quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Capítulo 27 - Meu Destino

Notas iniciais do capítulo:

Olá gatas garotas!
Preparadas para um capítulo inteiro narrado pelo Luan? Espero ser uma boa "Luan Santana" porque, olha, não é fácil pensar como o nosso nego-divo!
Aviso aos navegantes:
1- Faltam dois caps para Incondicional terminar!
2 - Capítulo está tenso ainda, mas não tem jeito, né? A Cris foi baleada, não tinha como a coisa ficar boa de repente! Mas tempos melhores vem por aí, ok?
Por hora, bora curtir o cap!

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Ponto de vista do Luan

Baqueado.

Era assim que eu me sentia. As lembranças do que tinham acontecido na noite anterior voltavam toda hora à minha cabeça e estavam me deixando doido.

Eu fechava os olhos e conseguia lembrar da Cristal me pedindo para sair da sala, de eu dizendo que não iria deixá-la sozinha, do barulho do tiro, da Cris entrando na minha frente, do meu grito, dela caindo no chão, do Diogo abaixando junto comigo para ver se ela estava bem, cada um de um lado fazendo o possível para tentar socorrê-la.

Foi naquela hora que eu baquiei. Eu não estava acostumado a ver tanto sangue junto. E muito menos preparado para ver a Cristal daquele jeito, pálida parecendo um fantasma e fria como uma pedra de gelo.

Na hora eu fiquei tão nervoso que eu não sabia o que fazer. Parado na minha frente, do outro lado da Cris, o Diogo estava ajoelhado ao seu lado e segurava uma de suas mãos com uma expressão de quem está completamente arrependido do que fez.

– Desgraçado – Não consegui me segurar. Tudo aquilo era culpa dele.

Voltei a minha atenção para a Crital. Percebi que ela estava respirando, mas com um pouco de dificuldade. Foi aí que a minha caiu. Eu precisava dar um jeito de salvá-la. Eu tinha que fazer alguma coisa.

Ohh nega, acorda! Eu preciso de você aqui” – Chamei, tentando mantê-la junto a mim. Eu acariciei o seu rosto com uma das mãos e com a outra eu procurei o meu celular no bolso para poder pedir ajuda. Qual era mesmo o telefone da emergência? 190? Na minha frente percebi que o Diogo tinha começado a chorar. Isso só me deixou ainda mais nervoso com ele.

– Luan, pelo amor de Deus, o que aconteceu aqui? – Ouvi a voz Testa perguntar, completamente chocado, ao se deparar com aquela cena depois que entrou no apartamento.

– A Cristal... Ela precisa de ajuda – Consegui dizer segurando eu mesmo as minhas lágrimas.

Ainda bem que eu não precisei explicar tudo o que tinha acontecido. O Welligton apenas olhou para o Diogo e depois para a arma que ainda estava em suas mãos e isso foi o suficiente para ele entender como a coisa toda tinha ido pro pau.

– Cristal, Cristal, fala comigo – Ele se jogou ao meu lado e colocou a mão no pescoço dela para sentir a sua pulsação.

– O coração tá batendo... Mas tá perdendo muito sangue e tá muito fraquinha. Luan, desce. Eu dispensei o táxi e chamei o “seu” João. Ele está esperando aqui na frente do prédio do outro lado da rua – O Welligton começou a dar ordens enquanto ele próprio pegava o seu celular para chamar a emergência – Graças a Deus eu resolvi subir para ver o porquê vocês estavam demorando tanto! Mas agora vai Luan, se descobrem que você estava aqui, aí é que a coisa vai azedar de vez. Vai, eu cuido dela – Ele disse já discando para alguém do seu aparelho móvel. Com certeza estava tentando chamar a ambulância.

Mas eu não posso deixar a Cris aqui sozinha – Falei nervoso.

– Luan, eu cuido dela. Pode confiar – O Testa me disse sério – Ela não iria querer que você se metesse em confusão por causa dela – Aquilo era verdade. Antes de aquela tragédia acontecer a Cristal já havia me pedido para que saísse da sala. E o Testa era o meu parceiro há muito tempo. Eu sabia que nele eu poderia confiar.

– Vai logo, Luan – Ele me apressou. Não pude deixar de reparar como ele foi capaz de manter o sangue frio e conseguir lidar com aquela situação. Ele tinha colocado o seu casaco em cima do ferimento da Cristal para estancar o sangramento, já tinha ligado para a ambulância e ainda estava pensando na melhor maneira de me livrar daquela situação e eu ainda estava ali, segurando a mão da Cristal, completamente perdido. Resolvi seguir o conselho do meu secretário, até porque eu não tinha mais como ficar naquele lugar vendo o Diogo fingir uma dor que eu sabia que ele não sentia. Aquilo não poderia ser amor, o amor não machuca as pessoas.

