domingo, 4 de novembro de 2012

Capítulo 18 - Quase virando um casal

Notas iniciais do capítulo:

Amores,
Cá estou eu para postar o capítulo 18!
Tentei caprichar o máximo que pude, mas não sei se ficou bom...
Mesmo assim espero que gostem.
Aproveitem!

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No último capítulo:

Olhei para mim. Eu estava deitada em uma cama, um edredom daqueles bem “fofinhos” e chiques cobria as minhas pernas. Eu não podia ver mas conseguia sentir que não estava vestindo nada além da minha calcinha da cintura para baixo. Imediatamente um sinal de alerta  acendeu na minha cabeça.

Chequei o quê eu estava usando da cintura para cima. Respirei mais aliviada. Uma camisa xadrez abotoada quase até o último botão cobria o meu corpo. Pelo menos na parte de cima eu estava vestida descentemente. Olhei de novo para a camisa. Não era um modelo feminino. Puxei pela memória, eu precisava lembrar onde eu já tinha visto aquela camisa.

Quando eu me dei conta da onde eu conhecia aquela peça quase cai da cama. Aos poucos eu fui percebendo onde eu estava. Muito devagar virei o meu rosto para o outro lado da cama. Deitado ao meu lado estava o dono da camisa dormindo como um anjo.

– Luan? – Eu praticamente gritei. Eu só poderia ainda estar delirando por conta da febre. Ou então eu ainda estava sonhando. Tinha que ser uma daquelas opções, tinha que ser!

– Bom dia nega – O Luan me respondeu com a voz sonolenta.

Ai meu Deus, eu não estava sonhando nem muito menos delirando. Eu estava era no quarto do Luan vestida só com a camisa dele. E agora, o que eu iria fazer?

Puxei o edredom o máximo que pude e tentei cobrir todo o meu corpo com ele. Olhei em volta novamente. Nem sinal das minhas roupas. Tentei puxar pela memória onde diabos tinham ido parar a camisa e a calça que eu estava usando. Na hora tive uma vaga lembrança de um banho e do Luan me entregando uma toalha. Respirei fundo. A situação estava ficando pior a cada segundo que se passava.

– Luan, acorda! – Falei enquanto praticamente chacoalhava o corpo do meu “patrãozinho” que tinha voltado a dormir ao meu lado – Acorda, Luan, isso não é hora de dormir! Eu preciso saber o que aconteceu aqui...

– Oh Cristal, me dá um tempo. Você não me deu sossego a noite inteira... Deixa eu dormir um pouco agora – Ouvi ele dizer sonolento ao meu lado.

Oi? Não dei sossego a noite inteira? Certo, a situação estava ficando muito, mas muito pior do que eu poderia imaginar.

– Luan, acorda agora e me explica o quê aconteceu aqui. Senão eu... senão eu... Senão eu vou gritar – Aquela não era lá uma grande ameaça, mas foi só o que eu consegui pensar no momento.

– Eita Cristal, mas você já acorda “cuspindo fogo pelas ventas”? – O Luan finalmente desistiu de tentar dormir e começou a se espreguiçar ao meu lado sentando-se e encostando o corpo na cabeceira da cama – Mas nem depois de uma noite dessas você fica menos “braba”?

– Noite dessas? – Repeti com medo – Luan, o que aconteceu nesse quarto? Pelo amor de Deus, me conta! – Resolvi apelar e praticamente implorei para que ele falasse.

– Você realmente não lembra? – Ele falou se divertindo às minhas custas. Neguei com a cabeça e ele continuou – Então se eu disser que a gente quebrou tudo aqui essa noite, só eu e você, você vai acreditar?

– Talvez... Mas a gente não fez isso, não é mesmo? – Eu torcia para que a resposta fosse não por dois motivos. Primeiro porque eu ainda não me sentia emocionalmente bem o suficiente para ficar com alguém depois do que rolou com o Diogo no barco. E segundo... Bom, eu nunca mais conseguiria olhar para a cara do Luan se descobrisse que eu tinha transado com ele e que não me lembrava de nada.

O Luan deve ter percebido o pânico no meu rosto porque ele parou de sorrir daquela maneira presunçosa e passou a me encarar de uma forma mais séria.

– Fica tranquila, Cristalzete! Não rolou nada entre nós – Ele falou esticando a mão e apertando a minha bochecha.

