sexta-feira, 5 de julho de 2013

Capítulo 15 - Saída de Emergência

Notas iniciais: Reta final de INC! Depois desse, temos só mais dois capítulos, hein?!
Tô atrasada com o cap, né? Então sem mais,

Aproveitem!
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Ponto de vista da Cristal
 
Eu nunca tinha torcido tanto para que um dia terminasse logo. O meu telefone não parava de tocar e as redes sociais estavam uma loucura. Tudo porque um paparazzi sem noção havia me fotografado almoçando com o advogado da Laura no dia anterior e resolveu vender a imagem para um site de fofocas.
 
Agora eu estava vivendo o “inferno na terra”. Eu não sabia como, mas algumas fãs haviam descobrido o meu número de telefone e não paravam de me ligar. As meninas estavam parecendo “cães raivosos”. Gritavam, choravam, diziam palavras ofensivas... Estava na cara que elas não tinham gostado nem um pouco da ideia de eu estar traindo o Luan. Embora não fosse nada fácil aguentar tudo aquilo, eu até entendia as Luanetes. No lugar delas eu estaria, no mínimo, confusa. Primeiro eu ficava com o Luan sem assumir nada para ninguém, depois nós tornávamos o nosso namoro público e, pouco tempo depois, eu desaparecia da vida dele e aparecia almoçando com um outro sujeito qualquer... A história era enrolada até mesmo para mim, que estava vivendo tudo aquilo. Imagina para quem estava vendo a situação de “fora”? E imagina para o Luan, que estava vivendo tudo aquilo sem saber de nada? Respirei fundo. Pensar no Luan me dava um aperto no coração, uma sensação de abandono. Eu me sentia tão... incompleta longe dele...
 
Eu havia deixado a delegacia e seguido direto para o mesmo hotel onde eu ficara hospedada quando "fugi" do Luan após o nosso jantar na chácara. Aquele lugar já havia virado uma espécie de refúgio para mim. Era ali que eu conseguia esfriar a cabeça e tentava colocar os pensamentos no lugar... Aquele era o meu lugar neutro no meio da "guerra fria" que a Laura havia criado.
 
Assim que abri a porta do apartamento, me joguei no meu sofá, completamente exausta. Eu já havia até desligado o meu celular... Além das fãs, que não haviam me dado “trégua” durante todo o dia, alguns repórteres também me ligaram para tentar “arrancar” alguma informação de mim... Era claro que a mídia não ia perder a oportunidade de explorar a “novidade”.
 
Encarei as paredes brancas ao meu redor me sentindo sufocada. Minha vida estava uma completa bagunça. Minha família estava preocupada comigo, eu mais vivia pedindo folgas do escritório do que trabalhando, as fãs me odiavam e o Luan... Bom, depois do comportamento dele em Góias, quando ele passou reto por mim me ignorando, eu já não sabia mais de nada. Naquela noite eu me odiei por não ter tomado a decisão de abrir o jogo com ele antes. Agora era tarde... Ele já devia estar me achando a pessoa mais falsa e dissimulada desse mundo, principalmente depois daquela foto que publicaram na internet.
 
Do festival em Góias eu segui direto para São Paulo, onde eu me encontraria com o advogado da Laura para acertar todos os detalhes do nosso contrato. Li e reli todos os termos do nosso trato, me certificando que ela não poderia atingir o Luan de nenhuma maneira desde que eu colaborasse com o plano maluco dela. Depois, com o coração não mão, eu assinei a minha “sentença” que me separaria do Lú em definitivo. Afinal, por mais que a Laura me dispensasse e me deixasse livre após um tempo, será que ele ainda teria paciência e amor o suficiente por mim para me aceitar de volta?
 
Naquele momento, tudo o que eu queria era um pouco de paz. Toda a loucura dos últimos dias estava me deixando exausta física e emocionalmente. Por quanto tempo mais eu seria capaz de suportar aquela situação?
 
Fechei os olhos tentando relaxar um pouco. Nem um segundo depois, o telefone do quarto começou a tocar. Seria aquele algum tipo de sinal de que eu não teria paz tão cedo? Por Deus, o que eu havia feito para merecer tudo aquilo?
 
- Alô – Atendi, contrariada.
 
- Você não está cumprindo a sua parte no trato! – Ouvi a Laura me acusar do outro lado da linha. Pelo visto, ela havia esquecido as boas maneiras e pulado a parte do "Oi Cristal, tudo bem? Pode falar?"
 
- Como não, Laura? Eu não estou fazendo tudo o que você quer? – Me defendi, também esquecendo da minha cordialidade.  A minha paciência com a irmã do Diogo e do Léo já estava no limite.
 
