terça-feira, 6 de novembro de 2012

Capítulo 10 - Tequila, confissões e confusões

Notas iniciais do capítulo:
Baseada em uma festa real da tequila.
(Sarah e Rachel, não esqueçam de jogar o sal para trás!)
Espero que se divirtam e se emocionem como eu quando estava escrevendo!

_______________________________

Dois dias depois...

– Estou acabada! Quem inventou essa tal de reunião de negócios não sabia o que era diversão! – Falei enquanto me jogava no sofá da minha sala e tirava os sapatos de salto que estava usando. Eu havia acabado de chegar de um encontro com os responsáveis pela nova campanha publicitária da qual eu seria a garota propaganda. Foram horas sentada em uma sala fechada junto com duas equipes de marketing e estratégia e com um sapato apertando o meu pé. Resumindo: Uma completa chatice!

– Eu achei a reunião muito produtiva e interessante! A campanha tem um conceito diferente que envolve sustentabilidade de uma forma criativa e bem descontraída. Considero que será um sucesso – E essa era a Malú, que se sentou ao meu lado no sofá com todo o seu equipamento de trabalho, avaliando o nosso encontro com os executivos da empresa.

Fala sério, só aquela maluca para achar interessante passar horas trancada em uma sala discutindo conceitos de campanha! Qual é, eu era uma atriz! O meu papel era só gravar o comercial e pronto!

– Eu sinceramente prefiro deixar essa história de discutir conceitos de campanha com você e com a Rafa. Eu prefiro muito mais “colocar a mão na massa”. Maquiagem, figurino, passar texto, estar em estúdio, gravar, diretor pedindo pra refazer a cena... Não tenho cabeça para pensar em estratégias e “conceitos” – Confessei colocando os pés nos colos da Malú e me jogando completamente no sofá.

– Eu sei bem porque você não tem cabeça para essas coisas, Gata Garota! – Ouvi a Rafa dizer enquanto ninava a pequena filha no colo próximo à entrada do jardim – A sua cabeça, o seu coração e todo o resto estão pensando na D.R. que rolou esses dias atrás com o Luan, não é? Quando eu cheguei estava o “maior” climão entre vocês dois e o foi o Murilo que levou a Dona Marizete embora – A minha empresária completou.

– Ahh, então era por isso que ela estava com a cabeça beeeeem longe hoje durante a reunião. Precisei cutucá-la duas vezes para que ela se “ligasse” no assunto – A Malú me entregou.

– E aí, Any? Vai contar o que se passa por essa cabecinha meteórica ou vamos ter que descobrir sozinhas? – A minha empresária me intimou.

Respirei fundo. Não tinha jeito de esconder nada daquelas duas! A Rafa era a minha melhor amiga e a Malú era tão eficiente que seria capaz de adivinhar os meus pensamentos para me ver bem. Uma hora ou outra elas iriam descobrir o que estava deixando o meu coração aflito... Por isso achei melhor abrir logo o jogo e explicar toda a situação para elas.

– O Luan voltou a me perguntar se eu não iria aceitar o pedido de casamento que ele me fez... E eu ainda não decidi o que eu quero da minha vida! – Confessei sem jeito enquanto me sentava no sofá para poder ver a reação das duas.

– Ai Any, eu não consigo te entender! Vocês já moram juntos, o que está faltando para o casamento? Eu acho que você tem que parar de frescura e aceitar esse pedido logo! Aí a gente já se livra uma vez dessa história de maldição e de quebra ainda evitamos todos esses boatos que circulam por aí sobre a relação de vocês – A minha secretária jogou na minha cara. Às vezes eu queria muito que a Malú fosse menos sincera e direta com as suas opiniões.

– Vai com calma aí, Maluzinha! Se tudo fosse simples desse jeito a Any já estaria casada – A Rafa me defendeu – Mas eu confesso, gata garota: Eu também não consigo entender o porquê você tem medo de aceitar o pedido do Lú...

– Então, foi exatamente por isso que a gente discutiu ontem. Ele queria saber a razão de eu não querer me casar e eu simplesmente não consegui explicar – Falei amargurada – É difícil dizer tudo o que se passa na minha cabeça assim, a seco...

