segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Capítulo 14 - Plano B - Parte II

Notas iniciais: Luan continua colocando o seu "plano B" em prática.
E esse plano B tá bão demais! Tem briga, vídeo novo do nosso quase-casal, beijo, e uma proposta de tirar o folêgo.
É isso meus amores, demorou mas o capítulo tá TOP! (Modesta eu, não?)
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Eu não sabia o que era uma casa de shows completamente lotada até chegar ao Villa Country para trabalhar no show do Luan. A fila para entrar já virava a esquina. Tinha fãs de todas as idades e todos os estilos esperando ansiosas pelo momento da apresentação. O “burburinho” era tanto que dava para ouvir a um quarteirão de distância. E, acreditem se quiserem, tinha até uma menina vestida de noiva na fila. Tem louco para tudo nessa vida!

Eu estava com um péssimo humor naquele dia. Desde que fiquei sabendo daquela história de “ordem” do Luan eu estava possessa com o meu “patrãozinho”. Quando eu o visse, eu deixaria bem claro para ele que não sou o tipo de mulher que recebe “ordens”.

Paguei o taxista que me havia me levado até a casa de shows e desci do carro. Chequei a hora. Eu estava “religiosamente” cumprindo o meu horário, assim como mandavam as tais “ordens”. Segui até a portaria da casa de shows e entrei direto para a área dos camarins onde, com certeza, a Dag, o Anderson, o Welligton e o Luan, claro, já estavam reunidos.

Subi algumas escadas e passei por alguns corredores seguindo um dos seguranças contratados para trabalhar no show. Ele apontou a sala onde todos estavam. Agradeci a sua ajuda e me preparei para entrar. Antes, porém, chequei o meu visual para ver se estava ok. Eu não acostumada a usar aquele tipo de “look”, mas achei que ir de roupa social não seria muito adequado para a ocasião. Então, concluí que a situação pedia um visual by “Cristal Maluquete” e não “Cristal Profissional”. O resultado foi uma blusa preta caída nos ombros que descia justa até um pouco abaixo da minha cintura, uma calça jeans bem agarrada e uma bota que subia até a altura dos meus joelhos por cima da calça. Deixei o meu cabelo ao natural, ou seja, ondulado e soltos e caprichei na maquiagem: Sombra escura, rímel, delineador e gloss para completar.

O bom de usar sapato com cano alto é que o vão que fica entre a sua perna e a bota é perfeito para guardar celular, chave de casa e outros pequenos objetos que a gente sempre precisava carregar. Encaixei tudo nesse vão e dispensei o uso da bolsa para ficar com as mãos livres.

Depois de checar o visual, bati na porta. Lá de dentro ouvi um “Entra”. Respirei fundo e me preparei para o longo desafio que seria o meu dia: Passar um dia inteiro ao lado do Luan sem pular no pescoço dele!

– Oi – Disse meio tímida parada na porta. A sala de reuniões onde o pessoal estava era bem simples. Uma mesa no centro, alguns armários na beirada e uma janela na parede oposta onde estavam um filtro de água e o café. Sentados à mesa estava o quarteto fantástico: Luan, Welligton, Anderson e Dagmar.

Todos eles me cumprimentaram sem realmente me dar muita atenção. O assunto principal no momento era o show que começaria dali algumas horas.

– Cristal, nós estamos discutindo alguns detalhes do show. Será que você pode ir lá embaixo e falar com os seguranças para já adiantar a parte das fãs que vão falar com o Luan no camarim? Isso já me ajudaria muito – A Dag me pediu.

– Claro, é pra já – Falei já saindo da sala e seguindo em direção à portaria. Pelo canto do olho pude perceber que o Luan tinha ficado me encarando, mas eu fingi que não vi. Não queria papo com o senhor “Eu dou as ordens”.

Segui de volta o caminho que eu tinha acabado de fazer até a portaria.