Dei um beijo no rosto da Cristal e saí correndo porta afora em direção ao carro. Acho que eu corri tão rápido que não deu nem tempo das pessoas que subiam pela escada me reconhecerem. Todo mundo no saguão do prédio estava agitado. Agora eles estavam começando a se dar conta que o barulho que eles ouviram instantes antes poderia ser do disparo de uma arma de fogo. Olhei para o porteiro que já me conhecia de outras visitas que eu fiz para a Cris. Ele só abriu o portão e me deixou sair sem dizer nada. Antes de deixar o prédio ouvi algumas pessoas comentarem que o barulho parecia ter vindo do apartamento da Cristal. Outras chamavam a polícia. Logo aquele lugar ia virar um circo. Deixei tudo isso para trás, alcancei o carro onde o “seu” João estava me esperando e me joguei de qualquer jeito no banco. Ele arrancou imediatamente. Acho que aquelas alturas ele já devia saber que tudo já tinha dado errado.

– Aconteceu alguma coisa com a Cristal, Luan? – Com certeza a minha cara devia tá azeda que nem limão, porque o “Jão” falou comigo todo sem jeito, como se estivesse escolhendo as palavras.

– Ah Jãããoo... – Foi aí que eu comecei a chorar que nem criança. Eu não tinha coragem de contar o que tinha acontecido com a Cristal. Me encolhi todo no carro enquanto eu me acabava no meio de tanto choro. Eu não conseguia acreditar que eu tinha ido até São Paulo para proteger a Cris daquele “disgramento” do Diogo e que no fim era ela quem tinha me salvado dele. E agora? Será que a Cristal iria sobreviver? Eu tremia só de lembrar a quantidade de sangue que tinha saído do ferimento dela. O que eu iria fazer agora? Eu não poderia viver sem a minha Cristal. Eu sentia o meu coração apertado e parecia que o mundo estava girando ao contrário. Aquilo parecia muito os pesadelos que a Cristal me contava que tinha, mas agora eu não estava lá para ajudá-la a não se afogar. Pensar naquilo me deixava doido de preocupação.

***

Eu não me lembrava de muita coisa mais daquela noite. Só que o “seu” João me levou para o escritório, e que todo mundo ficou ao meu lado esperando notícias da Cris. Pelo telefone o Welligton nos avisou que ela tinha passado por uma cirurgia. Ninguém tinha muitas notícias do seu estado. Eu fui sentindo aos poucos o desespero tomar contar de mim. Todo mundo tentava me ajudar, me falar palavras de incentivo, mas eu só pensava na Cristal. Eu ficava remoendo na minha cabeça que eu deveria ter sido mais rápido em ajudá-la, ou que eu deveria simplesmente ter arrancado ela daquele apartamento quando cheguei lá. Eu me sentia muito impotente diante daquela situação. Era eu quem deveria proteger a Cristal e não o contrário. Me tranquei na sala do Anderson e fiz a única coisa que tinha me restado fazer: Rezar. Eu já tinha visto muita coisa naquela minha vida de cantar à noite. Eu já tinha pedido muito para Deus me proteger durante os shows, para abençoar a minha família e toda a minha banda e fãs. Mas naquela noite eu fiz um pedido especial para Ele. Pedi para que ele deixasse a Cristal ficar ao meu lado. Porque se o amor era uma coisa de Deus, então ele não poderia tirar aquilo de mim. Não agora que eu estava descobrindo o que era ter alguém junto comigo que me fazia tão bem. Se existia justiça no mundo, quem deveria sofrer não era a Cristal, e sim o Diogo que tinha feito tanto mal à ela. Eu jurei que se a Cris ficasse bem eu faria o Diogo pagar por tudo o que ele tinha feito.

Acabei caindo no sono sentado em uma das poltronas da sala do Anderson. Acordei com a Martha me chamando. Pelo jeito ela também tinha passado a noite ali esperando notícias da Cristal.

– Luan, filho? – A Marthinha me chamou com o jeitinho carinhoso dela de sempre.

– Alguma notícia? – Foi a primeira coisa que perguntei enquanto me ajeitava na cadeira. Eu tinha dormido todo torto e agora a minhas costas estavam doendo demais.