– Hum... Por que você não treina com a gente, Gata Garota? Explica para nós as suas razões e a gente te ajuda a “traduzir” isso para o Luan de uma forma mais simples – A Rafa se ofereceu se juntando a mim no sofá. A minha afilhada dormia calmamente no seu colo.

– É Any! Ouvi uma vez que quanta mais você fala sobre um problema, mais fácil fica para lidar com ele – Ouvi a Malú filosofar do meu outro lado.

– Vai lá Anita, abre o seu coração e desabafa com a gente! – A minha empresária me incentivou.

– Abrir o CO-RA-ÇÃO e desabafar? Ahh, é tudo o que eu mais preciso nesse momento! Esperem por mim! – Ouvi alguém entrando pela porta da sala já se intrometendo no assunto. Sem noção e falando daquele jeito só poderia ser uma pessoa...

– André? – A Rafa e a Malú exclamaram juntas olhando em direção à porta.

– Mas você não tinha uma novela para gravar no Rio? O que está fazendo aqui de volta? – A minha secretária perguntou ainda sem acreditar no que estava vendo.

– Adiaram o início das gravações. Aí achei melhor voltar para o seio da minha FA-MÍ-LIA a fim de encontrar o remédio para o que aflige o meu coração! – O diretor explicou se juntando a nós na sala. Percebi que ele carregava uma mala bem grande. Pelo jeito aquele maluco passaria muitos dias na minha casa.

– Remédio para o coração? Fala sério! – A Malú desdenhou – Espero que não decida ficar por aqui muito tempo...

– Hey, a casa é minha e o André fica o tempo que ele quiser. Até você já se ajeitou por aqui... – Defendi o meu amigo – Se bem que aguentar vocês dois brigando não vai ser fácil, né? – Avaliei.

– Mas eu tenho certeza que esses dias juntos serão ótimos para que eles resolvam de uma vez esse “probleminha” do passado – A Rafa, sempre muito otimista, deu a sua opinião – Mas agora me fala André, qual é esse problema que está afligindo o seu coração? – Ela quis saber.

– Aiii, esse não é um assunto FÁ-CIL para mim. É difícil abrir o meu CO-RA-ÇÃO desse jeito – O André aproveitou a atenção que estava recebendo de mim e da Rafa para fazer drama.

– Então estamos juntos nessa, amigo! – Comentei sem muito ânimo – Eu só queria relaxar por um momento e esquecer só um pouquinho de toda essa confusão de maldição e dos meus medos de me casar. Faz tanto tempo que eu não sei o que é me divertir... – Lamentei tristonha.

– Relaxar? Esquecer dos problemas? Diversão? Anita Tunice, eu tenho a SO-LU-ÇÃO para todos os seus PRO-BLE-MAS! – O André exclamou animado abrindo a sua mala e procurando alguma coisa lá dentro – Aqui está o que nós DO-IS precisamos, gata garota! Uma boa dose de TE-QUI-LA! – Ele disse segurando uma garrafa da bebida com as mãos.

– Tequila? – Encarei a garrafa assustada. Eu não estava acostumada a beber. Às vezes eu dava um gole nas “cachaças” que o Luan gostava, mas não passava disso. Levando em consideração a “alegria” que o meu namorado-barra-praticamente-marido sempre ficava depois que bebia, aquela poderia ser uma boa ideia para eu me animar – Tá aí, gostei! Aceito uma dose de tequila!

– É, eu vou ter que concordar que tequila é uma boa solução mesmo. Afinal, quando a bebida entra a verdade sai, não é o que dizem por aí? Talvez seja isso que vocês precisam para tomar coragem e contar o que está atormentando os corações de vocês – A Malú ponderou.

– Bom, se vai rolar uma Festa da Tequila, então eu vou levar a Vick Caramelo para dormir no quarto! Eu não posso beber porque estou amamentando, mas não perco essa sessão “Eu confesso” por nada! Estou curiosíssima para saber o que está deixando o André tão abalado – A Rafa nos avisou já levando a filha para o andar superior da “Toca”.

– Ótimo! Enquanto você ajeita a Caramelo lá em cima eu vou arrumando as coisas aqui! Vou buscar o limão e o sal – De repente a Malú era a pessoa mais animada com a “Tequilada”. Será que ela também tinha alguma confissão para fazer e queria aproveitar a ocasião?