Respirei aliviada. Senti um peso enorme saindo das minhas costas ao mesmo tempo que uma pontada de decepção me afligia. Resolvi deixar aquele sentimento de lado. Aquilo não era hora de me arrepender por não ter rolado nada com o Lú. Eu precisava era descobrir é como eu havia parado na cama dele.

– E como eu vim parar aqui? – Perguntei voltando a ajeitar o edredom para cobrir todo o meu corpo. O Luan riu de mim ao me ver fazendo aquilo.

– Calma nega, eu não vou te atacar – Ele colocou as mãos pra cima querendo dizer que era inocente – É o seguinte, Cristalzete. Te encontrei lá na van queimando de febre. Eu não podia te deixar lá, não é? Como eu não achei a chave do seu quarto eu resolvi te trazer para cá porque você não tinha condições de ficar sozinha – Ele explicou enquanto passava a mão no rosto como se tentasse despertar por completo - E nem adianta brigar comigo, só fiz isso porque eu estava preocupado com você – Ele emendou ao ver a minha expressão de brava.

– Bom, isso explica como eu cheguei aqui. Eu realmente estava com muita febre... Mas, não explica como eu fui ficar assim – Mexi as mãos apontando para mim – Como foi que eu tirei a minha roupa e vesti a sua camisa? – Eu queria não ficar brava com o Luan. Afinal de contas, ele havia me ajudado e cuidado de mim na noite anterior. Mas ele me olhava com uma expressão divertida no rosto como se estivesse adorando me ver naquela situação o quê me deixava irritada.

– Então, como eu ia contando... Você estava com muita febre e por isso eu te trouxe para o meu quarto. Eu liguei para a recepção e pedi para o pessoal do hotel trazer um antitérmico para você. Te dei uma dose dobrada nega, mas a sua febre não baixava. Aí eu liguei para a minha mãe e perguntei o que eu deveria fazer com você – Ele fez uma pausa para ajeitar o edredom sobre as suas pernas. Só naquele momento eu havia notado que o Luan vestia apenas uma cueca samba-canção. “Calma Cristal, calma”, repeti para mim mesma.

– Aí minha mãe me disse que nesses casos é bom dar um banho gelado na pessoa. Mas ó, eu não fiz nada sozinho, não nega! – Ele fez questão de avisar antes de continuar a história – Eu te acordei e falei que você precisava tomar um banho. Eu te ajudei a ir até o banheiro e a tirar a sua bota. O resto você tirou sozinha... Eu só abri o chuveiro para você e deixei a água o mais fria possível – Ele explicou mexendo no cabelo nervoso.

– E depois? – Perguntei com medo. Eu não lembrava de praticamente nada do que havia acontecido desde que eu tinha apagado na van. Eu já estava mais tranquila porque sabia que não rolou nada entre mim e o Luan. Mas aquilo não significava que eu não tinha dado nenhuma "bola fora" ao longo da noite.

– Depois eu ajudei você a se secar. Calma Cristal, eu não fiz nada... Você “tava” mal, nega. Eu só queria te ajudar – Ele fez aquela cara de “cachorro sem dono” que eu não conseguia resistir. Resolvi deixar aquela passar...

– E foi aí que você vestiu a sua camisa em mim? – Perguntei. Vendo a resposta positiva do Luan eu continuei – E depois disso?

– Eu te deitei na cama, te cobri com o edredom – Ele apontou para a roupa de cama que estava cobrindo o meu corpo – E você dormiu que nem um anjo, Cristal – O Luan tentou disfarçar, mas estava na cara que ele estava escondendo alguma coisa. Desconfiei disso porque ele fazia um esforço enorme para não rir e porque ele me olhava com aquele olhar “safado” que só ele sabia dar.

Respirei fundo e o encarei séria. - Tá, agora fala a verdade, Luan. O que aconteceu depois que você me vestiu e me colocou para dormir? – Insisti na questão.

– Nãããoo sei... Você que deveria saber. Era você que estava sonhando, nega! – Ele ria se divertindo com a minha confusão.

– Sonhando?

– É Cristal, sonhando. Você não sabe que fala dormindo? – Pelo jeito que o Luan estava falando eu devia ter dado “um fora” muito grande enquanto dormia, porque ele estava divertindo-se muito da minha cara.

– Hum... Você já comentou algo quando a gente foi para Londrina – Falei sem jeito – Mas, o que eu disse? Foi algo muito sem noção?