– Oi, eu preciso encontrar as fãs que vão entrar no camarim do Luan. Será que vocês podem me ajudar? – Pedi, educadamente. Eu sabia que a cada show rolava um sorteio para saber quem seriam as meninas que entrariam no camarim. Sabia também que era função do Welligton cuidar disso, mas não me custava ajudar, não é mesmo?

– Ah, o Welligton já deixou a lista com os nomes aqui para a gente. Parece que o pessoal da produção orientou as meninas para entrarem pela porta dos fundos, não é? – Pelo jeito o secretário do Luan já tinha passado por ali e deixado algumas instruções.

– Isso mesmo. São 10 meninas. Será que todas já chegaram? – Perguntei.

– Tem umas quatro esperando lá na outra portaria – O rapaz me respondeu.

– Ótimo! Então vamos fazer o seguinte, eu já vou subir com essas quatro. Conforme as outras forem chegando vocês podem me chamar e aí eu venho buscá-las, ok?

Acordo fechado com os seguranças, segui até a outra portaria onde as “Luanetes” já estavam roendo as unhas de tão ansiosas.

– Meninas, vamos subir? O Luan já vai começar a atender as fãs – Assim que falei isso a gritaria foi tanta que a dupla de seguranças responsáveis por aquela entrada quase caíram para trás. Confesso que fiquei surpresa com o amor e com a dedicação que aquelas meninas sentiam pelo Luan. Naquele momento me senti orgulhosa de trabalhar para um cantor que realmente se importava com as suas fãs e tentava tratá-las bem sempre. O que aquelas meninas sentiriam se ele as esnobasse? Não quis nem pensar naquela possibilidade.

Subimos até a área dos camarins. No caminho fui conversando com as meninas perguntando um pouco sobre as suas vidas, o que elas faziam, se trabalham, e essas coisas. Acabei pagando pela curiosidade! Uma delas quase me fez cair para trás quando me fez uma pergunta.

– Hey, você não é a menina que fez o vídeo com o Luan? Estou reconhecendo a sua voz...

Oi? Vídeo? Que vídeo? E, reconhecendo a minha voz? Fala sério... Isso é muito coisa de fã!

– Vídeo? – Perguntei depois que voltei ao normal.

– O vídeo que vocês gravaram no Bicuço depois que o Luan assistiu Crepúsculo – A fã me respondeu com um tom de voz que queria dizer “Vai dizer que você não sabe”

– Ué, como você viu aquele vídeo? – Quis saber.

– O Luan colocou no Youtube na semana passada, você não viu? – Ela me olhou com uma expressão do tipo “Como você não viu? Que tipo de fã é você?”

– Ah... Claro... Eu vi sim, nega. Quer dizer, eu vi sim, querida. Então, é.. sou eu mesma – Menti na cara de pau. Como assim o Luan havia colocado aquele vídeo na internet? Ai, ai... Aquele menino só aprontava comigo!

Bufei nervosa diante da porta do camarim. Atrás de mim as meninas estavam prestes a ter um infarto tamanha era a ansiedade para ver o Luan. Respirei fundo e repeti mentalmente o meu mantra pessoal “Calma Cristal, calma” antes de bater na porta e entrar no cômodo.

O Luan já estava nos aguardando enquanto tomava um fôlego sentando em uma cadeira. Ele precisava mesmo relaxar um pouco... Pela frente ainda vinham uma matéria para o Mais Você, uma coletiva de imprensa, e o show, claro.

– Oi meus amores – Ele sorriu para as fãs que nessas alturas já tinham perdido completamente a linha e já haviam começado a chorar, tremer ou ficar completamente sem reação. Ao lado delas eu quase podia sentir a alegria que elas estavam sentindo por estar ali, cara a cara com o Luan.

***

O atendimento as fãs seguiu tranquilo. Muitos abraços, beijos e fotos. Todos os presentes que o Luan recebia eram cuidadosamente guardados para serem levados para o escritório depois. O local onde estavamos era simples: Um painel com a logomarca do Luan, uma cadeira e uma mesa para colocar os presentes.

