segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Capítulo 17 - Bandeira branca

Notas iniciais do capítulo:
Olá pessoal!
É o seguinte: Cap estava ficando gigante, então já sabem, né? Dividi em duas partes. 

A primeira está "morna" por um único motivo: Estamos entrando na reta final da fic e algumas coisas precisam acontecer antes de chegarmos à cena do hospital (lembram? Aquela lá do prólogo?)
Bom, capítulo de hoje é dedicado a mim mesma (Rs!) e a minha amiga Rachel (Quem já foi no Trii sabe quem é), porque nós somos as pessoas que mais ficam gripadas nesse mundo! kkkk
Boa leitura meninas!
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Eu não havia me enganado quando tinha imaginei que bons ventos estavam a caminho. Desde o dia que fiz as pazes com o Luan no meio do corredor do hotel as coisas melhoraram bastante.

Primeiro porque ele e o Welligton haviam aderido ao apelido “Cristalzete” e agora só me chamavam daquele jeito. As vezes o Luan também me chamava de “Nega” ou de “Linda”, mas isso era mais quando estávamos sozinhos. Na frente das outras pessoas eu era a “Cristalzete” ou a Cris.

Os nossos “papos” também melhoraram bastante. Agora ao invés de sentar cada um em uma ponta do avião nós ficávamos perto um do outro e comentávamos sobre os mais diversos assuntos: desde os shows, passando por filmes até chegar em novelas. Fiquei surpresa ao descobrir o quanto o Luan era “noveleiro”.

O único ponto negativo da nossa reconciliação era eu ter que ir para a academia com o Luan. Segundo ele, gastar minhas energias “malhando” junto com ele iria me fazer ficar menos “braba”. Eu fingi que acreditei naquela desculpa “esfarrapada” dele. A verdade por trás daquele “papo” era que ele odiava ficar se exercitando sozinho. O que ele queria era mais uma “vítima” para sofrer nas mãos do Gutão, o personal trainner do Luan.

– Ai... Eu vou morrer – Falei depois de espirrar cinco vezes seguidas. Eu já estava gripada há alguns dias e não aguentava mais me sentir daquele jeito: nariz escorrendo, febre, dor no corpo e vontade de nunca mais sair da cama.

– Para de drama, muié. Tá falando isso só porque quer fugir da academia hoje, não é? – Luan ficou me provocando enquanto terminava de tomar o seu café da manhã que na verdade já estava mais para um café da tarde por conta do horário. O Luan não gostava de comer sozinho e por isso eu estava no quarto de hotel onde ele estava hospedado lhe fazendo companhia. Aquela era uma das funções que foram adicionadas ao meu cargo depois que nós fizemos as pazes.

– Eu juro que eu até iria para a academia feliz se eu melhorasse dessa gripe. Já acabei com três caixas de lenço de papel e já tomei tanta aspirina que já perdi as contas – Falei triste.

– Oh nega, a coisa tá ruim mesmo, hein? Já falei para você passar no médico, mas você é teimosa que nem uma porta! – Ouvi o meu “patrãozinho” dizer enquanto eu o encarava com o meu olhar de “Do que mesmo você me chamou?”

– E não adianta me olhar com essa sua cara de enfezada não – Ele completou ao perceber a minha expressão de irritação – É verdade mesmo, você é muito teimosa, Cristal. Ó, “vamo” fazer o seguinte: Eu te libero da academia hoje e você aproveita o tempo livre e vai até o hospital aqui da cidade, combinado? – Luan e suas “barganhas”. Já estava ficando craque em “escapar” das propostas do meu “patrãozinho”.

– Ih, hoje não vai dar, não... O meu irmão vai passar aqui no hotel mais tarde para a gente se encontrar. Ele está trabalhando em um salão náutico que está rolando aqui na cidade – Comentei. Nós estávamos no Guarujá, litoral norte de São Paulo, onde todos os anos o estaleiro da família do Diogo e do Léo participavam de uma importante feira de barcos que era realizada por lá. Como dei sorte de o Luan fazer um show na cidade no mesmo dia, aproveitei para marcar com o Tomás para colocar o papo em dia.

