domingo, 24 de fevereiro de 2013

Capítulo 11 - Um fim e um começo

Notas iniciais do capítulo:
 Eu avisei que o capítulo 11 seria bom...
Então preparem-se para 12 páginas de muitas emoções!
MAS antes, um aviso:
O capítulo é dividido em duas partes: O fim é narrado pela Anita e o começo é contado pela Rafa. Por isso coloquei um aviso a partir da parte que a Rafa assume a história, ok?
Aproveitem!
_________________________________________________________________

– Certo, todos prontos. Operação “O Lú de volta” em andamento. Anita, confirme a sua posição – A Rafa gritou da sala para mim, que estava no meu quarto trocando de roupa.

– Rafa, porque você está falando desse jeito? Como se estivéssemos em uma guerra? – Ouvi o Murilo, que estava na sala junto com a minha empresária, perguntar.
 

– E você ainda pergunta? Você não entendeu a importância dessa operação? Temos muita coisa em jogo, Bebê. É tipo o momento dramático do filme quando a gente finalmente descobre se a mocinha vai perdoar o mocinho – A Rafa falou fazendo drama – Só que nesse caso é o mocinho que vai ter decidir se perdoa ou não a mocinha...
 

– Na boa, vocês mulheres são muito complexas. Vou esperar vocês no carro – Ouvi o Murilo se levantando para pegar as chaves.
 

– Neeeeem pensar Bebê. Ninguém melhor que você para me falar se a primeira parte da operação funcionou. Você conhece a Any tão bem quanto eu. Preciso que alguém me diga se eu caprichei o suficiente no “look” – Ouvi a Rafa usar o seu tom de voz mais apelativo. E eu conhecia aqueles dois o suficiente para saber que o Murilo jamais resistiria a um pedido da Rafinha.
 

– Tá bom, tá bom, eu fico... Mas Anita, se você demorar mais cinco minutos eu juro que eu desisto – Ri ao ouvir o Murilo ceder ao pedido da Rafa.
 

Dei uma última olhada no espelho. Realmente a Rafa tinha caprichado demais no “look” para a pré-estreia do filme. Era um vestido tomara que caia azul bem escuro, que como diria a minha empresária, era “pra derrubar o peão”, ou seja, era curto, justo e infalível.
 

Nos pés, mesmo com a dor no meu tornozelo, eu usava um scarpin nude super charmoso, o colar de coração que o Luan tinha me dado estava no pescoço e o cabelo preso em um coque com alguns fios soltos caídos pela lateral da minha cabeça.
 

– Tudo bem Murilo, eu já estou pronta! – Avisei enquanto pegava a minha bolsa sobre a penteadeira e saia em direção a sala, onde os dois me esperavam.
 

– Que tal? Como estou? – Perguntei ao aparecer no cômodo em que eles me estavam.
 

– Anita, você está deslumbrante... Com todo respeito Rafa – O Murilo emendou a segunda frase correndo depois de ficar boquiaberto ao me ver.
 

– Tudo bem Bebê, não tenho ciúme da minha gata garota. E agora eu sei que a primeira fase da operação foi concluída com sucesso! Como diria o André, você está um AR-RA-SO! – Ela bateu as palmas em comemoração.
 

– Ok, ok! As duas estão um AR-RA-SO – O Murilo também imitou o diretor do clipe – Mas estamos atrasados. Esqueceram da coletiva de imprensa que o pessoal do estúdio marcou para antes da pré-estreia do filme?
 

– Você está certíssimo, Bebê. Me perdoem a falha, mas eu não estou me agüentando de ansiedade. Algo me diz que algo muito importante vai acontecer essa noite – A Rafa realmente não se agüentava de tanto nervoso.
 

– Certo, em posição homens! Hora de partir para o ataque – Ela piscou para mim e depois nos empurrou em direção à porta para que todos nós saíssemos de uma vez.
 

Entramos no carro da Rafa, com ela dirigindo e o Murilo sentando no banco do passageiro. Eu fiquei sozinha no banco traseiro.
 

Os dois conversavam animadamente durante o trajeto enquanto eu mal me agüentava de nervoso. Os dias tinham voado desde o flagra do paparazzi e da minha briga com o Luan até o dia da pré-estréia do filme.
 

Além das gravações, e dos preparativos da Rafa para a operação “O Lú de volta!” eu ainda tinha que conciliar o meu tempo livre em dar entrevistas sobre o filme e fugir dos fotógrafos na porta da minha casa que continuavam a me perturbar. Quem inventou os paparrazzis não sabia o que era ter paz...
 