Eu aguentei firme durante todo o atendimento. Vez ou outra eu olhava para o Luan e ficava babando vendo ele ser todo carinhoso com as “Luanetes”. Algumas me pediram para bater a foto para elas, e algumas até perceberam que eu era nova na equipe e me desejaram sorte. A Família LS era “linda demais”, como diria o meu “patrãozinho”.

Só faltava uma fã para ser atendida. Depois eu teria que dar um jeito de sair correndo dali para não ficar sozinha com o Luan. Fui até a porta do camarim e pedi para ela entrar.

– Carolina, né? – Chequei o seu nome na lista – Vem, o Luan está te esperando.

A Carol entrou na sala e logo já correu para os braços do Luan. Deu para perceber que aquela ali já era uma veterana em visitas ao camarim só pela sua atitude. Ela já sabia exatamente todo o procedimento.

– Oh nega, faz tempo que a gente não se vê, hein... Essa aqui me acompanha desde os tempos do primeiro CD – Ele sorriu, contente.

– E vou continuar seguindo para sempre – Ela disse ainda abraçada com o Luan – Mas Lú, quem é essa nega nova que está trabalhando com vocês? – Ela perguntou apontando para mim.

– É a Cristal, nova assistente da Dag – O Luan respondeu simplesmente.

– Gostei dela. Ela fez você assistir “filminho” no Bicuço e depois fez um vídeo super legal seu... Adorei o vídeo! Ainda mais porque você anda meio sumido do Twitter, não anda mais dando notícias para as fãs – Ela fez biquinho – Obrigada Cristal por fazer ele dar as caras.

– Não tem de quê – Falei assustada. Pelo canto do olho pude ver que o Luan não tinha gostado daquele comentário. Eu não sabia exatamente o que estava acontecendo, mas eu sabia que as fãs estavam reclamando que ele andava meio sumido das redes sociais. Eu ousava arriscar que aquele “desaparecimento” era porque ele andava um pouco cansado daquele ritmo frenético de shows e compromissos.

– Tá vendo, Cristal? Você já tá com a moral alta com as “nega” – O Luan riu.

– Cristal, toma conta dele, tá? Não deixe ele ficar aprontando muito por aí não... E continua fazendo vídeo para a gente. Não esquece! – A Carol me pediu.

– Pode deixar Carol, vou garantir que o Luan ande na linha – Ri. Quem me dera conseguir ME manter na linha quando estava perto do Luan. Mas naquele momento eu não tinha nada melhor para dizer. Ela me pegou desprevenida.

– Ih “rapaiz”... Agora que a coisa vai pro pau mesmo... A Cristal é brava demais pra tomar conta de mim – O Luan brincou.

– Mas isso que é bom. Tenho certeza que vocês vão formar uma boa dupla juntos – A Carol disse enquanto se despedia do Luan. Da porta o segurança já a chamava avisando que o tempo já tinha acabado.

Assim que ela saiu eu me virei para o cantor. Caprichei no meu melhor tom irônico e despejei tudo em cima dele. - Mais alguma ordem, Luan?

Ele riu. O que só serviu para me lembrar de toda a raiva que eu estava sentindo dele. Agora mais do que nunca eu tinha certeza que ele tinha inventado aquela história de “ordem” só para me irritar.

– Ah, eu sabia que você ia ficar “braba” demais da conta com essa história de ordem – Ele continuava rindo – Mas você ficou “de cara” comigo depois da viagem para Londrina. Esse foi o único jeito de conseguir falar com você.

– A gente não tem nada para conversar – Falei azeda.

– Não? Tudo bem então... Se você prefere pular para a parte que você me agarra e me leva para a minha cama – Ele falou fazendo graça enquanto mexia nos cabelos.

Calma Cristal, calma”, precisei repetir para mim mesma. Droga! Eu queria brigar com ele, mas perdi todas as minhas forças ao vê-lo me olhar daquele jeito.