– Sério que você vai encontrar com o seu irmão? Poxa Cristal, que bacana! Já faz um tempão que você não vai visitar a sua família, não é? – O Luan ficou todo empolgado com a notícia que eu havia acabado de lhe dar. Parecia até que era ele quem iria receber a visita e não eu.

– Pois é... Eu sempre ligo para casa para saber como estão as coisas, mas ir para lá mesmo faz um tempinho que eu não vou! – Confessei.

– Poxa, eu queria conhecer o seu irmão também, nega...

Oi? Luan e Tomás juntos? Nem pensar! Seria demais para a minha cabeça...

– Acho melhor não... Você e o Tomás juntos iriam me enlouquecer! – Falei rindo.

– Por que? Ele é “brabo” que nem você? Ou você ficou com toda a chatice e a teimosia da família? – O Luan provocou.

– Senhor Luan Santana, vê se me faz um favor... Vai para o seu treino e me deixa em paz, tá bom? – Falei nervosa. Odiava quando o Luan ficava me provocando daquele jeito.

– Eita que eu adoro quando você fica bravinha assim – Ele riu – Inté mais, Cristal. Fala pro seu irmão ficar aí para eu poder conhecê-lo, tá bom? – Ele falou levantando-se da cadeira e pegando a sua mochila com os itens que ele usava durante os treinos com o Guto. – Beijão, nega. Fui...

Fiquei olhando o Luan passar pela porta do quarto e não pude evitar sorrir sozinha. Por mais que ele me irritasse com as suas “implicâncias” eu estava adorando aquele clima de “somos melhores amigos” que estava rolando entre nós. Eu só precisava tomar cuidado para que aquela amizade não ficasse “colorida” demais, ou eu acabaria tendo problemas.

***

– Cristal? Tô aqui embaixo no saguão. Desce aí, maninha – Ouvi a voz do meu irmão depois que atendi a sua ligação no meu celular.

– Tomás, você chegou! Já tô descendo. Não sai daí – Eu estava tão feliz que iria ver o meu irmão que por um momento eu até me esqueci da minha gripe. Sai do meu quarto, peguei o elevador correndo e praticamente voei até o saguão. Mas, a minha animação acabou na mesma hora que vi quem estava ao seu lado o acompanhando.

– Laura? – Exclamei sem esconder a minha surpresa. A irmã do Leó e do Diogo estava parada ao lado do Tomás me encarando com uma expressão curiosa no rosto.

Fiquei parada sem saber o que falar. Na minha frente estava o meu irmão, alto, com a pele queimada de sol, cabelos castanhos bagunçados e olhos cor de mel, vestido com o uniforme de calça social e camisa polo do estaleiro ao lado da Laura, que poderia muito bem ser confundida com uma modelo de passarela: alta, magra, cabelos pretos lisos e sedosos, pele alva e a postura de uma verdadeira dama. Aquela era a Laura, a filha mais velha do “seu” Francesco. Olhando para ela ninguém duvidava que ela era dona de uma verdadeira fortuna.

– Cristal, quanto tempo! O que aconteceu com você? Que roupas super descoladas são essas? – A Laura correu para me abraçar enquanto não parava de comentar sobre o meu cabelo e a minha aparência.

Para ela deveria ser mesmo uma grande surpresa me ver daquele jeito. Desde que eu havia começado a viajar com o Luan eu estava me vestindo mais de acordo com o estilo do meu “patrãozinho”. Eu andava abusando das botas, vestidos menos “caretas”, jeans justos e camisas xadrez. Muito ao contrário do que eu costumava usar na época que trabalhava no estaleiro: roupa social, sapato de salto e de bico fino e cabelo liso e geralmente preso.

– Cris, você tá linda! Olha isso, Tomás... O que esse Luan anda fazendo com você, Cris? – A Laura comentou me encarando da cabeça aos pés. Achei melhor não contar para ela o quê o Luan andava aprontando comigo. Ela poderia se surpreender...