Durante aqueles dias eu não falei com o Lú. Ele não me ligou e eu achei melhor não tentar falar com ele antes daquele evento. Eu sabia que ele estava chateado, e não poderia tirar a sua razão. Eu precisava que ele parasse por pelo menos cinco minutos para me escutar. Naquela noite eu estava disposta a esclarecer tudo, até mesmo o motivo porque tinha terminado com ele na época das gravações em Ribeirão. Com as palavras certas e um pouco de sorte talvez ele me perdoasse. Pelo menos era isso que eu esperava...
 

Senti meu celular vibrar dentro da pequena bolsa que a Rafa tinha separado para mim. Peguei o aparelho para checar a mensagem que havia chegado.
 

“Devo sentir ciúme porque não vou te ver linda de vestido e ELE vai?”
 

Era o Fiuk. O “ele” em questão era o Luan. Eu e o Fê tínhamos falado muito do Lú nos últimos tempos. O Filipe fez questão de saber o porquê eu era tão apaixonada por ele, e eu lhe contei toda a nossa história. Desde o reality show, passando por Nova York, Porto Alegre, Campo Grande até chegar ao nosso fim em Ribeirão Preto. Depois falei das gravações do “clipe”, da noite que passamos juntos até chegar a suspeita de gravidez . Essa parte da história o Fê já conhecia muito bem...
 

E embora eu sentisse muita falta do jeito carinhoso e alegre do Luan, dessa vez estava um pouco menos dolorido viver sem ele. E eu devia parte disso ao Fê, que ficava horas conversando comigo, mesmo quando eu estava com o meu humor péssimo. Eu sempre chegava em casa e pensava que seria muito fácil me apaixonar pelo modo atencioso e único do Fiuk... Mas aquele amor que eu sentia pelo Luan tomava conta de todo o meu peito e não deixava espaço para mais nada.
 

*** 
Chegamos ao local da pré-estreia. Seria em uma arena cultural do Rio que contava com salas de cinema e um pequeno teatro, que serviria de palco para o show do Lú. A arena era super charmosa e elegante, um lugar que inspirava novos sentimentos, novas sensações.... E era exatamente daquilo que eu precisava naquela noite.
 

– Murilo e Anita, por favor, por aqui. Estamos em cima da hora para a coletiva com os jornalistas. O Luan já está esperando por vocês nos bastidores – Alguém da produção nos alertou enquanto descíamos do carro e o manobrista o levava para o estacionamento.
 

– O Luan vai participar da coletiva? – Não pude deixar de exclamar surpresa. Aquilo não estava nos planos.
 

– Sim, o pessoal do estúdio achou melhor incluí-lo na mesma coletiva. Não tinha motivo para fazermos duas entrevistas separadas se o assunto seria o mesmo: a estreia do filme – O rapaz da produção falava rapidamente enquanto nos incentivava a seguir pelos corredores até chegarmos ao local da entrevista.
 

– Segunda fase da operação “O Lú de volta” iniciada com sucesso – A Rafa sussurrou enquanto passava por mim ajeitando meus cabelos – Vai dar tudo certo! –Ela piscou para mim.
 

Chegamos até uma pequena área na lateral de uma sala de reuniões onde os jornalistas já nos esperavam. Onde estávamos era um local fechado que nos privava da visão dos que estavam do outro lado da sala. Um pequeno corredor dava acesso ao salão principal.
 

O Murilo foi o primeiro a entrar naquela espécie de “backstage” improvisado, seguido pela Rafa e depois por mim. Os dois cumprimentaram as pessoas que já estavam nos bastidores e depois abriram espaço para que eu pudesse fazer o mesmo.
 

Foi então que eu vi. Ele estava parado próximo ao corredor, encostado despreocupadamente na parede enquanto segurava um copo de água nas mãos. Ele estava de camisa xadrez (para variar...) com um blazer por cima tentando fazer a linha sofisticado para a pré-estreia. E o cheiro... Aquele perfume que eu adorava que eu poderia sentir a metros de distância.
 

– Oi Luan – Disse, simplesmente.
 

– Oi Ní! Quer dizer... Oi Anita – Ele me olhava de cima a baixo com uma expressão um pouco desconcertada no rosto. Ponto para a Rafa! O vestido tinha mesmo “derrubado o peão”.
 