– Escuta aqui senhor Luan Santana – Falei, recuperando o rumo – Quem me beijou aquele dia foi você. E se quer saber, achei a sua atitude de muito mal gosto! Eu fui apenas fazer um favor dando o nó na sua gravata e você se aproveitou desse meu momento de distração – Eu fiquei tão brava que nem percebi o que estava falando ou fazendo. Quando me dei conta eu estava cara a cara com o Luan apontando o dedo para ele. Minha respiração estava até ofegante tamanha era a raiva que eu estava sentindo. O Luan só me olhava e ria ainda mexendo nos cabelos.

– Eita “muié” braba! Tá nervosa por que, Cristal? – Ele disse enquanto segurava uma das minhas mãos – Sabe que eu “tô” pensando em sempre usar aquele “trem” de gravata. Aí você pode sempre dar o nó para mim... – Ele provocou sorrindo meio torto para mim.

Respirei fundo. Primeiro porque eu estava a ponto de pular no pescoço do Luan tamanha a raiva que eu sentia dele. E depois porque aquele sorriso torto dele tinha o poder de me deixar com as pernas bambas.

Fiquei parada, de frente para o Luan, ele ainda segurando uma das minhas mãos. Ficamo assim por algunns instantes. Nós estávamos muito próximos, mas ninguém tinha coragem de fazer nada. Era como se um estivesse esperando pelo próximo movimento do outro. Eu esperava para saber se o Luan teria a coragem de me beijar de novo. E, pelo jeito, o Luan esperava para saber se eu não fugiria dele como havia feito a outra vez.

– Luan... – Puxei a minha mão e dei um passo para trás para me proteger dele – Acho melhor eu ir avisar o Anderson que você já terminou de atender as fãs. Daqui a pouco vai começar a coletiva – Disse tentando recuperar o meu “tom” profissional.

– Peraê Cristal, eu fiz você vir até aqui porque eu preciso conversar com você. Será que dá pra parar de fugir de mim? – O Luan deu passo para a frente e segurou a minha mão novamente, dessa vez com um pouco mais de força.

– Luan, hoje não é dia de conversar sobre isso! Hoje é o lançamento do seu CD, você precisa se concentrar nisso – Tentei me soltar, mas ele não deixou.

– Então me fala só uma coisa. Só uma, aí você pode ir embora... – Ele pediu fazendo “biquinho”, o que tornou praticamente impossível dizer não – Por que você fugiu no dia da festa lá em Londrina? Por que você foi embora depois que eu te beijei?

– Luan, tudo o que você precisa saber é que eu não posso ficar com você, ok? E você também não quer ficar comigo. Você só está interessado desse jeito porque eu ainda não te dei mole. Tenho certeza que se eu facilitar e a gente ficar junto você vai me esquecer logo no dia seguinte. Então, faz um favor, me esquece, Luan... Nossa relação é só profissional, lembra que eu já te falei isso? – Eu tinha dito a última frase de uma forma um pouco grossa demais, mas era necessário. Eu precisava fazer com que ele esquecesse aquele beijo.

O Luan ficou me encarando como se ainda estivesse digerindo o que eu havia acabado de falar. Aproveitei o momento de distração dele para soltar o meu braço. Um instante depois, a Dagmar entrou no camarim.

– Já terminaram de atender os fãs? – Ela perguntou distraída enquanto checava alguma coisa em seu celular. Foi a minha sorte, porque assim ela não percebeu o “climão” que estava entre nós.

– Já sim Dag. Acabamos de terminar – Tentei sorrir recuperando o fôlego enquanto o Luan, contrariado, seguiu até a mesa para se servir de um copo de água.

– Ótimo. Cristal, preciso que você vá receber os jornalistas que vão chegar para a coletiva de imprensa. Eu vou ficar por aqui para ajudar o Luan com a entrevista para o Mais Você – A assessora deu as ordens.

– Pode deixar Dag, já estou indo para lá – Disse antes de sair. Procurei não olhar para trás para ver com o Luan estava. Eu sabia que ele tinha ficado chateado com o que eu disse, mas era o melhor para nós dois.

***

Coletiva de imprensa, fotos, entrevistas, mais fotos, mais fãs, muitos repórteres, muita gente, muitos convidados, casa lotada, expectativa lá no alto. O show do Luan prometia!