– O Welligton ligou. A Crital saiu da sala de cirurgia. A bala não pegou nenhum órgão vital, graças a Deus, mas se instalou em um ponto entre o ombro e a clavícula, o que deu muito trabalho para os médicos fazerem a remoção do projétil. Mas agora ela está a salvo. A Cris foi levada para o quarto e vai ficar com o braço imobilizado por um tempo. Ela também está bem nervosa... O médico disse que isso se chama estado de choque, sabe né? Por causa de tudo isso que aconteceu – A Martha ia me contando tudo, mas eu tinha parado de escutar na parte que ela falou que a Cristal estava salva. Fechei os olhos e agradeci a Deus mentalmente, sem esquecer a promessa que fiz na noite anterior.

Só voltei a prestar atenção na Marthinha na última frase que ela disse – Ela estava chamando por você ontem depois da cirurgia. A Dagmar e o Anderson disseram que você pode ir até o hospital agora, assim a gente aproveita que o caso ainda não estourou na mídia. O Welligton contou que alguns repórteres estão fazendo plantão lá no hospital, mas que por enquanto tudo não passa de especulação. E, o principal, ninguém te viu saindo do apartamento. O Welligton disse para a polícia que chegou até lá de táxi, o que é verdade, e que entrou no prédio porque tinha um compromisso agendado com a Cristal. Como ela estava atrasada, ele subiu para ver o que estava acontecendo e deu de cara com aquela situação. O Diogo e o porteiro, as únicas pessoas que te viram lá, confirmaram essa versão dos fatos. O Diogo tentou alegar que disparou por acidente, mas a polícia não acreditou nisso. Ele está em prisão temporária agora.

- Até agora tudo está dando certo, graças a Deus. E aí, posso falar para o Welligton que você vai encontrá-lo lá? Ele está no quarto com a Cristal agora – A Martha sorriu para mim animada. Depois da noite que passamos sem notícias, todas aquelas novidades eram ótimas.

– Claro que pode, muié. Manda o Jão voar para aquele hospital agora mesmo – Dei um pulo da poltrona, tasquei um beijo no rosto da Marthinha e praticamente arrastei o Jão até o carro. Mas aí o Anderson me obrigou a voltar e pelo menos lavar o rosto. Eu estava amassado e descabelado demais, e com certeza a imprensa estaria lá. Como todo mundo sabia que a Cristal trabalhava na minha equipe, eu apostava que todos os repórteres estavam esperando que eu aparecesse por lá. O lado difícil da fama era esse: Nem em momentos tão particulares como aquele você podia descuidar da sua imagem.

Acabou que a Dag arrumou uma camisa limpa para mim, eu arrumei o meu cabelo, escovei os dentes e lavei o rosto e seguimos todos para o hospital, localizado na zona norte de São Paulo. Precisamos de todo um esquema para que eu entrasse sem incomodar os outros pacientes. Eu já não “guentava” mais de tanto nervoso até que finalmente chegamos no andar onde a Cristal estava. Todas as medidas de segurança já tinham sido tomadas. Um grupo de seguranças isolava o corredor e apenas pessoas autorizadas tinham permissão para entrar. O Welligton cuidou de tudo durante a noite, além de conseguir avisar a família da Cristal. Grande Testa, aquele ali era parceiro...

– Luan, entra primeiro. Depois nós falamos com ela – A Dag disse parando ao lado da porta. O Jão, a Marthinha e o Anderson também concordaram com ela. Respirei fundo e bati. Alguém disse “Entra” lá de dentro. Abri a porta meio sem jeito e quase caí para trás. Precisei me segurar para não partir pra cima do cara que estava ao lado da cama onde a Cristal estava deitada com os olhos fechados. 

Rapaiz, essa história de gêmeos dava um nó danado na nossa cabeça. Demorei um pouco até perceber que quem estava ali no quarto era o Léo, e não o Diogo. Mas mesmo assim eu não gostei muito dele estar perto da Cris.

– Oi – Falei meio sem jeito.

– Oi. Eu e a Laura viemos assim que nós soubemos – Ele me respondeu olhando para o sofá que estava encostado de um lado do quarto. Lá eu vi a irmã dele, sentada me encarando. Eu nem tinha a visto ali. Ela sorriu para mim meio sem graça e acenou com a mão para me cumprimentar. Os dois estavam com uma expressão bem abatida. Pelo jeito a noite não tinha sido longa só para mim – Estamos dispostos a fazer o que for preciso para ajudar a Cristal. A família dela já está a caminho. Todos eles vão ficar hospedados na nossa casa – O Léo completou.

– Pode ficar tranquilo, cara. A gente cuida da Cristal – Falei sério. Não estava afim de deixar a Cris perto daquela família nem por um segundo que fosse.

