terça-feira, 23 de outubro de 2012

Capítulo 12 - Em Londrina - Um beijo

Notas iniciais do capítulo: 
Um beijo pode falar mais que mil palavras, mas também pode dar um nó danado na nossa cabeça. O Luan que o diga!
Duas coisas importantes:
1- O primero beijo desse quase-casal saiu! Vivaaa!
2 - Tem uma surpresa no final do capítulo: A história será narrada do ponto de vista de outro personagem. Curiosas?
Então aproveitem!

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Dormir foi praticamente impossível depois de tudo o que aconteceu no carro. Quando finalmente consegui pegar no sono já era quase hora de levantar.

Fui para o banho de mal humor. Na minha cabeça fiz uma anotação mental “Trabalhar para o Luan Santana significava nunca mais ter uma boa noite de sono”. Pensei melhor no assunto, e achei que a melhor definição seria “Trabalhar para o Luan Santana é perder completamente o controle”.

Enquanto eu me arrumava as vozes na minha cabeça não me deixavam em paz.

“Hum... Abraço ouvindo Bruno Mars no carro. Cristal, por que você não chamou o Luan para subir com você para o seu quarto?”. Esse, claro, era o meu lado “Maluquete” tentando me enlouquecer.

“Cristal, deixa disso! Você tem um longo dia de trabalho pela frente. Concentre-se nas suas atividades e deixe esse sentimentalismo de lado”. O meu lado “Profissional” disse.

– Fácil é falar né, colega? O difícil é resistir quando ele me olha daquele jeito – Falei para mim mesma enquanto conferia o meu visual no espelho. Calça e camisa social, sapato de salto, cabelo preso e maquiagem suave.

– Meu Deus, eu já estou falando sozinha! O Luan está realmente me enlouquecendo – Exclamei para o quarto vazio enquanto pegava a minha bolsa e saía para pegar o elevador. Teríamos um longo dia de trabalho pela frente. Logo pela manhã uma equipe de TV gravaria uma reportagem com o Luan. O objetivo era mostrar como era a sua rotina fora dos palcos.

Tentei colocar uma roupa bem discreta que combinasse com o meu objetivo do dia: Ficar o mais longe possível do meu "patrãozinho". Aquele seria o meu último dia em Londrina, e, se eu desse sorte, poderia voltar para São Paulo sem fazer nenhuma besteira.

Cheguei à recepção do hotel e pedi para a recepcionista chamar um táxi para mim. Enquanto esperava atendi uma ligação do Welligton no meu celular.

– Bom dia Cristal, já está pronta? A entrevista com o Luan começa às 8h. Eu já estou indo para lá. – Ele falou. Imediatamente senti a raiva que eu havia passado na noite anterior voltar com ainda mais intensidade. Aquele secretário idiota além de pensar que eu era uma “pirigueti” ainda subestimava o meu profissionalismo. Ai se eu pudesse falar umas poucas e boas para ele...

Respirei fundo e tentei ser cordial. O plano era ser discreta e passar despercebida. O Paraná tinha se revelado um estado muito perigoso para mim. Eu não via a hora de voltar para São Paulo e ver se eu recuperava a sanidade que eu desconfiava ter esquecido por lá.

– Bom dia Welligton! Tudo certo. Já chamei um táxi e daqui a pouco estou indo para a casa do Luan. Você não precisa se preocupar.

– Perfeito. Nós nos encontramos lá então. Até mais – Ele desligou sem mais cerimônia. Bufei de raiva e a recepcionista me olhou assustada. “Calma Cristal, calma” eu repetia para mim mesma.

Ainda tentando manter o controle, peguei o táxi e segui rumo à mansão Santana. Relembrar os acontecimentos da noite anterior foi inevitável durante o caminho. Não ajudava muito o fato de começar a tocar Bruno Mars no meio da viagem. “Calma Cristal, calma”, repeti o meu mantra enquanto um assustado taxista me encarava pelo retrovisor. Droga, eu estava falando sozinha de novo! Maldito seja o Luan Santana que me fazia perder o controle.

***

O táxi me deixou em frente à casa do Luan e uma animada Bruna veio me recepcionar na porta.

–Bom dia Cristal!

– Bom dia! – Claro que a minha vontade era de matá-la depois dela ter me entregado para o Luan na noite anterior. Mas, no fundo, eu tinha simpatizado com a irmã mais nova do meu “patrãozinho” e acabei deixando esse fato passar.

