segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Capítulo 22 - Maré de sorte

Notas iniciais do capítulo:
Oi pessoal!
Demorei, mas cá estou para compensá-las com um cap grande, divertido e com um final meio "tenso". (Nada comparado ao final do cap 21, garanto).
Lindonas, tá rolando o maior clima de romance entre Luan e Cristal!
Bora ler?

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Acordamos cedo no dia seguinte. A turnê de shows pelo sul do Brasil continuaria e nós precisávamos seguir para a próxima cidade onde o Luan teria alguns compromissos com a imprensa.

Fui direto tomar um banho enquanto o Lú enrolava mais um pouco na cama. Segundo ele, a noite foi boa demais e ele precisava dormir mais um pouco para recuperar as energias.

Tomei uma ducha um pouco demorada. Minha cabeça fervia com tudo o que tinha acontecido. A noite realmente havia sido ótima, mas agora eu precisava pensar em como explicar aquela situação para o Anderson e para a Dagmar. Já fazia algum tempo que o Luan me avisara que eu não conseguiria manter a minha promessa por muito tempo. Aquilo agora ficava martelando na minha cabeça sem parar. Eu precisava arranjar um jeito de abrir o jogo para eles, mesmo que aquilo custasse o meu emprego.

Outra coisa que me atormentava era o medo de o Luan não querer mais nada comigo. Agora que ele já havia conseguido o que queria, será que ele continuaria me tratando daquela forma tão carinhosa que ele me tratava? Eu me entreguei para ele confiando que ele não iria me magoar. Eu esperava não me arrepender depois de ter tomado aquela decisão. Eu não aguentaria outra decepção relacionada à minha vida amorosa.

Saí do chuveiro ainda pensando em todas aquelas questões. Do outro lado da porta ouvi o Luan conversando com alguém. Reconheci a voz do seu secretário após alguns segundos.

– Bom dia, Luan! Conseguiu dormir bem com o frio que faz nessa cidade? – O Welligton disse. Pelo jeito, ele acabara de chegar no quarto.

– Bom dia, rapaiz! Frio? “Cê” sabe que eu não senti frio nenhum! – Ouvi o Luan responder irônico. Ri sozinha daquele comentário enquanto me secava no banheiro.

– Não sentiu frio? Ô loco, aquela briga com a Cristal te deixou mal mesmo, né? Olha, vou te falar, esse seu rolo com ela já tá ficando muito sério, viu? – O Welligton avaliou. Eu apenas escutava tudo enquanto vestia a minha roupa. Ainda bem que tinha levado todas as minhas peças para o banheiro comigo, senão teria que esperar a nossa “visita” ir embora para poder me vestir.

– Tá mesmo, rapáiz. “Cê” num sabe o quanto a coisa ficou séria ontem à noite – O Luan voltou a usar um tom irônico para respondê-lo.

– Olha Luan, sabe o que eu acho? Acho que você deveria agarrar essa menina logo de uma vez, sabe? Pega ela logo de jeito, joga contra parede, mostra pra ela o que ela tá perdendo – O secretário aconselhou.

– Que isso, Welligton? Você não sabe de nada mesmo, né rapaiz? Mulheres como a Cristal precisam ser tratadas com carinho, você precisa conquistar a confiança dela... “Cê” acha que se eu a agarrasse à força que nem o outro fez ela iria querer olhar na minha cara depois? – O Luan explicou todo paciente para o secretário a sua “estratégia” para me ganhar. Não pude deixar de sorrir sozinha dentro do banheiro. O Luan usou a “tática” certinha para conseguir me conquistar.

– Tá bom, você deve saber o que está fazendo... Mas ó, se vocês continuarem brigando desse jeito isso não vai dar certo. Se for para vocês ficarem “quebrando o pau” no camarim eu vou contar tudo para o Anderson, assim ele manda a Cristal embora – Ouvi o secretário ameaçar do outro lado da porta.

