Capítulo 9 - Aviso de tempestade

Notas iniciais: Respirem fundo, a coisa vai ficar tensa daqui pra frente!

É agora que a tempestade de verdade vai começar!

Aproveitem!

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Ponto de vista do Luan

Acordei no dia seguinte com o celular tocando.

- Eita celular “veio” que não me dá sossego! Berrando a essas horas da madrugada – Xinguei baixinho enquanto tateava o criado mudo ao lado da minha cama procurando o meu aparelho móvel. Eu estava “morto” de sono, e mal conseguia abrir o olho. Foi por sorte que encontrei o meu “berrador”.

Olhei no visor com a vista meio bagunçada. Era a Jade me ligando.

- Vixiiii... Agora a coisa vai pro pau – Murmurei antes de atender.

- Oi Jadinha – Tentei firmar a voz, mas a coisa saiu toda enrolada entregando que eu estava dormindo.

- Luan, onde você está? – Ouvi perguntar com a voz brava. Tava parecendo uma onça.

- Em casa, ué – Consegui responder fazendo muito esforço para me manter acordado.

- E onde você estava ontem à noite? Liguei no celular, na sua casa e nada! Você não combinou que quando chegasse em Londrina ia passar em casa? – Ela me cobrou.  E agora? Como explico que planejei sair para ir encontrá-la, mas no caminho não “guentei” e parei na frente da casa da Júlia?

- Olha Jadinha, é melhor a gente conversar desses “trem” pessoalmente – Falei me virando e ficando de costas, morrendo de preguiça.  Na mesma hora senti os arranhões que a Júlia deixou na minha pele arder com o contato contra a cama e quase gritei de dor.

Caramba, além de tempestade a Julinha também era gata, pra me arranhar daquele jeito? Bom, com aquele vestido preto de ontem, com certeza, ela estava uma gata... Balancei a cabeça e me esforcei para prestar atenção na Jade.

- Luan, fala pra mim que você não estava com a Júlia... – A voz dela ficou triste.

- É melhor eu te explicar isso pessoalmente, nega – Insisti deitando de lado na cama para não sofrer mais com as “marcas” da Jú.

- Então tá, será que você pode passar aqui em casa agora? Eu estou sozinha aqui – Ela me pediu séria.

- Ô Jadinha, mas tá muito cedo, muié! Pra quê madrugar assim? – Soltei um bocejo e quase fechei os olhos pegando no sono de novo.

- São uma e 20 da tarde – A ouvi responder do outro lado da linha, impaciente.

- Mas já? – Dormi que nem uma pedra que não vi o tempo passar...

- O que você fez ontem à noite para estar desse jeito? – Ela parecia muito nervosa.

- Faz o seguinte, Jadinha... Tô pulando da cama agora. Me dá meia hora e eu chego aí, combinado? – Tentei negociar.

- Meia hora, Luan – A Jade repetiu séria antes de bater o telefone na minha cara.

Droga! Dessa vez eu tava lascado!

Levantei da cama com muito esforço e tomei uma ducha à jato!  Coloquei uma bermuda, um camiseta, calcei os chinelos, coloquei um boné pra domar o meu cabelo e corri para a garagem para pegar o “Jabuticaba”. No caminho gritei para a minha mãe que estava de saída sem entrar em muitos detalhes. Dona Marizete, com certeza, devia estar brava comigo. Na volta eu sabia que eu ia ouvir o famoso drama da minha mãe: “Poxa Luan, você quase não vem para Londrina e quando vem não para em casa?”

Tirei o carro da garagem e nem me dei o trabalho de ligar o som. Minha cabeça estava longe... Estava nos mistérios da Júlia, na cara de triste que a Jade ia fazer quando eu contasse tudo para ela, nos meus sentimentos que eu não conseguia decifrar...

Cheguei ao prédio onde a Jade morava. O porteiro abriu para mim, e estacionei o carro na vaga para visitantes. Entrei no hall, peguei o elevador e subi até o 10º andar onde a minha “namorada” dividia um apartamento com uma colega de faculdade.

O prédio ficava no Centro de Londrina e era desses bem chiques, onde só morava “bacana”. Bati e alguns instantes depois a Jade abriu a porta com uma cara de poucos amigos.

- Entra – Ela disse fazendo bico.

Nem tentei dar um beijo ou um abraço nela. Brava daquele jeito com certeza ela iria querer me bater...  Me joguei no sofá e fiquei esperando ela se juntar a mim. O apartamento tinha uma decoração clássica, com cara de “filhinha de papai” e era completamente o oposto do sobrado da Jú, que tinha um ar mais “despojado”. Até nisso as duas eram diferentes, como gelo e fogo!

- E então, onde o senhor estava ontem à noite? – Ela me perguntou de cara fechada sentando-se no sofá diante de mim.