– Calma Laura! Deixa eu abraçar a minha irmã também. Depois vocês fofocam sobre moda, cabelos e esmaltes – Meu irmão comentou antes de vir e me dar um abraço carinhoso. Era incrível a saudade que eu sentia daquele menino.

– Eu não sabia que você viria, Laura – Finalmente consegui recuperar o fôlego para falar alguma coisa.

– O Tomás comentou que você estava na cidade. E como você não responde mais os meus e-mails e nem retorna as minhas ligações, resolvi vir pessoalmente para checar como está - Ela comentou imitando um tom de voz bravo para reclamar da minha falta de comunicação com ela – O Léo ia vir também, mas de última hora apareceu um cliente super chato lá no estande e ele teve que ficar. Aliás, você precisa conferir o estande que eu montei para o estaleiro lá na feira. Tá lindo...

Oi? Eu tinha entendido direito? O Léo também queria vir me encontrar? Eram muitas surpresas para um dia só.

– Ah, que chato que o Léo não pode vir – Tentei disfarçar antes de dar o bote – Mas por que ele viria com vocês? Tipo, quero dizer... O Léo não é muito desse tipo de coisa, sabe? De ficar encontrando amigos em hotéis por aí...

– Ah, ele disse que está com saudades de você! Afinal de contas, você sumiu, né? Nossa, ele iria se surpreender te vendo desse jeito toda linda – A Laura comentou. E eu precisava confessar que aquele “papo” dela não estava fazendo muito sentido para mim. Para falar bem a verdade, ela estava me deixando muito confusa.

Achei melhor mudar o foco daquela conversa e parar de falar do Léo. Até porque a minha experiência me dizia que depois do Léo ela iria começar a falar do Diogo.

Chamei os meus convidados para tomarem um suco comigo no restaurante do hotel. Conversamos quase a tarde inteira e colocamos todas as novidades e os “bafos” do estaleiro em dia. Fiquei sabendo que o meu irmão agora era gerente de vendas e que a Laura estava lançando uma nova coleção de itens decorativos para barcos inspirados na África, cenário da sua última viagem de férias.

O papo rolou super animado e, para minha sorte, nenhum dos dois quis comentar a minha saída do estaleiro. Ninguém da minha família sabia o real motivo da minha demissão da empresa do “seu” Francesco, e o meu irmão não havia concordado muito com a minha saída. Mesmo assim ele me apoiou, assim como os meus pais, mesmo eu dando uma desculpa “esfarrapada” de que queria conhecer novos horizontes na minha vida profissional. Eu não poderia contar para eles que na verdade eu estava fugindo do Diogo e por isso estava trocando de emprego.

A Laura também nunca entendeu muito bem a minha saída, mas ao contrário do meu irmão, ela sabia que a minha demissão estava relacionada com algo que o Diogo fez. Ela e o Léo haviam descoberto aquilo por causa de um funcionário da marina que tinha me visto deixando o barco na noite que tudo aconteceu. Se a Laura resolvesse tocar naquele assunto na frente do meu irmão ela me deixaria em um beco sem saída.

– Cristal, e a gente não vai conhecer o Luan? Preciso ver pessoalmente quem é o seu novo patrão e me certificar que ele está te tratando bem – A Laura brincou depois de muito tempo de conversa.

– Ih, ele deve estar por aí no hotel. Hoje ele tem o dia livre e está aproveitando para colocar o treino físico em dia – Respondi – É capaz de ele aparecer por aí daqui a pouco. Como o movimento no hotel não está muito grande é até possível que ele consiga dar uma “fugida” do quarto.

– E você vai nos abandonar mesmo? Não volta para o estaleiro? – A Laura me perguntou de repente.

– Estou gostando muito desse meu novo trabalho. Voltar para o estaleiro não está nos meus planos agora – Respondi. Eu não pensava em voltar, principalmente com o Diogo trabalhando lá.