– Vai Anita Maria, já pega os copos! São aqueles bonitinhos pequenininhos, viu? – O André ordenou enquanto levava a garrafa de tequila até o mini-bar.

Fala sério, eu o recebia na minha casa e ele me tratava daquele jeito?

Peguei os copos no armário e os coloquei sobre o balcão, a Malú trouxe o sal e os limões e o André serviu a dose. Sentamos em volta do pequeno bar enquanto a Rafa, que já estava de volta, se ajeitava ao meu lado.

– E agora, o que a gente faz? – Perguntei. Eu era uma novata em termos de beber tequila.

– Primeiro você pega o sal e coloca no limão. Aí você chupa a fruta e na sequência já vira a dose de tequila, entendeu? – A Malú me explicou.

– Mas tem que virar TU-DO de uma vez só! Nada de ser fraca, hein Anita? – O André me alertou.

– Que fraca o quê?! Bora beber esse “trem” aí – Falei confiante.

– Mas não esquece, depois de beber tem que jogar sal pra trás, que é para afastar a ZI-CA – O diretor avisou.

– Ahhh não, mais uma maldição não! – Tratei logo de afastar a possibilidade. Eu já estava sofrendo demais com a Maldição do Pedido de Casamento – Isso é verdade?

– É só supertição né, Any! Mas sei lá... É melhor não arriscar! Você já tem azar demais para uma pessoa só – Ela aconselhou.

– Então tá, vou fazer isso – Concordei com a minha secretária.
Pegamos os nossos limões, colocamos sal e deixamos os nossos copos prontos.

– Vamos lá, PES-SO-AL: Arriba, abajo, al centro y... Adentroooo! – O diretor exclamou enquanto nós movimentávamos as nossas doses para cima, para baixo e para frente. Antes do “adentro” nós chupamos o limão e o sal e depois viramos a tequila, todos ao mesmo tempo. Na sequência, como mandava a supertição, jogamos um “punhadinho” de sal para trás.

A bebida desceu queimando a minha garganta e eu soltei um “gritinho” involuntário para expressar a minha reação. A “coisa” era forte mesmo...

– Outra, outra! – Pedi empolgada – Gostei desse lance de “abajo y adentro”!

Preparamos outra dose e repetimos todo o processo. Mais uma vez senti a bebida cortar a minha garganta, mas eu já estava mais preparada e foi mais fácil aguentar o “tranco”.

– Uhuuuuu – Gritei batendo o copo na mesa. Era impressão minha ou de repente estava fazendo mais calor?

– Já foram duas doses! E aí, quem vai começar a sessão “Eu Confesso”? Anita, André ou Malú? – A Rafa quis saber.

– Eu começo! – Tomei coragem para começar a desabafar - É o seguinte: Eu tenho medo de me casar e de perder esse “lance” legal que rola entre eu e o Luan. A gente se ama, e sempre que a gente se reencontra é tudo tão perfeito! E se eu me casar, será que ele ainda vai me amar do mesmo jeito? Ou será que a nossa relação vai cair no tédio que nem sempre acontece com quem se casa? – Abri o meu coração e falei uma das coisas que me assustavam quando o assunto era casamento.

– Gata garota, o seu namoro com o Luan só pega FO-GO desse jeito porque vocês mantém viva a chama da PAI-XÃO! Isso não tem nada a ver com amor, o nome disso é DE-SE-JO, meu bem! – O André deu a sua opinião.

– Isso aí, e casando ou não a paixão pode acabar um dia. Não é oficializando a relação de vocês que isso vai acabar – A Malú completou.

– Eu sei, eu sei... Mas concordam que se eu casar ele vai perder esse lance de “me conquistar” todos os dias?! A gente vai se acomodar, não vai mais ter aquela “coisa” de precisar me impressionar, de mostrar que é o cara certo pra mim... – Fui falando sem me importar com mais nada. Minha cabeça girava um pouco e eu me sentia bem mais livre. Com certeza era a tequila fazendo efeito sobre mim.

– Você já parou para refletir que ele também pensa em todas essas coisas? Afinal, depois de casar você também vai perder o medo dele te deixar... – A Rafa ponderou.

Eu nunca havia pensando desse jeito. Será que depois de casada eu continuaria fazendo todas as loucuras que eu costumava fazer pelo meu namorado-barra-praticamente-marido?