Eu nunca tinha trabalhando tanto na minha vida. Choveu repórter querendo cobrir o lançamento do CD e eu a Dag tivemos que “rebolar” para conseguir dar conta de todos os pedidos.

Agora faltava apenas uma hora para o show começar. Os fãs já haviam entrado na casa de shows, a banda já estava “esquentando” os instrumentos, os técnicos davam a última checada no áudio e na luz e o Luan já estava no camarim se preparando para o lançamento.

No meio dessa correria toda, eu tinha conseguido arrumar uns minutinhos para finalmente sentar e descansar um pouco. Ainda bem que eu havia escolhido uma bota sem salto, porque senão os meus pés estariam pedindo socorro naquele momento.

– Cristal – Ouvi alguém me chamar pelo rádio – Cristal, tá me ouvindo? – Era o “testa de outdoor” Welligton. Eu tinha colocado aquele apelido nele desde que percebi que ele tinha uma testa um pouco maior do que o normal. Era incrível como ele conseguia me atrapalhar sempre nos melhores momentos.

– Oi – Respondi sem ânimo.

– Cristal, o Luan pediu para você dar uma mão lá no camarim dele. Ele não sabe qual cor de camisa usar. E você é melhor nesses “trem” de moda do que eu.

Oi? Moda? Escolher cor de camisa? Pra quê mesmo o Luan tinha uma “personal stylist” se era eu quem tinha que escolher a roupa que ele usaria no show?

Segui contrariada para o camarim. O plano era passar o menor tempo possível perto do Luan. Eu entraria, escolheria qualquer camisa e sairia. Mas, é claro, que quando se tratava de Luan Santana, nada saía como o planejado.

– Entra – Ouvi ele gritar lá de dentro depois que eu havia batido na porta.

– Luan, onde estão as camisas? – Falei séria enquanto entrava no camarim. O lugar era o “cantinho” ideal para alguém se preparar para um show. Um espelho grande com uma mesa onde estavam alguns itens de maquiagem e para o cabelo, um sofá, uma mesa com comes e bebes variados, e uma pequena arara de roupas em um canto. Uma porta dava acesso ao banheiro. Não havia janelas.

– Logo ali no cabide – Ele disse sério. Pelo canto do olho pude perceber que ele estava sentado no sofá de cabeça baixa.
Será que ele estava assim por causa da grosseria que eu havia dito um pouco mais cedo? “Calma Cristal, calma”, falei para mim mesma. Eu não poderia tomar decisões precipitadas.

Duas camisas estavam penduradas na arara de roupas: Uma azul e uma vermelha. Todas tinham a estampa xadrez.

Peguei as peças e me virei em sua direção para checar qual era a roupa que ele estava usando. Bota coturno, calça jeans escura bem justa, camisa branca justa. Precisei respirar fundo. Ele estava lindo. A camisa branca justa destacava os músculos que ele estava ganhando durante os treinamentos físicos. É, o “gurizinho” tava crescendo...

– Luan, eu prefiro a vermelha. Acho que combina mais com você e é a sua cor preferida, não é? – Tentei puxar assunto para tirá-lo daquele baixo astral.

– Pode ser. Daqui, vou vestir já – Ele se levantou pegando a peça das minhas mãos. Era impressão minha ou o Luan estava sério demais?

Estendi a roupa para ele que a pegou e a vestiu. Se é que era possível, ele havia ficado ainda mais bonito.

– Huum... Preparado para “quebrar tudo”? – Tentei puxar assunto de novo.

– Já sabe a minha cor favorita, já tá falando que nem a gente... Tá perdendo a pose de madame, Cristal? – Finalmente ele riu. Respirei aliviada ao ver o seu sorriso.

– Estou entrando no clima do sertanejo – Retruquei.

– Sabe o que é nega, eu tô nervoso... Às vezes eu tenho medo disso tudo. Eu sempre quis ser uma pessoa famosa, mas em momentos assim eu fico “tremendo que nem vara verde” antes de entrar no show. Tenho medo de decepcionar aquele povo todo lá fora – De repente ele desabafou o que estava deixando preocupado.

