domingo, 13 de janeiro de 2013

Capítulo 21 - A Granfina e o Caipira

Notas iniciais do capítulo:
Segunda parte do vígéssimo capítulo.
Juro que tentei caprichar ao máximo para comemorar!
Aliás, eu até topo fazer uma aposta:
Tenho certeza que quando terminarem de ler, vocês vão pensar "oowwn..." kkkkk Brincadeira, pessoal.
Aproveitem!
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Depois do café o Luan me levou para conhecer o restante do “sítio”. Saímos caminhando de mãos dadas pela “estradinha” que tinha nos levado até a casa. Ela seguia em linha reta e levava para outras partes da propriedade. Assim pude ver que um pouco mais acima havia a garagem para os carros, uma piscina, uma horta e um pomar. O Luan me explicou que aquele era o “cantinho” da mãe dele. Ali ela passava horas cuidando de suas plantas.

No restante da propriedade ficavam o gado que o pai dele criava. A fazenda era cortada por um rio onde o “seu” Amarildo e o Luan pescavam. Praticamente um pesqueiro particular.

– Isso aqui me lembra um pouco a fazenda onde foi gravada a primeira parte do filme. Só que ao invés de gado, lá eles criavam cavalos – Expliquei

– Aonde fica esse lugar? – O Luan quis saber.

– Em Ribeirão Preto, uma cidade do interior de São Paulo. Aliás, semana que vem que eu volto para lá. As filmagens da continuação do filme vão começar.

– E aí, linda, tá gostando de Campo Grande? – De repente o Luan parou de caminhar e me puxou para mais perto dele, mudando completamente de assunto.

– Estou morrendo de vergonha. E olha que ainda nem conheci o seu pai – Disse.

– Ih.. Fica tranqüila. O “seu” Amarildo é gente boa. E a minha mãe adorou você.

– Ah, não sei... Ainda fico um pouco sem graça.

– Mas você não precisa se preocupar com isso. Aliás, lembra que uma vez você me disse que tinha vontade de ter uma família que se reunia em torno da mesa para almoçar e conversar? Minha mãe está providenciando um almoço desses para você. Já comeu feijão tropeiro?

– Não – Respondi.

– Então hoje você vai provar. E se prepara, porque o almoço da dona Marizete é de lamber os beiços!

***

Realmente o almoço estava uma delícia. E o tal do feijão tropeiro então, hum... Era divino! Bem que a Bruna tinha me avisado que as refeições seriam caprichadas.

O pai do Luan se juntou a nós para o almoço. Na parte da manhã ele tinha ido até a cidade providenciar algumas coisas que estavam faltando na casa. O único que não estava presente era o Pedrão. Como a família dele também era de Campo Grande ele aproveitou para lhes fazer uma visita. Ele voltaria apenas no dia seguinte para nos buscar.

A família do Luan era muito unida e divertida. Durante a refeição a dona Marizete e a Bruna me contaram alguns “podres” dele. Era bem a cara do Luan ser um aluno “fujão” e paquerar todas as meninas do colégio. Ele até desistiu de tentar se defender. A sua mãe e a irmã eram ótimas em “queimar o filme” dele.

Depois que terminamos de almoçar nos sentamos na varanda. Fazia muito calor em Campo Grande, mas ali naquela parte da casa soprava uma brisa que ajudava a nos refrescar um pouco.

– Ní, será que você pode me ajudar com uma coisa? – O Luan pediu.

– Diga.

– Um pessoal aí me pediu para gravar uns comerciais, mas eu não sou muito bom nesse negócio de interpretar. Será que você não podia me dar umas dicas?

– Ah, isso é fácil. Claro que eu te ajudo! Aliás, tenho uma ideia até melhor. Eu preciso dar uma treinada no texto do filme. A gente lê junto e eu vou te dando uns toques, ok? – Ele concordou.

 Pedi que ele me levasse até a minha mala para eu pegar o roteiro do filme. Depois voltamos para a varanda. Eu sempre pedia para receber duas cópias do roteiro, porque assim ficava mais fácil para “passar o texto” com alguém. Entreguei a segunda cópia para o Luan e escolhi de qual parte começaríamos.

– Aqui, vamos começar na página 6. Tem umas cenas com diálogos que são ótimas para treinar.

Ele abriu na página escolhida e começamos a leitura. Era muito divertido ver o Luan se empenhando em passar veracidade naquilo que estava lendo. Ele fazia caras e bocas, gesticulava e até se jogou no chão em um determinado momento. Para um iniciante ele estava indo muito bem.

– Você faz isso com a maior facilidade né? Já tem até os “trejeitos” dessa tal de Babi – Ele comentou.

– É que para mim é mais fácil. Eu já conheço a minha personagem. E antes de gravar o primeiro filme, o pessoal do estúdio contratou uma espécie de “técnica” para mim. Ela me ajudou a estudar a personagem e criar esses gestos que ela faz com a mão, o jeito como ela fala, essa mania de mexer no cabelo toda hora... Tudo isso é combinado antes das filmagens.

– Poxa, vou te contratar para fazer isso comigo também.