- Você contou para o Luan! Qual é a sua, Cristal? Estava tentando me enrolar e ganhar tempo enquanto o seu namoradinho “super star” aproveitava a situação para se aparecer? – O tom dela era de puro nervosismo. Alguma coisa tinha dado errado...
 
- Do quê você está falando? Que história de ganhar tempo para o Luan se promover? – Fui direto ao ponto. Um “sinal vermelho” já tinha se ascendido na minha cabeça. Definitivamente, alguma coisa tinha dado muito errado...
 
- Pare de se fazer de sonsa, Cristal! Vai me dizer que você não sabia que o Luan está na delegacia prestando depoimento? Então você resolveu mudar de estratégia? Ao invés de proteger o amado, você quer colocá-lo em evidência de uma vez? – A Laura me provocava com a voz “escorrendo” cinismo.
 
- Não, “pera” aí... – Precisei de alguns segundos para absolver a informação – O Luan está na delegacia? Prestando depoimento sobre o caso do Diogo? – De repente o peso daquela notícia me atingiu de uma só vez. Se o Luan contasse tudo o que sabia... Aquilo seria um caos, a fofoca do ano! Onde aquele menino estava com a cabeça?
 
- Eu e o Dr. Cirillo estamos indo para a delegacia agora! Vamos ver o que ainda será possível fazer depois desse “chilique” do Luan... – A Laura me avisou. Demorei quase um minuto para me lembrar que Cirillo foi o advogado que me acompanhara no meu depoimento naquela manhã. Só me recordei porque achei o nome bem... diferente.
 
– Eu só queria te lembrar de uma coisinha, Cristal – Ela voltou a falar me forçando a prestar atenção na conversa – Não adianta tentar me passar para trás agora! Você acabou com a minha vida e com a vida da minha família... Você vai pagar por isso! – Ela completou com a voz fria antes de bater o telefone na minha cara.
 
Mesmo com a ameaça da Laura ainda ressoando na minha cabeça, eu não conseguia pensar em mais nada. O Luan estava na delagacia... Eu precisava ir até lá! Mais do quei sso, eu precisava saber: Por que ele fez aquela loucura? Será que ele havia feito aquilo por  mim?
 
Peguei a minha bolsa, calcei os sapatos que eu havia acabado de tirar e saí em disparada em direção ao elevador. Enquanto descia para a recepção, arrumei o meu cabelo no espelho. Os meus fios estavam lisos por causa da escova que eu fizera, exatamente do jeito que o Luan não gostava. Olhei para as minhas roupas: Sociais, sérias... Do tipo que ele dizia que me deixavam com cara de ainda mais brava.
 
Tão pouco tempo perto da família da Laura e eu já estava voltando a ser como era antes: a viver em um mundo sem graça, sem cor, presa em uma trama de mentiras e segredos da qual eu nunca conseguia escapar. Da primeira vez, foi o Luan quem me trouxe à tona, quem preencheu a minha vida com diferentes tons. Tudo indicava que ele estava fazendo isso pela segunda vez, me trazendo de volta para a vida plena. Eu sabia que o meu amor por ele era incondicional. Essa era a razão pela qual eu abrira mão de tudo por ele. Mas e agora? Aquele depoimento era a prova que o amor dele por mim também era incondicional?
 
Cheguei ao saguão e pedi que a recepcionista me chamasse um táxi. Por sorte, não demorou muito e um apareceu. O lado bom de São Paulo era esse, a praticidade!
 
Passei o endereço para o motorista e pedi que ele dirigisse o mais rápido que pudesse. Não havia muito trânsito no caminho, mas mesmo assim a demora quase me matou. Cada segundo presa dentro daquele carro parecia um tormento. Eu precisava ver o Luan, aquilo já era uma necessidade, uma questão de extrema importância. Eu precisava conversar com ele, lhe contar tudo, saber o que ele estava pensando, o que estava sentindo por mim...
 
Assim que cheguei na recepção da delegacia, fui direto para um rapaz que ficava sentado atrás de um balcão cinza e alto. Na frente dele havia um computador velho e ao seu lado um telefone, igualmente velho. As paredes eram de um tom de verde desbotado e havia alguns bancos bem antiquados que serviam para que as pessoas se sentassem enquanto esperavam a sua vez de serem atendidas. O movimento não era grande. Só um grupo de pessoas registrava um boletim de ocorrência por conta de uma batida de carro.
 
- Oi! É... o Luan, o Luan Santana... Ele ainda está por aqui? – Perguntei assim que me aproximei do rapaz parado sentado atrás do balcão.
 
De repente todo o grupo virou para mim e começou a me encarar como se eu fosse uma extraterrestre! Ótimo! Eu não chamaria tanta atenção se estivesse carregando um cartaz avisando que eu era louca!
 