Eu quase não acreditei. Quando eu poderia imaginar que Luan Santana ainda sentia “frio na barriga” antes de entrar no palco?

– Hey, você tá maluco, Luan? Você nasceu para fazer isso... Certeza que quando subir no palco você vai esquecer de tudo isso. Todo mundo que tá lá embaixo te ama! Tem tanto amor, tanta energia positiva lá fora que é impossível que algo dê errado nesse show – Disse tentando levantar a moral dele.

– “Cê” tá certa nega, hoje a gente vai quebrar tudo... Vai ser top o show – Agora sim ele estava falando como o Luan Santana.

– Oh, agora eu gostei de ver – Falei sorrindo – Mas ó, com esse cabelo ninguém vai te chamar de lindo durante o show – Disse fazendo graça. O Luan ainda não tinha “ajeitado” o cabelo do jeito que ele gostava. Os fios estavam meio jogados para o lado, deixando ele com uma cara de “emo”.

– Eita nega, tava quase esquecendo já... Mas isso é rápido, quer ver só... – Ele caminhou até a mesa diante do espelho e pegou o gel.

– Peraê, isso precisa ser registrado – Falei pegando o celular e preparando para filmá-lo. Sentei na ponta do sofá próxima ao espelho e apertei o play – Vamos começar agora mais um capítulo do nosso Diário de Bordo. Hoje o Luan vai nos ensinar como ajeitar o cabelo que faz sucesso entre as “Luanetes”.

– Ó, “ceis” presta atenção que eu vou ensinar uma vez só. – Ele avisou olhando para a câmera - Presta atenção, hein... “Cês” tem que pegar o gel, espalhar nas duas mãos assim, aí você passa no cabelo e vai ajeitando o cabelo meio pra cima assim. Ai pronto ó, tá feito! Tá vendo como fica “bão”? – Ele disse checando o resultado no espelho.

– Mas Luan, não tem nenhum segredo, nada especial que você faz? – Perguntei ainda filmando. Pelo espelho era possível ver o meu reflexo registrando toda a cena. Eu me segurava para não rir enquanto o Luan fazia palhaças para a câmera.

– Tem, mas isso não vou contar, né? Senão vai ter um monte de “rapaiz” por aí com o cabelo igual ao meu.

– Lú, boa sorte no show hoje. Tenho certeza que todas as suas fãs estão torcendo por você – Falei para encerrar o vídeo.

– Fala o que a gente vai fazer hoje, Cristal – O Luan pediu olhando para a câmara.

– Vamô quebrar tudo – Eu respondi rindo.

– Isso aí, bora quebrar tudo moçada. Beijo grande no coração de vocês – O Luan mandou um beijo na direção do vídeo e eu aproveitei a cena para encerrar a filmagem.

– Quero esse vídeo aí nega. Depois você passa para mim? – Ele pediu.

– Só se você prometer que não vai colocar na internet. O outro vídeo já tá rendendo nas redes sociais e eu nem sabia! Você ouviu a Carol falando, né? Eu tenho que te manter na linha – Falei séria – E agora vem aqui, deixa eu arrumar esse “fiozinho” aqui que resistiu ao super penteado Luan Santana.

Curvei meu corpo na sua direção e delicadamente coloquei o “fio rebelde” no lugar. – Pronto, agora sim tá bonito.

– Obrigada linda. Você também tá bonita “demais da conta” hoje, hein... – Senti meu coração disparar dentro do peito. Eu sabia onde aquela conversa ia parar. Mesmo assim não resisti aquele olhar. Era como um ímã que tornava impossível resistir aquela atração.

– Luan, eu já sei onde essa conversa vai parar – Falei com a voz fraca.