– Pra falar bem a verdade, eu gostei bastante – Ele parou de falar tentando controlar o riso – Era alguma coisa do tipo “Luan, por favor, fica comigo”. Não precisa pedir por favor não, viu nega? Eu fico com você... Ó, a gente já tá junto aqui agora - Ele apontou para nós dois rindo.

Droga! Coloquei as mãos na frente do rosto tentando esconder a minha expressão de vergonha. Fazia alguns dias que eu sonhava a mesma coisa todas as vezes que eu dormia: Era noite e eu entrava em um barco para fugir do Diogo que estava atrás de mim. Eu dava partida e saía com a lancha da marina para me salvar, mas quando já estava em alto-mar eu descobria que o Léo também estava a bordo. Ele estava chorando perguntando como eu pude ter confundido ele com o Diogo e me entregado para o seu irmão. Eu tentava explicar que o Diogo me obrigou, mas ele não me escutava. Desesperada, eu pulava no mar querendo acabar com aquele sofrimento, mas alguma coisa, algum tipo de força, me fazia começar a nadar até chegar a uma ilha onde eu encontrava o Luan. Eu me lembrava que eu corria para abraçá-lo e pedia para que ele me ajudasse. Pelo visto, justo naquela noite, o sonho devia ter ido mais além e chegado ao ponto de eu pedir para o Luan ficar comigo. Eu só não sabia o que aquele “ficar comigo” representava: Se era ficar de estar junto ou ficar de beijar na boca.

Encarei o Luan. Pela sua expressão ele estava convicto de que era a segunda opção. Eu não duvidava. Afinal, há alguns instantes atrás eu havia me sentido um pouco triste por não ter rolado nada entre nós por mais maluco que aquilo pudesse parecer. Meus sentimentos em relação ao Luan estavam muito confusos nos últimos tempos. Nós passamos de “relação profissional” para “melhores amigos” em poucos dias e eu fazia o possível para que aquela amizade não ficasse “colorida”. O difícil era convencer o meu coração a manter a nossa relação em preto e branco.

– Que foi, nega? Tá com vergonha, é? Não precisa ficar assim... Não é a primeira vez que você sonha comigo. Já estou acostumado a te ouvir me chamando enquanto dorme – Ele ainda ria da minha situação.

– Eu sonhei com você aquele dia que dormi no Bicuço também? – Perguntei desesperada. Eu me lembrava que durante a viagem para Londrina ele havia comentado que eu falava dormindo. Mas eu nunca poderia imaginar que tinha sonhado com ele enquanto voávamos juntos.

– Sonhou. Mas aquele dia foi diferente... Primeiro você teve um pesadelo. Depois você só começou a falar o meu nome, como se estivesse me procurando – Ele explicou mais sério. A crise de riso havia passado.

Eu me lembrava daquele pesadelo. Ele me atormentou durante muitas noites desde a noite no barco. Assim que eu dormia a minha imagem junto com o Diogo na lancha voltava à minha mente. Depois, eu me lembrava que ele me deixava sozinha chorando e que eu começava a andar pelo barco procurando ajuda. Ninguém nunca aparecia para me socorrer e eu acabava me jogando no mar, desesperada com aquela situação. Pelo o que Luan havia falado, eu não estava procurando por ele. Eu estava lhe pedindo ajuda.

– Eu lembro desse sonho. Ele sempre terminava comigo me afogando... Acho que eu estava te chamando para me salvar – Falei encarando o edredom – Eu sonhava com isso todas as noites desde o que aconteceu no barco. Agora o meu sonho mudou para esse de ontem. Eu fujo do Diogo, encontro o Léo, tento me afogar, mas consigo me salvar e te encontro em uma praia.

– Você estava muito agitada no começo do sonho. Parecia mesmo que era um pesadelo. Eu pensei em te acordar, mas aí você foi se acalmando até chegar a parte que começou a chamar por mim – Ele falou a última parte da frase todo “se achando” o que me deixou muito nervosa.

– Sabe nega, acho que eu prefiro você dormindo. Quando tá sonhando você é muito mais “mansa” do que acordada – Ele brincou, rindo. Senti meu sangue fervendo dentro de mim. O Luan tinha a capacidade de me tirar do sério.