– Fica tranquilo, rapaiz. Cristal e eu não vamos mais brigar, eu te garanto. Para falar bem a verdade, acho que de agora em diante a gente vai se dar cada vez melhor, espera só pra você ver – O Luan respondeu usando um tom de voz meio malicioso, como alguém que está falando algo que tem “duplo sentido”.

– Como assim? Do que você está falando? – O tom de voz do secretário ficou apreensivo de repente.

De dentro do banheiro achei que era hora de revelar para o Welligton que eu também estava ouvindo aquela conversa. Respirei fundo, abri a porta e saí cantarolando, fingindo, na maior cara de pau, que não sabia que ele estava ali.

“Saí cantando, do chuveiro, eu sou a Cristal mais feliz do mundo inteiro, noite perfeita, eu e o Luan vamos nos encontrar”... Welligton, opa! Não sabia que você estava aqui – Falei fingindo surpresa. Sentado na cama, ainda de pijama, o Luan caiu na risada ao me ver entrando no quarto segurando uma toalha e secando os cabelos.

O Welligton nos encarou com uma expressão perdida no rosto. Por um instante ele não conseguiu falar. Ele apenas olhava de mim para o Luan com um olhar perplexo.

Aos poucos ele foi caindo na real. - Vocês... Vocês dormiram juntos? – Ele perguntou meio sem jeito.

– Dormimos ué, qual o problema? – O Luan perguntou se controlando para não voltar a cair na risada. Eu estava parada ao seu lado enquanto ainda secava os cabelos, por isso ele aproveitou para colocar a mão na minha cintura, o que deixou o Welligton ainda mais sem jeito.

– Hãã... Problema nenhum... – Ele respirou fundo tentando reencontrar o sentido – Bom, pelo menos agora, vocês saem desse chove ou não molha, né? Se é para ficar junto, que fiquem junto de vez – Ele exclamou mexendo as mãos como se quisesse dar ênfase no que estava dizendo.

– Sério que para você não tem problema, Welligton? – Perguntei.

– Cristal, eu já te disse que jogo no time do Luan. Se ele quiser ficar com você, por mim tudo bem. Mas é como eu te avisei, se começar a dar problema, eu vou colocar a carreira do Luan em primeiro lugar. Se eu precisar contar para o Anderson, eu vou contar – O secretário abriu o jogo e explicou o seu ponto de vista.

– Pô cara, obrigada por tudo isso aí, mas fica tranquilo. Nada vai dar errado, não é Cristal? E pode deixar, que quando chegar a hora certa a gente vai acertar essa situação toda com o Anderson, né nega? – Ele falou sorrindo para mim e apertando um pouco a minha cintura.

– É, no que depender de mim as coisas vão continuar funcionando como foi até agora, sem nenhum problema. E... quanto ao Anderson, eu realmente acho melhor a gente não contar nada para ele por enquanto – Pedi tentando usar um tom educado. Para mim era muito importante que o Welligton topasse não me denunciar para o empresário do Luan. Eu não queria perder o meu emprego justo agora que eu tinha me acertado com o meu “patrãozinho”.

– Bom, quer saber de uma coisa? É até bom que vocês fiquem juntos. Assim a gente economiza no número de quartos de hotel... – O Welligton brincou e todos nós caímos na risada.

– Bom casal, fico feliz que não vou ter mais que aguentar os dois de “bico” porque brigaram. Mas é hora de voltar ao batente, né? O Luan tem compromisso e a dona Cristal tem muito trabalho pela frente! Esqueceu que a gente precisa fechar aquela exclusiva com o Fantástico? Bora meu povo, o amor é lindo, mas não enche a barriga de ninguém. Estamos deixando o hotel daqui uma hora e meia, ok? Acelerem aí! – O Weligton foi falando enquanto se dirigia para a porta e nos deixava sozinhos novamente.

– Uma hora e meia? Hum... Então acho que ainda dá tempo de dar um beijo de bom dia na minha nega, né? – O Luan falou me puxando em sua direção.

