Capítulo 14 - O nosso mundo

Notas iniciais: Primeiramente, me perdoem a demora! 

Eu tentei caprichar bastante nesse cap, mas estava difícil arrumar tempo para escrever! Tô trabalhando feito um camelo! kkkk

Mas espero que gostem! Escrevi com muito carinho para vocês! 

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Ponto de vista da Anita – Equipe das Poderosas
 

A festa estava um “porre”! Tá, tudo bem... Para ser honesta, o lançamento do livro estava perfeito. O salão nobre do Hilton estava lotado de amigos e conhecidos da Rafa distribuídos em mesas circulares ao longo de todo o salão enfeitadas com flores vermelhas e toalhas de linho que combinavam perfeitamente com a iluminação especial. Logo na entrada havia um espaço reservado para fotos, um estande com banners e livros da Rafa e uma mesa onde ela pudesse dar autógrafos. Essa parte do salão estava “forrado” de fotógrafos sedentos por uma “fofoca quente” – que nesse caso poderia ser algum registro meu e do Luan juntos (cena que andava difícil de acontecer em frente aos holofotes nos últimos tempos), ou de algum outro convidado famoso da Rafa fazendo algo considerado “importante” pela mídia.
 

A Rafa, é claro, atendia a todos esbanjando simpatia. Muitos atores, cantores e empresários passaram por ali para garantir o seu exemplar autografado e o clique ao lado da autora, mas decidi pular essa parte. Eu ainda estava magoada com a minha empresária  por conta da falta de confiança que ela havia depositado em mim quando o assunto era a minha gravidez e não estava “afim” de ficar fingindo que tudo estava bem entre nós. A cena no apartamento, que ocorrera antes de sairmos, havia sido um lapso. Um estouro da minha parte. Não estava certo o Murilo brincar com o sentimento das pessoas. Eu saí em defesa da Rafa, mas aquilo era tudo. De resto, nada mudara... Ela tinha que ter ficado ao meu lado quando o André duvidou que eu poderia ser uma boa mãe. Agora, mais do que nunca, eu precisava daquele apoio. A Rafa não podia ter me abandonado em um momento tão delicado...
 

Fiquei por ali, apenas fazendo a minha parte. Ou seja, cumprindo o meu papel de prestigiar o lançamento do livro da minha empresária, como mandava as “boas maneiras”. E eu também não queria levantar suspeitas. Se a mídia desconfiasse que nós duas não estávamos nos falando aquilo viraria mais um escândalo nas revistas de fofocas. E tudo o que eu queria naquele momento era paz!
 

Andei pelo salão completamente sozinha, sorrindo sem empolgação para fotos e fingindo estar adorando tudo. A Malú estava ocupada ajudando a “estrela da noite” a atender a todos que queriam fotos, autógrafos ou entrevistas. Seu amigo Will havia assumido a máquina fotográfica e registrava todos os momentos da noite, fazendo poses exageradas ao bater as fotos.
 

Claro que o André não gostou nada disso. Mesmo assim, o diretor - que estava filmando cada passo da Rafa desde que ela colocou o pé no Hilton - até soube segurar a onda e tentou não dar muito na cara que estava com ciúmes.
 

Tudo ia bem, até que a Nádia apareceu de repente com o nariz cheio de curativos, dizendo que resolveu fazer um esforço para estar ao lado do André em uma noite tão especial. A ruiva deu um caloroso abraço no "amigo" fazendo a Malú ficar vermelha de raiva e quase soltar fogo “pelas ventas”.
 

Os dois casais ficaram rodeando a Loira, disputando qual deles tinha mais afinidade com um parceiro. De longe, a cena parecia uma estranha dança de acasalamento de animais pré-históricos, tipo aquelas que apareciam nos documentários sobre comportamento animal que passavam no Discovery Channel.
 

Meu irmão e o Murilo também estavam envolvidos em sua própria disputa particular em busca da atenção da Rafa. O Bebê aproveitava “os flashes” para sair em todas as fotos ao lado da autora e da Vick. Estava na cara que ele estava “forçando a barra” para fazer parecer que eles eram uma família perfeita, bem a cara dele... A estratégia estava dando certo. Os repórteres estavam caindo no “teatrinho” e a Rafa parecia ficar ainda mais relaxada em frente às câmeras quando estava ao lado dele. Para mim isso era natural. O Murilo costumava causar o mesmo efeito em mim quando estávamos juntos. Pena que tudo não passava de interesse por parte dele...