– Chega Luan! Agradeço muito você ter cuidado de mim, mas já tá mais do que na hora de eu ir para o meu quarto. Daqui a pouco todo o pessoal acorda, e aí já viu, né? Isso pode dar um rolo danado! Onde estão as minhas roupas? – Perguntei, retomando o meu tom sério de sempre.

– Lá vem você com a sua brabeza! – O Luan fechou a cara na mesma hora – Acho que tá tudo lá no banheiro... – Ele apontou em direção a porta do segundo cômodo do quarto.

Medi a distância entre a cama e a porta. Não era muito longe, mas era o suficiente para que o Luan visse mais do que devia caso eu não conseguisse me ajeitar com o edredom. Achei melhor ter um “plano B”, só para garantir.

– Ééé... Luan, olha pra lá. Vou levantar para pegar as minhas roupas – Falei tentando usar o meu melhor tom de “E eu estou falando sério!”.

– Ih nega, pode ir tranquila. Eu já conferi tudo isso ontem à noite – Ele falou enquanto se jogava novamente na cama se esticando todo.
Respirei fundo. Eu sabia que o Luan só estava brincando comigo e que eu não tinha motivos para ficar "grilada" com aquilo. Mesmo assim não consegui não ficar com raiva de mim mesma. Como eu poderia ser tão idiota e tão inocente daquele jeito? Mais uma vez eu me deixei levar por um garoto e acabado sozinha com ele sem me lembrar de nada. Tá certo que o Luan não era o Diogo, mas eu já deveria ter aprendido a minha lição e não confiar daquela maneira em mais niguém.

Fechei a cara. Pelo jeito eu teria que me virar com o edredon. Comecei a me enrolar o máximo que eu podia com a peça para poder levantar e seguir até o banheiro. Do outro lado da cama o Luan me observava em silêncio.

Quando eu terminei de me “embrulhar” e já ia levantando, o Luan me segurou.

– Peraê Cristal, eu viro, vai... Mas você tem que me prometer que vai ficar e vai tomar café comigo – Lá vinha ele com as suas “barganhas”.

– Ah Luan, é melhor não... Isso não vai dar certo! Eu nem deveria estar aqui... As pessoas podem comentar, o Welligton pode ficar sabendo, isso pode ir parar no ouvido do Anderson, algum funcionário do hotel pode ver e entregar tudo para um site de fofoca... – Fui falando sem parar todos os motivos que me impediam de permanecer naquele quarto com ele.

– Para Cristal, para! – O Luan me interrompeu – Tudo isso que você está falando são desculpas que você usa para fugir de mim. Até quando a gente vai ficar fingindo que não rola nada entre a gente?

Fiquei muda. Eu não sabia o que responder. Para falar bem a verdade, eu estava decidida a continuar lutando contra a vontade de aceitar que estava sim acontecendo algo entre nós. Eu não podia assumir aquilo por vários motivos. Sentir algo pelo Luan significava perder o meu emprego, significava ir contra os meus próprios objetivos de não me apaixonar por mais ninguém e, principalmente, de não sofrer por causa de homem nenhum. Eu sabia que o Luan ficava com várias garotas só por ficar. E eu não era daquele tipo de “menina descartável”.

– Hein Cristal? Ou você vai me dizer que você também não quer? – Ele falou sério, mas com uma expressão carinhosa no rosto como se quisesse dizer que eu poderia confiar nele. Mas o medo de me machucar gritou mais alto. Eu precisava sair dali antes que eu fizesse uma besteira.

– Luan, eu vou me vestir – Falei e praticamente corri para o banheiro fazendo o possível para manter o edredom em volta do meu corpo. Quase tropecei umas duas vezes, mas por fim cheguei inteira até o local onde minhas roupas estavam largadas e tranquei a porta.

Soltei o edredom para me ajeitar melhor. “Calma Cristal, calma”. Agora faltava pouco. Era só vestir a roupa e sair correndo daquele quarto. Por sorte o Luan teria uma agenda cheia naquele dia e nós mal teríamos tempo de nos falar. Aquilo seria perfeito.

Na pressa de fugir daquela situação, acabei ficando com a mesma camisa e só vesti a calça e calcei a bota. Lavei o rosto, fiz um bochecho com água na boca e improvisei um coque com o meu cabelo que estava terrível depois de eu ter dormido com ele molhado.

Chequei a minha imagem no espelho. Estava péssima. Eu precisava chegar ao meu quarto o mais rápido possível para tentar melhorar aquela cara de “zumbi”.