– Olha Luan, eu sei que o Diogo errou, mas nós gostamos muito da Cristal e queremos ajudar no que for necessário na recuperação dela – Ele me respondeu, também sério, me encarando nos olhos. Aquele “rapaizinho” achava mesmo que ainda tinha o direito de ficar perto da Cris?

– Léo, tenho certeza que o Luan sabe que estamos à disposição para ajudar a Cristal. Assim como ele, nossa família também tem muito carinho pela Cris. Mas, nesse momento, o nosso irmão e o nosso pai são quem precisam de toda a nossa ajuda – A Laura nos interrompeu levantando-se do sofá e ficando em pé ao lado da cama – Acho que o Luan gostaria de ficar um pouco a sós com a Cris, não é mesmo? – Ela me olhou em busca da minha confirmação. Balancei a cabeça positivamente e ela continuou a falar em seguida – Vem Léo, vamos tomar um café. Não comemos nada desde ontem à noite.

Ela deu volta na cama e pegou o braço do irmão literalmente puxando-o até a porta. Tá loco, aquilo que era mulher mandona! Antes de deixar o quarto, ela parou na saída e me deu mais um recado – O seu secretário, o Welligton, né? Então, ele desceu para comer alguma coisa. Se eu encontrar com ele aviso que você chegou. Ah, eu gostaria muito de falar com você por um minuto depois. Será que pode ser?

– Claro – Falei dando de ombros.

– Então eu ficarei te esperando aqui fora. Até mais – Ela disse antes de fechar a porta atrás de si. Eu não sabia o que aquela menina queria comigo, mas pelo jeito dela coisa boa não era...

– Ai, ai, ai, aaaii – Falei comigo mesmo enquanto caminhava até o lugar o onde o Léo estava antes. O quarto de hospital era simples. Uma cama daquele tipo com motor, um sofá cor de nada perto da parede, alguns outros móveis também com cor de nada perto da outra parede onde ficava a janela, uma cortina sem graça, um banheiro, e a porta de saída. Pela janela era possível ver alguns prédios residenciais ao longe. Até a vista daquele lugar era sem graça. Eu detestava hospitais.

– Ah dona Cristal! Você e suas teimosias – Falei acariciando de leve o seu rosto. Ela estava dormindo com um soro preso ao seu braço, um curativo enorme envolvendo toda parte do seu ombro direito, onde a bala tinha a atingido. Ela ainda estava pálida, mas agora sua pele não estava tão gelada como no momento que eu a deixei junto com o Testa.

Fechei os olhos e agradeci de novo a Deus. A Cristal estava bem. Quantas vezes aquela mulher conseguiria resistir a todas as maldades que as pessoas insistiam em fazer com ela?

Segurei firme a sua mão e continuei acariciando o seu rosto enquanto eu me lembrava de tudo o que já havíamos passados juntos. Como o dia que viajamos juntos e ela ficou paralisada ao ver o Diogo aparecer na casa dela, a noite que dançamos juntos no restaurante, do nosso beijo no meu quarto em casa, a noite que ela me contou tudo o que tinha acontecido com ela, de todas as viagens que fizemos, de todas as vezes que enrolamos o Anderson para que ele não descobrisse que nós estávamos ficando, da nossa primeira vez, de todas as nossas brigas e, principalmente, das nossas reconciliações. Como era possível eu me apaixonar daquele jeito por uma pessoa tão complicada que nem a Cristal? A resposta surgiu automaticamente na minha cabeça. Era porque só ela era complicada e “perfeitinha” ao mesmo tempo. Perfeita para mim, pelo menos.

Eu sempre desejei ter uma companheira ao meu lado. Alguém que me acompanhasse por todos os lugares, que não se impressionasse com o sucesso e a fama, que estivesse disposta a me entender e a me aceitar do jeito que eu era. Me amar e me ensinar a amá-la. Viver ao meu lado. Me viver... Vendo a Cristal ali, parecendo tão frágil, mas guerreira o suficiente para resistir a tudo o que aconteceu com ela, eu sabia que havia encontrado a pessoa certa para mim.

– Ah Cristal, que foi que você fez comigo, hein muié? – Ri sozinho da minha pergunta – “Cê” fica tão mansinha dormindo, nega. Mas sabe que eu já estou com saudade da sua brabeza? Certeza que se você estivesse acordada você estaria me olhando com uma cara azeda que só você sabe fazer...

Parei e respirei fundo. Eu queria muito que a Cris acordasse. Mas vê-la dormir também me fez lembrar de outro momento muito especial que passamos juntos.