O meu irmão, mesmo ficando um pouco de “escanteio”, não havia desistido. Ele estava “comendo pelas beiradas”, tentando ser útil, pegando água para a minha empresária, e até ajudando a Dora a carregar a mala da pequena Caramelo.
 

Continuei andando pelo salão à procura de algo para me distrair. No caminho, cumprimentei algumas pessoas conhecidas, mas não quis parar para conversar em nenhuma das mesas. Não estava para “papo fiado” naquela noite. Uma música ambiente agradável animava os convidados que já eram servidos com bebidas e entradas finas.
 

Corri os olhos pelo ambiente tentando encontrar a Bruna e o Neymar. Eu sabia que os dois já haviam chegado, mas não conseguia localizá-los em lugar algum. Eu estava afim de colocar o papo em dia com os meus amigos e saber se os rumores que os dois estavam de “casinho” era verdade... Eu desconfiava que sim, mas era sempre bom confirmar.
 

Continuei procurando distraída pelos dois até que chequei a hora no meu celular: 19h45. A hora estava chegando!
 

Respirei fundo e tomei um gole de Coca Cola que um dos garçons havia me oferecido antes de pegar o elevador. Eu sabia que não devia ficar comendo nem bebendo “besteiras” durante a minha gravidez, mas a ocasião permitia esse pequeno deslize. Com certeza a minha filha entendia a minha situação.
 

Eu sabia que o quarto estaria destrancado, pois a Rafa já havia nos avisado que deixaria a porta apenas encostada para o caso de alguma emergência com a Vick ou com algum dos convidados mais "chegados". Como estávamos em um hotel de luxo, e também como não havia nada nosso de valioso por ali, não haveria problemas em deixar a porta destrancada.
 

Entrei. Eram oito horas, pontualmente. Sentei em uma poltrona que havia ali perto da porta, fechei os olhos e pedi silenciosamente que Deus me iluminasse nesse momento tão difícil. Se o Luan não reagisse bem à notícia eu estaria perdida. Não queria nem imaginar o que faria da minha vida se não tivesse o apoio do meu marido...
 

Abri os olhos e passei a reparar ao redor. A suíte era muito sofisticada. Logo na entrada havia uma espécie de sala, decorada com poltronas, sofás, uma mesa de centro feita de vidro e móveis de mogno. Também havia vasos de flores coloridas, tapeçarias de muito bom gosto e as paredes eram revestidas com um papel de parede em um tom pastel. Todo o ambiente era muito aconchegante, e lembrava bastante a sala de estar de uma casa de verdade.
 

No lado oposto à entrada havia uma grande porta de vidro que dava acesso a uma larga varanda. À direita, um arco na parede servia de passagem ao segundo ambiente do quarto, onde deveriam estar o dormitório e o banheiro.
 

Conferi as horas no relógio mais uma vez: 20h10. Meu marido estava atrasado, como sempre. Estava quase pegando o celular para mandar um SMS para o Luan quando ouvi um barulho estranho vindo do outro lado da parede. Fiquei alarmada. Seria possível que algum assaltante tivesse conseguido invadir o hotel? E agora, o que fazer? Eu deveria interfonar para a recepção e chamar a segurança? Deveria me esconder? Fugir? Mil ideias passaram pela minha cabeça. E era óbvio que eu escolheria a mais idiotas de todas elas: levantar para checar de onde vinha o barulho.
 

Caminhei até a parte do dormitório tentando fazer o mínimo de barulho possível – Tarefa quase impossível considerando que o chão era de madeira e que eu estava usando saltos finos – pronta para gritar por socorro caso fosse preciso. Minha respiração estava acelerada e eu me sentia em um daqueles filmes de suspense, quando a gente torce para que o mocinho chegue a tempo para salvar a mocinha.
 

Esgueirei-me pela passagem tentando me esconder atrás da parede, até que vi uma pessoa parada do lado oposto fechando a porta de um armário com gestos apressados.
 

- BRUNA! – Exclamei ao dar de cara com a minha amiga – O que você está fazendo aqui? Fiquei com medo, achei que fosse um bandido!
 

- ANITA! – Ela sorriu amarelo para mim – O que eu estou fazendo aqui? Eu... vim porque precisava fazer uma ligação... E você sabe, né? A festa estava bombando, por isso achei melhor procurar um lugar mais reservado para fazer isso. – Ela tentou se justificar, parecendo muito agitada. Ahh, mas aí tinha coisa...
 