– E outra, uma hora ou outra ele vai cansar de tentar te convencer que ele é o cara certo pra você. O Luan sabe muito bem o que ele quer e tem certeza que te ama a ponto de querer que você seja para sempre a mulher da vida dele. Tudo o que ele quer é sentir o mesmo de você, Any – A Rafa me deu um de seus preciosos conselhos.

– Mas e seu decepcioná-lo? É muita responsabilidade ser a “mulher da vida de alguém” – Falei colocando bastante ênfase nas últimas palavras.

– Any, ninguém te conhece melhor que o Lú. Você pode ter certeza que se ele te escolheu é porque ele te ama do jeito que você é: confusa, maluca, mimada e muito azarada – A Malú descreveu as minhas qualidades.

– Hey, eu não sou tudo isso não! – Defendi o meu lado.

– Não mesmo! Ela esqueceu o TEI-MO-SA – O André emendou fazendo todo mundo rir.

– Ok, eu confesso que tenho um jeito um pouco “diferente”. E eu acho que é isso o que mais me assusta: E se o Luan cansar de mim? E se ele também me abandonar? – Falei encarando as minhas próprias mãos.

Os meus amigos ficaram em silêncio na mesa. Todo mundo ali sabia da história do meu namoro com o Murilo e do quanto eu fiquei abalada quando ele me deixou. Eu não lidava bem com rompimentos. Minha mãe se separou do meu pai muito cedo nos deixando sozinhas e depois eu vi a Rafa terminar com o meu irmão de uma forma nada amigável. Todas aquelas separações me fizeram sofrer muito.

– Acho que tenho medo de me entregar para o Luan e sofrer depois. Não sou forte o suficiente para aguentar se ele me deixar. Principalmente se for por culpa minha – Falei com a voz fraca.

– Mas isso não tem jeito, Any. Nada é para sempre e até o amor pode acabar um dia. O que não pode é você deixar de viver por medo de se machucar. Construir muros ao seu redor não vai impedir que você sofra. Você está evitando o casamento achando que está se preservando, mas na verdade é isso que mais está te fazendo sofrer agora – A Rafa avaliou a minha situação.

– Você acha que eu estou pronta para me casar? – Perguntei a encarando nos olhos.

– Eu acho que o seu amor pelo Luan é forte o suficiente para encarar esse desafio. Não precisa estar pronta para casar, Anita! A gente precisa é estar disposta a viver ao lado de alguém que a gente ama! Isso é o amor, é dividir com alguém tudo o que te faz feliz ou triste, é somar forças para chegar mais longe, é colorir o mundo com os sentimentos mais bonitos que existem, é caminhar junto, é ser quem você realmente é sem medo, é cantar todas as músicas apaixonadas para a mesma pessoa, é sentir saudades, é querer bem, é sorrir porque ele está sorrindo... Amar é se tornar uma pessoa melhor para agradar a quem se ama! – A Rafa falou aquelas palavras de uma maneira tão firme e com tanta certeza que ela foi capaz de me convencer. Eu não sabia como, mas ela descreveu exatamente o que eu sentia pelo Luan. E se aquilo era amor, então eu amava demais aquele “guri”.

– Um brinde ao amor – A Malú propôs já servindo as nossas doses com uma voz bem alterada.

Bebemos mais uma rodada. Dessa vez eu já estava mais “acostumada”, então foi mais fácil virar a dose de uma só vez.

– Poxa, todo esse papo de amor me fez ficar com saudades do meu “Bebê”. O Murilo viajou hoje de manhã para o Rio e eu já estou com saudades – A Rafa se lamentou.

– AHHH, chega vocês duas de ficarem cohramingando! Agora é a minha vez de DE-SA-BA-FAR! – O André cortou a minha empresária já com a voz meio enrolada. Eu também me sentia bem tonta por causa da bebida e pela cara da Malú, que já estava com o rosto rosa, a tequila também estava fazendo efeito nela.

– Então vá lá, abra o seu coração, Dé! O que você quer confessar? – A Rafa quis saber.

– Ai gente, eu estou A-PAI-XO-NA-DO! – O diretor soltou a bomba.

– COMO QUE É? – A Malú quase caiu do banquinho onde estava sentada.

