Capítulo 3 - 2ª noite - Minha estrela

 Notas iniciais: Cancún, baby!

Espero que gostem!

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- Hããã... Sabe o que é Luan? Acho que eu mudei de ideia. Será que eu posso entrar?

- Mas é claro, nega! Entra com tudo... Aliás, tô achando que você ainda tá meio tensa por causa da pane no elevador. Vem cá, vou fazer uma massagem “nocê”...

Ele me levou para dentro do seu quarto, me colocou sentada na sua cama e se posicionou atrás de mim, ficando de joelhos no colchão, enquanto suas mãos apertavam as minhas costas com firmeza, mas sem machucar. Aquilo era muito... relaxante!

- Acho que fica mais fácil se você tirar essa blusa – Ele puxou a minha regata para cima e tirou a peça a colocando ao meu lado na cama.

Eu sentia o seu perfume, o calor da sua pele, o seu toque... Acho que eu nunca fiquei daquele jeito, tão mexida por um homem.

- Sabe, acho que fica ainda mais fácil se a gente deitar – Sugeri com os olhos fechados, me deixando levar pelo momento.

- Concordo com “ocê”. Vem cá, vem... – Ele me puxou me colocando de costas na cama antes de colocar o seu corpo sobre o meu.

- Está curtindo Cancún? – Perguntei tentando manter o foco. Ahhh, aquele sorriso...

- Tô curtindo demais! Cancún é muito melhor do que eu imaginava – Ele respondeu, me olhando intensamente nos olhos e aproximando os seus lábios dos meus. Sua boca foi ficando mais próxima, mais próxima... muito perto, praticamente colada na minha...

*** Link para música - https://www.youtube.com/watch?v=-IjQ3zaO57c ***

Ouvi a guitarra do Barão Vermelho anunciar que era hora de acordar. Droga! Foi só um sonho...

- Pô Frejat, o dia não podia nascer feliz daqui cinco minutos? Justo agora que o sonho estava ficando tão caliente....

Rastejei para fora da cama e me encarei no espelho do quarto de hóspedes da casa da minha irmã, onde eu ficaria hospedada durante a minha semana de folga.

- Caraca, tô parecendo um urso panda! É isso que dá dormir sem tirar a maquiagem... – Resmunguei depois de ver a minha aparência. Meu cabelo estava bagunçado e a maquiagem completamente borrada. Depois chequei a hora no relógio digital que estava em cima da cômoda – Puts, um urso panda atrasado! Droga, esqueci de ajustar o relógio do celular com o fuso-horário de Cancún...

Praticamente voei para o banheiro que ficava no fim do corredor, tropeçando e quase “beijando” o chão no caminho.

Tomei uma ducha, dei um jeito na minha “juba”, tirei a maquiagem e me enfiei dentro de qualquer roupa tudo em tempo recorde. Se existisse uma competição de quem conseguia se arrumar mais rápido, com certeza eu seria uma das melhores atletas da categoria. Eu era “expert” em acordar atrasada e me trocar em cima da hora.

Chequei meu visual de novo no espelho: Camiseta polo azul clara da “A Favorita”, a agência de viagens e passeios turísticos do Rico, shorts jeans preto, e all star. Meu rosto já estava completamente livre de maquiagem, mostrando a minha pele morena clara e os meus olhos castanhos escuros sem nenhum tipo de “tchan” a mais. Prendi meus cabelos pretos e ondulados em um rabo de cavalo eficiente, peguei a minha bolsa e corri porta afora.

A casa da minha irmã era térrea e lembrava muito as casas de praia do Brasil. Três quartos, cozinha e sala amplas separadas apenas por uma bancada, varanda espaçosa com plantas coloridas e redes para descansar. Tudo era decorado com itens jovens e com cores vivas que refletiam a personalidade dos donos da casa: um casal que gostava de diversão, música e praia.

E o mais incrível era que a casa ficava de frente para o escritório onde os dois trabalhavam. Era só atravessar a rua para chegar à agência. Fala sério, melhor que isso só se o Cogobongo também ficasse ali na esquina...