- Ahã, sei sim... Mas aconteceu alguma coisa? Era algum telefonema urgente? – Especulei.
 

- Ahhh não, não... Quer dizer, na verdade, é sim! É o meu empresário... Parece que apareceu um papel novo para mim em uma novela e ele quer me passar os detalhes – A Brú se enrolou toda para me contar isso, como se estivesse improvisando uma desculpa.
 

- Papel novo? Mas que maravilha! Quem é o autor e o diretor da novela? Já tem os detalhes da personagem? – Quis saber, mais empolgada com a novidade que a própria Bruna.
 

Nesse momento o seu celular tocou. Ela pediu licença fazendo um gesto com a mão, e saiu em direção à varanda enquanto falava ao telefone, ficando de costas para mim. 

Assim que a Bruna se virou, o Luan surgiu me abraçando com força e me dando um beijos nos lábios.
 

- Mas que saudade, “Paxão”! – Ele disse quando me soltou. Seus olhos brilhavam de entusiasmo e ele cheirava tão bem.
 

- Também estou morrendo de saudades, mas não agora não dá para a gente conversar. A Bruna está logo ali na varanda! Se ela se virar, vai te ver e aí vai sacar que nós estamos “de bem” – Falei apressada, sussurrando, olhando da Bruna para o Luan desesperada. Vi a morena desligando o aparelho pelo canto do olho e mais do que rápido tomei uma decisão – Rápido, Paixão! Se esconde embaixo da cama! – Pedi, aflita. Eu não queria que ninguém descobrisse a nossa reconciliação. Para mim, aquele clima de “namoro escondido” estava perfeito.
 

O Luan não teve tempo nem para pensar. Empurrei ele para debaixo do móvel, voltando a endireitar o corpo antes que a Bruna reparasse que algo estava errado.
 

Poucos segundos depois a minha amiga estava de volta.
 

- E aí? Vai rolar o papel? – Perguntei ansiosa.
 

- Vaaai! – Ela me respondeu gritando de tanta felicidade – Fui chamada para ser a Elena na próxima novela do Manoel Carlos, acredita? – Ela estava tão contente que foi difícil resistir. Corri até ela e lhe dei um forte abraço para comemorar. Eu sabia o quanto era bom ser chamada para interpretar um papel importante. Essa era a prova que estávamos fazendo o nosso trabalho bem feito!
 

- Arrasou, amiga! Que responsa, hein? Ser Elena do “Maneco” é muito chique! – Comentei, ainda abraçada com ela.
 

- Bom, serei Elena só na primeira fase. Vou interpretá-la quando jovem, entende? Depois serei a filha dela, na segunda etapa da novela. Mesmo assim é um papel muito bacana! – Ela sorriu de orelha a orelha.
 

- Claro que é! Outro nível, né? – Brinquei, enquanto me soltava dela e me sentava na cama.
 

- Sou uma gata garota, não sou? E toda gata garota é top! – Ela respondeu fazendo nós duas cairmos no riso.
 

- Bom, o problema das ligações foi resolvido, então acho que você já pode voltar para a festa, né? – Comentei, me lembrando que o Luan ainda estava debaixo da cama. Eu precisava dar um jeito de me livrar da Bruna para tirar o meu marido dali o mais rápido possível.
 

- Hããã... Claro! Você vem comigo? – Ela quis saber.
 

- Na verdade... não! – Desconversei – Estou me sentindo um pouco cansada, sabe? E com um pouco de sono também! – Forcei um bocejo para soar mais convincente – Coisas da gravidez... Até um pouco de enjoo eu estou sentindo – Exagerei para tornar a história mais verídica.
 

- Nossa Anita, você precisa ir até a enfermaria! Pode ser um mal-estar ou algo mais grave! Há pouco tempo você estava de repouso em casa... Deve ter sido todo esse estresse da festa que te deixou assim – A minha amiga parecia estar realmente preocupada – Vem, eu te acompanho! – Ela se ofereceu ao mesmo tempo em que ia me empurrando em direção à porta como se também estivesse tentando se livrar de mim.
 

- Que isso, Bruna! Eu estou ótima! Só preciso descansar um pouco. Vou me deitar e tirar um cochilo. Daqui meia hora estarei “novinha em folha” – Falei com a voz firme para fazer com que ela saísse do meu pé de uma vez por todas.
 