– Tudo bem com você? – Me aproximei para dar um beijo em seu rosto. Eu não sabia o porquê, mas eu me sentia extremamente confiante naquela noite. Vai ver azul escuro era a minha cor da sorte.
 

Aproximei meu rosto do dele para cumprimentá-lo, mas acho que ele tinha ficado tão desnorteado com a minha presença que acabou virando o rosto na hora errada e, ao invés de eu acertar a sua bochecha, acabei depositando beijo no canto da sua boca.
 

– Fácil assim, Luan? – Brinquei, piscando para ele.
 

Ele apenas me olhou sem jeito. Quando ia abrir a boca para falar, a produtora do filme, a Ana Júlia, me viu e veio em minha direção .
 

– Anita, você está maravilhosa! – Ela me deu um abraço – Querida, finalmente o filme ficou pronto! E nós devemos tanto a você... Se não fosse o seu profissionalismo, o seu foco no trabalho e a sua força de vontade em tocar as coisas para frente mesmo com tudo o que aconteceu... – Nessa hora ela desviou o olhar em direção ao Luan e então eu soube que ela se referia ao fato de eu ter deixado os meus planos pessoais de lado e terminado com o nosso namoro para dar continuidade ao projeto do filme.
 

– A Anita, além de uma ótima atriz, é uma pessoa com um coração de ouro. Você tem uma namorada e tanto, rapaz – Ela apontou o dedo em direção ao Luan sorrindo para ele como estivesse fazendo o melhor comentário do mundo.
 

– Hãã... Ana... Eu e o Luan... Nós não estamos juntos – Falei sem graça. O Luan somente nos olhava com uma expressão de quem não estava entendendo nada.
 

– Ele ainda não sabe? – Ela perguntou surpresa – Mas também não tem problema, agora já estamos no final de tudo. Daqui a umas semanas acaba a divulgação do filme e você fica livre... E o filho? É dele ou do outro gatão, o filho do Fábio Jr? – Eu só conseguia pensar em duas coisas depois que eu ouvi aquela última frase: Primeiro – Eu adorava a Ana Júlia e tinha permitido que ela acompanhasse todas as negociações com os executivos do filme sobre o rolo de terminar com o Luan. Mas naquele momento eu só queria matá-la! Segundo – Adeus início bem sucedido de operação! O sorriso no rosto o Luan foi simplesmente se desfazendo conforme a Ana desatava a falar exatamente TUDO o que ela não poderia dizer perto dele. Bye,bye maré de sorte, pensei amarga.
 

– Pessoal da coletiva, por favor, vamos nos posicionar. Não podemos atrasar a programação do evento. Ana Júlia, você é a primeira a entrar, depois entra o Murilo, a Anita e o Luan fecha a fila, certo? Boa sorte, pessoal – O organizador do evento nos deu as ordens e rapidamente nos posicionamos. Ironia do destino ou não, eu ficaria sentada justo entre o Murilo e o Luan. Há um tempo isso poderia dar um rolo enorme...
 

Entramos na sala de reunião onde os jornalistas já nos esperavam. Sentamos junto a mesa onde estavam os microfones enquanto a produção rapidamente ligava os aparelhos. Dezenas de flashes estouravam em nossos rostos.
 

– Boa noite pessoal. Teremos 30 minutos para perguntas. Por favor, no primeiro tempo da entrevista vamos focar no filme, ok? Depois, caso alguém queira, nós abrimos para perguntas gerais e pessoais – 
O organizador avisou aos jornalistas que concordaram.
 

O primeiro tempo de perguntas foi tranqüilo. Falamos das gravações do filme, das cenas, das personagens... E no fundo foi até divertido relembrar os tempos de trabalho em Ribeirão.
 

O tempo todo a Ana falava sobre o meu profissionalismo, e me elogiava por não ter deixado o projeto da “A Granfina e o Caipira” de lado. E toda vez que ela tocava no assunto o Luan me olhava desconfiado. Alguém poderia, por favor, pedir para a Ana Júlia ficar quieta?
 

– Já podemos partir para as perguntas gerais? – Respirei fundo. Lá vinham aqueles jornalistas com as perguntas fatais. O organizador pediu para que ela seguisse, e então a repórter direcionou o olhar para mim e fez a única pergunta que eu não queria ouvir.
 

– Anita, o bebê é para quando? – Senti o Luan respirar fundo ao meu lado. Malditos repórteres!
 

– Bebê? Desculpe querida, mas eu não estou grávida – Respondi irônica.
 

– Sim, mas e todos aqueles boatos? – A jornalista insistiu.
 