- Criaaançaaas, cheguei! – Anunciei abrindo a porta da recepção da agência fazendo graça. O escritório era cheio de fotos dos pontos turísticos de Cancún e também era decorado seguindo a mesma tendência da casa.

- Até que enfim! Pensei que você fosse me deixar na mão... – O Rico suspirou aliviado ao me ver.

- Só queria te dar um “sustinho”... – Pisquei para ele fazendo a garota da recepção, que eu não reconheci, cair na risada.

- Malú e seu incrível senso de humor... Tá aqui ó – Me cunhado fez uma careta para mim fingindo não aprovar a minha piada e depois se virou para pegar uma pasta que estava sobre a mesa me entregando em seguida – A programação de hoje. O grupo que você vai acompanhar está hospedando no Gran Plaza. Eles vão mergulhar com o Juan, que já está esperando vocês na marina, e depois vão almoçar naquele restaurante de frutos do mar que você gosta, sabe? – Concordei com a cabeça e ele continuou – Então , ótimo! Agora corre que o José já está te esperando na van.

- Sim senhor, chefinho! – Falei séria fingindo ser uma funcionária eficiente.

- E Malú, sem maluquices, hein?  - O Rico piscou para mim rindo – Buena sorte, niña!

Sorri de volta para ele e sem enrolar muito, disparei em direção à van que já me esperava em frente ao escritório.

Dei bom dia para o José usando o meu espanhol e logo partimos para buscar os turistas.

Hum... O grupo que eu iria acompanhar hoje estava hospedado no Plaza. O Luan estava hospedado no Plaza... Será que eu teria essa sorte de encontrá-lo e passar o dia todo ao seu lado?

Pensar no Luan me fez lembrar do sonho que tive naquela noite. Ai caramba, eu estava completamente encantada por aquele menino! Como era possível ele ter me conquistado só com um sorriso? Fiquei me lembrando dos detalhes do dia anterior, desde o “acidente” no avião, passando pelo jeito como “flertamos” no Cocobongo e depois da forma como ele me abraçou e me protegeu no elevador quando eu perdi totalmente o controle.

Sem dúvidas, ele era um forte concorrente para o prêmio “Príncipe Encantado do Ano”. Era bonito, charmoso, dono do sorriso mais perfeito do mundo, cheiroso, e o melhor de tudo: ainda era carinhoso e atencioso.

Será que se apaixonar perdidamente por alguém, que nem a gente vê nos filmes e nas novelas era daquele jeito? Eu nunca tinha me apaixonado por ninguém antes... Tinha medo de entregar o meu coração e perder a minha liberdade. Eu tinha nascido para voar, para fazer só o que eu gostava e não permitia que homem nenhum atrapalhasse os meus planos. Será que agora eu iria me apaixonar justamente por aquele garoto que era desejado por mais milhares de garotas como eu?

Paramos em frente ao Plaza e fui até a recepção do hotel chamar o meu grupo. Pedi para a funcionária me anunciar e flagrei a mim mesma super ansiosa torcendo muito para que o Luan saísse pelos elevadores que ficavam no fundo do saguão do hotel e viesse caminhando em minha direção anunciando que estava me esperando para o “nosso” passeio.

Minha expectativa foi lá no chão quando descobri que, na verdade, o grupo era formado por uma animada turma de velhinhos na casa dos 50 anos. Ai Deus, será que aquele bando de velhotes ia aguentar uma manhã inteira mergulhando com o Juan? Aliás, turmas da 3ª idade não deveriam passar o dia na beira da piscina jogando dominó e comentando sobre a vida dos netinhos?

- Buenos dias! – Disse para a Turma dos Velhinhos Radicais. A manhã prometia ser animada!

***

- Malú, como foi o passeio de hoje? – A Mari me perguntou quando me viu entrando no escritório do Cocobongo, já no início da noite.

- Hum... Foi bem... jovial – Comentei, irônica. Passei a manhã inteira ouvindo a Galera da 3ª idade reclamar de dor das nas costas e nas juntas e comentar sobre Roberto Carlos e Fábio Jr. Depois do almoço, jogamos uma “emocionante” partida de “Pif- Paf” e voltei vendo um álbum completo de netinhos de todas as idades fazendo mil e uma mil “peripécias”. Isso sem falar nas histórias que os “velhinhos” tinham pra contar do tempo que eram jovens. Confissões “calientes” que envolviam “bailinhos da escola” e beijos nos “escurinho do cinema”. Sem dúvidas, para eles a juventude de hoje em dia não sabia o que era diversão... E sem dúvidas, para mim, eles é que não sabiam o que era diversão!