- Não Any, eu faço questão! Você precisa passar na enfermaria! Ficar aqui sozinha pode ser perigoso. Eu jamais me perdoaria se algo acontecesse com você ou com a Nick – Ela bateu o pé, também falando com um tom decidido.
 

- Relaxa Brú! Desce e vai curtir a festa que eu... – Parei no meio da frase. O som de um celular tocando estava vindo de algum canto do quarto. Eu sabia que não era o meu telefone, nem o do Luan, porque conhecia os nossos toques de chamada. Também não era o aparelho da Bruna, porque ele estava na mão dela sem emitir nenhum som.
 

- Tá ouvindo isso? – Perguntei parando para ouvir melhor o som.
 

- Hãã... Não muito bem... Deve estar vindo lá da rua... – A Brú tentou desconversar com cara de quem estava aprontando alguma coisa.
 

- Não, o som vem daqui de dentro! – Afimei fechando os olhos para me concentrar na música. Não demorou muito para que eu percebesse que o ruído vinha do interior de um dos armários que havia por ali. Fui até o móvel e passei a abrir as portas tentando encontrar a fonte do barulho. Ao abrir a terceira, o meu susto foi tamanho que meu coração quase saiu pela boca.
 

- NEYMAR?! Mas o que você está fazendo aqui? – Gritei dando um pulo para trás porque o meu amigo caiu do armário todo desajeitado aos meus pés.
 

- Oi diva! – Ele me respondeu com um sorrisinho amarelo se levantando do chão. Seu celular ainda tocava, mas ele ignorou a chamada. Do outro lado do quarto a Bruna estava paralisada, sem saber o que falar, em uma típica cena de quem era pega no flagra.
 
Eles nem precisaram me explicar nada. Entendi o que estava acontecendo na mesma hora! Com certeza os dois aproveitaram que o quarto estava vazio e subiram para namorar. Quando eu cheguei, para não serem descobertos, o Neymar se escondeu no armário. Por isso que a Bruna estava tão estranha quando eu cheguei...
 

- Bruna, não acredito! Você mentiu para mim! Você não estava esperando ligação nenhuma! Então os boatos eram mesmo verdade! – Questionei, colocando a mão na cintura e fazendo cara de indignada. Como assim eu apresentava um para o outro e nenhum dos dois tinha a consideração de me contar o quê estava rolando?
 

- Pois é, Diva! Faz um tempinho já... Desde que a gente se conheceu, na verdade, que está rolando algo entre nós... Mas aí tinha aquele lance que falei pra você, lembra? De como é complicado namorar com pessoas famosas, como é difícil lidar com a distância, o ciúme... – O craque tentou se justificar colocando a mão na cintura da Bruna.
 

- Então Any, o Júnior estava com medo de se machuca novamente e eu confesso que também estava. Mas aí o tempo foi passando, eu e o Jú começamos a nos envolver, a cada dia que passava a gente se dava cada vez melhor, e foi meio que inevitável nos apaixonarmos um pelo outro – A Bruna desabafou mexendo as mãos, os olhos brilhando tanto de paixão pelo Neymar que até conseguiu me emocionar – Mas agora estamos nesse impasse: O Jú está indo jogar no Barcelona, eu tenho a novela para gravar, e ainda tem todos esses boatos, a pegação no pé da imprensa... O que a gente faz, Any? Será que devemos ficar juntos? Será que não seria melhor desistir e terminar agora, que ainda está no começo? Era isso que estávamos conversando antes de você chegar – Ela completou com a voz falhando. Dava para perceber que os dois estavam muito divididos, mas que ambos queriam muito ficar juntos.
 

Foi incrível como eu me identifiquei com a situação deles. Era como se um filme estivesse passando pela minha cabeça. Eu e o Luan enfrentávamos os mesmos problemas desde que nos conhecemos. A distância, as fofocas, as agendas de trabalho que nunca batiam... Era como se todas as probabilidades estivessem contra nós, mas mesmo assim a gente conseguia vencer todos os obstáculos. E hoje, depois de tantas coisas que passamos juntos, e mesmo depois de casados, o brilho no nosso olhar quando nos víamos nunca se apagava. Porque a chama do amor verdadeiro era infinita, e era exatamente esse tipo de sentimento que eu estava enxergando na expressão daqueles dois parados na minha frente.
 

- Francamente, Júnior... Eu não posso acreditar que estou ouvindo isso de você! “Vamô pra cima”, moleque! Alegria e ousadia, lembra? – Provoquei fazendo os dois rirem.
 