– Uma pena. Meus irmãos sentem muito a sua falta – Pelo tom de voz da Laura saquei que ela estava querendo me dizer alguma coisa. De repente percebi que aquela não era uma simples visita de cortesia. A Laura estava ali para me sondar, por isso ela estava falando tanto no Léo e no Diogo. Ela estava querendo descobrir alguma coisa, eu só não sabia o quê. De repente fiquei tensa com medo das verdadeiras intenções da minha ex-patroa.

– Bom meninas, o papo está ótimo, mas eu preciso voltar para a feira. É agora à noite que o evento costuma “bombar” e eu preciso estar lá para não perder as melhores oportunidades de vendas – Meu irmão disse enquanto dava os últimos goles na bebida que ele havia pedido.

– Já vai? – Fiz “biquinho”. Eu mal tinha conseguido conversar com o meu irmão.

– O dever me chama, maninha! Mas eu adorei te ver bem desse jeito. Detesto ter que assumir, mas acho que você fez uma boa escolha saindo do estaleiro – Ele falou enquanto se levantava para me dar um beijo de despedida – Você está linda! A mãe vai adorar saber disso – Ele riu.

– Ah, manda um beijo grande para eles. Fala que quando eles menos esperarem eu apareço por lá – Avisei.

– Darei o recado. Se cuida, maninha! E não deixa de mandar notícias – Ele se despediu de mim e depois se virou para a Laura para perguntar – Vai comigo?

– Hãã... Não, Tomás! Vou ficar mais um pouquinho matando as saudades da Cristal – Ela deu um sorriso que não me convenceu.

– Já entendi... Agora é a hora do papo de meninas, né? Então é melhor eu ir embora mesmo. Tchau, bons fuxicos – Meu irmão brincou antes de nos deixar a sós. Eu não sabia o porquê, mas eu senti o clima ficar pesado de repente.

– Cris, eu precisava conversar um assunto em particular com você. Será que você poderia me escutar por um minuto? – A Laura pediu.

– Claro, Laura. Eu só não posso me estender muito. Daqui a pouco preciso cuidar dos preparativos para o show – Avisei.

– Não precisa se preocupar, Cristal. Eu serei breve e já vou direto ao ponto: O Diogo me contou o que aconteceu entre vocês – Ela falou isso em um tom frio e por um momento eu fiquei em dúvida se ela estava apoiando a atitude do irmão.

– Sabe? – Optei pela cautela, afinal de contas ela poderia estar blefando.

– Lembra aquele dia que te liguei para contar que o Léo que fiquei sabendo que a sua demissão tinha a ver com o Diogo por causa daquele funcionário da marina que te viu sair chorando do barco? – Confirmei com a cabeça e ela continuou – Então, desde esse dia o Léo tem apertado o Diogo para saber o que ele fez com você. Sabe o que é mais engraçado, Cristal? Quando você foi embora, o Léo achou que você simplesmente tinha o abandonado... Ele ficou com raiva de você e por isso disse que não iria te pedir para voltar – Ela mantinha o mesmo tom de voz frio. Eu não sabia o que estava acontecendo com a Laura. Ela geralmente era uma pessoa alegre e de bem com vida. Eu poderia sentir que ela estava com problemas.

– Mas, ele precisou que você fosse embora para perceber que você não era mais a “menininha” que brincava na praia com ele. E quando ele descobriu que foi o Diogo que fez você se afastar, aí o Léo virou outra pessoa. Você nem acreditaria se visse... Ele está confrontando o Diogo, lutando para impor as suas próprias opiniões e até tomou gosto pela parte da administração dos negócios da família. O Léo mudou muito desde que você pediu demissão, Cristal – A Laura completou sem me encarar nos olhos.

– Fico muito feliz pelo Léo, mas o que isso tem a ver com o Diogo? – Perguntei tentando entender aquela situação.