– Luan, você não pode se atrasar! E você nem tomou banho ainda! Anda menino, já para o banheiro – Falei séria. Eu era muito chata com horários.

– Ih, você acha que você me assusta com a sua brabeza? Vem cá vem, agora que eu descobri como te deixar mansinha eu vou me aproveitar disso – Ele falou antes de me beijar na boca. Tentei resistir, mas era impossível escapar de um beijo do Luan. No final das contas, a gente ainda tinha uma hora e meia para terminar de se arrumar, um beijo não iria matar ninguém.

***

– Tá, agora eu acho que você não passa mais frio – Disse depois que o ajudei a arrumar o cachecol em volta do seu pescoço. No total ele vestia quatro blusas, duas calças, um par de luvas, além do cachecol. Tudo isso para espantar o frio intenso que fazia naquela noite.

– E agora eu não vou conseguir nem me mexer no palco, né nega? Com isso tudo de roupa eu nem vou conseguir dançar “pros” meu “morzinho” na plateia – O Luan comentou com um ar chateado.

– Vai conseguir se mexer, sim. E tenho certeza que as suas fãs também preferem te ver bem agasalhado no palco do que gripado depois sem poder fazer shows – Tentei argumentar.

– Tá ficando espertinha, hein Cristal? Tudo bem, você venceu! – Ele brincou colocando as mãos para o alto como alguém que está se rendendo – Se é o melhor para os dois amores da minha vida, as minhas fãs e você, então eu fico com esse “muntuera” de roupa aqui – Ele disse, tentando parecer sério.

– Isso aí, gostei de ver – Falei toda animada depois de ser chamada de amor – E quer ver só como você consegue se mexer? Ó, vamos fingir que estamos naquela parte do show que você canta “Sou Praiero”. Vê só se você não consegue dançar a música “direitinho”! – Incentivei já pegando o meu celular no bolso. Aquele seria um dos momentos com o Luan que mereciam ser registrados.

– Vamô ver, então – Ele ameaçou antes de começar a cantar – “Sou praieiro, sou guerreiro, tô solteiro, quero mais o quê?” – Enquanto cantava ele ia fazendo a coreografia no ritmo da música. Ver o Luan cantando e dançando todo desconsertado vestindo tantas blusas, gorros e luvas era uma cena impagável. Eu não tive como segurar, acabei caindo na risada.

– Você ri, né nega? Vocês tão vendo só o que eu faço por vocês né, meus “amorzinhos”? Até preparação para conseguir fazer show com essa “muntuera” de roupa eu faço – Ele comentou olhando para a câmera.

Eu aproveitei o momento para perguntar – Luan, quantas blusas você está vestindo? – Nós estávamos no seu camarim. Ele em pé, eu sentada em uma cadeira perto de uma mesa onde estavam alguns “lanches” para toda a equipe se servir antes do show.

– Ó, eu vou mostrar para vocês. Tem essa – Ele puxou a parte debaixo do primeiro casaco para cima – Essa, essa e mais essa – Ele continuou levantando as blusas até que parte da sua barriga ficasse aparecendo. Tão vendo só, tudo isso para fazer show para vocês! – Ele levantou mais as blusas deixando o seu mais novo “tanquinho” um pouco mais a mostra antes de rearrumar as peças.

– É isso, pessoal. A gente fica por aqui com mais um Diário de Bordo, direto do camarim do Luan. Até a próxima! – Encerrei o vídeo e depois caí na risada – Nossa, quanto charminho para as fãs, hein? Desse jeito a gente “num”guenta, Lú – Brinquei.

– Nossa Cristal, faz tempo que a gente não grava nenhum vídeo de diário de bordo, né? Aliás, você nem passou o último que a gente gravou lá no Vila Country... – Ele comentou.

– Não, o arquivo ainda está aqui no meu celular, você quer? – Perguntei.

– Quero. Liga o bluetooth aí, Cristal!

– Mas ó, não vale colocar na internet que nem você colocou o primeiro, hein? – Pedi. Eu me lembrava que aquele vídeo deu uma repercussão tremenda nas redes sociais. E o pior é que só fui ficar sabendo daquilo bem depois que o Luan havia postado o arquivo no Youtube.