Abri a porta e já fui logo procurando onde estava a minha bolsa. O plano era pegar todas as minhas coisas e sair o mais rápido possível. Mas, era claro que o Luan não iira me deixar eu fugir daquele jeito. Ele estava ficando bom em evitar as minhas escapadas.

– Já pedi o nosso café, nega. Eles falaram que daqui a pouco vão entregar. Agora você senta aí e a gente vai conversar – Ele me falou ainda sentando na cama enquanto colocava o telefone no gancho. Pelo jeito ele realmente havia feito o pedido do café.

– Desculpa Luan, mas eu preciso ir para o meu quarto. Que horas são? Você tem uma porção de compromissos hoje. E eu preciso organizar a sua agenda, checar meus e-mails, fazer alguns telefonemas – Disparei a falar enquanto rodava o quarto sem parar atrás da minha bolsa. Encontrei o que estava procurando junto com os meus celulares em cima do sofá bege no meio de umas almofadas coloridas. Peguei tudo e já ia me preparando para fugir quando senti o Luan me segurando pela cintura e me virando na sua direção.

– Cristal, são 6:00 da manhã. Você fez a gente madrugar hoje – Ele riu – Você ainda tem muito tempo para fazer tudo isso que você está falando. Mas agora a gente vai conversar, tá bom? – Ele falou pegando a bolsa e os celulares da minha mão e jogando em cima da cama.

Respirei fundo tentando ganhar tempo. Dei uma boa olhada no quarto. Era um cômodo grande, com uma cama gigantesca no centro. Nós estávamos do lado esquerdo da cama onde ficavam as janelas com vista para o mar e um sofá muito confortável com algumas almofadas. Na parede oposta ficava a porta de entrada, uma mesa com duas cadeiras e um armário com várias portas além de um espelho. Na parede em frente a cama estava a porta de acesso ao banheiro por onde eu havia acabado de passar há alguns instantes.

– Luan, a gente não tem mais nada para conversar. Muito obrigada por cuidar de mim, mas agora eu realmente preciso ir embora – Falei decidida tentando me soltar dele que ainda me segurava pela cintura com uma das mãos.

– Temos que conversar, sim senhora. Pra começar eu preciso te pedir desculpas, não deveria ter falado daquele jeito com você. Eu sei que você tem os seus motivos para ser "durona" desse jeito e eu respeito isso – Ele falou sério.

Balancei nessa hora. Eu não queria entrar naquele assunto de novo. 
- Tudo bem Luan, não tem problema... Eu só acho melhor a gente não tocar mais nesse assunto. Temos um acordo, não temos? A gente não disse que iríamos manter um relacionamento profissional? Então, para continuarmos assim é melhor eu ir embora agora – Falei tentando me soltar das suas mãos, o que fez o meu corpo ir involuntariamente para a frente ficando muito próximo ao dele.

Apenas alguns centímetros me separavam do Luan. Eu sentia as suas mãos na minha cintura me segurando, os seus braços encostando nos meus... Eu conseguia sentir também a temperatura do seu corpo e ouvia a sua respiração acelerada. Ou será que era a minha que estava completamente fora de controle?

Parei e o encarei nos olhos. Ele sustentou o meu olhar sério. Lá fora, na orla da praia, um carro tocava uma música muito alto. Pelo jeito nós não éramos os únicos que tinham perdido o sono naquela manhã.


– Luan... – Falei com a voz fraca enquanto tentava me soltar mais uma vez. O resultado foi o mesmo da tentativa anterior. Eu e ele ficamos ainda mais próximos e ele me segurou com ainda mais força.

– Cristal... – Ele disse o meu nome tentando imitar o meu tom de voz bravo. Olhei irritada para ele. Ele sorriu para mim divertindo-se com a minha situação.

Droga! Era aquele sorriso torto que só o Luan sabia dar e que conseguia me fazer perder a razão. Sem pensar, fiquei na ponta dos pés e o beijei. Eu não sabia o que eu estava fazendo, mas era aquilo que a minha mente, que o meu coração e que todo o meu corpo me pedia naquele momento.

No começo o Luan não entendeu o que eu estava tentando fazer. Ele manteve o corpo parado enquanto eu pressionava os meus lábios sobre os seus e o abraçava passando as minhas mãos envolta do seu pescoço. Aquela situação demorou poucos segundos. Logo que percebeu o que estava acontecendo ele me beijou de volta com muita vontade. Uma de suas mãos subiram para a minha nuca e ele segurou os meus cabelos que naquela altura já haviam se soltado do coque improvisado que eu havia feito no banheiro.