Caminhamos até a cozinha onde a Dona Marizete preparava a mesa do café. Pelo jeito fartura era a palavra de ordem naquela casa. A mesa tinha um pouco de tudo do que se poderia desejar em um café da manhã.

– Achei melhor caprichar. Afinal, teremos muitas visitas hoje – Ela comentou ao perceber a minha expressão de surpresa ao encarar a mesa – Senta, Cristal. Aproveita para tomar café enquanto o pessoal da TV não chega.

Aceitei o convite. A Bruna me acompanhou e logo já estávamos conversando animadamente sobre as loucuras que as fãs fazem pelo Luan.

– Hum... Cristal, mudando um pouco de assunto, por que você não queria que o meu irmão te levasse para o hotel ontem? Você prometeu que iria me contar – A Bruna usou o seu melhor tom de “por favor, por favor” para me fazer essa pergunta. Do outro lado da cozinha a Dona Marizete também pareceu ficar muito interessada na minha resposta.

Resolvi improvisar, já que eu não poderia contar a verdade para as duas – Ah, é que eu achei que seria um pouco chato se o Luan me levasse. Afinal de contas, eu sou a funcionária dele e as pessoas podem encarar com “maus olhos” essa carona. Isso poderia acabar afetando a carreira dele. Você sabe como são esses colunistas de sites de fofocas, não sabe? Aproveitam qualquer chance para espalhar boatos dos artistas.

– Hum, entendi. Ah, mas por aqui você não precisa se preocupar tanto. Londrina não é que nem São Paulo – A Bruna comentou.

– Não Bruna, ela ta certa. E, além disso, ainda tem o acordo que ela fez com o Anderson. Eu disse para a Dag que isso não ia dar certo, mas ela não acreditou – A Dona Marizete disse essas palavras olhando para mim. Pela sua expressão pude perceber que ela também tinha reparado que aquela carona havia rendido mais do que deveria – Luan chegou em casa ontem com a cabeça nas nuvens – Ela comentou rindo.

Certo. A mãe do Luan sabia da minha promessa. E pelo jeito, ela também sabia que eu estava com dificuldades para cumpri-la. A cada minuto que eu passava em Londrina eu me enrolava cada vez mais naquela história.

– Verdade, fazia tempo que eu não via o Luan contente daquele jeito – a Bruna emendou - Mas que acordo é esse que você está falando mãe? Não tô sabendo de nada disso...

– Bom dia família! Todo mundo pronto para aparecer na TV hoje? – O Welligton entrou na cozinha. Respirei aliviada. Por mais que eu não gostasse do secretário do Luan, ele tinha acabado de me salvar de um assunto muito constrangedor. – Cadê a nossa estrela? O Luan não acordou ainda? Daqui a pouco a equipe de TV está aí.

– Vou ver se ele já está de pé. Vem comigo Cristal, quero aproveitar e te mostrar uma coisa – A Bruna disse já se levantando da cadeira e me puxando pelo braço. Ótimo, agora ela queria que eu fosse acordar o Luan junto com ela! “Calma Cristal, calma”, repeti o meu mantra na minha cabeça.

Subimos até o andar superior da casa e seguimos por um corredor até chegar à porta do quarto que eu imaginava ser do Luan.

A Bruna bateu e entrou sem cerimônias. Por prudência, achei melhor ficar na porta. Sabe-se lá o que o Luan Santana faz quando está sozinho no seu quarto, não é?

– HORA DE ACORDAR, DORMINHOCO – A Bruna praticamente gritou enquanto abria as cortinas do quarto do Luan.

– Bruna, fecha isso sua tranquera. Não tá vendo que eu to dormindo? – Um sonolento Luan falou com a voz toda enrolada. Na sequência ele colocou o travesseiro na cabeça para tentar voltar a dormir.

– Tranquera é você seu mal agradecido. Só estou te ajudando a não perder a hora para a entrevista de hoje, não é Cristal? – A Bruna cruzou os braços e bateu o pé irritada. Aquela menina era tão terrível quanto o irmão.

– Fala para a Cristal que eu já desço – O Luan murmurou com o travesseiro na cabeça.