– Essa conversa vai parar exatamente no mesmo ponto que parou lá em casa – Antes mesmo de terminar a frase eu já podia sentir os seus lábios contra os meus. Ao contrário da primeira vez, dessa vez ele já começou o beijo de uma forma mais urgente, mais intensa. Ele passou uma de suas mãos pelas minhas costas e me puxou em sua direção. Sem que eu pudesse reagir, ele me colocou no seu colo. Nós não interrompemos o beijo nem por um segundo. Era como se nós dois tivéssemos medo de parar e descobrir que aquilo não passou de um sonho, ou de uma ilusão que acabaria do mesmo jeito que começou.

– Relação profissional, Cristal? – O Luan riu quando eu parei para tomar um fôlego.

– Ai Luan, isso não podia ter acontecido – Falei me levantando e tentando me manter longe dele para não cair em nenhuma tentação de novo.

– Luan, você já tá pronto? Posso entrar? – A voz do Welligton soou do lado de fora. Fiquei desesperada. Não seria nada bom o “testa de outdoor” me pegar no camarim do Luan com cara de quem tinha acabado de aprontar.

– Luan, ele não pode saber que eu estou aqui – Susurrei para o meu “patrãozinho” desesperada.

– Por que não? – Ele quis saber. Aquela não era uma boa hora para ele querer discutir comigo.

– Depois eu te falo, eu vou me esconder. Manda ele embora logo! – Falei e corri em direção ao banheiro, fechando a porta atrás de mim. Segundos depois ouvi o secretário do Luan entrando no camarim.

– Vamo “rapaiz” já tá na hora do show. A Cristal veio aqui? Vocês se acertaram? – Ouvi o Welligton perguntar. Fiquei sem entender nada. Como assim se acertaram? O “testa de outdoor” sabia de mim e do Luan?

– Que nada, rapaiz. Cristal é "braba" demais. Mas eu ainda me ajeito com ela – O Luan respondeu.

– É, você vai ter que domar a fera aos poucos. Mas agora concentra no show “rapaiz” que hoje isso vai tremer.

– Isso aê Welligton, vamo quebrar tudo. Já vou indo já, só vou pegar um trem aqui no banheiro que eu esqueci. Espera só um pouquinho – Ouvi a porta do banheiro abrir e a luz acender. O Luan entrou e me encontrou parada atrás da porta, com medo até de respirar.

– Tô indo fazer o show – O Luan disse no meu ouvido – Me espera aqui pra gente conversar melhor depois, tá?

Concordei apenas balançando a cabeça. Não queria nem pensar em fazer barulho. – Ó nega, nem pensar em fugir, hein? Agora eu vou lá quebrar tudo no show. Beijo – O Luan me deu um selinho antes de sair batendo a porta.

Fiquei sem reação, parada, sozinha no banheiro do camarim do Luan. Aquilo tinha acontecido novamente: Eu havia beijado o Luan Santana e, de novo, não sabia o que fazer. Meu coração pulava dentro do peito. Pela primeira vez desde muito tempo eu senti que poderia esquecer o que o Diogo fez comigo. “Calma Cristal, calma”, repeti para mim mesma tentando recuperar o controle da situação.

***
PONTO DE VISTA DO LUAN

Eu estava cansado, mas extremamente feliz. O show foi perfeito. Casa cheia, galera animada... Tudo tinha sido “bão” demais. A única coisa que havia me deixado um pouco “de cara” foi descobrir que a Cristal tinha, de novo, fugido de mim. Eita, trem viu! Será que eu era tão feio assim “pra” ela sempre correr de mim daquele jeito?

Eu pensava naquilo enquanto o “seu” Jão me levava para o hotel. Eu via os prédios e as casas passando pela janela do carro. Eu adorava ver a noite depois de sair de um show. Aquele era um dos horários que sempre me inspiravam mais.

– Eita que esse show deve ter sido muito bom mesmo hein... A Cristal também ficou toda quieta aí no banco enquanto eu levava ela embora – Ouvi o meu motorista comentar enquanto guiava o carro – Também, ela cantou e dançou todas as músicas. Devia estar muito cansada mesmo...

– Ela assistiu o show? – Aproveitei para puxar a língua do “Jão”.