– O que foi divulgado foi uma foto do Fiuk entrando no meu prédio com um teste de gravidez nas mãos, e porque ele é meu colega de trabalho concluíram que a entrega era para mim quando, na verdade, o teste era para a minha empresária que voltava de viagem naquela noite – Menti na cara de pau. Senti o Luan me olhar surpreso. Com certeza ele não havia pensando naquela hipótese. Do outro lado o Murilo se segurava para não cair na risada.
 

– Bom, nesse caso, a empresária de vocês, a Rafaela Prado, já foi várias vezes flagrada ao lado do seu assessorado, o Murilo Requeno em eventos que não me pareciam ser profissionais. Murilo, há alguma chance desse filho ser seu? – A repórter jogou a bomba para o Mú que a encarou espantando.
 

– Meu filho? Não... Tudo não passou de um susto. A Rafaela não está grávida e se estivesse o filho não seria meu. – O Murilo explicou – Mas... eu não teria problemas em assumir um filho da Rafa se ela quisesse – Ele emendou olhando para ela nos bastidores. A cara de espanto da Rafa ao ouvir aquilo foi a melhor de todas. Se ela pudesse, com certeza pularia no pescoço do Murilo naquele mesmo momento para lhe agradecer. O sonho dela era ter um filho.
 

– Anita e Luan, como está a relação de vocês agora? Depois daquela declaração no show em São Paulo vocês não foram mais vistos juntos... Vocês terminaram? – Outra jornalista emendou uma pergunta na sequência. Olhei para a Rafa. Ela precisava parar aquele “bombardeio” imediatamente senão a operação “O Lú de volta” ia fracassar antes mesmo de eu conseguir falar com ele.
 

– Hum... Sim, eu e o Lú somos... amigos – Respondi a pergunta sem muito ânimo. O Luan permaneceu em silêncio ao meu lado.
 

– Mas porque vocês terminaram? Foi por causa do Fiuk? Luan, você já sabia dessa “amizade” entre a Anita e o Filipe? – Um repórter alto lá do fundo da sala perguntou.
 

– É.. Não, eu não sabia... A Anita é uma pessoa cheia de mistérios, então eu não tinha como saber – O Luan respondeu em um tom amargo sem me olhar.
 

Procurei com a Rafa com os olhos. Quando a encontrei, respirei aliviada. Ela estava ao lado do organizador do evento pedindo para que ele encerrasse a entrevista. Pela expressão em seu rosto ela estava praticamente o ameaçando de morte caso ele não terminasse a coletiva naquele momento.
 

No instante seguinte o organizador pegou o microfone e anunciou o fim da coletiva. A Rafa tinha sido convincente o suficiente. Fechei os meu olhos tentando relaxar. Ainda tinha uma chance de resolver toda aquela confusão. Eu só precisava esperar o momento certo...
 

– Por favor, os ganhadores da promoção queiram se juntar a mim. Vamos organizar a fila para que vocês possam tirar fotos com o pessoal do filme e o Luan. Pessoal da imprensa que quiser acompanhar, por favor, posicione-se no painel de fotos – O organizador das fotos avisou todos os presentes.
 

Seguimos para o painel. Tiramos fotos com todos os vencedores da promoção e depois fizemos fotos individuais e em grupo.
 

– Anita, Luan, uma foto, por favor! Uma foto só vocês dois – Vários fotógrafos pediam próximo ao local onde estávamos.
 

Olhei para ele receosa. De repente fiquei com muito medo de que ele dissesse não. Mas ele estendeu a mão em minha direção me pedindo para que eu me aproximasse.
 

– Eu preciso falar com você – Disse enquanto me posicionava ao seu lado. Flashes estouravam contra nós.
 

– Agora não, Anita – O Luan me respondeu enquanto colocava uma de suas mãos em minha cintura para posar para os fotógrafos.
 

– Lú, eu sei que está tudo uma droga, mas eu preciso falar com você – Quase implorei enquanto colocava o meu braço no seu ombro.
 

Ele não me respondeu.
 

– Vai me ignorar agora? – Insisti. Ele continuou olhando para frente fingindo não me escutar. Porém a expressão do seu rosto entregava que ele não estava contente com aquela situação.
 

Respirei fundo para me encher de coragem. Depois, de um tranco nele o puxando em minha direção, diminuindo a distância entre nós. Mais flashes estouraram de uma só vez.
 

– Vai continuar me ignorando agora? – Perguntei enquanto ele me olhava assustado.
 