– Fechado. Você vai arrasar nessas filmagens – Brinquei – Mas falando sério, se você quiser eu peço para a Ruth te ajudar antes de você gravar o comercial. Ela é ótima! Ela trabalha comigo desde a minha primeira peça de teatro. Aliás, foi ela quem ajudou o Murilo a fazer o sotaque caipira para esse personagem. – Ri, me lembrando do esforço tremendo que o Murilo tinha feito para aprender a falar “caipirês” – Você poderia assumir o papel dele no filme tranquilamente. O mais difícil, que é o sotaque, você já tem – Brinquei.

– Por que você diz isso? – O Luan não tinha entendido a brincadeira.

– O nome do filme é A Granfina e o Caipira, e conta justamente a história de uma patricinha, que é a Babi, que se apaixona pelo filho de um fazendeiro, o João. Esse é papel do Murilo, ele é quem faz o Caipira – Expliquei.

– Ih, tem tudo a ver com você esse filme, né? Você é bem granfina mesmo – Disse o Luan.

– E posso saber o por quê o senhor diz isso? – Me fingi de brava.

– Ué, quem é que teve professor particular, já morou no Canadá, vai trabalhar em Los Angeles, viaja para a Argentina e tudo mais? – Ele me provocou.

– Mas isso não quer dizer nada. – Me defendi.

– Pois eu acho que tem. A história bate certinho. Você é a Granfina, e eu posso ser o caipira. Aliás, tem cena de beijo nesse filme? – Não entendi a pergunta do Luan.

– Tem sim. Por quê? – Quis saber.

– Então dá tudo certinho mesmo. Eu posso fazer a parte do beijo, sem nem precisar de ensaio.

– Mas no filme a gente não beija de verdade. É só beijo técnico – Expliquei.

– Eu sei, mas para a cena ficar mais real, acho que a gente poderia se beijar de verdade, você não acha? – Ele insistiu.

– Não sei, que tal tirar a prova? – Falei caminhando em sua direção e diminuindo a distância entre nós.

– Achei a ideia ótima – ele disse colocando a mão na minha cintura e me beijando.

“Passar texto” com o Luan era muito mais divertido que ensaiar com a Rafa ou com o Caio, pensei comigo mesma.

***

Ficamos juntos, treinando o texto do filme até a hora do jantar. O Luan fez questão de ler comigo todas as cenas de beijo. E claro que ele não perdeu a chance de “tirar uma casquinha” da situação também.

O jantar foi tão caprichado quanto o almoço. Eu voltaria daquela viagem uns cinco quilos mais gorda se continuasse comendo daquela maneira. Depois que todos terminaram, eu e o Luan ajudamos a mãe dele com a louça.

Não demorou muito, e todos se recolheram para dormir. Tinha me esquecido que no campo as pessoas dormiam e acordavam cedo. Antes, porém, a Dona Marizete me mostrou o quarto onde eu ficaria. Pelo jeito os pais do Luan faziam a linha “conservadores”. O cômodo era simples, mas muito confortável. O lençol tinha cheiro de “roupa limpa” e a colcha estava impecavelmente esticada sobre a cama. Uma perfeição.

Tomei um banho, coloquei meu pijama e fiquei estudando o roteiro do filme até tarde. Não estava acostumada a dormir cedo.

Estava concentrada na leitura quando meu celular apitou. Era uma mensagem do Luan:

“A janela do seu quarto está aberta?”

Mesmo sem entender muito bem, respondi “Está sim, por quê?”

Então espera aí” – Ele me enviou como resposta. O que o Luan estava aprontando?, pensei comigo mesma.

Em menos de cinco minutos descobri a resposta. Quando percebi, ele estava em frente a janela do meu quarto, com um violão nas costas, gesticulando para que eu o seguisse.

Sem pensar duas vezes fiz o que ele estava pedindo. Como a casa era térrea e as janelas eram largas e altas, consegui pular para o lado de fora sem dificuldades.

Ele fez sinal para que não fizéssemos barulho. Me esforcei para atender o seu pedido. Seguimos pelo lado de fora da casa, passando pelos jardins até chegarmos a garagem. Um carro já estava parado do lado de fora. Pelo jeito o Luan já tinha planejado tudo com antecedência.

Entramos no veículo. Como a garagem ficava em uma parte mais alta do terreno, bastou soltar o freio de mão para que carro passasse a se mover sem que precisássemos ligar o motor.

Enquanto nos distanciávamos da casa, pude reparar no veículo.. Era um modelo esporte, conversível, preto, lindo.

– Avião particular, carro conversível... E depois a granfina sou eu – Não pude deixar de comentar.

– É que eu sou um caipira moderno – ele brincou enquanto dava partida no carro.

– E eu posso saber para aonde vamos?

– Quero te levar para conhecer um lugar.

Por um tempo ficamos em silêncio curtindo o vento batendo contra os nossos rostos. Aquilo dava uma sensação de liberdade incrível. Seguíamos por uma estrada diferente da que tínhamos usado para chegar à fazenda. Percebi que aquele caminho era uma subida, como se fosse um tipo de serra, com vegetação nas beiradas da pequena rodovia.