– Estou A-MAN-DO! Mas estou sofrendo demais por conta disso... Porque essa pessoa nem quer saber de mim. Ela só me esnoba e pisa nos meus SEN-TI-MEN-TOS! – O André fez um “draminha” batendo no peito como se estivesse sofrendo muito.

– Nossa, aí é tenso, hein?! Mas essa pessoa sabe que você está afim dela? – Tentei ajudar o meu amigo.

– Não, ainda não tive coragem de me declarar! Tenho medo de levar um FO-RA do tamanho do universo – O André abriu o coração. Eu não conseguia acreditar que aquele homem sentia medo de se declarar. Ele sempre foi tão cara de pau e atirado para tudo!

– Mas o que você acha? Será que você não tem chance com ela? – A Rafa continuou o interrogatório.

– Na verdade, eu acho que ela só está se fazendo de difícil. Sabe aquela história de “finge que me odeia, mas PA-GA pau”? – Ele respondeu fazendo graça.

– E como você sabe que ela paga pau pra você? Ela pode realmente te odiar de verdade – A Malú ponderou. Eu havia bebido demais ou ela estava brava com aquela situação?

– Porque ela faz de tudo para me provocar e fica se desfazendo de mim! E já diz o velho ditado: Quem desdenha, quer COM-PRAR, meu bem! – O André falou, se achando!

– Isso é verdade! Se ela fica provocando e tentando chamar a sua atenção é porque aí tem – A Rafa confirmou a teoria do diretor.

– Ah, que saber?! Toda essa história de pagar pau me deixou com vontade de ouvir a música. E estou com uma vontade doida de dançar – Falei animada me levantando do meu banco. Dei uma vacilada e precisei me segurar no balcão para não cair. Eu já estava bem tonta, mas mesmo assim consegui chegar até o outro lado da sala onde estava o aparelho de som. Espalhei os CD’s de qualquer jeito pelo chão até achar o que tinha a música da dupla Fernando e Sorocaba. Demorei mais do que o normal porque estava zonza, mas no fim consegui apertar o play e a música começou a tocar.

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– “Você finge que me odeia, mas no fundo paga pau” – Cantei animada em pé no meio da sala.

– Um brinde à minha PA-GA pau – O André propôs. Bebemos a quarta dose de tequila, o suficiente para nos deixar animados e começar a dançar em cima do sofá. A Rafa aproveitou o nosso estado de “bebedeira” para pegar o celular e nos filmar dançando enquanto nós nos exibíamos para a câmera.

“Ela é atriz, ela faz cena, ela mete uma pressão...” – Cantei tentando interpretar o que a música dizia – Ih, como eu vou fazer essa parte do “Feito cobra mal matada ela rebola e eu passou mal”?

– Deve ser assim, ó – A Malú tentou fazer uma coreografia para a estrofe mexendo a cintura com os braços colados ao corpo.

– Mas isso não é uma cobra, isso tá mais pra uma MI-NHO-CA! A rebolada da cobra mal matada é AS-SIM, ó – O André corrigiu antes de colocar a mão na cintura e mexer os quadris de um lado para o outro parecendo uma dançarina de dança do ventre.

– Para mim, a “dança da cobra mal matada” é assim – Falei, colocando as mãos nos passadores de cinto do meu shorts e rebolando enquanto levantava uma das minhas pernas, imitando um daqueles passes de funk. Depois coloquei o meu pé de novo no sofá e fui girando, mexendo os quadris, como se estivesse brincando de bambolê.

– Uauuu! Que arraso! Tá linda gata garota! – A Rafa gritou parada embaixo do sofá, ainda me filmando – Vamos lá, quero todo mundo fazendo a “Dança da Cobra Mal Matada” junto com a Any – Ela pediu.

O André e a Malú se juntaram a mim e começaram a me imitar. Depois que fizemos a mais nova coreografia uma porção de vezes, caímos sentados no sofá morrendo de rir. Eu havia colocado a música no modo “Repetição automática”, então a canção continuou tocando um pouco alta de mais na sala.

– Vou checar se está tudo bem a Vick. Já volto, hein?! – A Rafa nos avisou colocando o seu celular sobre a mesinha de centro e saindo em direção à escada.

– AHH, eu quero ver como ficou esse vídeo! Deve estar Ó-TI-MO! – O André pegou o aparelho móvel e começou a fuçar a procura do arquivo. A Malú tentou ajudá-lo e, como sempre, os dois acabaram começando uma briga.