– Você não tem jeito mesmo né, nega? – Ele me disse sorrindo. O primeiro sorriso que eu via naquela noite. Me derreti toda com aquele sorriso que eu adorava.
 

Por um instante, ficamos próximos um ao outro, sem falar nada, apenas sorrindo. E aquilo foi o suficiente para que tomasse coragem para fazer o que eu precisava fazer.
 

– Pessoal, por favor, vamos entrar na sala. Está na hora da exibição do filme – O organizador do evento avisou.
 

Todo o pessoal começou a se organizar para entrar na sala. Eu e o Luan seguimos para o final da fila, éramos praticamente os últimos. Lá na frente vi a Rafa e o Murilo entrando. Minha empresária olhou para trás e piscou para mim.
 

Aquela era a hora. Esperei todos entrarem para me virar para o Luan.
 

– Hey, você... Aonde fica o meu camarim? – Perguntei para um assistente da produção que ainda estava por ali.
 

– No final do corredor, Anita. Está identificado com o seu nome e a chave está na porta – Ele me respondeu solícito.
 

– Ótimo. Você – Peguei o braço do Luan puxando-o em direção ao corredor – Vem comigo!
 

*** 
Cheguei ao meu camarim sem dificuldades. Empurrei o Luan para dentro e tranquei a porta.
 

– Certo. Agora você vai me escutar – Disse, decidida.
 

– Anita...
 

– E não me venha com agora não, Anita. Senta aí, senhor Luan Rafael! Eu preciso falar com você – Apontei a poltrona para ele.
 

– E você vai me falar o quê? Vai me contar aquela história que de que o teste era para a Rafa? Eu não vou cair nessa! Eu falei com a Rafa naquela noite para perguntar se ela sabia onde você estava. Ela me disse que estava chegando no Rio e que não falava com você desde manhã. Agora me fala, quando foi que ela te pediu esse teste? – Ele falava com um jeito sério, mexendo sem parar no cabelo.
 

– Lú... por favor, deixa essa história de lado e me escuta. Esquece todo esse rolo por um momento e só tenta me escutar – Parti para a apelação.
 

– Anita, olha só, eu não quero brigar com você. Mas eu também não quero me machucar de novo. Daquela vez que você terminou comigo eu sofri demais. E todo mundo me disse que eu não deveria te dar uma segunda chance. Mas eu dei, e você me apareceu com aquele seu “amiguinho” fazendo visitas de cortesia na sua casa – A voz dele tinha muita mágoa.
 

– Estranho você falar em amiguinhos... Porque eu tive que aguentar a Cacau do seu lado mesmo sem saber o que ela de fato era sua, e você não pode parar um instante sequer para me ouvir explicar toda essa confusão – Soltei sem pensar.
 

– A Cacau não tem nada a ver com isso... – Ele disse.
 

– O Fiuk também não – Retruquei.
 

– Aliás, eu nem sei porque você está falando na Cacau. Se eu algum dia fiquei com ela foi por sua causa. Foi você quem terminou comigo – Agora a sua voz tinha um tom de raiva e de ressentimento.
 

– E até hoje eu não sei o porquê nós terminamos... E agora você me pede para eu te escutar? Você não acha que está um pouco tarde para você querer explicar alguma coisa? – Mágoa, raiva, ressentimento... Eu sentia tudo aquilo em sua voz e via na sua expressão. Meu coração sangrava a cada palavra que ele falava. Eu queria explicar, eu queria acabar com aquela dor que ele sentia, mas eu simplesmente não conseguia.
 

– Anita, ninguém te amou mais do que eu te amei. E acho que nunca vou gostar de alguém como eu gosto de você. Mas eu não posso ficar junto com uma pessoa em quem não confio. A cada dia que passa você se enrola mais e eu não consigo entender porque você não me conta o que está acontecendo... Primeiro você termina comigo, depois me deixa plantando te esperando enquanto você está com outro...
 

– Eu não estava com outro – Tentei me defender, meus olhos já cheios de lágrimas.
 

– Isso é o que você diz... E eu não consigo mais acreditar em você. Desculpa Anita, mas a gente não tem mais nada para conversar. Eu achei que você era uma pessoa, mas desde o show em Ribeirão você se transformou em outra. E eu não posso amar essa nova Anita – Ele disse sem me olhar nos olhos, mas com uma determinação na voz que me assustou. Depois ele caminhou até a porta, saindo do camarim e me deixando sozinha.
 