- Ele está sim! Está com o delegado, prestando depoimento... Já tem um tempo já... – O rapaz me respondeu de maneira simpática.
 
- Será que eu posso esperar o depoimento terminar aqui? – Quis saber.
 
- Claro, fique à vontade! – O rapaz disse, voltando a prestar atenção no grupo de pessoas. A discussão sobre a batida recomeçou enquanto eu me sentava em um dos bancos e me ajeitava por ali.
 
- Cristal? – Ouvi alguém me chamar, poucos minutos depois que me sentei.
 
 - Rober? Well? Ai, graças a Deus! Me conta, o que deu no Luan? O que ele está fazendo aqui?- Perguntei, já não contendo mais a minha ansiedade.
 
- Cristal, o que VOCÊ está fazendo aqui? – O Rober quis saber, surpreso com a minha presença.
 
- Eu vim para São Paulo para mudar o meu depoimento sobre o caso do Diogo. Looooonga história... – Resumi em poucas palavras o motivo da minha presença na cidade – Mas e o Luan?
 
- Cris do céu, você não imagina o rolo que já deu esse seu depoimento. Eu só fui entender a história completa quando estávamos no Bicuço voando para cá! É o seguinte... O Luan viu a sua foto almoçando com outro cara e estava amarrando o maior “bode” por sua causa. Daí ele resolveu mexer no Ipad que você deu para ele, para matar as saudades... Você sabe, né? Coisa de gente apaixonada.... – O Rober tirou onda – Foi aí que ele encontrou um depoimento seu se declarando para ele. Aliás, o depoimento ficou muito bacana mesmo...
 
- VOCÊ VIU O DEPOIMENTO? – Senti o meu rosto ficar vermelho de tanta vergonha.
 
- O Luan me mostrou enquanto ele me contava a história direitinho...
 
- Ai droga! – Eu não sabia onde colocar a cara – Enfim, termina a história, vai...
 
- Então... Depois do depoimento ele chegou a conclusão que você o amava mesmo e que não tinha o abandonado. Ele já desconfiava que havia algo de errado na história e por isso resolveu chamar uma tal de Débora para conversar lá na casa dele... Não sei de onde ele tirou essa menina, mas eu precisei praticamente arrancá-la do horário de almoço e levá-la para a casa do Luan... – O secretário foi me contando enquanto ia dando uns goles na Coca-Cola que ele levava em uma das mãos. Pelo jeito eles haviam saído para comprar algo para beber antes da minha chegada.
 
- O Luan falou com a Débora? – Meu queixo quase foi no chão de tanta surpresa.
 
- Falou! E ó, essa tal de Débora aí abriu o jogo e contou tudo. Disse do acordo dela com a Laura, da chantagem que a irmã do Diogo estava fazendo com você, e do plano dela de te obrigar a mudar o seu depoimento e inocentar o irmão.
 
- A Débora? Ela confessou tudo? Então o Luan sabe de toda a verdade? – Eu não conseguia acreditar. Quando eu poderia imaginar que a garota que me traiu foi a pessoa responsável por mudar o destino de toda aquela história? – Então é por isso que o Luan está aqui?
 
- Ele veio para contar toda a verdade! Disse que não ia deixar o Diogo livre, sem pagar pelo o quê fez com você! O rapaz tá decidido! – O Rober me provocou, sorrindo.
 
- Nossa, eu nem  sei o que falar... – Fiquei sem palavras. Então eu estava certa: O Lú estava fazendo tudo aquilo por mim! E agora? Como eu iria retribuir isso para ele?
 
- O depoimento não terminou ainda? Quando vamos ter a noção do tamanho do estrago que esse “muleque topetudo” causou? – A Laura entrou na delegacia com uma expressão de poucos amigos. Ao seu lado o Dr. Cirillo tentava acalmá-la fazendo gestos com a mão – Você já sabe de alguma coisa, Cristal?
 
- Não Laura, eu não sei de nada! – Retruquei, fechando a cara para ela.
 
- Vem Cristal! Vamos tomar um café – O Well, com o seu instinto protetor, me chamou para me afastar da irmã do Diogo.
 
Fui junto com o segurança até o corredor da delegacia, onde havia uma máquina de café. O Rober acabou nos acompanhando e ficamos por ali, conversando enquanto esperávamos o depoimento acabar.
 
Depois de mais ou menos uma hora, o Luan apareceu no corredor seguido pelo delegado e pela Doutora Tereza. Ele parecia um pouco abatido, o que era normal após passar tanto tempo trancado em uma sala de delegacia.
 
- Ahhh, então aí está ele... Posso saber qual história você e a Cristal estão inventando agora? – A Laura veio correndo já acusando o Luan assim que o viu.
 