– Você sabe que eu nunca me dei muito bem com o Diogo, né? – Ela olhou para mim em busca da confirmação antes de continuar – Pois bem. Desde que você foi embora o Diogo também está diferente. Ele ainda é a mesma pessoa arrogante de sempre, mas ele andava muito preocupado com alguma coisa. Quando o Léo descobriu que ele estava envolvido na sua demissão ele quase surtou. Foi aí que ele resolveu abrir o jogo comigo. Um dia nós dois ficamos trabalhando até mais tarde na empresa e eu vi que ele estava muito mal. Eu perguntei se poderia ajudá-lo em alguma coisa e ele desabafou comigo. Falou que tinha te enganado se passando pelo Léo para ficar com você... – Ela fez uma pausa. Eu tentava controlar a minha vontade de chorar. Para mim nunca era fácil me lembrar daquela história.

– Cristal, eu só queria te agradecer por você não ter denunciado o meu irmão. Sei que ele errou, mas acredite, ele se arrependeu. Sei que não é fácil acreditar nisso partindo do Diogo, mas ele se arrependeu de verdade. Ele não queria te perder, e está sofrendo por isso... Só que o Diogo tem aquele jeito dele e nunca vai dar o braço a torcer. Mesmo por baixo ele vai dar um jeito de parecer por cima – A Laura comentou rindo como se achasse graça do jeito “marrento” do irmão.

– Eu não fiquei quieta pelo seu irmão, Laura. Fiz isso pela minha família e pelo “seu” Francesco. Meu pai e meu irmão trabalharam a vida inteira na empresa de vocês e o seu pai sempre foi muito legal com a gente. Eu não teria coragem de jogar uma bomba dessas no colo dele – Falei tentando segurar a raiva dentro de mim. Eu não conseguia acreditar que mesmo depois de saber de toda a verdade a Laura defenderia o Diogo.

– Foi uma atitude de muita coragem a sua, Cristal. E eu fico realmente muito grata por toda a consideração que você teve com a nossa família e com a nossa empresa não falando nada para niguém. Isso teria rendido o escândalo do ano se tivesse saído na mídia – Ela disse mantendo a sua frieza. Eu estava espantada com a atitude da Laura.

– Tudo bem Laura, agora já passou... E se você não se importa, eu prefiro não ficar falando sobre esse assunto – Pedi com a voz um pouco fraca.
– Eu entendo, Cristal. Eu só preciso te pedir uma coisa... Eu sei que você gostava do Léo, e sei também que ele anda se questionando sobre o quê realmente sente por você. Mais cedo ou mais tarde ele vai acabar te procurando para tirar essa história a limpo. Acho que ele só está esperando o Diogo resolver contar o que aconteceu naquele barco aquele dia, o que eu acho que nunca vai acontecer – A Laura revirou os olhos como se aquilo fosse uma piada. - Por isso eu vim até aqui. Eu preciso que você me prometa que não vai contar nada para o Léo sobre essa história. Ele e o Diogo já têm diferenças demais, eles não precisam de mais um motivo para brigar.

Oi? Era sério aquilo? A Laura estava me procurando pensando no bem-estar do Diogo e do Léo? E quem pensaria em mim?

– Desculpa Laura, mas não faz sentido o que você está me pedindo. Eu conheço o Léo e sei que ele não concordaria com as atitudes do irmão. Eu fiz tudo o que eu pude para preservar a família de vocês. Eu me afastei, mudei de emprego e nunca mais procurei nenhum de vocês. Mas, se algum dia o Léo vier me procurar para saber a verdade, eu vou contar tudo para ele – Mantive firme a minha posição. Aquele pedido da Laura não tinha o menor cabimento.

– Cristal, só peço que você seja razoável. Eu tenho trabalhado para unir os dois novamente e fazer com que eles voltem a se dar bem. Uma notícia dessas poderia abalar para sempre a relação dos dois – Ela ainda tentava argumentar.

– Desculpa Laura, mas isso já não é um problema meu – Respondi curta e grossa.

– Cristal, por favor, estou te pedindo isso como uma amiga – A minha ex-chefe apelou.

– Se você fosse mesmo minha amiga não estaria me pedindo uma coisas dessas. Na verdade você estaria muito mais preocupada comigo do que com o seu irmão – A raiva tomava conta de mim. Não dava para acreditar que uma pessoa tão bacana como a Laura poderia defender o traste do Diogo.

