E esse e-mail que a Cris recebeu? O que esse encontro vai dar?

4 - Na boa, tô me derretendo toda com essa declaração que o Lú fez no palco para a Cris. Ahhh, cadê um Luan desse na minha vida, rapáiz?!

E atenção: No próximo cap teremos "A Noite de Rainha", quando tu-do vai acontecer!

Então, já sabem! Espero todas vocês nesse mesmo bat-local para mais emoções!

Façam as suas apostas que essa segunda fase promete! xD  

P.S: Juro que essa semana sai VDK, ok?! 

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