– Tá bão então, “cê” você quer dormir, vou fazer que nem eu fiz naquela noite que a gente ficou junto pela primeira vez. Lembra? Eu te vi dormir e depois eu cantei para você... – Foi aí que eu tive uma ideia. Eu e a Cristal nunca nos entendíamos muito pela conversa, mas bastava olhá-la que ela conseguia me ler como ninguém. Bom, já que ela estava com os olhos fechados, talvez se eu cantasse ela pudesse entender tudo o que eu tinha vontade de falar, mas não conseguia expressar em palavras.

Arrumei com carinho uma mecha do seu cabelo e comecei a cantarolar baixinho:

*** Link para música http://www.youtube.com/watch?v=Vr6lSM58p78&feature=related ***

Parece que o mundo parou de girar quando você me olhou
E me fez sonhar... me apaixonei...
E nesse momento parece que o mar e as estrelas do céu
Puderam me ver te amar
Me entreguei e senti a magia do amor sobre mim

E agora não tem quem arranque você de dentro do meu coração
Você é minha fantasia, meu sonho lindo, minha ilusão
Eu esperei a hora que eu pudesse te dizer
Meu destino é pra sempre amar você
 

Eu segurava firme a sua mão enquanto cantava para ela. Aquela música encaixava “direitinho” com nossa história.

– Luan? – Acho que apertei forte demais a mão da Cris, porque ela abriu os olhos devagar e me chamou com a voz bem fraquinha.

– Ô nega, cê acordou... – Eu mal conseguia conter a minha felicidade.

– Impossível não acordar com você fazendo uma serenata particular para mim – Agora a voz dela já começava a voltar ao normal, mas quando ela foi tentar se mexer na cama ela soltou um grito de dor.

– Eita muié, vai com calma. Cê tem que ficar quetinha aí, não pode ficar se mexendo desse jeito, não! – Falei ajeitando o travesseiro para que ela ficasse melhor posicionada.

– Então é verdade? Eu não estava sonhando? Tudo aquilo aconteceu mesmo? – Ela me perguntou com uma expressão de medo do rosto, como se estivesse lembrando da noite passada.

– É verdade, mas já passou, já passou – Falei pegando a sua mão de novo – Agora tá tudo bem... Eu vou cuidar de você, viu meu amor? Você vai ficar bem.

– E você? Tá tudo bem? – Ela quis saber segurando a minha mão sem muita força.

– Eu tô ótimo, Cristal. Graças a você! Ô nega, o que deu na sua cabeça? Por que você se jogou na minha frente? Você acabou machucada e eu não tive como fazer nada... – Só de pensar em como me senti perdido ao invés de socorrer a Cristal eu já ficava nervoso comigo mesmo.

– Eu não poderia deixar o Diogo te machucar. Ele pode aprontar comigo, mas com você não – Ela me disse com os olhos cheios de lágrimas. Se eu bem conhecia a Cristal seria bem difícil para ela se recuperar de mais esse trauma.

– Ô meu amor, eu vou cuidar de você agora. Você nunca mais vai sofrer desse jeito. Eu não vou deixar – Ver a Cristal daquele jeito deixava o meu coração pequeninho dentro do peito.

– Você vai mesmo ficar comigo? Eu não gosto de ficar aqui... Esse lugar é estranho. E eu voltei a ter pesadelos – Ela segurava a minha mão como se aquilo fosse a única coisa que a mantivesse junto a mim. Ela lutava para manter os olhos abertos. Com certeza a medicação que ela estava tomando era muito forte e por isso ela estava tão sonolenta. Daquele jeito ela ficava muito parecida com uma menininha morrendo de sono, mas que se recusava a dormir e ficava fazendo birra com o pai.

– Descansa, meu amor. Não precisa se preocupar, eu vou ficar aqui com você. Se você tiver pesadelo é só apertar a minha mão bem forte – Tentei acalmá-la, mas antes de terminar a frase ela já tinha caído no sono de novo.

Fiquei ali mais alguns minutos relembrando cada detalhe da nossa conversa até que ouvi alguém entrando no quarto.

– Será que a gente também pode ver a paciente? – Era a Dag, a Marthinha e o Jão querendo ver como a Cristal estava. O Anderson não tinha entrado. Será que ele tinha ido procurar o Testa?

– Pode, ué... Até esqueci de vocês aí fora. Ela acordou, falou comigo, mas acabou de voltar a dormir – Contei para eles.