- Ouvi dizer que você dormiu em cima da bolsa de uma das senhoras do grupo – O Rico me provocou.

- Ahh, isso? É, eu tirei um cochilo sem querer e acabei fazendo a bolsa da tiazinha de travesseiro – Contei, fingindo não dar importância para o caso. Fala sério, qual era o problema naquilo? A Vovózinha nem ficou chateada comigo...

- Malú e suas maluquices – Minha irmã e o meu cunhado caíram na risada se contorcendo de tano gargalhar em suas cadeiras. Nossa, nem era tão engraçado assim...

- Qual é a piada? – A DJ oficial do Cocobongo entrou no escritório. Eu adorava a Lua! Ela era baixinha, tinha o cabelo preto todo repicado e se vestia com um estilo alternativo e bem estiloso.

- A piada é a Malú, como sempre... – O Rico respondeu, ainda rindo.

- Não liga para eles! – Fiz cara de brava para os dois – Lua, eu preciso de você! Será que dá para me passar umas músicas do Luan Santana? – Pedi. De repente, eu estava muito interessada em conhecer tudo sobre o meu mais novo cantor preferido.

- Luan Santana? Não sabia que você gostava dele... – A DJ respondeu. Na boa, precisava gostar para querer ouvir a música do cara?

- Ela gosta desde que chegou aqui em Cancún... – A Marí disse especulando.

- Malú anda querendo curtir novas músicas, não é cunhada?! – Meu cunhado emendou. Mal sabia ele o que eu estava querendo curtir na realidade...

- Hum... Já entendi o interesse! Beleza, eu passo sim! Mas só amanhã, porque hoje eu estou de folga! – A Lua disse. Como hoje quem comandava o som na boate era uma banda, a DJ estava liberada para apenas curtir a noite sem precisar assumir as pick-ups.

- Ahh, escolhi uma música nova para a entrada da Loba! Queria que os meninos aprovassem –Ela avisou para o meu cunhado.

- Uii... A noite da Loba dessa semana promete, hein? – Minha irmã brincou.

- Já estou com saudades de “soltar a franga” com a loba – Comentei – “Una loba en el armário, tiene ganas de salir...” – Cantei dançando a música oficial da noite temática mais famosa do Cocobongo.

- É, mas antes da Loba, bora pro Luau né? Vamos? O Zac e o Tchelo já devem estar abrindo a casa e os músicos já estão prontos. Hora de trabalhar, minha gente! – O Rico chamou, já se levantando para assumir o seu posto no bar da boate.

***

*** Link para música - https://www.youtube.com/watch?v=u8dSHMu6AdI&noredirect=1 ***

Como sempre, a casa estava cheia. Diferente da noite anterior, que era a “Noite das Boas Vindas”, a pista de dança estava fechada. O luau acontecia na área do bar, onde ficavam as mesas, e no jardim, onde uma banda animava a noite tocando músicas de “beira de praia”. De frente para o palco, algumas mesas e bancos de madeira foram estrategicamente posicionados deixando tudo com um ar bem de litoral. Minha irmã decorou todo o local com flores coloridas e todos os funcionários usavam colares de flores. Além do colar, também prendi uma flor no meu cabelo e o deixei solto, as ondas dos fios caindo como uma cascata pelas minhas costas. Completavam o meu “look” uma bata rosa, uma saia jeans e uma sandália rasteirinha. Pena que o avental preto do Cocobongo roubava um pouco o charme do meu visual, mas paciência, né?! Era o que tinha pra hoje...

Servi os drinques naquela noite mais distraída do que nunca. O que resultou em algumas caipirinhas entregues na mesa errada, um copo de vodka derramado em cima de um vestido de grife de uma “madaminha” e algumas garrafas de água rolando pelo chão. Parecia que todos os clientes estavam furiosos comigo, mas eu não estava nem aí. Passei a noite inteira com os olhos “colados” na porta, monitorando cada pessoa que chegava.