Depois de percorremos um trecho da estrada, senti o carro diminuindo a velocidade e percebi que o Luan estava estacionando. Descemos, e ele nos conduziu até a lateral da rodovia onde o terreno era plano e a mata que ficava nas beiradas do caminho rareava bastante, como se fosse uma espécie de clareira.

–Eu sempre vim até aqui com o meu pai. – Ele disse enquanto seguimos caminhando, entrando cada vez mais naquela espécie de clareira.

– Eu sempre tive o sonho de ser cantor. E o meu pai sempre me dizia que só quem sonha consegue alcançar. Ele me trazia até aqui e me dizia para eu olhar lá para baixo... "Seu" Amarildo sempre costumava dizer que não havia sonho impossível se nós encarássemos os obstáculos de frente e não desistíssemos daquilo que queríamos.

De repente ele parou de andar. Eu estava caminhando prestando atenção no chão para não tropeçar, e de início não tinha entendido porque ele havia parado. Foi quando eu levantei a cabeça que eu compreendi o porque ele gostava de ir até aquele local.

Da onde estávamos era possível ver a cidade inteira lá embaixo. Era uma vista muito bonita. As luzes acesas, os prédios, os carros passando pelas avenidas mais próximas, era realmente impressionante.

O Luan parou atrás de mim e passou os braços ao meu redor. Ficamos por alguns instantes contemplando aquela linda paisagem, até que ele voltou a falar.

– Sabe, eu sempre admirei muito o meu pai. E sempre admirei muito o casamento dele com a minha mãe. O ‘seu’ Amarildo é um cara muito inteligente, mas sem a minha mãe ali, do lado dele, dando força e o apoiando ele não teria conseguido tudo o que ele tem hoje. – Ele fez uma pausa como se estivesse tomando coragem para dizer algo – Eu sempre sonhei em ter ao meu lado uma companheira desse jeito. Que fosse forte, que tivesse personalidade, que soubesse encarar de frente todos os desafios da vida. Depois que eu comecei a fazer sucesso, eu conheci várias garotas, mas nenhuma delas tinha o que eu realmente procurava.

Ele girou o meu corpo para que eu ficasse de frente para ele antes de continuar – Até que eu te conheci. De primeira, te achei uma pessoa confiante e autosuficiente, toda cheia de si, mas percebi que você também carrega no olhar uma sombra de insegurança e de medo. Foi essa mistura doida, de você ser ao mesmo tempo tão forte e tão frágil, que me conquistou e que me faz querer cuidar de você. Eu tô apaixonado por você Ní, e... queria saber se você aceita ser a minha namorada – Ele respirou fundo depois que terminou de falar, como se tivesse acabado de correr uma maratona inteira.

Fiquei parada olhando para ele, por um instante sem saber o que dizer. Era claro que eu queria namorar com ele, mas depois daquelas palavras lindas, eu precisava encontrar um jeito a altura de respondê-lo.

– Lú – Comecei a dizer enquanto acariciava seu rosto – Eu seria uma boba se eu não aceitasse o seu pedido. Eu nunca pensei que isso pudesse acontecer um dia. Somos tão diferentes... Mas a verdade é que eu te amo. E que esse sentimento é algo maravilhoso e que me faz muito bem.

Ele colocou as mãos nos meus cabelos e me beijou. Nosso primeiro beijo como namorados.

– Peraê, tive uma ideia – Me soltei do seu abraço e fui correndo até o carro. Voltei carregando o violão.

– Não sei exatamente o porquê você o trouxe, mas vou aproveitar que ele está aqui. Queria cantar uma música para você.

Sentei em uma pedra que tinha por ali. Ele se sentou a meu lado me encarando. Ajeitei o violão e comecei a tocar.

*** Link para a música - http://www.youtube.com/watch?v=dnga63bL0p4 ***

Enquanto houver você do outro lado
Aqui do outro eu consigo me orientar
A cena repete, a cena se inverte
Enchendo a minha alma daquilo que outrora eu deixei de acreditar

Tua palavra, tua história
Tua verdade fazendo escola
E tua ausência fazendo silêncio em todo lugar

Metade de mim
Agora é assim
De um lado a poesia o verbo a saudade
Do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim
E o fim é belo incerto... Depende de como você vê
O novo, o credo, a fé que você deposita em você e só

Só enquanto eu respirar
Vou me lembrar de você
Só enquanto eu respirar..”


– Só enquanto eu respirar – Ele repetiu a última frase da música e segurou a minha mão direita. Com a sua mão livre ele tirou um anel do bolso e o colocou no meu dedo.

– É pra combinar com o escapulário – Foi então que percebi que o anel também era feito de ouro branco.

Ficamos por ali juntos, namorando, tocando violão, olhando as luzes da cidade e contemplando as estrelas. Nossa primeira noite como namorados foi completamente mágica.

Eu mal consegui dormir de tanta felicidade. Ninguém um dia poderia imaginar, mas agora eu era a namorada do Luan.
_______________________________________
Notas finais do capítulo:
 E aí, falaram oowwnn??? kkkk
Beijos, e me contem o que acharam do pedido de namoro (estou ansiosa querendo saber as opiniões!)

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