– Você tem 15 minutos antes do pessoal da TV chegar – Achei melhor avisar – Acho melhor você ir lavar o rosto e melhorar esse astral. Você não vai querer que as suas fãs achem que você acorda de mal humor, não é mesmo? – Aproveitei para provocar.

Ao ouvir a minha voz o Luan quase pulou da cama. Ele ficou me olhando com uma expressão estranha no rosto, como se estivesse pensando se brigava comigo ou se voltava a dormir. No fim, muito contrariado por ter que acordar cedo, o Luan levantou e foi se arrumar para as gravações.

***

O resto do dia passou voando. Foi uma correria só conseguir tudo para que a equipe de TV conseguisse registrar a rotina do Luan. Era câmera para um lado, microfone para outro, e gente tropeçando umas nas outras o tempo inteiro.

Mas no fim deu tudo certo! A equipe de TV conseguiu filmar o Luan tomando café, jogando vídeo-game, almoçando, e até mesmo malhando na academia. Eu já conseguia até imaginar o quanto as fãs iriam adorar ver tudo aquilo.

Quando finalmente terminamos, já era quase de noite. Para a minha sorte eu tinha levado a roupa que usaria durante a cerimônia para a casa do Luan. Se eu tivesse que voltar para o hotel para me trocar com certeza eu iria me atrasar.

Tomei banho e me troquei no quarto da Bruna. A irmã do meu “patrãozinho” me ajudou a arrumar o meu cabelo e a me maquiar, o que me fez ficar pronta mais rápido.

– Cristal, o Welligton pediu para avisar que está te esperando lá em baixo – A Dona Marizete apareceu na porta do quarto da Bruna para dar o recado que a minha carona já havia chegado – Nossa, como você está linda! Vai arrasar nessa cerimônia! – A mãe do Luan comentou.

– Obrigada dona Marizete. – Sorri para ela – A senhora não achou que está muito simples o vestido? – Falei enquanto conferia o meu visual no espelho: Vestido preto de cetim com apenas uma alça, scarpin rosa bem claro, casaco preto com detalhes cor-de-rosa que combinavam com o sapato e bolsa preta. A Bruna tinha feito uma trança embutida no meu cabelo que tinha deixado o visual com uma expressão mais séria.

– De jeito nenhum. Está muito bonita, de verdade! – A Marizete respondeu.

– Ai que bom! Bom, então é melhor eu me apressar senão o Welligton me mata – Falei enquanto pegava a minha bolsa – Dona Marizete, a senhora pode avisar para o Luan que nós já estamos indo para a Câmara?

– Bate lá na porta do quarto dele e avisa Cristal. O Luan não morde – Ela brincou.

Droga! Eu queria dizer que era tentação demais para mim ir até o quarto dele, mas eu não podia discutir com a Dona Marizete. Vencida, caminhei até a porta no final do corredor e bati.

Rezei para que ele não estivesse lá. Assim eu não precisaria entrar.

– Entra – Ouvi ele responder lá de dentro. Droga! “Calma Cristal, calma” repeti para mim mesma antes de empurrar a porta.

– Oi Luan... Hã... Só pra avisar que eu e o Welligton já estamos indo para a Câmara, ok? – Consegui dizer. De manhã, quando estive ali pela primeira vez, eu não tinha reparo direito no quarto. Agora, olhando atentamente, percebi que o dormitório tinha a cara do Luan: era grande, muito espaçoso, com uma cama de casal no meio e uma escrivaninha no canto oposto às grandes portas de vidro que davam acesso à varanda. Na frente da cama, havia um espelho de corpo inteiro onde um Luan muito desajeitado olhava tentando acertar o nó da gravata.

– Nega do céu, “cê” sabe dar nó nesse “trem” aqui? Não consigo acertar isso de jeito nenhum – Ele falou nervoso.

– Sei sim, quer que eu te ajude? – Perguntei, ainda parada na porta.

– Faz isso pra mim, Cristal. Senão eu vou dar conta de me enfocar com esse “trem” – Ele brincou.

– Hããã... Tudo bem então – Falei relutante. Maldita hora que resolvi avisar que já estávamos de saída.

Caminhei de encontro a ele. Não pude deixar de reparar como ele estava elegante com um terno preto e camisa com listras vinho.

– “Foco Cristal” – Ouvi o meu lado “profissional” dizer.