As lágrimas começaram a correr pelo meu rosto. Eu queria explicar tudo, eu queria dizer que eu ainda o amava, que eu ainda era a mesma Anita, eu queria implorar para que ele voltasse, mas eu não conseguia. A mágoa que o Luan sentia de mim era tão grande que tinha criado uma barreira entre nós.
 

De repente comecei a sentir uma raiva imensa de mim mesma por sempre fazer as coisas de um modo errado. E senti raiva do Luan também, por simplesmente me julgar sem nem ao mesmo escutar o meu lado da história. Será que seria tão difícil me dar uma chance?
Com essa raiva toda estourando dentro de mim, eu simplesmente corri porta afora até alcançá-lo no corredor. Eu queria contar toda a verdade. Eu precisava fazer aquilo, e ele iria me ouvir, custasse o que custasse.
 

– Você diz que eu me tornei uma pessoa diferente, mas para um pouco para pensar. Eu estou aqui, disposta a conversar e você está correndo de mim. Desde quando você foge de alguma coisa Luan Santana? Desde quando você desiste daquilo que você quer? – Eu gritava no corredor distante dele apenas alguns metros. Ele olhou para trás surpreso quando me ouviu e se virou para me olhar de frente.
 

– E você quer saber a verdade? Eu não fui te encontrar no seu camarim aquele dia porque passei mal no corredor do Projac. E você quer saber por que eu passei mal? Porque eu achava que estava grávida.... – Eu gritava botando tudo para fora sem me importar se alguém ouvia ou não. Do outro lado do corredor o Luan me olhava paralisado.
 

– E você quer mais uma verdade? Aquele teste realmente era para mim. Porque eu achava que estava grávida de você! E se você quer mais, eu realmente queria ter um filho com você! Eu até toparia chamá-la de Nicole... Eu cheguei a te imaginar como pai da minha filha, eu cheguei a imaginar que nós dois poderíamos ficar juntos e que tudo ficaria bem... Mas você não me atendeu naquela noite, e aí o Fiuk apareceu...
 

Parei para tomar um fôlego. Eu falava tudo sem pensar misturando as palavras com as lágrimas que caiam pelo meu rosto.
 

– Você não me atendeu naquele dia e se recusa a me ouvir agora... Então vai Luan Rafael, corre! É muito fácil falar por aí que você corre atrás das coisas que você quer, quando na verdade você desiste no primeiro obstáculo que encontra pela frente. Vai fazer o seu show e fingir que está tudo bem enquanto eu passo mais uma noite chorando por você...
 

Parei de falar. A dor que eu sentia no meu peito me sufocava. Eu já não agüentava mais aquela situação. Eu precisava fugir dali, fugir de toda armadilha que eu mesmo tinha criado para mim.
 

– E se você quer saber, você nem deveria fazer essa droga de show de lançamento do filme já que foi por causa dele que eu precisei terminar com você. Foi por causa dessa loucura de “A Granfina e o Caipira” que eu perdi o meu namorado... – Gritei descontrolada tudo o que eu sentia dentro de mim. E de repente me senti muito fraca, muito frágil, como se fosse quebrar a qualquer momento. Eu não tinha forças para continuar com aquilo. 

Virei e saí correndo em direção ao meu camarim entre os soluços do meu choro que saíam do meu peito.
 

Atrás de mim eu ouvia o Luan me chamar e correr na minha direção. Mas antes que ele pudesse me alcançar, cheguei até a porta e me tranquei pelo lado de dentro.
 

Do lado de fora eu o ouvia bater na porta pedindo que eu abrisse. Eu não tinha forças para mais nada. Meu tornozelo gritava de dor dentro daquele sapato altíssimo que a Rafa tinha separado para mim.
 

Me olhei no espelho pendurado na parede lateral do camarim. Senti raiva daquele sapato, daquele vestido e de toda aquela produção. Tudo aquilo para exatamente nada. Eu tinha tomado uma decisão errada no passado e pagava um alto preço por isso agora. Tinha perdido para sempre o cara que eu amava por precisar escolher entre ele e a minha carreira. E agora eu tinha uma carreira bagunçada e estava sozinha... Completamente sozinha.
 

Tirei o sapato do meu pé e o atirei com toda a força que eu tinha contra o espelho. Eu sentia raiva da imagem que via refletida ali. O Luan tinha razão quando dizia que eu tinha me tornado uma outra pessoa. Eu realmente era uma outra Anita. Uma Anita com o coração tão despedaçado quanto o espelho que eu tinha acabado de quebrar.
 