– Ai gente, é impressão minha ou tudo está rodando? – Comentei antes de me jogar qualquer jeito no sofá completamente zonza.

***
Ponto de vista do Luan

– Família, cheguei! – Gritei enquanto fechava a porta da sala atrás de mim. Eu havia passado o dia inteiro fora participando de uma reunião para decidir os detalhes da gravação do meu 3º DVD. Estava feliz “dimais da conta”! O DVD ia ficar top demais, rapáiz!

– Eita, mas o que aconteceu por aqui? – Dei dois passos em direção ao centro da sala e quase cai para trás. Vi a Ní jogada em um dos sofás, dormindo, toda torta ainda segurando um copo de beber cachaça. O André e a Malú estavam no outro sofá juntos, também dormindo em um estado parecido com a da minha namorada-barra-praticamente-esposa.

Olhei em volta. Vi uma garrafa de tequila vazia em cima do mini-bar com sal espalhado por todo canto. Também tinha limão chupado jogado pelo chão e pela mesa. Isso sem falar nos “petiscos” caídos no sofá e no tapete.

– Ahhh, a “marvada” da cachaça... Pelo jeito rolou uma “festinha” das “boa” por aqui, hein? – Falei sozinho depois de avaliar o estado que estava a sala da “Toca” – Rapáiz, parece que passou um furacão nesse lugar!

– Ah Luan, você chegou? Que bom! Será que você pode levar a Any para o quarto? Eu tentei levá-la, mas não posso fazer esforço porque ainda estou de “resguardo” – Ouvi a Rafa me pedir enquanto ela descia as escadas – Com esses dois eu nem vou me meter! Quero só ver o que eles vão dizer quando acordarem e se darem conta que dormiram juntos!

– Rafa do ceú, quero nem ver a confusão que isso vai dar! Esses dois vão querer se pegar que nem “cão e gato” – Falei coçando a cabeça. Eu ria só de imaginar a situação - Mas que “trem” é esse que aconteceu aqui? A Ní bebeu?

– Ihhh, essa é uma longa história... Tudo o que eu posso dizer é que no final das contas a bebedeira vai fazer bem para a Any. Ela andava meio confusa com a história do casamento e com a lenda da “maldição”. Acho que agora ela vai saber o que fazer – A Rafa ponderou – Isso é, se ela conseguir se lembrar de tudo o quê aconteceu!

– Se você “tá” falando, Rafinha... Eu “credito” em você! – Falei sério. Tudo o que eu mais queria era que a Any se decidisse de uma vez e aceitasse logo casar comigo. Eu “num guentava” mais esperar ela dizer “sim” – Bom, vou levar a minha Granfina pra cima, né? Se bem que hoje ela tá mais pra “Cachaceira” do que pra Granfina... – Brinquei caminhando até o sofá e me abaixando ao lado da minha namorada-barra-praticamente-esposa.

– “Paxão”? – Chamei tentando acordá-la.

– Meteoro? – Ela me respondeu com a voz enrolada de sono.

– Eita que agora foi tudo “pro pau” de vez... – Comentei ouvindo a Rafa rir de mim – O jeito vai ser carregar essa “muié”.

Peguei a Ní no colo e subi para o nosso quarto. Sorte que eu andava malhando, senão não dava “conta” de levá-la para o quarto. Definitivamente eu ia pedir para o Gutão, o meu personal, montar um treinamento especial para a Ní. Ela estava precisando perder uns quilinhos! Rapáiz, que peso era aquele?

Levei a Ní direto para o banheiro e a coloquei debaixo do chuveiro com roupa e tudo e liguei a ducha bem gelada, que era ótima para curar “bebedeiras”. Ela ainda estava meio que dormindo, mas quando sentiu o “baque” da água fria ela quase pulou no meu colo.

– Ahh, eu detesto água gelada – Ela reclamou fazendo manha. Muito coisa de Grafina falar isso, né?

– Ah, mas vai ficar aí, sim senhora! Não mandei você encher a cara! – Falei, a segurando embaixo do jato de água. Ela se debatia e reclamava e eu só ria da situação. Era divertido “dimais” ver a Ní perdendo a linha.