– Ela acordou? Os médicos disseram que ela não ia acordar até o final do dia. Tiveram que dar um sedativo muito forte porque ela estava muito agitada – A Dag comentou enquanto se aproximava da cama avaliando o estado da Cristal.

– Mas ela acordou quando me ouviu cantar pra ela...

– Ah, isso são coisas de dois corações apaixonados, né? Acho que até na lua a Cristal te ouviria cantar Luan – A Marthinha brincou – Mas é bom que ela durma. Ela precisa descansar e se recuperar desse baque todo.

– Com razão. E nós precisamos nos preparar para o que vem pela frente. Está todo mundo querendo saber o que você acha disso tudo. Meu e-mail tá bombando de repórteres querendo falar com você. Acho que vou soltar uma nota oficial e acabar com as especulações logo – A Dag avaliou a nossa situação com a imprensa. Eu geralmente não me importava de dar entrevistas e falar sobre a minha vida. Aquela foi uma das poucas vezes que eu desejei que a mídia me deixasse em paz.

– Não Dag, eu quero falar sobre isso, sim. Acho importante deixar claro que o Diogo merece pagar pelo o que fez. Um monte de meninas, como a Cristal, sofrem nas mãos de caras como esse e não tem coragem de fazer nada. Acho que a gente pode aproveitar que a coisa já foi pro pau mesmo e usar isso como exemplo – Resolvi usar a situação a meu favor. Tinha certeza que a Cristal iria aprovar aquela iniciativa.

– Hum... É uma boa ideia. Vou avisar o pessoal que você vai dar um pronunciamento rápido aqui na porta do hospital, ok? - A Dag perguntou.

– Fechou - Respondi.

– Ótimo, adorei essa ideia – A Marthinha me incentivou – Mas antes disso, acho que você vai ter que encarar a irmã do Diogo e do Léo. Ela está lá fora te esperando. Diz que quer conversar com você.

Eita! Tinha até me esquecido daquela muié... – Ela ainda tá aí, Marthinha? – Perguntei.

– Tá sim – Ela confirmou.

– Certo. Então vou lá ver o que ela quer – Eu teria que encarar a fera de qualquer jeito, mais cedo ou mais tarde. Saí do quarto e dei de cara com a Laura parada, encostada na parede de braços cruzados e com uma cara de poucos amigos. Depois de ver a Cristal acordar só para falar comigo, aquilo não era exatamente o que eu queria ver na minha frente.

– E então, você quer falar comigo? – Falei tentando ser simpático.

– Quero. Eu já conversei com a enfermeira. Ela disse que esse quarto aqui está liberado – Ela apontou para a porta ao lado direito dela – Acho melhor a gente entrar, assim teremos mais privacidade.

Entramos no tal quarto que era muito parecido com o outro que a Cristal estava, ou seja, muito sem graça e com cheiro de hospital.

– Então, eu conversei com o Diogo ontem na delegacia. Ele me contou tudo o que aconteceu no apartamento. Disse que você chegou, que ele ficou com ciúmes do jeito que você tratou a Cristal, que perdeu a razão e por isso tudo terminou como terminou. Ele também me disse que o seu secretário pediu para que ele confirmasse a história que você não esteve no apartamento para preservar a sua imagem, o que o meu irmão fez em depoimento ontem ao delegado. Por isso Luan, eu serei direta porque eu sei que nós dois estamos cansados: Eu tive uma conversa com o Welligton ontem e ele me disse que você e a Cristal estão juntos, portanto eu imagino que você não vá deixar essa situação com o meu irmão passar em branco. Só o que eu te peço é que você não se envolva nessa briga. Quando a Cristal acordar ela retira a queixa contra o meu irmão e tudo fica como uma briga de ex-namorados, como tantas outras que acontecem por aí. – Ela ia falando e andando de um lado para o outro do quarto, mexendo as mãos e tentando de alguma forma me convencer a topar aquela ideia absurda.

– Veja bem Luan, o Diogo estava em tratamento psiquiátrico para cuidar esse distúrbio de personalidade que ele acusou ter quando violentou a Cristal. É claro que isso vai ajudar a inocentá-lo no caso de um possível processo. Mas você é uma pessoa pública, e nós somos donos de um grande estaleiro que representa uma marca italiana reconhecida em todo o mundo. Nem eu e nem você queremos essa exposição negativa, não é mesmo?

- Eu não sei o que fez o Diogo levar uma arma para a casa da Cristal, e muito menos da onde ele tirou a ideia que atirar em você seria solução para alguma coisa, mas agora que a burrada já foi feita acho que podemos tentar resolvê-la da melhor forma possível - Ela completou.