– Não, não vou colocar, não – O Luan falou sem muita convicção na voz – “Cê” acha que esse último ficou bom?

– Ficou divertido. E com certeza o seu “quase-striper” faria o maior sucesso com as suas negas – Falei rindo já mexendo no meu aparelho para transferir os arquivos para o Lú.

– As negas não resistem, mas e você, Cristal? – Ele perguntou se aproximando de mim e colocando uma de suas mãos no meu cabelo. No mesmo instante eu senti um arrepio passar pelo meu corpo. Eu ainda não estava acostumada com o Luan me tocando daquele jeito tão mais “quente”.

Ele riu ao sentir a minha reação ao seu toque. Nem precisei me dar o trabalho de respondê-lo, só a minha expressão já entregava que eu também tinha adorado o “quase – striper”.

– Luan, você não deveria fazer isso aqui no camarim. Alguém pode chegar – Falei tentando parecer séria. No fundo eu lutava para resistir à tentação de agarrar o Luan e beijá-lo ali mesmo.

– Ah nega, você nunca ouviu aquela história de que tudo que é proibido é mais gostoso? – Ele falou perto do meu ouvido chegando ainda mais próximo de mim. Suas mãos passeavam pelas minhas costas e eu sentia o cheiro do seu perfume. “Calma Cristal, calma”. Respirei fundo e tentei manter o foco da conversa.

– Não, nunca ouvi dizer não – Falei tentando parecer irritada, ao mesmo tempo que o cheiro do perfume do Luan entrando pelo meu nariz me fazendo perder o controle aos poucos. Eu adorava o perfume que ele usava.

– Não? Então presta atenção que eu vou te ensinar – Ele disse antes de abrir aquele sorriso “malandro” que sempre me deixava meio tonta. Precisei respirar fundo várias vezes para voltar a prestar atenção na conversa. Seria difícil me acostumar que tudo aquilo de Luan estava me dando “mole” – As coisas proibidas, Cristalzete, são mais legais porque dão mais emoção, sabe? E aí, quando a adrenalina toma conta, a gente “meio” que se entrega mais a situação, entendeu nega? – Ele foi falando com o rosto bem próximo ao meu ainda sem me soltar do seu abraço. – Quer ver só? Vou te provar que proibido é mais gostoso – Ele piscou para mim e foi se curvando para me beijar nos lábios. Mas instantes antes do nosso beijo começar, alguém bateu na porta e gritou “Estou entrando, pessoal”.

Gelei. Era a voz do Anderson. Mas o que ele estava fazendo ali? Ele tinha que estar em São Paulo.

– Luan? Cristal? O que foi? – O empresário entrou no camarim e acabou nos pegando desprevenidos. Eu ainda estava entre os braços do Luan e a única coisa que conseguia pensar naquele momento era “Agora a coisa foi pro pau”.

– Anderson do céu, ajuda aqui! Cristal sentiu uma tontura e quase caiu. Sorte que eu consegui segurá-la – O Luan falou enquanto me guiava para me sentar em uma cadeira que estava ali perto.

Oi? Tontura? Era sério que ele achava que o Anderson ia cair nessa?

Entrei no clima da “história” do Luan e caprichei na cara de “Tonta e desequilibrada” me sentando na cadeira.

– Nossa Cristal, o que você está sentindo? Quer que eu chame um médico? – O Anderson perguntou preocupado. Pelo jeito ele tinha caído no “papinho” do Luan.

– Não, não precisa! Já está passando. Foi só um mal-estar rápido – Falei tentando parecer convincente.

– Já falei que ela precisa parar com essas coisas de fazer dieta maluca para emagrecer e comer direitinho. Mania que essa mulherada tem de achar que tá gorda, rapaiz! – O Luan falou para o Anderson me encarando sério, como se estivesse me dando uma bronca. Precisei me segurar para não rir daquela situação.