- Mas Diva... Já falei para a Bruna, eu não quero me machucar... E principalmente, não quero machucar a minha princesa – Ele olhou para a minha amiga com os olhos cheio de amor e eu quase suspirei ao ver a cena.
 

- É o seguinte: Se vocês se amam, nada vai ser capaz de mudar isso. E falo por experiência própria! Eu e o Lú passamos por tudo isso que vocês estão falando, e hoje estamos casados. O segredo é deixar o coração te guiar. Nem um oceano inteiro é capaz de apagar um amor verdadeiro – Dei a minha opinião baseando-me na minha relação com o meu marido.
 

- Ahhh Any, obrigada! E é verdade! Basta seguir o seu exemplo com o Lú que tudo vai dar certo! Sempre achei vocês dois tão fofos juntos... – A Brú comentou com a voz emocionada.
 

- Mas acho que nós podemos ser um casal um pouquinho mais “normal”, né Princesa? Adoro Luanita, mas Luan e Anita causam demais! – O Neymar brincou quebrando todo o clima “água com açúcar” que estava rolando.
 

- PERAÊ companheiro! Vamô explicar essa história direito! – Uma voz surgiu de debaixo da cama fazendo o mais novo casal dar um pulo de tão surpresos. Ri da cena. O meu marido deu o troco direitinho no susto que o Neymar tinha me dado.
 

- LUAN! – Os dois exclamaram juntos ao vê-lo deixar o seu esconderijo.
 

 - Eu e a Ní não aprontamos muito não, parceiro! Nós apenas somos um casal com muita... adrenalina – Meu marido entrou na conversa ajeitando as roupas e o cabelo que estavam bagunçados por conta da sua “brincadeira” de esconde-esconde.
 
- Mas peraê... Quer dizer então que vocês não estão mais brigados? – O Neymar perguntou em tom inquisitivo.
 

- Não é nada disso que você está pensando! – Já fui logo me defendendo levantando os braços, querendo mostrar que era inocente.
 

- Bonito, hein? Todos nós preocupados com vocês e os dois encontrando-se escondido? – A Bruna acusou – Até planos mirabolantes a Rafa e o André fizeram para ver se vocês faziam as pazes!
 

Hum... Então eu estava certa! Realmente tinha rolado um plano “mirabolante” para unir nós dois novamente? Ahh, aquela Trupe não dormia no ponto!
 

 - Já disse, é uma longa história... Mas não é nada disso que vocês estão pensando – Repeti tentando desviar o foco da conversa ganhando tempo.
 

- Quer saber de uma coisa? Já chega de conversa! Tá na hora de descer, aproveitar a festa, namorar um pouco, fazer uma “boquinha...” – O Luan praticamente expulsou o casal do quarto. Estava na cara que ele estava ansioso para ficar a sós comigo.
 

- Nossa princesa, tá vendo? Luan e Anita estão querendo aproveitar a suíte do hotel sozinhos! Vão tirar o atraso, é? – O craque provocou.
 

- Não é nada disso! É só que eu e o Luan temos... negócios a tratar – Fui direto ao ponto torcendo para que os dois entendessem o recado.
 

- Nossa! Estão nos expulsando mesmo! Tudo bem, Jú! Melhor a gente descer mesmo. Alguém pode perceber o nosso sumiço – a Bruna decidiu.
 

- Vamos descer juntos? – O jogador perguntou fazendo cara de “cão” sem dono, tentando amolecer o coração da Brú.
 

A minha amiga pensou por um instante antes de responder – Juntos! Acho que já é hora de assumirmos o que sentimos um pelo outro – Ela disse com um sorriso que ia dos seus lábios até o seu olhar.
 

Não consegui evitar sorrir também. Aqueles dois formavam um belo casal. Agora sim eu acreditava que o Neymar tinha encontrado a mulher ideal.
 

- Então vamos, princesa! Hoje eu vou tirar onda mostrando a minha namorada para todo mundo dessa festa – O craque chamou se sentindo o “tal”.
 

- Hey, vocês dois – Chamei a atenção enquanto eles caminhavam em direção à porta – Essa foi a melhor decisão que vocês poderiam ter escolhido. Juntos vocês são mais fortes para encarar todos os problemas que virão pela frente.
 

- Isso aí, cara! E não se preocupa com a distância, porque quem ama não precisa tá colado para estar junto. Sem falar que a saudade dá um “tchan” a mais nesse “trem” – Meu marido comentou com a voz cheia de “segundas intenções”.
 