O nosso beijo tinha um ritmo urgente, como se a gente precisasse matar uma saudade enorme que estava nos sufocando. Ele me puxou para ainda mais perto dele e nossos corpos ficaram colados enquanto nos beijávamos. Minhas mãos passeavam pelas suas costas nuas e enquanto ele me segurava com firmeza como se estivesse com medo de que eu pudesse fugir. Pelo tecido fino da samba-canção eu podia sentir o efeito que os meus beijos estavam causando nele.

Em meio aos beijos que estávamos trocando senti a mão do Luan descer até a frente da minha camisa e meio atrapalhado abrir os primeiros botões da camisa que eu estava usando. Para a sorte dele e não havia abotoado todos, o que facilitou bastante o seu trabalho. Depois ele foi nos levando em direção a cama e antes que eu pudesse reagir ele me deitou colocando o seu corpo sobre o meu.

–Cristal, “cê” ta me deixando louco, nega – Ele falou no meu ouvido enquanto se ajeitava na cama.

– Luan – Parei de beijá-lo e disse séria. Até aquele momento eu havia me deixado levar pelas minhas emoções, mas eu ainda não estava preparada para seguir adiante com aquilo.

– Fica tranqüila meu amor, vai dar tudo certo – Ele me respondeu carinhoso depositando selinhos nos meus lábios.

Voltamos a nos beijar. As mãos do Luan passeavam por todo o meu corpo e me faziam sentir cada parte de mim queimando. Relaxei por alguns instantes, mas quando ele ameaçou tirar a minha camisa eu travei de vez. Embora meu corpo pedisse pelo Luan, a minha mente ainda não conseguia lidar com aquela situação.

Não sei como, mas eu consegui sair da cama e ficar de pé ao seu lado. Meu coração dava saltos dentro do peito.

– Luan, eu... eu... - Tentei falar enquanto eu ajeitava os cabelos meio atrapalhada - Desculpa, mas... eu não consigo... por causa do Diogo... Desculpa - Eu me sentia péssima em dizer aquilo, mas era a verdade. Desde aquela noite do barco eu não havia ficado com mais ninguém. Ter um contato tão próximo e tão íntimo com alguém me faziam lembrar do que tinha acontecido com o Diogo e me deixavam muito balançada.

– Mas eu não vou te machucar, Cristal... Pode confiar em mim! - O Luan se sentou na cama e me encarou sério. Mesmo eu interrompendo o clima que estava rolando entre a gente ele não me olhava com uma expressão de bravo no rosto. Os seus olhos me indicavam que ele estava sendo sincero e que eu deveria confiar nele, mas o bloqueio já havia tomado conta da minha mente. As lembranças do que o Diogo fez comigo ameaçavam tomar conta de mim. Precisei respirar fundo para não chorar ao me lembrar daquela noite no barco.

– Desculpa Luan, de verdade - Falei tentando controlar as minhas emoções enquanto fechava os botões da camisa de qualquer jeito. Em seguida eu peguei a minha bolsa e os meus celulares que estavam em cima da cama e praticamente corri até a porta.

Quando percebeu que eu estava indo embora o Luan levantou da cama e correu até mim - Cristal, espera nega. Não vai embora assim...

– Por favor Luan, eu preciso ir embora - Falei sem encará-lo. Eu já estava com a mão na maçaneta da porta quando ele me alcançou e colocou uma de suas mãos na minha cintura.Mas eu fui mais rápida que ele. Antes que o Luan pudesse me segurar eu abri a porta do quarto e já ia conseguindo fugir quando dei de cara com uma funcionária do hotel.

– Foi daqui que pediram o café da manhã? - Ela nos encarava com uma expressão espantada. Rapidamente parei para analisar a gravidade da situação. Eu estava parada na porta do quarto do Luan vestindo a camisa dele que estava muito mal abotoada, descabelada e com cara de choro. Logo atrás de mim estava um Luan só de samba-canção também descabelado e tentando me agarrar pela cintura. A situação não era nada boa.

Encarei o Luan que me olhou de volta. Através dos nossos olhares conseguimos chegar a uma conclusão silenciosa: Nós dois estávamos ferrados!
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Notas finais do capítulo:
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