– Ah Cristal, não acredito que você não anda comendo por causa de dieta. Mulher do céu, não pode! Pede para o Guto te ajudar a montar um cardápio saudável para você, de acordo com as suas necessidades – O empresário começou a me aconselhar.

– Pode deixar comigo, Anderson. Amanhã mesmo vou falar “pro” Gutão botar a Cristal na linha. Ela vai ter que parar com essa história de regime – O Luan manteve o mesmo tom de bronca de antes.

– Que loucura isso, Cristal. Pelo amor de Deus, toma juízo, hein menina? Ficar sem comer?! Você não precisa disso, não é Luan? – O Anderson falou em um tom gentil, como se quisesse me animar.

– Na verdade, tem umas “gordurinhas” sobrando ali sim – O Luan brincou.

– Tá me chamando de gorda? – Fingi parecer irritada. A minha ideia na verdade era simular uma briga. Assim o Anderson pensaria que não estava rolando nada entre a gente.

– Tá um pouquinho, né nega? Quase não consegui te segurar quando você ia caindo – O Luan pareceu entender a ideia e continuou a provocar.

– Luan! - Exclamei nervosa – Para com isso! Até porque, se eu estou acima do peso ou não, isso não é um problema seu – Respondi azeda cruzando os braços.

– Quanta brabeza! Era só uma brincadeira, Cristal – Ele tentou se redimir.

– Uma brincadeira muito sem graça – Respondi ainda com a cara amarrada.

– Você tá vendo, né Anderson? Essa aí é “braba” que só ela...Pior que um pitbull raivoso.

– Nossa, vocês dois parecem cão e gato – O empresário brincou – Como vocês conseguem trabalhar juntos?

– A Cristal é “braba”, mas é gente boa – O Luan comentou encolhendo os ombros como se quisesse dizer “Não tem outro jeito, né?”.

– A paciência é uma virtude, Anderson. E estou colocando em prática essa minha virtude com o Luan – Falei séria – Bom, vou checar se está tudo bem lá fora, ok? Luan, falta vinte minutos para o show – Falei olhando para o relógio. Depois caminhei até a porta e deixei os meninos sozinhos no camarim.

Assim que saí eu caí na risada. Eu não sabia quem era mais cara de pau: O Luan, por inventar a história da tontura, ou eu, que fiquei fingindo estar chateada com os comentários dele sobre o meu peso.
Se eu não tomasse cuidado, aquele rolo com o meu “patrãozinho” poderia acabar afetando a minha alto-estima. Afinal, não bastasse a camareira do hotel me chamar de baranga, ainda tinha o Lú me chamando de pitbull raivoso e agora de gorda. Ri sozinha ao me lembrar de todos os nossos momentos de improviso. Nós estávamos ficando muito bons em enganar o Anderson.

***

O show daquela noite correu sem problemas. Apesar do frio, o público lotou o lugar da apresentação e cantou junto com o Luan. Aliás, algumas fãs fizeram bem mais que cantar com ele. Elas praticamente “cantaram” ele. E o Luan, claro, deu “bola” para elas, porque, ao final das contas, ele era o Luan Santana. Ele adorava agradar as suas fãs.

Ao ver aquela cena acabei me sentindo insegura em relação ao meu "patrãozinho" novamente. Nós passamos uma noite maravilhosa juntos, mas eu ainda tinha medo que ele estivesse me “dando moral” só porque ainda não tínhamos ficado. E se, agora que já havíamos dormido juntos, ele resolvesse me deixar de lado e me trocar por uma pirigueti qualquer?

“Fala sério, né Cristal! É claro que não é nada disso. O Luan foi super gentil e carinhoso com você ontem à noite. Porque ele te trataria tão bem e insistiria tanto em ficar contigo se realmente não estivesse interessado?” – O meu lado Maluquete entrou em ação tentando me tranquilizar.