Parei na sua frente e peguei as duas pontas da gravata. Eu o sentia me olhando da cabeça aos pés. Meu coração disparou. Mantive o meu olhar fixo na gravata. “Foco Cristal, foco”.

– É fácil dar nó em gravata, Luan. Não tem segredo, olha só – Falei enquanto manuseava o acessório e dava um nó perfeito. Eu tinha que agradecer ao “seu” Francesco por ser tão hábil naquela tarefa. Eu sempre cuidei daquele detalhe no visual do dono do estaleiro durante reuniões e eventos.

– Pronto – Exclamei conferindo o resultado do meu trabalho.

– Olha só, não é que ficou bom mesmo?! Obrigada nega – O Luan agradeceu – E aí, o que achou do visual? – Ele quis saber.

– Está muito elegante – Disse sorrindo para ele.

– Você também está uma gata, hein Cristal! Dá uma voltinha aqui para eu ver – O Luan pegou um dos meus braços e o ergueu acima da minha cabeça me conduzindo a girar em volta de mim mesma. Contrariada, dei um giro de 360º como ele havia me pedido.

Parei, novamente de frente para ele, só que dessa vez muito mais próximo do que eu deveria estar. Para piorar, o Luan ainda segurava a minha mão, agora descansando ao lado do meu tronco. O meu coração disparou ao sentir o toque quente da sua pele.

– Hããã... Acho melhor eu ir andando – Falei com a voz fraca. O Luan me encarava daquela maneira que me fazia perder o controle e eu sentia que seria capaz de fazer uma grande besteira se continuasse naquele quarto.

Eu não sei exatamente como aconteceu, mas em um instante eu estava parada diante dele, e no seguinte já não havia mais nenhuma distância entre nós. Ele colocou a sua mão livre na minha cintura e encostou os seus lábios nos meus suavemente. No início eu queria parar, eu queria fugir, queria sair correndo dali... Mas, quando ele soltou a sua outra mão da minha e a pousou na minha nuca eu senti o meu corpo inteiro tremer. Em resposta, eu o beijei de volta com ainda mais intensidade. Coloquei as minhas duas mãos em volta do seu pescoço deixando a bolsa que estava presa em um dos meus braços cair no chão. O beijo agora pegava fogo. Ele me segurava firme e me beijava com muita intensidade. Aos poucos senti que ele me conduzia em direção à sua cama. A cada passo ele me beijava em um lugar diferente: rosto, pescoço, orelha...

Eu não pensava. Tudo era apenas ação e reação. A cada beijo que ele me dava eu o abraçava ainda mais forte ou o beijava de volta dando selinhos rápidos nos seus lábios ou acariciando os seus cabelos. Eu deixei que ele me conduzisse apenas aproveitando o momento: Suas mãos nas minhas costas, seus lábios contra os meus, o cheiro do perfume dele, a temperatura tão agradável do seu corpo, o jeito como ele falava o meu nome baixinho no meu ouvido...

Quando estávamos a dois passos da cama ouvi o meu rádio Nextel tocar dentro da bolsa. A voz do Welligton soou pelo quarto “Cristal, você vai demorar muito para ficar pronta?”.

Voltei a mim assustada. Pelo espelho pude perceber que estava um pouco descabelada, sem batom e completamente agarrada com o Luan. Olhei para o outro lado e vi a cama. Aquilo só serviu para me lembrar do aviso que o Welligton havia me dado na noite anterior “Ele vai fazer como faz com todas. Vai te levar para a cama e depois dizer adeus”.

Olhei para o Luan. Ele me encarava com a respiração acelerada. Reparei que também estava assim.

Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, antes que ele começasse a me beijar de novo, ou antes que eu mesma o beijasse novamente, sai correndo do quarto, peguei a minha bolsa no chão e disparei corredor a fora até chegar na saída. Era como se o mundo estivesse girando ao contrário. Eu tinha beijado o Luan Santana e agora não sabia o que fazer.

***

Entrei no carro do Welligton completamente desconcertada. Se ele reparou que alguma coisa tinha acontecido ele não disse nada, apenas deu partida e seguiu para a Câmara dos Vereadores.

Abri a minha bolsa e peguei minha necessarie que eu sempre carregava comigo. Nada que um espelho, um pente e um pouco de batom não resolvesse. Pelo menos o estrago no um visual era fácil de concertar.

Assim que consegui melhorar a minha aparência, peguei meu celular e mandei uma mensagem para a Martha.