- Por favor, sem declarações. Deixe o meu cliente em paz! – A nossa advogada foi curta e grossa. Pelo canto de olho vi o Luan encarar a Laura com uma expressão de bravo . Pelo jeito ele estava realmente “invocado” com a Laura.
 
- Dona Laura, Dr. Cirillo, por favor, se acalmem! O Luan apenas veio colaborar com a gente nos contando alguns detalhes que nós desconhecíamos até então – O delegado se intrometeu olhando para mim com uma expressão de “Agora eu sei de tudo, viu mocinha?” – Não há motivos para nervosismo! Nós vamos considerar todos os depoimentos e logo voltaremos a entrar em contato com vocês para darmos continuação ao caso, ok? – O homem, que aparentava ter uns cinquenta anos e tinha a aparência de um homem sério e até um pouco mal humorado, falava com uma voz calma, porém séria e firme – Agora acho que todos podem ir para casa! O dia  já teve muitas novidades por hoje, não acham? – Ele nos dispensou na “cara dura”
 
- Concordo com o senhor! Luan, por favor, vamos... Já cumprimos a nossa parte por aqui. Acho melhor sairmos pelos fundos, não quero chamar atenção de curiosos... – A Tereza disse, já puxando a fila para a saída. Vi o Lú e todos da sua equipe a seguirem sem falarem muita coisa. O Rober e o Well apenas acenaram com a cabeça para mim enquanto o Luan me olhava fixamente com uma expressão fechada. Pela primeira vez eu não conseguia “ler” a sua face. Eu não sabia o que ele estava sentindo naquele momento... Seria raiva? Mágoa? Mas se fosse isso, então por que ele fez tudo aquilo por mim? Vi ele virar as costas e acompanhar o grupo, me deixando ali, sozinha.
 
- Tudo bem, então! Amanhã nós voltamos para nos atualizarmos sobre o caso! – A Laura ficou sem “saída” e acabou concordando em ir embora – E Cristal, por favor, venha comigo! Acho que nós temos algumas “detalhes” para acertar – Ela completou com um tom irônico antes de ajeitar a bolsa no ombro e caminhar para a porta da frente.
 
- Dona Laura, devido os novos fatos, acredito que teremos que bolar uma estratégia diferente... – Ouvi o Cirillo começar a conversar com a irmã do Diogo enquanto seguíamos para a saída, mas eu parei de prestar atenção na conversa. A Laura disse que queria acertar alguns “detalhes” comigo e era por isso que eu estava atrás dela, mesmo contra a minha vontade... Por mim eu largava aqueles dois ali e saia correndo atrás do amor da minha vida.
 
Nós já estávamos do lado de fora da delegacia e algumas poucas pessoas já se amontoavam por ali para especular. A Tereza estava certa quando quis evitar curiosos. A história já ia chamar a atenção por ela mesma, nós não precisamos dar ainda mais motivos para isso... Eu caminhava com a cabeça baixa, sem ânimo e cansada até que uma ideia surgiu de repente na minha cabeça. Eu aceitei “colaborar” com a Laura para evitar que todo mundo soubesse do envolvimento do Luan naquele caso. Mas... Se o Luan já estava oficialmente envolvido, então eu não tinha mais o que temer! Nada mais me prendia àquela chantagem...
 
Sem pensar duas vezes me virei e voltei correndo para o interior da delegacia. Parei em frente ao balcão onde o rapaz que falou comigo quando cheguei ali ficava. Ele me encarou com uma expressão de dúvida no rosto, não entendendo a minha “correria”.
 
- Onde fica a saída dos fundos? Me fala rápido, por favor! – Pedi, meio que atropelando as palavras.
 
- É por ali, moça... – Um outro policial, que estava perto de nós quando a Tereza anunciou a sua saída por trás, me apontou. Com certeza ele entendia o meu desespero! – Vem, eu abro a porta para a senhora!
 
- Muito obrigada, moço! Obrigada mesmo! Mas pelo amor de Deus, vamos depressa – Falei toda ansiosa, agitando as mãos, perdendo completamente a compostura.
 
Foi difícil correr de salto fino pelos corredores da delegacia, mas eu estava tão “obstinada” que nada teria conseguido me parar. Eu precisava falar com o Luan, e aquela conversa iria acontecer agora. Não dava mais para esperar... 

Passei pelo delegado e por vários outros policiais que não entendiam nada do que estavam vendo. Nem fiz questão de parar para me explicar. Eu só queria correr e chegar logo até o Luan!
 
