terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Transcrição nº 14 – Fragmentos

Notas da Estagiária: Não consigo ler essa parte sem chorar...
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Transcrição da página 47 à 51

[“Chega simples como um temporal
Parecia que ia durar
Tantas placas e tantos sinais
Já não sei por onde caminhar

E quando olhei no espelho
Eu vi meu rosto e já não reconheci
E então vi minha história
Tão clara em cada marca que tava ali

Se o tempo hoje vai depressa
Não tá em minhas mãos
Cada minuto me interessa
Me resolvendo ou não
Quero uma fermata que possa fazer
Agora o tempo me obedecer
E só então eu deixo
Os medos e as armas” – Temporal, Pitty]

 O anel estava no meu dedo.

O vestido me caíra perfeitamente bem.

O penteado impecável.

Sem exageros ou falsa modéstia, eu estava linda.

Mas o que via no espelho não era eu. 

Como um mosaico, eu enxergava diferentes partes de mim.

Partes do que eu era antes, do que era agora, do que desejava ser, e daquilo que eu realmente seria, por fim.

Porque o meu destino não mais me pertencia.

Eu estava diante de uma encruzilhada.

De um lado, o caminho que meu coração escolhera para mim, com todos os seus mistérios, sombras e encontros misteriosos. Tratava-se de uma estrada sinuosa e difícil, mas que me chamava, seduzia, parecia disposta a me dar todas as respostas se eu tivesse coragem de encará-la;

E do outro, um caminho velho e batido, que seguia de acordo com a vontade da minha família e do Amor (ou ex-amor). Um único trecho se mostrava instável: justamente no ponto em que meu ex-noivo tomava as rédeas da situação, a estrada inclinava-se em uma descida muito íngreme e, de onde eu estava naquele momento, não era possível ver adiante. O caminho poderia voltar a ser plano e tranquilo ou cheio de descidas cada vez mais complicadas e sombrias. Acredito que nem ele saiba o que vem pela frente...

Claro que a minha carreira era um peso que contava muito nessa decisão. Por mais íngreme que fosse, ainda assim era mais fácil carregar uma bagagem pesada como essa morro abaixo do que por caminhos desconhecidos. Se depois ele voltasse a ficar plano, então tudo ficaria ainda mais fácil...

Mesmo assim, a intuição soprava em meu ouvido que a primeira opção era a melhor.

O juízo gritava para que seguisse pelo segundo.

Mais uma vez, o tempo corria contra mim com uma velocidade cruel.

Por qual caminho seguir? E quais seriam as consequências da minha escolha?

***

“Meu amado,

O que vivemos juntos foi muito especial. Parafraseando aquele famoso livro, ‘alguns infinitos são maiores que outros’ e, depois de tudo o que vivi ao seu lado, posso afirmar que essa teoria é, de fato, real. Muito real...

Você me deu muito mais que um infinito dentro de dias contados. Você trouxe luz, cores, sabores, texturas... trouxe sentido à minha vida.

Colocou em cheque tudo o que eu acreditava, me mostrou que a vida pode – e deve - ser muito maior. Acho que a lição mais valiosa que me ensinou foi a que não devo permitir que escolham a minha vida por mim. Pode até ser fácil aceitar tudo o que lhe impõem, porque, afinal, essas pessoas só querem te ver bem. Mas seguir esse caminho pré-determinado acaba matando o seu coração.

Resumindo: é preciso manter a chama acesa, a despeito da tormenta que faça lá fora.

O problema é que, nesse momento, a tempestade ameaça afundar o meu barco e não posso continuar seguindo contra a maré. A fim de reparar os estragos causados na estrutura do meu navio, preciso navegar por águas mais calmas e menos tortuosas. Embora eu deseje vencer o horizonte e seguir rumo ao desconhecido, o certo nesse momento é me manter próximo à terra firme.

A chama não se apaga, mas preciso afastar-me de ti. Nossos mundos são muito distintos e não há como aproximá-los agora. Nossos caminhos se separam e não sei se voltarão a se encontrar.

Mas, independente do que for, a chama continuará viva. Se puder, me espere. Mantenha a tua própria chama acesa e peça às estrelas que guiem meu caminho até você novamente.

Com carinho,

Raquel”.

Terminei de digitar o e-mail com as lágrimas lavando meu rosto.

Quando apertei o botão enviar, foi como se estivesse dando um golpe fatal em mim mesma.

Mas era necessário.

Engoli o choro, peguei a chave do carro e saí.

***

A festa de noivado foi organizada na mansão da família do meu noivo.

Pessoas elegantes, boa comida, champanhe à vontade.

Os convidados dançavam e se divertiam.

Minha mãe parecia um pavão, se exibindo para todos.

Meu noivo estava calmo, sorrindo a toa e me enchendo de paparicos.

Já eu... 

Me sentia em um velório.

As luzes, as velas... tudo que fora usado para dar charme à decoração me lembrava um enterro do futuro que sonhei para mim.

A alegria alheia me sufocava.

Será que ninguém ali era capaz de olhar nos meus olhos e enxergar que eu não queria nada daquilo? Que aquele anel no meu dedo parecia uma mordaça me sufocando?

Eu me esforçava para sorrir e conter as lágrimas.

Meu coração ameaçava parar quando eu me lembrava do e-mail que enviara para o meu Amado.

“A chama não se apaga, mas preciso afastar-me de ti. Nossos mundos são muito distintos e não há como aproximá-los agora. Nossos caminhos se separam e não sei se voltarão a se encontrar”.

Qual seria a reação dele?

Será que me entenderia?

Aquelas questões me atormentavam. Eu precisava fugir, precisava ficar sozinha, precisava pensar.

Minha cabeça era um redemoinho de sensações. Era como se estivesse presa em um labirinto.

Fugi da festa.

Peguei meu carro e comecei a dirigir sem destino.

Eu acelerava enquanto as lágrimas quentes cortavam meu rosto feito chamas.

Meu coração ardia.

Eu estava perdida. 

Sozinha.

Sem saída.

Foi aí que aconteceu: um barulho enorme. O carro capotando.

Uma, duas, três vezes...

E eu apaguei.

Meus pedaços se espalharam. Eu estava quebrada.
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Notas da Manu: Ai meu Deus, o que aconteceu com essa menina?
Outro acidente de carro? 

Agora a coisa foi pro pau de vez! Vamos torcer pra tudo ficar bem!
E Estagiária, esse relato também mexeu muito comigo. O que foi aquela carta, gente?

A gente se vê na próxima transcrição! Torcendo muito aqui!

Ahh, só para deixar claro caso alguém não tenha lido o livro ou visto o filme: Raquel faz referência na carta ao livro A culpa é das Estrelas de autoria de John Green. =)


***Leia a próxima transcrição:Página 52 à 56: Fênix

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