- Ahhh moleque! Sei bem como é isso! É “noís”, Luan!
 

- Vem logo, Jú! A Anita e o Luan estão precisando conversar. Além disso, eu quero pegar o autógrafo da Rafa –A Bruna intimou o namorado, já mostrando quem era quem mandava naquele casal.
 

Os dois deixaram o quarto e eu fiquei sozinha com o meu marido. Respirei fundo. O meu coração começou a bater forte dentro do peito. A hora finalmente tinha chegado. Era agora ou nunca.
 

- Tão lindo os dois, né? Bem que eu desconfiava que estava rolando algo, mas não imagina que já estava tão sério assim... – Tentei quebrar a tensão.
 

- É bacana sim! Bom que a nossa Trupe vai aumentar, né? – O Lú comentou sem muito entusiasmo - E aê, “Paxão”? O que “cê” tem pra me contar? Tô aqui, doidinho pra te ouvir – Ele piscou para mim se insinuando, o que era algo bem tentador considerando que estávamos sozinhos em um quarto. Mas eu precisava manter o foco...
 

- Então... Eu preciso te falar algo sobre a nossa filha – Resolvi ir direto ao assunto. Minhas mãos suavam e eu estava tremendo da cabeça aos pés.
 

- Sobre a Nica? Que foi? Aconteceu alguma coisa? – O Luan ficou preocupado.
 

- É Nick, Luan! Nada de Nica, por favor! – Corrigi.
 

- Tanto faz, Ní! Fala logo o que aconteceu! Tem alguma coisa errada com a nossa menina? – Ele insistiu com a voz aflita, ao mesmo tempo em que dava a volta na cama e parava bem perto de mim.
 

- Então... Eu fiz alguns exames de rotinas e um deles apontou que a Nicole estava com uma formação um pouco... diferente. Por isso eu precisei fazer outros exames genéticos para verificar o que estava acontecendo – Comecei a contar com a voz falhando.
 

- Minha Nossa Senhora! E o quais foram os resultados desses exames? Nossa filha está bem? Você está bem, “Paxão”? – O desespero do Luan aumentou. Dava para ver que ele estava muito tenso e eu poderia apostar que o seu coração estava tão disparado quanto o meu.
 

- Calma Luan, não é nada grave! A Nicole está bem. Aliás, nós duas estamos. O que eu tenho para te contar não é uma notícia ruim, mas é um pouco... difícil. De início pode ser um pouco complicado – Tentei prepará-lo para o que vinha pela frente.
 

- Ai, ai, ai, ai Anita! Fala logo, muié! Pelo amor de Deus! Já tô nervoso demais da conta aqui – Ele praticamente me implorou.
 

- Luan, senta aqui... – Pedi apontando a cama. Ele me obedeceu e eu me posicionei na sua frente.
 

- Eu só quero que você saiba de uma coisa – Fiz uma pausa, procurando forças para continuar – Lembra quando você disse que queria ensinar a sua filha a tocar violão e a pescar? E que você ia fazer questão de levá-la para passear, de brincar com ela e ser o melhor pai de todos - Ele assentiu com a cabeça, então eu continuei – Então, a sua filha vai precisar muito disso! Que você seja essa pessoa carinhosa e amorosa, e que esteja disposto a aceitá-la do jeito que ela é, assim como você me aceitou: cheia de manias e defeitos... A Nicole já vai nascer com "características únicas", digamos assim, e vai precisar muito de um pai atencioso, que a ame acima de qualquer coisa, que seja paciente e bondoso.
 

- Anita, por favor, me explica o que está acontecendo! Por que você está me falando tudo isso? – O Luan me perguntou com a voz falhando, cheia de preocupação e receio.
 

- Eu estou te falando tudo isso porque... – Prendi a respiração antes de continuar. Era agora. O meu futuro e o da Nicole decididos em algumas poucas palavras – a nossa filha tem Síndrome de Down.
 
Foi como se alguém tivesse dado um soco no estômago do meu marido. Ele ficou parado, completamente imóvel, o rosto pálido como leite, os olhos vidrados em mim como se não acreditasse no que tinha acabado de ouvir.



- Mas como assim, Anita? Que "trem" é esse? Eu... Eu não consigo entender! O que a gente fez de errado? - Ele questionou ainda chocado com a novidade.