O policial abriu a porta para mim e sorriu, me incentivando. A saída dava para um pequeno estacionamento, onde eu imaginava que os funcionários do local guardavam os carros. Do outro lado, havia uma saída de veículos que dava para uma rua. Do lado de lá da calçada, eu vi um senhor baixo, de cabelos meio brancos fechando a porta de uma van prata. Mentalmente, e sem interromper a minha corrida, eu agradeci a Deus pela ajuda “divina”. Aquele senhor ia ser a minha salvação!
 
- Joããããooooo! “Seeeeeeu” Jooooooãoooo, me espera! – Gritei com o resto de fôlego que me sobrava. O guarda que estava cuidando da saída de carros me olhou espantado, sem entender nada.
 
- Jooooooãããããõooooooo, me espeeeeraaaaaaa! – Voltei a gritar. Já era fim de tarde e a noite ia caindo. Começava a garoar em São Paulo e ao longe eu ouvia o barulho do trânsito da cidade que nunca parava. A minha bolsa estava pendurada de qualquer jeito no ombro, o meu cabelo já estava bagunçado por causa da corrida e eu desconfiava que tinha torcido o pé no meio daquela loucura toda. Mas nada disso ia me parar.
 
Vi o “seu” João olhar para trás procurando a pessoa responsável por todos aqueles gritos. Em seguida, ele sorriu e voltou a abrir a porta da van, facilitando a minha entrada.
 
Cruzei os últimos metros que me separavam do Luan atravessando a rua sem nem olhar para os lados, e entrei no carro de uma vez só, toda esbaforida.
 
- Cristal? – O João exclamou com um sorriso no rosto.
 
- Depois... explico... Vai! Vamô... embora daqui... Agora! – Pedi com a respiração entrecortada. O meu coração estava a mil e eu olhava para a delegacia assustada, como se temesse que a Laura viesse correndo atrás de mim e me obrigasse a voltar me arrastando pelos cabelos.
 
- Não precisa pedir duas vezes! – O motorista assentiu fechando a porta da van e correndo para assumir o seu posto. Menos de um minuto depois, nós já estávamos arrancando e eu nem sabia para onde.
 
- Oi gente! – Cumprimentei o pessoal da van, agora com a respiração mais normalizada. Nos banco logo atrás de mim, um Rober e um Well me encaravam completamente “embasbacados”. Mais adiante, na última fileira de assentos, o Luan me encarava, igualmente surpreso. Os olhos dele brilhavam e eu sabia que era de alegria por me ter ali. Foi isso que me deu coragem para me levantar e ir me sentar ao seu lado.
 
- Obrigada! – Sussurrei com a voz baixa olhando fixamente nos olhos dele. Eu tinha muito o que dizer, muito o que contar, muito o que explicar... Mas aquela palavra resumia tudo. Eu devia a minha felicidade ao Luan.
 
Ele não disse nada. Apenas ajeitou os meus cabelos com gestos suaves e retribuiu o meu olhar de um jeito carinhoso. O brilho que eu havia visto há pouco ainda estava ali, mas tinha algo a mais... Tinha muito mais, na verdade! Só uma pequena sombra que eu enxergava ali me assustava. Mas eu não queria pensar naquilo agora...
 
- Ai, ai... Já tô sentindo falta daquela época que os dois estavam brigados... – O Rober resmungou no banco da frente.
 
- Nem me fala, Testa! Vai começar o mela-mela... – O Well concordou balançando a cabeça.
 
- Cala a boca “cês” dois aí, vai... Presta atenção no caminho e não reclama! – O Luan respondeu brincando, me presenteando com o sorriso que me tirava o ar. Meu coração falhou uma batida e foi como se o meu mundo começasse a girar ao contrário. Ou melhor, agora que eu estava ao lado do Luan, o meu mundo estava girando no sentido certo.
 
Sem nenhum aviso, me joguei nos braços dele, o apertando bem forte, o cheiro do perfume dele tomar conta de mim.
 
- Senti muito a sua falta... – Confessei.
 
- Eu mais... – Ele me respondeu dando um beijo no meu cabelo, também me apertando muito forte.
 
Fiquei me aproveitando daquele abraço por um longo tempo e depois deitei a minha cabeça no seu colo. Eu sabia que nós dois precisávamos conversar, mas naquele momento eu só queria fica quietinha, matando as saudades que eu sentia dele. O Lú acariciava os meus cabelos de leve e aquele gesto já foi o suficiente para me acalmar depois de tantas "emoções".
 
- Ah, que bom que a gente chegou! Não aguentava mais ficar aqui segurando vela... – O Rober comentou agradecido se levantando e dirigindo-se para a porta da van.
 
- Já tô logo atrás de você, cara! Luan, tô te esperando aqui fora, hein? Não esquece que temos horário e que o Anderson tá na sua cola! – O Well falou em tom sério antes de seguir o Testa para fora do carro.
 