“Você estava certa. É completamente impossível resistir ao charme do Luan. Me tira daqui Martha, pelo amor de Deus”

Eu praticamente implorei por ajuda, mas não tinha outro jeito. Meu coração ainda estava disparado dentro do peito e eu tremia toda só de lembrar o que tinha acabado de acontecer no quarto do Luan. Aquilo tinha sido uma loucura! Uma loucura muito boa, mas ainda sim uma loucura. Como eu pude deixar aquilo acontecer? Eu me sentia completamente perdida e sem chão.

Chegamos à Câmara dos Vereadores. Desci do carro e respirei fundo. Agora, mais do nunca, eu precisava ser uma boa profissional.

***
Ponto de Vista do Luan

A cerimônia na Câmara dos Vereadores foi linda demais. O local estava completamente lotado. Todas as minhas negas tinham ido até lá para ver a entrega do título. A Família LS não era fraca não.

Dentro da Câmara, vi a Cristal trabalhando, conversando aqui e ali com alguns assessores de políticos e ajudando os repórteres e os fotógrafos. Ela estava muito gata naquela noite. E aquele vestido preto, hum... Mas ela não falou comigo a noite inteira. Pelo jeito ela tava de cara” depois do que tinha acontecido no meu quarto.

Durante a cerimônia eu até tentei, mas não consegui puxar assunto com ela. Queria tentar explicar o que tinha acontecido no meu quarto, dizer que eu não costumava agarrar todas as minhas assessoras daquele jeito. Mas, pensando bem, o quê eu iria dizer para ela? Você tava lá, toda linda parada na minha frente e eu não resisti? Alguma coisa me dizia que a Cristal não is gostar dessa explicação...

Depois que a festa na Câmara dos Vereadores terminou, eu, o Welligton e a minha família seguimos para um restaurante japonês da cidade para continuarmos “festando”. Perguntei para o meu secretário porque a Cristal não foi jantar com a gente, e ele me respondeu que ela estava com dor de cabeça e foi direto para o hotel.

Fiquei meio chateado por ela não estar ali, mas depois lembrei que nós voltaríamos juntos para São Paulo no dia seguinte. Ri sozinho ao me lembrar do que tinha acontecido no Bicuço quando estávamos a caminho de Londrina. O “trem” já tava pegando fogo entre a gente desde o voo. Não era de se espantar que a gente acabasse se beijando daquele jeito lá no meu quarto.

***

Voltamos para a casa já tarde da noite. Fui direto para o meu quarto tomar um banho e tirar aquela roupa que já estava me matando. “Eita trem desconfortável”, falei comigo mesmo.

Deitei na minha cama e peguei um violão para tentar tocar umas “moda”. Desisti. A Cristal não saía da minha cabeça. Eu ficava me lembrando do nosso beijo e depois do jeito que ela correu assustada como se estivesse com medo de mim.

Pensar na Cristal fazia a minha cabeça “ferver”. Ela era linda, mas também era muito misteriosa. Os olhos dela me diziam que no fundo ela era apenas uma “menininha” assustada e sozinha, frágil como um Cristal, mas as suas atitudes diziam outra coisa. Era como se ela fosse uma “fera” machucada por dentro. Ela deixava parecer que não precisava da ajuda de ninguém, mas todas as vezes que eu cutuquei a “onça com vara curta” ela se mostrou uma Cristal diferente, mais sensível. O problema era que quanto mais eu “cutucava” a fera, mais eu queria saber sobre ela.

Não “guentei” mais ficar parado no meu quarto. Deixei meu violão de lado, peguei meu celular e fui até o quarto da minha irmã. Eu precisava de um favor da minha “maninha”.

– Brú, tá acordada? – Perguntei enquanto entrava. Ela estava sentada na cama com o notebook no colo e a TV ligada. Apesar de estar armanda com toda aquela “traia” ela já estava com cara de sono.

– Não, to vendo uns “trem” aqui na internet – Ela disse. Ela estava usando óculos, o que a deixava com cara de “bonequinha”.

– Preciso de um favor – Pedi estendo meu celular para ela – Liga para o hotel e pede para falar com a Cristal.

– Você não tem o número do celular dela? – Minha irmã se ajeitou na cama ficando mais alerta. “Fofoca” era com aquela ali mesmo.