A noite foi passando, a Lua veio me socorrer com os pedidos para que eu não fizesse mais nenhuma burrada, e nada do Luan chegar. Caramba, será que ele não iria vir?

***

O luau estava “bombando” e eu estava “tontinha” correndo de um lado para o outro para distribuir os pedidos quando alguém puxou o meu braço me fazendo parar. Coloquei a bandeja vazia ao lado do corpo e fitei a menina que me chamou: Cabelos escuros e compridos, olhos castanhos e uma expressão doce no olhar. Eu poderia jurar que eu conhecia aquela menina de algum lugar...

- Hey, yo quiero una água – Ela improvisou um “portunhol”.

- Só toma cuidado, Bruna. Essa menina aí costuma derrubar os nossos pedidos em cima da gente – Virei meu corpo tão rápido que quase me desequilibrei. Parado ao meu lado estava ele, o garoto do sorriso bonito e agora com a pele bronzeada, o Luan. Ele vestia uma camisa polo listrada de rosa e azul, calça jeans escura muito justa, o que ressaltava as suas belas pernas e outras “cositas más”, e um tênis estilo coturno preto.

- Só porque esse menino aqui – Apontei para ele – tem a mania de aparecer no meu caminho assim, do nada, e sempre me surpreender – Retruquei me fingindo de brava.

- Vocês se conhecem? – A garota de expressão doce, que agora eu sabia que se chamava Bruna e imaginava ser a mesma Bruna que passou mal na noite anterior e que fez o Luan ir embora mais cedo do Cocobongo, perguntou. Logo concluí que ela era irmã do Luan e minha futura cunhada. Hum... O que era mesmo que ela queria? Eu precisava agradá-la para ganhar alguns pontos na família!

- Ela é a aeromoça que derrubou café em mim no avião e que foi levar a minha chave ontem à noite no hotel – O Luan explicou. O som estava alto, por isso falávamos perto um do outro. Hum... Ficar perto do Luan? Me gusta!

- Nossa, que mundo pequeno! – A Bruna sorriu para mim rindo da coincidência.

- Muito pequeno mesmo! – Sorri de volta e pisquei para ela - Vou buscar a sua água, já volto! – Avisei antes de sair em direção ao bar onde o Rico se divertia fazendo drinques e dançando no ritmo da música. Eu detestava sair de perto do Luan, mas a casa estava cheia e eu precisava trabalhar.

Entreguei o pedido da Bruna na mesa onde ela, o irmão e mais algumas pessoas (que eu imaginei serem amigos e parentes) estavam usando toda a minha habilidade para não fazer nada de errado.

Eu não sabia como o Luan tinha conseguido entrar sem que eu o visse, mas isso agora não me importava mais. Ele estava ali e a minha cabeça já estava a mil planejando algum jeito de falar com ele de uma maneira mais “particular”, sem tantas pessoas ao redor.

Meus olhos “voavam” a todo momento para o lugar onde ele estava e várias vezes os nossos olhares se cruzaram e ele sorria para mim. - Não sorria para mim, não sorria... – Eu repetia para mim mesma toda vez que isso acontecia.

A noite foi passando e a minha ansiedade só aumentava. Tudo o que eu queria era pegar o Luan pela mão e arrastá-lo para bem longe de toda aquela gente e, principalmente, de todas as “piriguetis” que não tiravam o olho dele. Caramba, a concorrência para ficar com aquele menino era grande demais!

Bom... Como é mesmo que diz o ditado? “Quem espera sempre alcança”, não é? Pois bem... Eu esperei, esperei e esperei até que, no fim da noite, quando a casa já estava mais vazia, eu tive a minha oportunidade. Vi o Luan levantar para ir até o banheiro e tratei de largar a minha bandeja e o meu avental com a Lua e corri para a porta para esperá-lo. Quando ele saiu, eu o agarrei pelo braço e puxei no sentido oposto ao lugar onde a banda estava. No início ele estranhou e relutou um pouco, mas quando me virei e pisquei para ele, o Lú acabou me reconhecendo e me acompanhando.