- Aonde nós chegamos? – Perguntei me levantando do colo do Luan e voltando a me sentar ao seu lado.
 
- No aeroporto, Vidinha... – Ele me respondeu com a voz abatida.
 
- Aeroporto? Pensei que você estivesse indo para um hotel... – Falei ainda tentando me localizar. Eu mal tinha me reencontrado com o Lú e já teria que deixá-lo ir?
 
- Não! Eu só vim para São Paulo para depor. A gente tem uma turnê de shows marcados no Espírito Santo, lembra? Se eu não voltar o Anderson me arranca o couro! – O Lú me respondeu com um meio sorriso no rosto.
 
Parei por um instante e fiquei apenas olhando para ele. O cabelo estava um pouco diferente, uma espécie de topete jogado para o lado. Ele vestia uma jaqueta preta, camisa verde, calça escura e coturno. Estava lindo, como sempre, embora ele não estivesse com a expressão brincalhona de costume. Eu sabia que tinha algo o atormentando e tinha medo de perguntar o que era. A minha intuição me dizia que eu era a razão daquela “ruguinha de preocupação” que estava estampada na testa dele.
 
- Você me perdoa? – Perguntei com a voz fraca sem coragem de encará-lo nos olhos.
 
- Perdoo – Ele me respondeu com a voz suave, porém firme.
 
- Mesmo depois de tudo? – Falei encarando as minhas próprias mãos que repousavam no meu colo.
 
- Olha para mim, Cristal – Ele me virou em sua direção e segurou as minhas mãos – Eu sei que você fez tudo isso por mim, Vidinha! Como eu posso não te perdoar?
 
- Obrigada por ter aceitado se expor dessa forma! Esse seu depoimento vai estragar completamente os planos da Laura... Se não fosse você, eu estaria até agora presa nas chantagens daquela cobra... Você me salvou! – Continuei falando, agora me sentindo mais corajosa.
 
 - Cristal, você entrou na minha frente e levou um tiro do Diogo para me salvar... Isso era o mínimo que eu poderia fazer por você! - Ele me explicou apertando as minhas mãos, porém sem me machucar.
 
- Mas eu não fiz isso esperando algo em troca... – Rebati na mesma hora.
 
- Nem eu, Cris. Mesmo que você não volte para mim, mesmo que a gente não fique mais junto... Mesmo assim  eu teria aceitado vir para São Paulo para depor. Aquele idiota do Diogo tem que pagar pelo o quê fez com você – O Lú me respondeu mexendo as nossas mãos bastante agitado.
 
- Você sabe que esse seu depoimento vai ser o escândalo do ano, né? – Especulei com a voz receosa.
 
- Sei sim, Vidinha... Mas não quero pensar nisso agora. O que tá feito tá feito! O que não pode é a Laura ficar te usando desse jeito! Isso eu não admito! – Ele mantinha o tom de voz firme enquanto mexia no cabelo, todo inquieto, deixando uma das minhas mãos livres.
 
Respirei fundo, me enchi ainda mais de coragem e parti para a pergunta decisiva da noite, aquela que ia mudar a minha vida – É... Você disse que... que mesmo que eu não voltasse para você... – Comecei a falar, gaguejando e me perdendo com as palavras – Se eu quisesse voltar... você me aceitaria de volta?
 
O Luan parou e me encarou por alguns segundos, depois ele coçou a cabeça, todo sem jeito antes de começar a falar – É claro que eu te aceitaria, Vidinha! Eu te aceitaria até daqui a 100 anos, eu te aceitaria até mesmo se soubesse que você realmente estava com outro cara, e não almoçando com o advogado da Laura... Eu te aceitaria mesmo que você realmente não me quisesse mais! Mas é que... Eu sinto que você não confia em mim! Poxa, você é sempre cheia de mistérios e segredos. É como se você fosse capaz de ler a minha alma sem nenhuma dificuldade enquanto tudo o que eu vejo da sua são pedaços, fragmentos, nunca a verdade toda – Ele desabafou comigo, os olhos cheios de uma tristeza que fizeram o meu coração parar dentro do peito – Poxa, por que você não me contou o que estava acontecendo? Eu poderia ter te ajudado! Por que você sempre quer resolver tudo sozinha?
 
- Mas eu confio em você! – Meus olhos já estavam cheios de lágrimas. Eu seria capaz de qualquer coisa para que ele acreditasse em mim, mas ali eu estava com as mãos atadas. Só palavras não iriam convencê-lo.
 
- Luaaaan, a gente precisa embarcar! O Bicuço já tá pronto, cara! E o Anderson tá na sua cola! Se você não chegar em Londrina a tempo ele vai te matar! – O Well bateu na porta da van para nos apressar.
 