Ai droga! Ele não tinha gostado! Mas era claro que ele não iria gostar! Quem nesse mundo recebe uma notícia dessa de braços abertos? E agora? Será que ele iria me largar? Será que ele iria renegar a sua família? Será que eu tinha me enganado quando achei que o meu marido aceitaria aquela novidade numa boa?
 

Olhei para ele novamente. Eu queria falar, explicar que a Nicole seria uma criança muito especial e abençoada por Deus, que tudo ficaria bem e que a nossa família continuaria unida, mas não consegui. O Luan ainda estava em choque e eu não queria nem imaginar o que estava passando pela cabeça dele naquele momento...
 

Levantei e saí correndo em direção à porta, as lágrimas ameaçando tomar conta de mim. Era melhor fugir do que correr o risco de escutar o meu marido dizendo que não aceitava a minha filha.
 

- Anita, Anita! Volta aqui! – Senti ele me puxando pelo braço quando eu já estava quase alcançando a porta – Espera, Anita! Para onde você vai? – Ele me encostou contra a parede e me segurou firme pelos braços, evitando que eu me mexesse.
 

- Eu não sei... Só não quero ouvir que você não aceita a Nick do jeito que ela é... – Falei, aos prantos.
 

- Shiuuu, shiuuuu... Calma “Paxão”, calma... – Ele me abraçou – Eu não disse que não aceitava a nossa filha. É como você disse, a Nica vai ser uma menina muito especial, mas assim como eu aprendi a te entender, meu amor, eu vou aprender a aceitar a nossa menina. É que... você me pegou de surpresa. É difícil entender isso assim, de primeira... – Ele se justificou com a voz cheia de afeto enquanto limpava as lágrimas do meu rosto.
 

- Mas você vai amar a nossa filha? – Eu quis saber, o coração ainda batendo como um doido no meu peito.
 

- Se eu vou amar a minha Nica? – Ele riu daquela maneira que conseguia me tirar o ar – Eu não vou amar, Ní. Eu já amo! A Nicole é o fruto do que sentimos um pelo outro, é um pedacinho meu que está crescendo dentro de você, é a prova mais bonita de amor que você pode me dar...
 

Era como se alguém tivesse tirado um peso enorme das minhas costas. Depois de muito tempo eu conseguia respirar aliviada novamente. Parecia que o mundo tinha voltado a girar novamente. Era uma sensação que não dava para explicar, era quase como se eu pudesse sentir o meu coração transbordando de alegria e paz.
 

- Mas... e se as pessoas não aceitarem a nossa menina? O que vão falar dela? Às vezes acho que não vou aguentar tudo isso, Paixão! Será que eu sou forte o suficiente para encarar mais esse desafio? – Desmoronei nos braços do meu marido, o único lugar que eu me sentia segura e onde eu sabia que poderia ser eu mesma, sem disfarces.
 

- Ô “Paxão”, tudo é uma questão de tempo... Não foi você mesmo que disse que a Nica vai nascer com "características próprias" e que vai precisar de muito amor e carinho? Então... Você acha mesmo que alguém vai ter coragem de negar isso a ela? Essa menina vai ser que nem a Vick, já vai nascer com mel nesse "trem" – Ele tentou me tranquilizar, me apertando ainda mais forte no seu abraço.
 

- Você não está mesmo chateado, triste, ou sei lá... bravo, por causa dessa notícia? – Perguntei.
 

- Não estou “brabo”, não “Paxão”! Agora eu entendo o porquê você tem andado tão estranha nesses últimos dias. Imagino que não foi fácil para você passar por tudo isso sozinha, e o quanto você precisou de coragem para ter essa conversa comigo. A minha ficha ainda não caiu completamente. Ainda preciso processar toda a informação, mas tenho certeza de uma coisa: Nada disso afeta o que eu sinto por nenhuma de vocês duas – Ele apontou para mim e para a minha barriga - E acho que eu te devo um pedido de desculpas também. Eu não deveria ter falado o que falei no dia que você me fez a surpresa no estúdio! Eu tenho certeza que você será uma excelente mãe, e que se depender de você, a nossa filha será a pessoa mais amada desse “nerverso”. Depois de mim, é claro! – Ele completou fazendo graça - Se Deus te deu esse presente, é porque ele confia em você para cuidar desse anjinho que está a caminho.

- É porque ele confia em nós, Luan - Corrigi, sorrindo - Obrigado por ficar do meu lado – Agradeci beijando os seus lábios, como se fosse a primeira vez que fizéssemos aquilo.
 