Guiei o garoto do sorriso bonito pelos corredores do Cocobongo, passando pelo escritório, dispensa, cozinha até alcançar uma escada que dava acesso ao terraço. Esse era o lugar onde o Rico sempre reunia os amigos para fazer algumas festas ao ar livre. Era equipado com sofás, cadeiras e mesas, que ficavam sob um teto de vidro que cobria metade da área, além de vasos de flores e alguns itens de decoração. Porém, a melhor parte do terraço era a vista. Dali nós conseguíamos ver boa parte de Cancún, desde as praias até as badaladas ruas da cidade iluminadas à luz da lua. E o céu... O céu de Cancún era simplesmente perfeito! Milhares de estrelas piscavam para nós. Paramos perto da grade que circundava toda a borda do terraço e ficamos por um momento apenas contemplando a cidade aos nossos pés. Da onde eu estava era difícil definir o que era mais bonito: a vista ou o sorriso do Luan.

- Caramba, isso é lindo demais da conta, muié! – Ele parecia realmente deslumbrado, assim como eu estava completamente deslumbrada por ele.

- Achei que você ia gostar – Falei com um sorriso de orelha a orelha. Eu queria impressioná-lo e pelo visto eu tinha conseguido! Ponto pra Malú!

- Gostar? Eu amei! É tão lindo que dá vontade de ficar aqui tocando violão e fazendo umas “moda”!

Fazendo umas “moda”? Hum... Talvez eu precise de um dicionário para entender esse dialeto “diferente” que ele usava. Mesmo assim me derreti toda! Fiquei viajando imaginando ele tocando violão para mim, o por do sol ao fundo, todo o terraço decorado com rosas brancas e...

- Eita muié, que foi? O gato comeu a sua língua? – Ele interrompeu os meus devaneios de amor.

- Hããã... – Fiquei sem graça. Será que ele percebeu alguma coisa? – E então... O que você faz da vida além de destruir o coraçãozinho de jovens inocentes que vão ao seu show? – Mudei de assunto estrategicamente.

Ele gargalhou muito alto com o meu comentário e acabei rindo também da minha cara de pau.

- Além de cantar, eu gosto de pescar, de ficar com a minha família, de andar de carro... – Ele me contou olhando para mim e sorrindo.

Não sorria para mim, não sorria! – Repeti mentalmente na minha cabeça.

- E você sempre cantou? Digo... Nunca fez nenhuma outra coisa na vida? Tipo faculdade, trabalhar e essas coisas?

- Não, eu sempre quis ser cantor e batalhei muito para conseguir chegar aonde eu cheguei. Comecei muito cedo, mas valeu a pena – Seu olhar vagou para bem longe dali e eu tive certeza que ele estava relembrando o seu passado. Era meio difícil de acreditar que um cara com aquele jeito de menino conseguisse lidar com tudo o que ele lidava.

Lá de baixo o som suave de uma das minhas músicas prediletas do luau começou a tocar.

*** Link para música - https://www.youtube.com/watch?v=wDkddEVU4Zo ***

- Deve ser bacana, né? Poder trabalhar com música, cantar o sentimento das pessoas, fazer as pessoas fecharem os olhos e sonhar... Eu vejo centenas de pessoas todos os dias voando de um lado para outro e todo mundo está sempre tão... preso à sua rotina, triste com a sua vida. Acho que a música consegue trazer a sensação de liberdade para essas pessoas, nem que seja só por um momento – Filosofei. Era impossível não filosofar com aquela vista...

- A música tem um poder muito grande mesmo. É muito bacana ver as pessoas cantando com você no show, é uma energia tão forte que quase dá pra tocar... Eu me emociono direto quando tô no palco – Ele confessou, dessa vez sem olhar para mim.

- A música faz as pessoas acreditarem no amor... Ouvindo canções como essa que tá tocando agora, quase dá vontade de se apaixonar – Foi a minha vez de confessar.

- Dá mesmo! Mas eu diria que músicas como essa só existem porque as pessoas realmente acreditam no amor – Ele me respondeu, mexendo despreocupadamente no cabelo.

- Não sei... Eu nunca me apaixonei, então não sei o que é acreditar no amor...