***
Ponto de vista da Rafa



Olhei em volta procurando pela Anita. Nenhum sinal dela. O Luan já tinha entrado no palco, mas eu podia sentir que alguma coisa estava errada. Ele estava com uma expressão péssima e já tinha errado duas vezes a letra da música.
 

Eu não via a Any desde as fotos antes da sessão do filme. Onde aquela gata garota tinha se metido?
 

– Com sede? – Ouvi o Murilo me perguntar sorrindo para mim. Em suas mãos ele trazia uma taça de champagnne.
 

– Estou procurando a Any – Disse.
 

– Não a vejo desde a sessão de fotos. Acha que aconteceu alguma coisa? – Ele me perguntou enquanto eu pegava a taça da sua mão e bebia um gole.
 

– Eu não acho, eu tenho certeza. Ela não apareceu aqui e o Luan tá super estranho no placo. A operação “O Lú de volta” não deu certo... – Disse triste. Eu queria tanto que aqueles dois se acertassem! No fundo eu sabia que eles se amavam, mas toda aquela confusão entre eles sempre acabava atrapalhando tudo. Eles eram tão novos para precisar lidar com essas questões de trabalho, e com a responsabilidade que isso trazia. Às vezes eu queria que a Anita fosse só uma garota normal, que não precisava se preocupar com uma carreira.
 

– Rafa, relaxa um pouco. Vai ficar tudo bem.... Você sabe que esses dois brigam, mas que não se largam – O Murilo tentou me acalmar – Vem cá, vamos dançar um pouco. Se a Any não aparecer, eu mesmo te ajudo a procurar – Ele disse pegando a taça nas minhas mãos e entregando para um garçom que passava ali perto. O Luan cantava, ou pelo menos tentava cantar, Palácios e Castelos, uma das minhas músicas prediletas. E embora o Luan estivesse indo mal na condução do show, me permiti me deixar levar pelo ritmo da música e dançar junto com o Murilo.
 

– Rafa, eu sei que talvez esse não seja o momento para isso, mas eu preciso te dizer uma coisa – O Murilo me olhou sério. Pelo toque em sua mão eu senti que ele estava tremendo.
 

– Fala Bebê... – Eu o encorajei. Ao fundo o Luan começava a cantar “Um Beijo”, uma outra música que eu também adorava.


*** Link para música - http://www.youtube.com/watch?v=3W3kCtYF5Wg ***
 

– Olha só... Talvez seja o Luan tentando me dar uma “mãozinha” – Ele sorriu sem jeito – Mas... Presta atenção na letra dessa música.
Ele respirou fundo tomando coragem e começou a cantar no meu ouvido enquanto dançávamos juntos.



“Sai cantando do chuveiro
Eu sou o cara mais feliz do mundo inteiro
Noite perfeita, tá na hora, quero te encontrar

Em frente ao espelho, tô ensaiando
A melhor forma de dizer que tô te amando
Essa é a chance, é agora eu não posso errar

Mas bem na hora de falar com você
Travei, comecei a gaguejar
E a saída é deixar acontecer
O coração se entregar

Um beijo fala mais que mil palavras
Um toque é bem mais que poesia
No seu olhar enxergo a sua alma
Sua fala é uma linda melodia
Ninguém sabe explicar o que é o amor
Ninguém vai ser feliz sem ser amado
Meu coração de vez se entregou
Confesso que eu estou apaixonado”
 

Senti meu coração pular dentro do peito. Naquele momento eu esqueci que era a empresária do Murilo, que eu era cinco anos mais velha que ele e que precisávamos manter uma relação profissional. Tudo o que eu queria era poder gritar para ele que o amava há muito tempo e que não agüentava mais segurar aquele sentimento dentro de mim.
 

– Bebê, você prestou bem atenção na letra da música? – Perguntei sorrindo de orelha a orelha.
 

– Claro Rafa! Eu sei que você vai dizer que precisamos manter uma relação profissional, que você é mais velha do que eu, que você procura uma pessoa para se casar e ter filhos, mas eu precisava te dizer isso... Rafa, não tem nada a ver você ser a minha empresária e a gente não poder ficar junto por causa disso. Se não fosse você eu ainda seria aquele cara idiota que fez um monte de bobagens para prejudicar a Anita. Eu sei que sou mais novo que você, mas eu te amo, e se você me der uma chance eu posso te provar que eu amadureci o bastante para ser esse cara que você procura – Ele desatou a falar que nem narrador de futebol antes de gritar gol.
 