Fiquei em silêncio sem saber o que dizer. Era sobre a vida da Cristal que nós estávamos tratando. Será que aquele tal de distúrbio de personalidade tinha afetado a família inteira?

– Laura, mas que tipo de proposta é essa? – Ouvi alguém perguntar assustado atrás de mim. Olhei para trás e dei de cara com o Léo ao lado de um senhor, que aparentava ter uns cinquenta anos, parados ao lado da porta. A enfermeira devia ter avisado que nós estávamos conversando ali.

– Pai? – A Laura parecia surpresa com os dois que tinham acabado de entrar.

– Essa proposta não tem cabimento algum. Chega de mentiras, de histórias mal contadas, de acordos... Chega de tudo isso. Se é assim que o Diogo quis, dizer que ele não estava lá na hora do disparo, é assim que vamos ficar. Afinal, esse garoto – ele apontou para mim, nervoso foi até lá para salvar a Cristal das loucuras do seu irmão, e certamente se ele não aparecesse o Diogo teria atirado nela diretamente, e aí as chances dele errar seriam mínimas... A Cristal poderia estar morta agora por conta do egoísmo do meu filho, vocês se dão conta disso? Nada que a gente diga, fale, ou tente fazer vai justificar isso... E todos nós temos culpa nisso, porque ninguém nunca teve coragem de enfrentar o Diogo. Infelizmente a mãe de vocês já pagou um alto preço por causa das atitudes do seu irmão... Eu não vou deixar a Cristal passar pelo mesmo – O “seu” Francesco falou com uma voz decidida, só fraquejando quando falou da morte da mulher. O que será que aquela “peste” do Diogo tinha feito com a própria mãe?

– Olha gente, acho que eu não tenho nada a ver com esse assunto de vocês. Isso aí já é um caso de família, particular, e eu não quero me meter. Só o que eu tenho a dizer é o seguinte: Agradeço vocês manterem a versão que eu não estive no apartamento da Cristal, mas eu não posso permitir que ela retire a acusação contra o seu irmão. Se depender de mim nós vamos com esse caso até o final e o Diogo terá a punição que merece. Até mais – Falei saindo do quarto e respirando fundo. Só o que me importava agora era garantir que a Cristal ficasse bem. Para mim aquela família inteira poderia ir para o inferno.

– Luan, e aí cara? Como você “tá” depois do baque de ontem? – O Testa me encontrou no corredor alguns segundos depois que deixei o quarto. Pelo jeito o pau ainda estava quebrando entra a Laura e o pai, porque eu conseguia ouvir a voz dos dois da onde eu estava.

– Rapaiz do céu, que “doidera” tudo isso! Mas eu preciso te agradecer por ter cuidado da Cristal e por ter resolvido tudo. – Aproveitei para dar um abraço no meu secretário. Não era todo mundo que tinha um amigo como aquele ao seu lado.

– Fica tranquilo, Luan. “Tamô” junto. Só o que importa é que a Cristalzete tá bem, tá viva, e livre daquele maluco por um bom tempo – Ele riu tentando fazer piada da situação.

– Graças a Deus a Cristal tá bem – Repeti pra mim mesmo como se ainda fosse difícil acreditar naquilo – E falando em ficar livre do maluco, Testa, eu quero que você contrate os melhores advogados para defender a Cristal. Dessa vez esse cara vai pagar por tudo o que ele fez...

O Testa apenas me olhou concordando e eu sabia que ele estava junto comigo naquela missão. Depois do que nós dois presenciamos na noite anterior não teríamos nem como fazer diferente.

– E vocês vão mesmo ficar juntos? Vão assumir tudo de vez? – Ele quis saber.

– Bom, se ela quiser ficar comigo – Falei meio sem graça. Aquilo me fez lembrar do que o Diogo me disse antes de atirar na Cristal. Senti o meu coração falhar uma batida. De repente tudo aquilo que ele disse começou a fazer sentido para mim.

– Bom, Cristal está bem, já podemos ir embora mais tranquilos. Luan, já pensei no que podemos dizer para a imprensa. Olha, acho que a gente pode começar falando que você sente muito... – A Dag saiu do quarto da Cristal acompanhada pela Martha, pelo Anderson e pelo “Jão” e começou a falar comigo, mas eu não estava prestando a mínima atenção no que ela dizia. Eu sentia meu coração apertado lembrando de tudo o que o Diogo tinha falado. Será que ele estava certo quando disse que eu não era a pessoa ideal para a Cristal? Que eu não conseguiria estar ao seu lado quando ela mais precisasse?