- COMO ASSIM NUNCA SE APAIXONOU? – Ele me perguntou, completamente surpreso com a minha declaração.

- Sei lá... Só nunca me apaixonei de verdade. Esse amor que as pessoas cantam nas melodias e escrevem nos livros! Gostei de uma pessoa, mas não acho que foi amor. Acho que foi só um carinho mais especial... – Contei sem dar muita importância.

- Hum... Então teve uma pessoa! – Ele me provocou me encarando pelo canto dos olhos. Tinha como ele ficar ainda mais lindo?

- Teve, mas não foi nada tão marcante – Consegui responder depois de recuperar o fôlego.

- Já vi que você não vai me contar, né? Você é sempre assim? Misteriosa? Não fala o seu nome, não conta nada da sua vida... – Ele voltou a me provocar dando um sorriso de lado meio irônico. Fiquei pensando comigo mesma: Se eu o agarrasse agora, será que ele ia me achar muito maluca?

- Na verdade, não. Sou assim apenas com pessoas em quem eu derramo café no avião, o que devo informar que não acontece com muita frequência. Para ser franca, você foi o primeiro felizardo! – Pisquei um olho para ele, fazendo charme. Mas olha quem diria? Eu estava flertando com o Luan Santana!

Ele sorriu com a minha resposta, me olhando com uma expressão de quem diz “Você é muito maluca mesmo, né?”.

- Não sorria para mim, por favor – Pedi com a voz baixa, completamente perdida com aquele sorriso.

- Por que? – Ele não entendeu nada, mas ficou sério de repente.

- Porque se você continuar sorrindo assim eu vou acabar me apaixonando por você – Deixei as palavras escaparem da minha boca sem parar para pensar no que eu estava dizendo.

- E qual é o problema em se apaixonar? – Ele questionou virando o corpo e ficando totalmente de frente para mim. Nossa, eu não tinha me dado conta de como estávamos próximos um do outro.

Engoli em seco. Ai caramba, como foi que a gente chegou naquela situação? Não dava para apertar o “voltar” e começar de novo?

- Tenho medo de perder a minha liberdade... – Acabei falando não resistindo ao olhar inquisidor do Luan.

Ele apenas ficou me encarando, como se estivesse processando aquela informação. Será que eu tinha o assustado com a minha franqueza?

Acabei não descobrindo aquela resposta, porque no instante seguinte o celular dele tocou, interrompendo o nosso momento “Confissões no terraço”.

Respirei fundo. Eu geralmente detestava celulares porque vivia implorando para que os passageiros desligassem os aparelhos móveis quando entravam no avião. Mas dessa vez, fui grata ao pequeno telefone. A interrupção me deu um tempo para respirar e assimilar tudo o que estava acontecendo. Por que eu estava falando de amor com o Luan? Que diabos era aquilo que estava acontecendo comigo?

- Tá, tá bom... Já tô indo! Guenta aí, Bruna! – Ouvi o menino do sorriso bonito responder falando no celular. Hum... De novo a minha cunhada... Digo, a irmã dele! Os dois deviam ser muito ligados, né? – Tá bom, Bruna! Deixa de pegar no meu pé... Espera só mais “poquin”, caramba! Enquanto isso vai chamando o táxi... Beijo – Ele desligou.

- Preciso ir. Minha irmã disse que a casa já fechou há 20 minutos e que todo mundo está me esperando para voltar ao hotel.

Fiquei quieta prestando atenção por um momento. Verdade, não tinha barulho nenhum vindo lá de baixo... O pessoal já devia estar limpando tudo para ir embora. Nossa, nem vi o tempo passar ali no terraço conversando com o Luan!

- Hããã... Eu te levo até a porta, então – De repente o meu ânimo foi lá no chão. Por que ele tinha que ir embora?

Descemos as escadas e fizemos todo o caminho de volta até chegar ao bar, onde o Rico, a minha irmã e a Lua bebiam tequila e conversavam despreocupadamente. Ao fundo o resto dos funcionários arrumava o salão desfazendo a decoração enquanto o pessoal da banda desmontava os instrumentos.

- Olha aí, a fujona! – O meu cunhado disse ao me ver com o seu sotaque carregado – E huum... Agora eu entendo o motivo da fuga – Ele comentou reparando no Luan que vinha logo atrás de mim.