“Essa é fácil! Ele estava te tratando bem e insistindo tanto porque você ainda não tinha caído na dele. Agora que você não é mais um desafio, certamente ele vai te deixar de lado. Eu disse que ficar com patrão não dava certo” – A Cristal Profissional mostrou o seu ponto de vista.

“Você quer fazer o favor de ficar quieta, sua mocréia? Ontem à noite você estava dando a maior força para que os dois ficassem juntos. Não vem jogar areia agora” – A minha parcela Maluquete se revoltou.

“Eu disse para ela pegar, e não se apegar. Eu sempre fui da opinião que se apaixonar pelo patrão era cafona” – A Profissional foi categórica.

“Não tem nada de cafona nisso. Eles tiveram uma noite maravilhosa juntos e o Luan está caidinho por ela. Minha filha, essa é a sua hora! Para de bobeira e conquista esse menino de vez” – A Maluquete me apoiou - “Até porque tá faltando homem no mercado, mulher! Se ele está te dando bola, trate de aproveitar” – Ela completou.

“Bom, terei que concordar com a Maluquete. Homem está em extinção no mercado atualmente. E, agora que a coisa toda já foi ‘pro’ vinagre mesmo, o jeito é confiar no seu taco, Cristal. Acredite, se ele te esperou todo esse tempo é porque ele está afim. Homem não dá moral para menina que ele quer só para passar uma noite” – O meu lado Profissional fez a vez de psicólogo para me aconselhar.

– Cristal, vamos? Já está quase na hora de pegar o voo – O Anderson me chamou interrompendo os meus devaneios.

– Oi? Voo? Ah é... Verdade – Eu tinha me esquecido que nós precisávamos viajar para Minas Gerais ainda naquela noite. O Luan detestava voar a noite, mas o compromisso estava marcado para muito cedo no dia seguinte e por isso teríamos que decolar logo depois do show.

– Em que mundo você está, Cristalzete? Ainda não se recuperou do choque de quase ser flagrada pelo Anderson? – O secretário fez piada da situação.

– Nossa, nem me lembre disso. O Luan abusa demais da sorte! – Coloquei a culpa no meu “patrãozinho”, claro.

– Só o Luan, né? Mas ó, essa história não vai durar muito, já vou avisando. Logo, logo o pessoal vai descobrir isso aí – O Welligton me advertiu – E agora vem, o Luan já está indo com os seguranças e com o Anderson para o carro.

Seguimos de van até onde estava o Bicuço. Eu acabei me sentando ao lado do Luan, mas não estava muito animada para conversar. As dúvidas na minha cabeça ainda me atormentavam. Ele, como sempre, estava “pilhado” por causa do show. Mesmo assim ele percebeu que algo estava errado. Eu sempre costumava comentar tudo que tinha rolado durante a apresentação com ele a caminho do hotel e naquela noite estava em silêncio.

“Tá tudo bem, nega?” – Ele me perguntou via SMS quando estávamos perto da pista de pouso e decolagem.

Achei melhor não responder. Para a minha sorte, naquele momento senti a van parando próximo ao Bicuço. Aproveitei a “confusão” do momento de descer do carro e descarregar as malas para fingir que havia me esquecido do celular.

Estava muito frio. O termômetro do carro apontava a temperatura de -4º. Mesmo com tantas blusas, luvas, cachecol e gorro, o vento gelado cortava a minha pele e me fazia tremer. Por conta disso, todo mundo pegou as malas do carro correndo e embarcou no jatinho para se proteger do mau tempo.

Todo mundo menos o Luan, que resolveu parar, jogar a sua mochila no chão de qualquer jeito para escrever alguma coisa na asa do avião. Eu tremia de frio e sentia cada parte de mim congelando, mas mesmo assim resolvi parar para ajudá-lo.

– Luan, pelo amor de Deus, tá frio demais! Vamos para o Bicuço logo – Eu praticamente implorei.

– Peraí, Cristal! Vem cá, me ajuda com uma coisa aqui. Bate a foto para mim, nega – Ele pediu pegando o celular do bolso da jaqueta e me entregando.