– Na verdade eu perguntei se você prestou a atenção na música porque a letra diz “Um beijo fala mais que mil palavras...”. Mas se você prefere continuar aí tentando se explicar – Encolhi os ombros em sinal de gozação. O Murilo continuou me olhando com uma expressão de quem não estava entendo nada.
 

– Ah Bebê, vem cá – O puxei em minha direção e lhe dei um beijo no maior estilo "novela das nove". Senti várias pessoas parando para olhar ao nosso redor, mas não me importei. Eu já tinha esperado por aquele beijo por muito tempo.
 

Nos beijamos longamente, matando toda a vontade que sentimos um do outro. E ficar com o Murilo era tão simples. Não tinha mágoas, não tinha um passado cheio de brigas e discussões, não tinha a lembrança da promessa de um casamento por causa de uma gravidez que acabou não acontecendo... Só o que havia era um futuro pela frente. Uma página em branco para a gente preencher à nossa maneira.
 

Ficamos nos beijando e nos curtindo por um tempo até que de repente o Luan interrompeu o show. Sem explicações ele deixou o palco e o empresário dele correu para tentar explicar a situação.
 

– Bebê, eu preciso achar a Any – De repente a minha mente voltou para o mundo real.
 

– Tudo bem, eu vou com você – Ele me olhou também com uma expressão preocupada no rosto e depois segurou a minha mão enquanto caminhávamos para os bastidores.
 

Mesmo com aquele pressentimento que tudo tinha dado errado para a Any naquela noite, com o Murilo do meu lado eu sabia que tudo iria terminar bem.
_________________________________________
Notas finais do capítulo:
Achei perfeita a música para o Murilo e a Rafa! E vocês? E a briga do Luan e da Anita? Ficou convincente?
Agora, é sério meninas: Depois de todas essas emoções e exatas 5.380 palavras digitadas eu me sinto no direito de pedir:
COMENTEM! Preciso saber se gostaram! (Imaginem uma pessoa implorando! kkk)
E, bom... Não preciso dizer, mas vale a pena lembrar:
Depois da tempestade sempre vem um lindo dia de sol. Não se desesperem Luanitas. Capítulos ensoladorados estão a caminho!
Beijo para todas! xD


*** Bora pro próximo capítulo? Então clique aqui

 (*)
E não esqueçam:
Segue no Twitter pra gente "prosear" - https://twitter.com/Manudantas_diz
(Quem quiser receber avisos de capítulos novos dá um grito no Twitter que eu te coloco na Lista)
Adiciona no Facebook - http://www.facebook.com/manuela.dantas.585
Tire suas dúvidas no Ask - http://ask.fm/Manudantasdiz

6 comentários:

  1. Tá me matando de curiosidade sow '-'

    ResponderExcluir
  2. Aaahnnnn vou morrer aquiiiiiiii por queeeeee???? Por que eles não se ageitaam meu pai???

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Essa briga dos dois é tensa mesmo... Luan acusa a Anita de um monte de coisa, ela revida, e aí fica esse climão entre eles...

      Mas não esquece que o lema do casal Luanita é "Depois da tempestade sempre vem um lindo dia de sol". Então aguenta firme que no fim eles sempre se ajeitam! hahahahaa

      Beijão e obrigada por comentar

      Excluir
  3. Meu Deus to mega preocupada com a Anita. Tomara que ela não fez nenhuma besteira #Preocupada

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Toda as vezes que leio essa briga fico com o coração partido. Ai, ai, esses dois, viu? Tinham que ser tão teimosos?!

      O jeito é torcer para tudo ficar bem... #MaratonaDosComentários

      Excluir

Oiieeee.... xD

Espero que esteja curtindo a fic!
Se estiver, não deixe de "perder uns minutinhos" para me contar a sua opinião, registrar o seu surto ou apenas para dar um oi! E se não estiver curtindo, aproveite o espaço para "soltar o verbo" e falar o que te desagradou!

Uma história não existe sem leitores! São vocês que me dão forças para continuar escrevendo e caprichando cada vez mais em cada capítulo! Portanto, deixe de "corpo mole" e venha "prosear" sobre as fics comigo e com as outras meninas que passam por aqui! *-*

Cada comentário ilumina muito o meu dia! Não deixe de fazer uma quase-escritora feliz: Comente! *-*

E não esqueça de deixar o seu nome, ok?!