- Não foi uma fuga, foi uma saída estratégica – Rebati.

- E você não vai nos apresentar o seu companheiro de fuga? Quer dizer... De saídas estratégicas? – A Marí quis saber me encarando com o seu melhor olhar de “Conta tudo, menina!”. Ao seu lado a Lua me encarava embasbacada. Fiz um gesto discreto para ela fechar a boca antes de partir para as apresentações. Com certeza ela tinha reconhecido o Luan e sabia que ele era um cantor famoso e não só um mero turista como a minha irmã e o Rico pensavam ser.

- Gente, esse é o Luan, o cara que eu conheci no avião. Lembra que comentei com vocês logo que cheguei? – Eu não queria apresentá-lo como “Luan Santana, o cara que sobe no palco e conquista o coração de milhares de meninas, inclusive o meu”. Para mim ele era o jovem do sorriso bonito e que eu fiz o favor de dar “um banho” de café – Luan, esse é o Rico, meu cunhado e dono do Cocobongo; Maria Rita, mais conhecida como Marí, minha irmã e esposa do Rico; e a Lua, a DJ oficial aqui da casa – Fui falando e apontando com o dedo quem era quem para facilitar o entendimento.

- E aí, pessoal? Prazer! – O Luan acenou com a mão e sorriu, todo simpático.

- O prazer é nosso, Luan! – Minha irmã respondeu também se derretendo com o sorriso dele.

“Hey, sai que eu vi primeiro!” – Tive vontade de gritar para ela.

- E então Luan, a Malú já te convidou para o churrasco que vamos fazer para ela amanhã? – O Rico perguntou.

- Churrasco? Para mim? – Caramba! Se eu soubesse que derrubar café em alguém ia trazer tantas coisas boas para a minha vida eu teria tentado isso antes!

- Não, cara! Mas eu adoro um churrasco! É só chamar que eu venho – Luan disse todo animadinho.

- Então está mais que combinado! Você será muito bem-vindo! – O Rico respondeu, todo gentil.

- Luan, o táxi já chegou! Você vem ou não vem? – A Bruna apareceu na porta chamando pelo irmão.

- Já tô indo – Ele gritou de volta.

- Tchau Maria Luíza! Foi muito bom te ver de novo, viu Nega? – Ele disse passando os braços ao redor de mim e me abraçando com força. Caramba, como aquilo era bom! Tão bom que até me esqueci de corrigi-lo por me chamar pelo meu nome e não pelo meu apelido.

- Amanhã eu te pego no Plaza lá pelas duas da tarde, tá? – Foi tudo o que eu consegui dizer. Na verdade eu queria ir buscá-lo assim que o dia amanhecesse, dali algumas horas, mas achei melhor segurar a onda.

- Combinado! Aí a gente termina a nossa conversa – Ele sorriu para mim antes de me dar um beijo no rosto. Depois ele disse tchau para todo mundo, incluindo os funcionários, e saiu correndo atrás da irmã.

“Tchau Maria Luíza”. Nunca fiquei tão feliz por alguém me chamar pelo meu nome verdadeiro... Ai Minha Nossa Senhora de Cancún, o que aquele menino estava fazendo comigo?

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Notas finais: E aí, curtiram a segunda noite em Cancún?

Apostas para a 3ª noite? E esse lance da Malú não querer se apaixonar? 

Meninas, recadinho rápido aqui:

Há um pouco mais de um ano, eu deixei de escrever essa fic porque achei que ninguém tinha gostado da história. Agora, porque algumas pessoas pediram, eu retomei essa fic. Tá vendo só o poder que um simples comentário pode ter? Acreditem, sem vocês, não tem fic! E cada comentário ilumina o meu dia, vocês nem podem imaginar o quanto! Por isso, fiquem à vontade  para dar o pitaco de vocês!

Segundo recado: Lembrando sempre: Quem quiser entrar para a Lista de Aviso de Novos Capítulos é só dar um grito lá no TT, ok?

Quarta fic, dá pra acreditar?! Tamô junto nessa, meninas!

Beijo e obrigada por tudo!

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