– Tá, posso só dar tchau para a Cristal antes de a gente ir? – Perguntei vendo que o pessoal já ia caminhando para a saída.

– Luan, a nossa agenda tá apertada hoje. Temos alguns compromissos que não podem ser adiados e você ainda precisa falar com os seus pais. Eles estão loucos com todas essas notícias envolvendo o seu nome saindo na imprensa – O Anderson me disse tentando ser gentil – Desculpa, mas estamos em cima da hora, a gente precisa ir.

– Luan, a gente volta para visitá-la em breve. Todos nós estamos preocupados com ela. E agora não tem o que a gente possa fazer, ela está dormindo – A Dag emendou.

– Vamo cara, a vida continua. Já, já a Cristalzete tá de novo nessa correria do dia a dia com a gente – O Welligton me incentivou.

– Vai Luan, eu vou ficar até os pais dela chegarem. Se ela acordar eu falo que você deixou um beijo – A Martha tentou me tranquilizar. O “Jão” foi o único que pareceu entender o que realmente se passava pela minha cabeça.

***

O dia dali em diante passou como um borrão. Eu lembro de ter saído do hospital, de ter falado com a imprensa alguma coisa como “Nós vamos dar todo o suporte para ela”, “E faço questão que essa história seja apurada e que o responsável seja punido. Ninguém merece passar pelo o que a Cristal passou”. Essa parte não estava no texto que eu e a Dag havíamos ensaiado, mas eu fiz questão de dizer mesmo assim.

Aquelas alturas todas as fãs já tinham associado a Cristal ao vídeo do “Assim a gente num guenta, Luan” e, eu não sei como, de reepente todo mundo concluiu que a mulher que foi vista junto comigo no meu quarto lá no Guarujá era a Cris. Os repórteres, claro, se aproveitaram dessa história ao máximo e perguntaram se ela era a minha namorada. Não pude deixar de sorrir antes de respondê-los que não, que ela era apenas a minha assessora de imprensa. Eu queria mesmo era gritar que ela era a minha Cristal, mas era melhor não colocar lenha na fogueira naquele momento.

Depois de tudo resolvido, eu embarquei com destino à Londrina, onde minha mãe já tinha feito até promessa pedindo pela saúde da Cris. Minha mente voava mais rápido que o Bicuço. Todas aquelas perguntas do Diogo martelavam na minha cabeça. Eu lembrava dele dizendo que eu não era a pessoa ideal para ela porque eu não poderia estar ao seu lado, cuidar dela, ou simplesmente estar presente quando ela sentisse a minha falta.

E eu não poderia deixar de pensar que ele estava certo, afinal, justo no momento que a Cristal mais precisava, eu não estava ao seu lado. Será que eu era mesmo o cara certo para a Cristal? Será que eu era a pessoa ideal pra ajudá-la a superar mais aquele trauma?

Eu queria muito saber a resposta, mas a única pessoa capaz de me tirar aquela dúvida era ela mesma, que naquele momento estava deitada na cama de um hospital, provavelmente sedada para não ter pesadelos.

Respirei fundo e encarei o céu lá fora. Agora tudo era uma questão de tempo. O tempo necessário para a Cris se recuperar e o tempo necessário para ela decidir se estava disposta a ficar comigo e encarar a rotina maluca de shows e viagens que eu vivia.
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Notas finais do capítulo:
Detalhe importante: Alguém reparou na parte que ele disse que o amor verdadeiro não machuca? Espero que as fãs mais "exaltadas" lembrem-se disso antes de arranhar o Lú por aí, ok?
Cap de hoje será dedicado especialmente para a @ChocolatradoLuh e para todas as meninas que PIRAM com a juntada do nosso nego-divo! Meninas, cá entre nós, esse nego tá gostoso demais, né?! (Papo de meninas, garotos! Não liguem!)
#Fui e #ForçaCristal (Tag criada pela linda da Isa!)

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Oiieeee.... xD

Espero que esteja curtindo a fic!
Se estiver, não deixe de "perder uns minutinhos" para me contar a sua opinião, registrar o seu surto ou apenas para dar um oi! E se não estiver curtindo, aproveite o espaço para "soltar o verbo" e falar o que te desagradou!

Uma história não existe sem leitores! São vocês que me dão forças para continuar escrevendo e caprichando cada vez mais em cada capítulo! Portanto, deixe de "corpo mole" e venha "prosear" sobre as fics comigo e com as outras meninas que passam por aqui! *-*

Cada comentário ilumina muito o meu dia! Não deixe de fazer uma quase-escritora feliz: Comente! *-*

E não esqueça de deixar o seu nome, ok?!