- Cris, eu preciso ir... – O Lú me falou com a voz triste.
 
- Eu sei, mas... Eu tenho tanta coisa para te falar ainda... – Eu sentia o meu coração sangrar. Eu não poderia deixá-lo ir daquele jeito. Era como se a minha oportunidade estivesse escorrendo pelos meus dedos...
 
- Ô Vidinha, não fica assim... – Ele me abraçou forte.
 
- Eu não posso te perder! – Comecei a chorar que nem uma criança. Eu já não me importava com mais nada, eu só queria que o Luan acreditasse em mim.
 
- Não chora, meu amor, não chora... – O Lú me pediu secando as minhas lágrimas – Eu sempre vou estar aqui para você, Vidinha! Sempre! – E então ele me beijou. Foi um beijo suave, sem pressa. Ele colocou uma das suas mãos na minha nuca, me puxando para mais perto dele e eu me joguei nos seus braços, me entregando completamente a ele. Por um momento tudo funcionou como sempre era entre eu e o Luan: Ação e reação. Ele me abraçou e eu corri as minhas mãos pelos seus cabelos o que fez a vontade que eu sentia dele só aumentar. Eu sabia que ele também estava gostando daquele beijo, eu podia sentir... Era quase como se todo o mundo estivesse em silêncio e só os nossos corações batendo pudessem ser ouvidos.
 
- LUUANNN, a gente tem que embarcar! Desculpa atrapalhar cara, mas o Anderson vai nos matar se você não voltar a tempo – Dessa vez foi o Rober que nos apressou.
 
O Lú encerrou o nosso beijo com um sorriso nos lábios. Depois ele segurou o meu rosto com as duas mãos e me deu um beijo na testa, antes de se levantar e caminhar para a saída. Quando chegou na porta, ele parou e olhou para mim.
 
- Acredita em mim, por favor! Eu confio demais em você! – Fiz a minha última tentativa de convencê-lo.
 
- Eu sei disso Vidinha, mas... – Ele olhou para baixo como se estivesse procurando as palavras – Eu tenho que ir embora, Cristal. A gente precisa sentar e conversar com calma, meu amor... Não quero me acertar com você no meio dessa correria. Eu vou te ligar e a gente combina, tá?
 
- Eu vou ficar te esperando! – Disse,  as lágrimas voltando a escorrer pelo meu rosto.
 
- Pode esperar! – Ele piscou para mim e depois desceu da van. Vi ele embarcar no Bicuço e em seguida o João nos tirou da pista de decolagem para liberar a área para a aeronave.
 
Uma garoa fina caía pelo vidro do carro e o “seu” João dirigia sem falar nada, respeitando "o meu momento". Olhei para trás e encarei o avião que ia ficando cada vez mais distante de mim.
 
- Eu vou te esperar, Luan... – Repeti baixinho para mim mesmo. Aquela frase era muito mais uma espécie de “alento” do que uma afirmação. Eu ia esperar até que ele fosse capaz de superar toda aquela bagunça que eu “arranjei”. E nesse dia, eu ia provar que confiava nele o mesmo tanto que o amava.

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Notas finais: Casal Vidinha juntos de novo! Vivaaaaa! Só que não, né?! kkkkkk
E agora? Luan vai ligar para a Cris? E a Cris, como ela vai provar para o Ursinho que confia nele? E a Laura, Diogo, Débora e Léo? Vixi gente, esse final promete!

E aí eu tava pensando aqui... Tem alguém com saudade da nossa Granfina, do Caipira e de toda a Trupe aí?

Meninas, pra quem vai pro DVD, nos vemos lá!
Pra quem não vai, torçam por mim, por favor! *--*

Beijo grande e obrigada por tudo!

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6 comentários:

  1. É minha primeira vez aquí comentando eeeee sou a primeiraaaaa! Uhuuul! \O/
    Cara o casal vidinha vai se acertar de novo! Pelo depoimento do Luh, agora a Cris está livre da chantagem da Laura (mas ta claro né, essa bruxa não pode separá-los).
    Eu amei a iniciativa da ursinha de correr aos braços do nego porque sempre é ele quem tem que procurá-la né? pena que Luan tinha que viajar :/ Mas esse reencontro promete ;) #EuAtéSentiaFaltaDaInc
    Perfeita demais a fic, já tô ansiosa por ler o seguinte cap! Parabéns Manu (Desculpa meus erros de Portugês), beijãosss da Argentina!
    @Andru_DeLuan =D

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    1. Oiii nega! Que bom que vc resolveu comentar por aqui! E olha só, já chegou pegando o topo! Aí sim! kkk

      Vivaaaaaa! Sim, o casal Vidinha está se acertando de novo! Melhor notícia da semana! Concordo com vc, Laura não pode separar os dois, aliás, nada pode separar os nossos ursinhos, não é mesmo?

