quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Capítulo 5 - Hoje é dia de rock, bebê!

Notas iniciais do capítulo:
Para quem gosta, começa a pintar um clima de romance no ar...
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Ficamos alguns segundos nos olhando. Por um momento eu esqueci o Murilo, esqueci as câmeras, esqueci o Caio, a Rafa... Naqueles poucos instantes eu desejei muito, mas muito mesmo, simplesmente poder ficar ali, de frente para aquele par de olhos castanhos, quase negros, sem pensar em mais nada...

– Já está pronto? – Perguntei tentando improvisar o meu melhor sorriso. De repente me dei conta que não estávamos sozinhos.

– Sim, estou pronto – Ele respondeu ainda meio sem conseguir entender nada.

– Ótimo! Então vamos descer e encontrar o Neymar. Ele já deve estar esperando – Segurei sua mão e o puxei em direção a saída do quarto. Os câmeras corriam para tentar se ajeitar e capturar o melhor ângulo.

Tentei aparentar que tudo estava bem comigo. Caminhei de forma tranquila até o saguão do hotel, onde éramos aguardados. O Luan seguiu todo o caminho ao meu lado. Ainda estávamos de mãos dadas. Agradeci a Deus por ele não ter soltado. Aquilo me dava um pouco mais de calma, e ele não parecia se importar com a situação. Fiquei muito grata por ele simplesmente ficar ali ao meu lado, mantendo uma conversa boba qualquer e me ajudando a disfarçar toda a tristeza e a mágoa que ainda estavam dentro de mim.

Chegamos ao saguão do hotel. O Neymar já estava pronto.

– E aí pessoal? Prontos para a diversão? – Perguntou.

–Opa, “hoje é dia de rock, bebê” – Imitei uma frase dita por uma atriz que tinha virado sucesso na internet. Todo mundo caiu na gargalhada.

A produção nos explicou alguns detalhes de como funcionaria esta parte das gravações. Para evitar problemas, dessa vez ficaríamos na parte VIP de uma das baladas mais badaladas do Rio de Janeiro. O local não fora divulgado, mas certamente, em questão de horas, a nossa localização estaria em todas as redes sociais. Por causa disso, a segurança foi redobrada.

Entramos de novo na van e seguimos rumo à balada. O lugar parecia ser super “maneiro”, e já estava bem movimentado. Entramos, e ficamos na área VIP. Desse lugar conseguíamos ver a pista de dança lá em baixo que já estava “bombando”.

*** Link para música - http://www.youtube.com/watch?v=uSD4vsh1zDA ***

Os meninos escolheram um visual bem casual para a noite. O Neymar estava com o seu boné novo, camiseta da Adidas, calça jeans e tênis, também da Adidas. O Luan estava com uma jaqueta preta e uma camisa xadrez por baixo, calça e tênis. Estavam muito bonitos, os dois.

A noite correu sem muitos problemas. Dançamos e nos divertimos muito. Algumas pessoas pediram fotos e autógrafos, mas nada que chegasse nem perto da confusão do shopping.

O Neymar estava fazendo um tremendo sucesso na pista. Todas as meninas queriam dançar com ele. Eu e o Luan ficamos mais no canto, perto do bar, só observando o movimento.

– Acho que essa é a primeira balada que eu venho em toda a minha vida – Falei próximo ao ouvido do Luan para que ele pudesse escutar. A música estava bem alta.

– Jura? – Ele me fitou meio pasmo.

– Sério. Comecei a fazer teatro muito cedo. Então eu sempre tinha apresentações aos finais de semana...

– Mas não sobrava nem um pouquinho de tempo para se divertir? – Ele fez um gesto com as mãos, tentando enfatizar o “pouquinho”.

– Ah, não muito... – Fiquei meio sem graça. Não queria contar para ele que na verdade eu não tinha muitos amigos, por isso eu não saía com tanta freqüência.

– Hey... Vocês dois! Vão ficar de “xavequinho” aí, ou vão dançar também? – Neymar, o fanfarrão, veio puxar a gente para a pista.