– Não... Achei melhor não pedir para o Welligton. E também acho melhor eu não ligar para o hotel. Vai que a “muié” da recepção reconhece a minha voz...

– Ainda bem que você não pediu para o Welligton. Hoje mais cedo eu, a Cristal e a mãe estávamos conversando na cozinha e a mãe comentou alguma coisa de um acordo que o Anderson fez com a Cris. Não entendi muito bem, mas tem alguma coisa a ver com ela não querer que você a levasse para o hotel ontem – Por isso eu adorava a minha irmã. Eita “menininha” esperta!

– Acordo? Mas eu não tô sabendo de nada...

– Bom, você é meio “lerdinho” para essas coisas mesmo, né? – Aquela bandida agora tava rindo de mim – Mas, e aí? Vai querer que eu ligue ou não?

– Liga logo. Aí já aproveito e tiro essa história de acordo a limpo.

Minha irmã pesquisou o número do hotel na internet e depois pegou o meu celular e discou. Menos de um minuto depois ouvi uma voz respondendo do outro da linha. Enquanto esperava me sentei na cama dela.

– Hum... Boa noite. Eu preciso falar com uma hóspede do hotel. Eu não sei qual é o número do quarto, mas ela se chama Cristal. Será que você pode transferir a ligação? – Ouvi a minha irmã conversar com a telefonista. A Bruna era boa nessas coisas – Tudo bem, eu aguardo.

– Lú, a moça falou que vai localizar o quarto e depois vai passar a ligação – Minha irmã me avisou enquanto colocava o telefone no mudo. Depois ela voltou a prestar atenção na chamada.

– Oi. Sim, é Cristal. Isso, ela deu entrada ontem no hotel... O quê? Ela já foi embora? Encerrou a conta hoje à noite? Mas... Você sabe para onde ela foi? Ah, pediu o serviço de translado para o aeroporto? Hum... Tá certo então. Muito obrigada e boa noite – A Bruna desligou o telefone com uma cara muito séria

– Ela já encerrou a conta no hotel e pelo jeito já voltou para São Paulo, Lú – Ela me disse.

– Mas, por que aquela “loca” fez isso? A gente ia deixar ela em São Paulo amanhã. Era esse o combinado. Agora que a coisa foi “pro pau” de vez...

– Não sei, mas pelo jeito a Cristal tá fugindo de você – A Bruna comentou – O que você andou aprontando com ela, hein?

– Nada demais... Só dei um beijo nela – Respondi simplesmente.

– Eu sabia! Eu sabia! Sabia que estava rolando alguma coisa entre vocês. Mas se ela fugiu depois que te beijou... Bom, sinal que você não beija muito bem, né?

– Eita Bru, não é nada disso, não. É que a Cristal é diferente das outras... Quanto mais eu tento me aproximar dela mais ela foge de mim – Falei meio sem jeito para minha irmã. Eu não costumava ter aquele tipo de conversa com a Bruna, mas eu também não estava acostumado a levar “foras”. Desde que fiquei famoso eram as meninas que corriam atrás de mim e não o contrário.

– Tipo cão e gato? – A Bruna perguntou enquanto desligava o seu computador e tirava os óculos.

– Mais ou menos isso...

– Então você vai ter que dar um jeito de amansar essa fera, maninho. E agora deixa eu dormir, vai... - A cara dela já era de quem estava caindo de sono.

– Tá bom, tá bom... Obrigada pela ajuda. Dorme com Deus Bruninha. Amanhã venho te dar um abraço antes de ir embora – Dei um beijo de boa noite na minha irmã, desliguei a TV e depois segui rumo ao meu quarto.

Ligar para o hotel da Cristal só tinha me deixado ainda mais confuso do que antes. Primeiro ela sai correndo do meu quarto, depois me evita o resto da noite e vai embora para São Paulo sozinha e sem avisar ninguém. Ela tinha medo de alguma coisa, isso eu podia sentir. Mas qual seria o segredo que a Cristal carregava com ela? E por que aquilo mexia tanto comigo?

Em uma coisa a minha irmã estava certa: Eu teria que dar jeito de amansar aquela fera. E eu já tinha até uma ideia de como fazer aquilo...
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Notas finais do capítulo:
Gostaram do beijo?
Gostaram do trecho da história narrado pelo Luan?
O que vocês acham que vai acontecer daqui pra frente, hein?
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