– Cristal, entenda, eu preciso fazer com que eles se entendam para o bem da empresa. Meu pai precisa dos dois trabalhando juntos...

– Olha Laura, me desculpe, mas essa conversa não vai nos levar a lugar algum. Só quero deixar algo bem claro para você: Se o Léo vier me procurar querendo saber o quê o Diogo fez comigo, eu vou contar a verdade para ele...

– Tá certo, Cristal, se é assim que você quer – A Laura fez uma cara feia para mim que eu fingi não entender – Só queria te pedir mais uma coisa: Já faz um tempo que o Diogo tem te procurado para conversar. Dá mais uma chance para ele, escuta o que ele tem para te falar...

Agora a Laura estava passando de todos os limites. Escutar o quê o Diogo tinha para me falar? E o que ele iria dizer? “Olha Cristal, eu sei que eu estraguei a sua vida, mas será que nós podemos ser amigos?”. Francamente, ou a Laura havia perdido o juízo ou ela estava se deixando levar pelo egoísmo do irmão.

Achei melhor nem responder aquela pergunta. Eu estava tão nervosa que seria capaz de falar muitas más criações para a minha ex-patroa. Para a minha sorte, o Luan e o Welligton entraram no restaurante interrompendo a conversa “amigável” que eu estava tendo com a Laura.

– Olha, apareceu a margarida! Cristal, você não responde o seu rádio, não? Estamos te chamando a horas. Tivemos um imprevisto com a programação do show, e eu estou tentando falar com você e nada... – O Welligton me deu um pequeno sermão.

Droga! Com toda aquela confusão eu havia me esquecido completamente da vida. Eu tinha colocado o meu Nextel no modo silencioso e o jogado de qualquer jeito na bolsa. - Desculpa Welligton, eu me distrai aqui. Mas o que aconteceu, é algo urgente?

– Não, mas eu preciso que você me ajude – O secretário me respondeu com a voz tranquila o que me deixou mais aliviada.

– Cristal, cadê o seu irmão? – O Luan perguntou encarando a Laura da cabeça aos pés. Pelo jeito ele não tinha ido com a cara dela.

– Ele já foi embora, Luan. Aliás, essa aqui é a Laura. Ela é filha do dono da empresa onde eu trabalhava antes – Apresentei a minha acompanhante de má vontade.

– Laura, é? – O Luan também fez cara feia. Com certeza ele lembrou que ela era a irmã do Diogo e do Léo.

– Prazer – a Laura levantou-se da mesa e cumprimentou os dois – Aliás, eu preciso parabenizá-los. Trabalhar com vocês tem feito muito bem a Cristal – Ela comentou com um sorriso no rosto tentando parecer mais simpática do que ela realmente era.

– É porque na nossa equipe só trabalha gente de bem. Quando a gente fica em um ambiente assim a gente também melhora – o Luan respondeu na mesma hora para ela. Não pude deixar de sentir orgulho do meu “patrãozinho” naquele momento. Ele tinha calado a boca da Laura em grande estilo.

– Bom, então vamos, né? Laura, a gente se vê – Falei curta e grossa para ela. Não estava afim e prolongar a nossa conversa.

– Até mais, Cristal. E pensa em tudo o que conversamos, ok? Se mudar de ideia é só me procurar – A Laura me aconselhou enquanto me dava um beijo no rosto. Depois ela se despediu dos meninos e seguiu para a saída do hotel.

– O quê vocês conversaram, Cristal? – O Luan não fez cerimônias e foi direto ao ponto.

– Depois eu explico, Luan. Agora a gente precisa se concentrar no show... – Falei me sentindo pior do que eu estava naquela manhã. Aquela conversa com a Laura me deixou com uma dor de cabeça horrível e um arrepio estranho no corpo, como se eu sentisse que seria mais difícil do que eu imaginava deixar aquela família para trás de uma vez por todas.