Ele nos ensinou uns passos e nos fez dançar pelo resto da noite. Dançamos de música eletrônica até funk, e quando a banda começou a tocar pagode, aí o Neymar se jogou de vez. O cara era uma comédia...

***

Voltamos para o hotel lá pelas 4h30 da manhã. O clima da van era bem de final de festa. Eu tirei o tênis, os meninos se jogaram confortavelmente nos bancos e comentamos os melhores momentos da noite.

Quando chegamos ao hotel batia um vento meio gelado, e assim que a porta do carro abriu já me arrepiei inteira. Cruzei os braços em frente ao corpo tentando me esquentar um pouco. Com os olhos eu procurava o Caio entre o pessoal da produção. Ele sempre levava uma blusa para mim para todos os lugares, só por segurança...

– Toma, coloca a minha blusa – o Luan me estendeu a jaqueta dele.

– Não precisa. Tenho certeza que o meu irmão trouxe um casaco para mim – Tentei ser educada.

– Então coloca apenas para a gente descer da van. – Ele me estendeu a peça de novo.

Aceitei. Vesti a jaqueta que ficou um pouco grande em mim.

– Hummm... Que cheiro bom – Falei sem pensar, enquanto descíamos do carro em direção ao hotel.

Ele apenas olhou para mim e sorriu. Imediatamente eu senti meu rosto ficar corado. Caramba Anita, que comentário idiota foi esse? Ai Deus, que vergonha!

Chegamos na recepção do hotel e a Lívia, responsável pelo programa, nos avisou que estávamos liberados para fazer o que quiséssemos, porém, as câmeras ainda ficariam ligadas gravando os nossos movimentos.

– E aí, alguém tem alguma ideia? Eu tô sem sono... – Falou o Neymar

– Bom, eu não sei vocês, mas eu estou com muita fome. Vou ver se a cozinha está aberta.

Os dois me acompanharam até a cozinha que ainda estava funcionado.

Pedi um misto quente e um suco de maracujá. Eu realmente precisava me acalmar. Os meninos escolheram cada um o seu prato.

– É... tá tudo bem com você? Você estava chorando bastante antes da gente sair – Eu sabia que mais cedo ou mais tarde o Luan tocaria nesse assunto.

– Tá tudo bem sim. Eu só chorei porque... porque... sei lá, eu precisava chorar naquela hora. Mas agora já passou... – Resposta ridícula, pensei comigo.

– E você chora assim do nada? – Ele insistiu.

– Não. É que... Recebi uma resposta... E essa resposta não era a que eu esperava. Bom, na verdade, eu já esperava, mas tinha esperança que pudesse ser diferente... Mas agora não tem mais importância. O jeito é esquecer e deixar o tempo correr – Falei tudo isso muito rápido e sem pensar. Já não me importava mais o que as pessoas iriam pensar.

– Eu falei que tinha namorado na história – Neymar e seus ótimos comentários.

– Não é namorado não, Neymar... Era só um amigo – respondi

– Só um amigo? E você ficou desse jeito só por causa de um amigo? – Provocou o Luan.

– Ah gente, eu vou subir para o meu quarto. – Pensar no Murilo conseguiu acabar com toda a alegria e a animação da noite.

Levantei e fui dar boa noite para os meninos.

–Boa noite, Neymar – dei um beijo no rosto dele

– Boa noite diva. E oh, não fica assim não que dias melhores virão...

– Pode deixar! - Pisquei um olho para ele brincando e ele retribuiu o gesto.

– Boa noite, Luan – Me virei pra cumprimentá-lo.

Antes que eu pudesse imaginar, ele se levantou e meu deu um abraço muito forte.

Juro, se eu pudesse, não sairia daquele abraço nunca mais. Como era mesmo que ele falava? “Ô trem bão...”.

Ficamos ali por alguns instantes sem falar nada. Mas foi como se muita coisa fosse dita. De repente, eu senti que tudo ia dar certo e que nada poderia me fazer ficar triste novamente.

Com muito esforço me soltei do seu abraço e o fitei nos olhos. Ele retribuiu o olhar.

– Obrigada. – Eu disse, ainda o olhando nos olhos.

Então, me virei e fui em direção ao elevador.
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