– Você quer saber por que eu bebi? Então eu vou te contar... – Ela falou de repente conseguindo se soltar dos meus braços e sentando no piso do box. A água continuava caindo pelos os seus cabelos e molhando todo o seu corpo. Ela vestia uma regata branca e um shorts jeans, e mesmo sem maquiagem e completamente zonza com a tequila ela continuava linda.

Segui o seu exemplo e me sentei de frente para ela. Eu estava de calça jeans, camisa polo e tênis. Completamente fora de contexto para a situação. Eu também já estava todo molhado, mas eu nem estava ligando. Ver a Anita daquele jeito já era o suficiente para me prender dentro daquele box com ela.

– Então me fala, “Paxão”! Me conta por que você encheu a cara desse jeito... Me conta tudinho! Tô aqui, prontinho pra te ouvir – Incentivei a minha namorada-barra-praticamente-esposa a começar a falar.

– Bebi porque estava com medo de te perder... – Ela confessou com a voz fraca e com a cabeça baixa.

– Eita, como assim? – Questionei confuso.

– Por causa desse rolo de casamento e de maldição... A gente brigou aquele dia no jardim e eu sinto que quanto mais eu demoro para me decidir, mais distante de mim você fica. E eu queria muito me decidir logo... Na verdade eu já até sei o que eu quero, mas tenho medo de abrir o meu coração para você e contar o que me impede de ir adiante e aceitar o seu pedido – Ela desatou a falar mexendo as mãos sem parar. Dava para perceber pela sua expressão que aquele não era um assunto fácil para ela.

– Ô “Paxão”, tem medo de quê? Sou eu que estou aqui... Você vai ter que confiar em mim – Pedi.

– Tenho medo de você perder o encanto por mim... Tenho medo de você deixar de me olhar e me desejar do jeito que você sempre fez... Tenho medo do nosso amor cair na rotina... Tenho medo de você começar a procurar em outras o quê você não encontrar em mim... Tenho medo de engordar, de ficar feia, de ter estria e celulite e você me trocar por alguém mais bonita do que eu...

Ouvi a Ní confessar tudo aquilo e não pude deixar de sorrir. Eu não conseguia acreditar que era só aquilo que a impedia de se casar comigo – Oh minha Nega, mas eu não ligo pra nada desses “trem” de beleza. E eu sempre vou te amar, te querer e estar ao seu lado – Tentei tranquilizá-la.

– Mas não é só isso. Eu também tenho medo de não ser boa o suficiente para você... Tenho medo de falhar, de não ser uma boa esposa, de não estar com você quando você mais precisar... Tenho medo que você não aguente esse meu jeito maluco e teimoso, que não suporte as minhas confusões, que não aguente mais ter ao seu lado uma garota mimada e egoísta... – Ela fez uma pausa para respirar e eu fiquei sem saber o que dizer. Agora eu conseguia entender melhor as razões da Ní. Eu sabia que ela era muito insegura, mas eu não poderia imaginar que era tanto. Tá loco, essas “muié” são mais enroladas que novelo de lã, rapáiz!

– E por causa de tudo isso eu tenho medo de você me deixar... Tenho medo de ser abandonada mais uma vez! Eu não ia aguentar te perder, Paixão. Não aguentaria viver sem você ao meu lado. Eu posso enfrentar mil maldições, mas não posso pensar em não ter o seu amor. De tudo o que já aconteceu na minha vida, eu sei que te perder seria a maior dor de todas – Ela começou a chorar enquanto dizia essas palavras. Não aguentei e fui até perto dela e a abracei muito forte.

– Mas você não vai me perder, “Paxão”. Calma, calma... Eu tô aqui com você agora e vou estar pra sempre – Falei no seu ouvido enquanto ela soluçava com a cabeça encostado no meu ombro.

– Tenho medo de me entregar, de deixar você saber que eu sou completamente sua... Eu já sofri muito nessa vida, não consigo mais abrir o meu coração sem criar nenhuma barreira, sem sentir receio – Ela conseguiu me dizer controlando o choro.

Ouvir aquela frase me fez lembrar a música que cantei junto com o Péricles na gravação do DVD do ex-vocalista do Exaltasamba. A letra falava justamente de uma pessoa que tinha medo de se apaixonar por já ter sofrido demais com o amor.