      Ahh, foi tudo de bom a Cris correndo atrás do Divo, não foi? Realmente, é sempre ele quem corre atrás, já estava na hora da Cristal retribuir isso!

      E pode apostar, o reencontro promete muito! Próximo capítulo será "suspirante"

      Ahh nega, então você é da argentina? Não sabia! Está mais perdoada pelos "tropeços" no português! Sou louca para conhecer o seu país! Quero ir para aí no ano que vem!

      Beijão do Brasil para você, e até o próximo capítulo! xD

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  2. aaaaaaaaaeeeeeeeeeeeeeeeeeeee flosita!!

    depoiis de tudo esse dois tao no rola ou enrola .... tá é melhor do se estivessem brigados né??!!! aeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
    iiiih a cris podia fazer uma coisa bem legal e digno de luanete né?? já seeeei!!! eu ainda acho que ela vai pro show do lulub's e vai achar uma mesaa e vai invadir o palco.. só acho!....
    haaaa a cris sambando com salto na cara da laura! pegaaaa sua sem o que fazer!? nao tem uma trocha de roupa pra lavar nao é?? tem msm que fica atrapaiando o casal vidinha???
    e lulu?? tá tao frio n tá?? sei nao viu!! mas ele vai se render as encantos da cris! tenho certeza que vai!!!!

    aaaaaa eu sabia!!! eu sempre te flei pra vc fazer a continuação de AGeOC nao falei??
    pois até que enfim te convenci!!!!!
    to com sordade da any sabia?? da rafa então?? essas gatas garotas!! qd pretende continuar eim flosita??

    bjs de sua fã n 1 minha quase gloria perez!

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    1. Glória Perez? Nossa! Calma Anina, calma! kkkk Um dia eu chego lá!

      Será que ela vai para o show, encontrar uma mesa e invadir o palco? Hum... Acho que não! Cris não tem cara de quem faz essas coisas! Mas pode apostar que a nossa Vidinha vai caprichar nesse reencontro! Próximo cap será suspirante!

      E vai com calma aí, Aninha!
      Eu só perguntei se tinha alguém com saudade de AGeOC! Só isso! kkkk
      Brinks! Mas ainda não tenho nada certo, estou só pensando em uns "trens" aqui

      Beijo Aninha! Bom te ver por aqui também!

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  3. ahhhhhhhhhhh pelo amor de deus essa cris é muito zicada cara ... agora que pode dar tudo certo vem o Lú fazer charminho, puts
    Acho só acho que a Laura poderia ter um acidente ou cair na rua e ser atropelada não que eu deseje o mal dela mas e pro bem da humanidade... xD
    Manuzinha linda a fic está cada vez melhor pode ser eterna ? não quero que acabe, pelo menos não agora =(,

    Maaaaaaaaaas to mega feliz por que a Any vai voltar das ferias e vai trazer um novo integrante pra história né? uuhhu o/

    To ansiosa pro próx. capitulo Manu .... Beijocas

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    1. Cris é muito zicada mesmo, rapáiz! É muito azar para uma pessoa só! Mas você disse tudo, Maroca: Agora que tudo estava dando certo, vem o Luan e fica fazendo charme! ÔÔÔÔ casal complicado, viu?!

      Nossa, tá todo mundo querendo que a Laura se ferre, né?! kkk Mas olha, fiquem calmas! Laura vai ter o que merece no próximo cap, prometo! xD

      Eterna? Poxa Mari, não tenho como escrever uma fic eterna! O lado das histórias é que elas tem começo, meio e fim! Um dia INC vai ter que acabar, não tem jeito!
      Mas prometo um final bem bacana!

      E ó, olha o lado bom: A nossa Granfina está voltando, para a nossa alegria! E teremos um novo integrante sim! Vivaaaaa!

      Maroca, te vejo no próximo capítulo! Até lá!
      Beijão!

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Oiieeee.... xD

Espero que esteja curtindo a fic!
Se estiver, não deixe de "perder uns minutinhos" para me contar a sua opinião, registrar o seu surto ou apenas para dar um oi! E se não estiver curtindo, aproveite o espaço para "soltar o verbo" e falar o que te desagradou!

Uma história não existe sem leitores! São vocês que me dão forças para continuar escrevendo e caprichando cada vez mais em cada capítulo! Portanto, deixe de "corpo mole" e venha "prosear" sobre as fics comigo e com as outras meninas que passam por aqui! *-*

Cada comentário ilumina muito o meu dia! Não deixe de fazer uma quase-escritora feliz: Comente! *-*

E não esqueça de deixar o seu nome, ok?!