– O que você quer que eu fotografe? – Perguntei pegando o aparelho das suas mãos.

– Tô fazendo uma homenagem para as minhas negas – Ele disse me apontando o que ele tinha acabado de escrever no gelo acumulado na asa do avião. A frase “Eu amo vocês” dentro de um coração estava desenhada ali.

Foi inevitável não sorrir. Eu quase não acreditava que em um frio daqueles o Luan estava pensando nas suas fãs.

Pedi para ele fazer pose e depois bati a foto. Aquela imagem com certeza iria para o Twitter.

– Pronto, agora vamos – Pedi.

– Calma aí, nega – Ele falou voltando a escrever na asa do avião – Essa daqui é para você, ó – Ele me apontou o que ele tinha acabado de fazer.

Cheguei mais perto para ler. Também dentro de um coração estava a frase “Eu amo você”.

– Aquele ali é para as minhas “primeiras esposas”, e esse daqui é para você, “minha segunda esposa”, que nem na novela da Jade, lembra? – Ele perguntou sorrindo.

Não tive como não sorrir também. Sem falar nada, aproveitei o gelo para respondê-lo. “Eu tbm te amo”, escrevi. Em seguida olhei em volta para me certificar que ninguém estava olhando e dei um selinho nos seus lábios rapidamente. Eu mal conseguia me controlar de tanta felicidade. O Luan, sem dúvidas, era uma pessoa muito especial.

– Agora vem, Luan – Peguei uma das suas mãos e o puxei em direção à porta de embarque do Bicuço. Se nós demorássemos mais um pouco era capaz de alguém desconfiar de nós dois. E nós já havíamos dado “brechas” o suficiente por uma noite.

***

A viagem até Minas foi tranquila. Precisei me controlar para não ficar sorrindo que nem uma boba ao lado do Welligton enquanto voávamos para outro estado e me lembrava do que o Luan escreveu para mim na asa do avião.

Mesmo sem saber, ele tinha acabado com todos os meus medos que estavam me atormentando desde aquela manhã. Agora eu conseguia entender o porquê ele estava dançando todo cheio de charme para as fãs. O Luan sempre seria das suas “negas”, as “primeiras esposas” dele. Mas, no final das contas, eu também tinha um espaço na sua vida, e aquilo já era o suficiente para me deixar transbordando de felicidade. Mais do que isso, aquela mensagem também serviu para me deixar mais segura com a nossa situação. Depois daquela declaração eu poderia ter certeza que a nossa primeira vez não foi importante só para mim. Com certeza aquela noite também foi especial para ele.

– Cristal “tá” parecendo que viu um passarinho verde – O Welligton comentou enquanto seguíamos até o hotel de van. Já era tarde da noite e as ruas pelas quais nós passávamos estavam vazias. E por mais que eu tentasse disfarçar, eu não conseguia esconder a minha alegria em estar “de bem” com o Luan.

– Eita, será que ela encontrou um gaúcho lá pelas bandas do Rio Grande do Sul? – O Anderson perguntou se virando no banco na minha frente para me encarar melhor.

– Se é gaúcho eu não sei, mas aí tem coisa, com certeza – O Welligton emendou. Eu olhei para ele brava. Por que ele sempre tinha que soltar um comentário sem noção? Ao lado do Anderson o Luan se segurava para não cair na risada.

– Quem vai ver passarinho verde é você, Welligton. Vê se fica quieto e não me enche, beleza? – Falei brava tentando encerrar aquele assunto.

– Eu avisei que ela era “braba”. Fica provocando a onça com vara curta, fica... – O Luan falou piscando para mim disfarçadamente – Mas vamos deixar a Cristal em paz, né gente? Hoje ela até passou mal lá no camarim...

A partir daí o Anderson voltou a discursar sobre o perigo das dietas malucas e o Welligton disparou a fazer comentários sem noção sobre mim. No meio disso tudo, mandei uma mensagem para o Luan.