*** Link para a música - https://www.youtube.com/watch?v=EjjCdwxYs3w ***

– Vem cá, “Paxão” – Consegui fazê-la virar o corpo e deitar deixando as suas costas coladas ao meu peito. Agora a água batia nas suas pernas e eu a abraça muito forte, tentando afastar todo aquele medo que ela sentia.

– Ní, você precisa confiar no nosso amor e no poder que ele tem. Um sentimento tão lindo não pode machucar... Ele só vai fazer bem, você vai ver só... – Comentei baixinho no seu ouvido antes de cantar um trecho da canção que eu achava que combinava muito com a situação.

“A sua cara metade, alguém que cure essa dor
E que te preencha por dentro o vazio
Um abraço, um beijo sincero, um ombro, um colo, eu espero
Que encontre alguém que te faça feliz [...]


[...] Não perca nunca a esperança no amor
Eu juro, flechar quem te traga calor
Te dar vontade de amar outra vez
Sem medo de errar como antes se fez”


Aquela era justamente a parte que eu havia cantado durante a gravação. Cantei balançando os nossos corpos suavemente de um lado para o outro, como se estivesse a ninando. Na música, aquele era o trecho onde o Cupido respondia a oração que o “cara” apaixonado estava fazendo para ele. Ali, naquele banheiro, aquele era o meu pedido para que a Ní confiasse em mim e no que eu sentia por ela.

– Você confia em mim, “Paxão”? – Perguntei depois de ficarmos um tempo apenas curtindo aquele momento em silêncio.

– Confio – Ela me respondeu um pouco sonolenta.

– Então vem, hora da Granfina ir pra cama...

Carreguei ela até o nosso quarto, sequei a nos dois, troquei as nossas roupas e depois deitei a Ní na cama me deitando ao seu lado depois. Minha namorada-barra-praticamente-esposa estava com muito sono, o que dificultava muito o meu trabalho.

– Prometo ser a metade do que aí restou – Recitei um trecho da letra para ela – Boa noite, minha Granfina – Falei antes de abraçá-la e ficar apenas vendo ela dormir feito a “menininha” assustada que ela era, mas que nunca dava o braço a torcer e assumia as suas fraquezas. Aquela era a minha Anita.
___________________________________________

Notas finais do capítulo:
Três coisas:
1 - André apaixonado? Pode, produção? kkkk
2 - A dança da cobra mal matada ainda vai render MUITO! Esperem só!
3 - Estou "in-love" com a cena do chuveiro! Cupido, mande um Luan aqui pra casa também, rapáiz! kkkk
Eu disse que o trem ia ferver, não disse?! Essa reta final vai pegar fogo, meninas!
Beijos e aguardo as considerações de vocês!

  

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4 comentários:

  1. Eu amei essa série de confissões! E o André apaixonado que isso genty! Porque será que eu acho que é pela Malu? Mais não tenho certeza porque...ele é gay! E que momento lindo da Any e o Lu! agora que ela contou o Luan vai poder ajudar ela! Ela não vai precisar segurar essa barra toda sozinha! E o Luan não vai mais duvidar do que ela sente por ele!...to feliz com esse final! #PartiuContinuacao

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    Respostas
    1. Esse é um dos meus capítulos prediletos da terceira temporada! Eu também adoro essas confissões.

      Hum... Algo me diz que você ainda vai se surpreender muito com o André. Só acho...
      E essa cena do banheiro é simplesmente perfeita! Eu fico in love por ela todas vezes que leio. É sempre bom ver a nossa Granfina e o nosso Caipira se entendendo...

      #MaratonaDeComentários

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    2. eu sei que com o Andre nis csempre nos surprendemos! e a minha parte preferida foi a da banheira foi DIVINO! kkkk

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Oiieeee.... xD

Espero que esteja curtindo a fic!
Se estiver, não deixe de "perder uns minutinhos" para me contar a sua opinião, registrar o seu surto ou apenas para dar um oi! E se não estiver curtindo, aproveite o espaço para "soltar o verbo" e falar o que te desagradou!

Uma história não existe sem leitores! São vocês que me dão forças para continuar escrevendo e caprichando cada vez mais em cada capítulo! Portanto, deixe de "corpo mole" e venha "prosear" sobre as fics comigo e com as outras meninas que passam por aqui! *-*

Cada comentário ilumina muito o meu dia! Não deixe de fazer uma quase-escritora feliz: Comente! *-*

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