***

Trabalhar durante o show não foi fácil. Minha cabeça doía, meu corpo todo estava dolorido e eu não parava de espirrar. Para piorar, eu deveria estar com uma febre muito alta, porque já havia colocado todas as blusas que eu tinha e o frio que eu estava sentindo não passava.

A conversa com a Laura ainda estava na minha mente, o que fazia a minha cabeça doer ainda mais. O Luan me encarava preocupado. Ele me perguntou mais de duas vezes o quê eu e a minha ex-patroa tínhamos conversado, mas eu continuei dizendo que eu explicaria tudo para ele quando me sentisse melhor. Eu não sabia o que ele estava pensando, mas eu poderia apostar que ele estava imaginado algo ruim.

– Nossa, acho que um show nunca demorou tanto para passar – Comentei com o Welligton enquanto nós assistíamos o Luan cantando no palco. Eu estava delirando por causa da febre ou o Luan ficava ainda mais bonito quando estava cantando?

– “Cê” tá mal, hein Cristal? Por que você não vai descansar um pouco? Depois quando o show estiver acabando eu te chamo – Ele me sugeriu.

– Acho que vou aceitar essa proposta – Falei me sentindo muito fraca – Vou tirar um cochilo lá na van. Lá vai estar mais silencioso. Espero vocês no carro para ir para o hotel.

– Combinado. Mas já se prepara... O Luan tá doido para saber o que a tal de Laura veio te dizer hoje. Ele tá achando que ela te chamou para voltar a trabalhar no estaleiro e tá morrendo de medo que você queira aceitar essa proposta – O Welligton me avisou.

– Nem que ela quisesse eu voltaria. Mas depois eu explico tudo com calma para o Luan – Falei antes de sair.

Não sei como consegui chegar até o local onde a van estava estacionada, mas pelo menos aquela noite eu estava com sorte. O motorista estava por perto e abriu a porta para eu entrar. Eu praticamente me joguei em um dos bancos e menos de dois minutos depois eu apaguei completamente. Eu só lembrava que tinha dormido e sonhado com o Luan.

***

Quando abri os olhos novamente o dia já estava claro. Levantei assustada me sentindo completamente perdida. Olhei em volta. Eu estava em um quarto de hotel que se parecia muito com aquele que nós estávamos hospedados. Concluí que alguém havia me levado para o hotel, mas aquele não era o apartamento que eu estava hospedada. Aquele era mais chique, mais sofisticado.

Olhei para mim. Eu estava deitada em uma cama, um edredom daqueles bem “fofinhos” e chiques cobria as minhas pernas. Eu não podia ver, mas conseguia sentir que não estava vestindo nada além da minha calcinha da cintura para baixo. Imediatamente um sinal de alerta se acendeu na minha cabeça.

Chequei o quê eu estava vestindo da cintura para cima. Respirei mais aliviada. Uma camisa xadrez abotoada quase até o último botão cobria o meu corpo. Pelo menos na parte de cima eu estava vestida descentemente. Olhei de novo para a camisa. Não era um modelo feminino. Puxei pela memória, eu precisava lembrar aonde eu já havia visto aquela camisa.

Quando eu me dei conta da onde eu conhecia aquela peça quase cai da cama. Aos poucos eu fui me dando conta de onde eu estava. Muito devagar virei o meu rosto para o outro lado da cama. Deitado ao meu lado estava o dono da camisa dormindo como um anjo.

– Luan? – Eu praticamente gritei. Eu só poderia ainda estar delirando por conta da febre. Ou então eu ainda estava sonhando. Tinha que ser uma daquelas duas opções, tinha que ser!

– Bom dia, nega – O Luan me respondeu com a voz sonolenta.

Ai meu Deus, eu não estava sonhando nem muito menos delirando. Eu estava era no quarto do Luan vestida só com a camisa dele. E agora, o que eu iria fazer?
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Notas finais do capítulo:
Cristal no quarto do Luan vestindo só uma camisa? E ela ainda me diz que não sabe o quê fazer? Fala sério né, Cristalzete! kkkk
E aí, amores? O que vocês acham que aconteceu?
No próximo cap eu conto tudo, ok?!
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