– Assistiu. Ela só foi embora no “finalzinho” da última música. Ela me disse que precisava muito vir embora, então eu a trouxe.

– E por que ela precisava vir embora? – Continuei “puxando” a língua do “Jão”.

– Isso ela não me disse...

– Cristal e seus mistérios... – Falei cruzando os braços.

– A Cristal é uma boa moça, Luan. É que ela já passou por muita coisa na vida, por isso que ela é assim... séria, centrada, meio atrapalhada e sem jeito com as pessoas – O “Jão” pelo jeito era fã da Cristal – Às vezes eu tenho dó dela, sabia? Hoje mesmo, ela trabalhou o dia inteiro e ainda teve que chegar em casa e aguentar aquele chato do ex-namorado fazendo plantão em frente ao portão dela.

– Jão, “cê” sabe o que esse “rapaiz” fez com ela? Da última vez que a Cristal viu esse tal ex ela quase teve um treco. Lembra, foi naquele dia do chuveiro? – Perguntei.

– Saber o quê aconteceu eu sei, mas não posso te contar. Mas, por que você não faz essa pergunta pessoalmente? A casa dela fica a dois quarteirões daqui...

– Mas a Cristal não vai querer me contar. Aquela lá e “dura na queda”. “Capaiz” dela me botar pra correr do apartamento dela – Eu tinha entendido qual era a ideia do meu motorista. E pra falar bem a verdade, eu “tava” doidinho pra bater na porta da casa da Cristal, descobrir tudo de uma vez e colocar tudo no preto e no branco. Mas tinha algo que ainda me segurava e me impedia de pedir para o “Jão” seguir para a casa da Cris. Eu tinha medo que ela ainda não confiasse o suficiente em mim para abrir o seu coração e me contar todos os seus segredos.

– Isso você vai ter que pagar pra ver, filho – O Jão disse enquanto esperava o farol abrir parado em um cruzamento – Mas, se você quer um conselho, outra oportunidade como essa você não vai ter.

– “Cê” tá certo, Jão. Vamo lá bater na porta da Cristal. Agora aquela nega não me escapa – Eu mal tinha terminado de falar e o Jão acelerou o carro virando para a direita no cruzamento. Ao longe eu já conseguia ver o prédio onde a Cristal morava se aproximando.

***

Dei três batidas na porta. Algum tempo depois ouvi a voz da Cristal no interior do apartamento. - Quem é?

– Sou eu Cristal, o Luan – Respondi.

Ouvi barulho dela abrindo as trancas e um instante depois a Cristal apareceu na porta. Pelo jeito ela já estava indo dormir porque estava usando um moletom, um shortinho e tinha pantufas de bichinho nos pés. Era estranho vê-la daquele jeito. Hoje mais cedo ela estava toda gata usando uma calça jeans super justa e agora ela estava toda à vontade vestindo pijama. Mais estranho ainda era ela continuar linda, mesmo sem maquiagem e com o cabelo bagunçado.

– O que você está fazendo aqui? – A Cristal não perdia a mania de me dar patadas.

– Eu vim te fazer uma proposta.

– Proposta? – Ela me encarava com uma expressão nervosa no rosto. Eita muié "braba" aquela.

– Isso mesmo, nega. A gente vai brincar de verdade ou desafio.

– Verdade ou desafio? Tá louco, Luan? Não dá pra brincar disso em dupla!

– Claro que dá. O negócio é o seguinte: Eu vou te dar duas opções. Se escolher verdade, você vai ter que me responder algumas “perguntinhas”. Tipo me explicar o porquê você sempre foge de mim...

– E seu eu escolher desafio? – A Cristal quis saber enquanto tentava prender os cabelos no topo da cabeça.

– Se escolher desafio... Bom, aí a gente vai continuar aquele beijo que a gente não terminou hoje mais cedo lá no meu camarim. E aí Cristal, o que você escolhe?
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Notas finais do capítulo:
E aí meninas, vocês escolhem verdade ou desafio?
Próximo capítulo teremos todos os segredos da Cristal revelados! 

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