- Sempre, minha Grafina! Já esqueceu que eu prometi que vou cuidar de você? Porque eu sei que você se faz de durona, mas no fundo não passa “menininha assustada” precisando de ajuda – Ele sussurrou no meu ouvido.
 

Aquela cena de nós dois conversando em um quarto de hotel, e o do Lú falando para mim que conseguia enxergar além do que eu deixava transparecer me lembrou a primeira vez que ficamos juntos, lá em Nova York. Naquela noite, nós tínhamos a cidade toda a nossos pés. Nós estávamos na varanda do quarto do Lú e o vento trazia boas vibrações para nós dois. Resolvi repetir aquela experiência, mas dessa vez em São Paulo.
 

- Vem comigo, Luan! – Chamei, o puxando em direção a sacada da suíte – Lembra de Nova York?
 

- E como esquecer aquele vestido branco super sexy que você estava usando? – Ele riu, enquanto me abraçava de forma que eu ficasse entre ele e a mureta que circundava o espaço externo.
 

- Foi assim que tudo começou... – Lembrei.
 

- O começo de uma longa história que nunca vai ter fim...
 

- ... Mesmo que muitos obstáculos e desafios apareçam pelo nosso caminho – Completei a sua frase.
 

- Anita, olha lá para baixo – Ele me virou, fazendo com que eu ficasse de frente para as luzes da cidade de São Paulo. Dali era possível ver toda a imensidão da capital, com seus “arranha-céus”, os carros pelas avenidas, o eterno movimento da cidade que nunca parava – Fecha os olhos e imagina que tudo isso é o nosso mundo! Um mundo que nós construímos juntos, pedra por pedra, vencendo cada problema com o nosso amor. Pensa que nesse mundo só existe pessoas que nos querem bem e que torcem pela nossa felicidade. Pessoas com quem podemos compartilhar os nossos sonhos e realizações e que sempre vão nos apoiar e nos fazer ir ainda mais longe. Nesse mundo também tem os nossos amigos e familiares, que sempre serão o nosso porto seguro, além de ter eu, a pessoa que sempre estará ao seu lado – Senti os seus braços em volta de mim novamente enquanto suas palavras conseguiam me emocionar ainda mais.
 

- E também tem eu, que quero ser para sempre a sua companheira! – Respondi ainda de olhos fechados.
 

- Agora abre os olhos – Ele me pediu e eu obedeci, vendo aquela imensidão diante de mim. De repente eu me sentia invencível, capaz de encarar qualquer desafio como uma super-heroína – O nosso mundo pode ser o que a gente quiser, “Paxão”. E não importa o que as pessoas vão pensar ou dizer... Lembra daquela música do DVD que eu te falei?
 

- Sei, aquela que você vai fazer mais “remixada”? – Perguntei.
 

- Essa mesmo! Ela me fez pensar em uma coisa: O verbo amar se conjuga em todos os tempos, assim como deve ser sentido de todas as formas e livre de tudo que o impeça de acontecer. Por isso, minhas duas Nís, o nosso tempo é hoje! Tempo de amar e ser feliz no nosso mundo – Ele beijou o meu pescoço me aconchegando mais em seus braços, e ficamos ali, admirando juntos as luzes da cidade com o vento batendo em nosso rosto como se fosse um sopro de Deus abençoando aquele momento.
 

Nos braços dele eu me sentia capaz de enfrentar qualquer batalha, e vencer quantas guerras fossem necessárias para manter o nosso amor para sempre daquele jeito: imune a tudo que pudesse o impedir de se realizar.
 

Senti todos os meus medos e dúvidas irem embora. Ali, junto com o Luan, eu me sentia forte, completa, uma verdadeira rainha. A rainha do nosso mundo.
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Notas finais: Só digo uma coisa: Se eu encomendar um Luan agora, será que chega a tempo para o Natal??? kkkk

Fala sério, nosso Caipira estava um verdadeiro príncipe nesse cap! Ou melhor, um verdadeiro rei - do mundo dele e da Ní!

Quero saber TUDO! Gostaram dessa cena? Eu, sinceramente, amei! Achei tão... perfeita! kkkk

E o Neymar e a Bruna? Fofos né?

E pra quem pensa que a festa de lançamento do livro da Rafa acabou, espera só! No próximo capítulo ainda teremos mais emoções no evento do ano! xD

Meninas, preciso dormir! Vamos nos falando, ok?!

Beijããão e fiquem com Deus!

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