“Não vamos poder dormir juntos hoje. Você vai se comportar sozinho no seu quarto?” – Perguntei. Por causa da visita surpresa do Anderson eu achava melhor a gente não abusar e dormir cada um na sua respectiva cama naquela noite.

“Vou me comportar se você prometer que vai parar de fazer dieta e vai se alimentar direito. Não pode ficar passando mal desse jeito, amore”.

Tive que me segurar para não cair na risada dentro do carro. Aquele deveria ser o meu dia de sorte. Primeiro nós conseguimos enganar o Anderson, e depois o Luan colocou todos os meus “grilos” para correr com o que ele havia escrito na asa do avião. Definitivamente a maré tinha virado a meu favor.

Naquela noite, após me despedir do pessoal e seguir para o meu quarto, eu tive mais uma noite tranquila de sono. Eu e o Luan trocamos mensagens pelo celular até tarde e depois, quando finalmente consegui pegar no sono, eu sonhei com ele.

No dia seguinte acordei muito bem disposta. Fui direto tomar café da manhã enquanto o Luan ainda descansava mais um pouco no quarto.

Aproveitei a calma das primeiras horas do dia para checar o meu Twitter. Eu queria saber o que as “primeiras esposas” do meu marido andavam comentando nas redes sociais.

Quase engasguei com o meu pão de queijo quando vi a hashtag que estava em primeiro lugar no site de relacionamento. #DesseJeitoAGenteNumGuentaLS. Não consegui acreditar no que eu estava vendo. Eu me lembrava de ter falado aquela frase para o Luan na noite anterior, mas não tinha como as fãs ficarem sabendo daquilo. Cliquei para ver sobre o quê o pessoal estava comentando e quase surtei ao confirmar que era sobre o “quase-striper” do Luan que eu havia gravado no meu celular na noite anterior.

– Luan Rafael Domingos Santana, o que você aprontou dessa vez? – Xinguei alto antes de largar o meu café da manhã de qualquer jeito e correr para o quarto dele.
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Notas finais do capítulo:

Luan, assim a gente num guenta, rapaiz! kkk
E aí, curiosas para saberem o que vai acontecer com o nosso casal? Então aí vai uma dica: Diogo vai voltar a aparecer na história.
Hum... Fic tá bombando! kkkk Não esqueçam de me dizer se gostaram, ok?

 

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2 comentários:

  1. Flor sua fic é maravilhosa eu também escrevo quer ler a minha? Eu também escrevo em blog e quase não tem comentários me deixou desanimada e eu abandonei eu só escrevo no site agora anime spirit você pode escrever no site também tem muitas leitoras obrigada por inventar essa fic perfeita eu amo essa história.

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    Respostas
    1. Oi Aline! Tudo bem? Obrigadaaa por ler a fic! Cristal e Luan juntos são terríveis, né? hahahaha

      Pode me passar o link, eu coloco aqui no blog na lista de indicações. =)

      Eu escrevia em site também, só que no Nyah. Mas aí eles proibiram a postagem de histórias com personagens reais,por isso comecei a publicar aqui no blog. O chato é que todos os meus comentários ficaram lá no Nyah... =/ Mas eu não ligo... Importante é ter gente lendo!

      Obrigada de novo por ler e comentar! É muito bom saber que você gosta da história!

      Sorte com a sua fic! <3

      Beijão!

      Excluir

Oiieeee.... xD

Espero que esteja curtindo a fic!
Se estiver, não deixe de "perder uns minutinhos" para me contar a sua opinião, registrar o seu surto ou apenas para dar um oi! E se não estiver curtindo, aproveite o espaço para "soltar o verbo" e falar o que te desagradou!

Uma história não existe sem leitores! São vocês que me dão forças para continuar escrevendo e caprichando cada vez mais em cada capítulo! Portanto, deixe de "corpo mole" e venha "prosear" sobre as fics comigo e com as outras meninas que passam por aqui! *-*

Cada comentário ilumina muito o meu dia! Não deixe de fazer uma quase-escritora feliz: Comente! *-*

E não esqueça de deixar o seu nome, ok?!