- Hããã... – Respirei fundo, cocei o cabelo, mexi na chave do carro que estava na minha mão. Enrolei o máximo que eu pude, mas não tinha jeito, eu tinha que contar – Eu estava na casa da Júlia...

Tá que pariu! A cara que ela fez ao ouvir isso foi de cortar o coração! Droga!

- A noite toda? Você dormiu lá? – Ela quis saber me encarando, muito, mas muito séria.

Balancei a cabeça, concordando. Toda coragem de um homem vai embora quando ele está na frente de uma mulher brava. E a Jade estava “braba dimais”.

Agora a coisa foi pro pau! Ê Luan Rafael, mas você se mete em cada uma, né “homi”?

- Nem precisa falar mais nada... – Ela me interrompeu, mexendo nos cabelos – Só me conta uma coisa: Desde quando você confia na Júlia? Porque eu pensei que você não gostava mais dela... Aliás, eu pensei que ela tinha te traído, te magoado, viajado sem dar satisfações...

- É, foi mais ou menos isso – Eu nem sabia o que falar.

- Então por que você tá aí, correndo atrás dela de novo? Me diz, Luan! Por que você tá fazendo isso comigo, poxa? Eu tô aqui, pronta para assumir o namoro com você, já sumi das redes sociais, já fui com você aquele dia na Outlaws, estou aguentando desaforo das suas fãs.... – Ela fez uma pausa, me encarando – Todo esse tempo, que você não tinha ninguém, fui que fiquei do seu lado. Fui eu que te escutei, que fui sua amiga mesmo quando você não queria nada comigo... E aí você vem e faz isso? É só a Júlia aparecer que você esquece de tudo e corre para ela? – A Jadinha tinha um tom de voz amargo, raivoso até. Tava na cara que ela não estava gostando nem um pouco desse meu rolo com a Júlinha. Mas eu ia fazer o quê? Era exatamente aquilo que ela tinha falado. Era só a Jú aparecer que eu esquecia de tudo...

- Calma Jadinha, “cê” tá nervosa, nega – Tentei acalmar a fera.

- Calma não, Luan! Eu não aguento mais isso! Você me disse que queria alguém para ficar ao seu lado e eu disse que só seria sua namorada se você me assumisse para todo mundo. Aí você me pede um tempo para pensar e enquanto pensa fica com a Júlia? – Só faltava ela bufar de raiva...

- Não é assim, eu não tô ficando com a Júlia... – Comecei a me explicar.

- E dormiu na casa dela ontem por quê? – Eita que a Jadinha tava afiada, rapáiz!

- Tá, tá... Eu sei que eu não tô certo, mas eu te disse...  A Julinha ainda mexe muito comigo – Confessei meio sem jeito.

- Disse sim! E eu pensei que aquele dia que a gente conversou sobre esse assunto tinha ficado claro para você que a “Julinha” – Vi a Jade fazer uma careta ao falar o nome da Júlia e precisei me segurar para não rir e continuar prestando atenção nela – estava mentindo para você e que ela só te enrolava...

É, era isso mesmo que ela estava fazendo comigo, além de arranhar as minhas costas...

- Achei também que estivesse claro que ela não era o tipo de garota certa para você. Francamente, Luan! Aquele dia no banheiro ela foi muito grossa comigo, fez questão de jogar na minha cara que eu só estava com você porque ela terminou contigo antes...

- Mas você bem que provocou, né? Julinha é do tipo que faz mané derrapar na curva mesmo...

- E você ainda defende ela? – A Jade perdeu a linha de vez! Opaaaa, ferrou!

- Não é defender. Mas eu te disse que não queria você se metendo com ela! Eu sei que a Jú tá me escondendo alguma coisa, e foi por isso que eu fui na casa dela ontem. Para tentar descobrir isso... – Parei a frase na metade. No fundo eu queria completá-la com “só que ela sempre me enrola, eu acabo me distraindo e de repente, PUF! Lá estamos nós, juntos de novo”.

- Quer saber, Luan? – Ela soltou o ar de uma vez – Você vai ter que escolher: Ou fica comigo, que estou aqui, mudando toda a minha vida por você; ou fica com a Júlia, que te enganou, te abandonou e que está aí, te seduzindo, te afastando de mim... A propósito, que te enganou, não! Que ainda está enganando, porque ela está mentindo para você na cara dura e você nem percebe!

Droga! Eu não podia negar, a Jade estava certa. A Jú estava mesmo mentindo para mim, e por mais que insistisse, ela não abria o jogo comigo. E por outro lado, a Jade estava ali, ao meu lado, preocupada comigo, disposta a sacrificar muita coisa da vida dela para ser a minha namorada.

Era calmaria X tempestade. Uma só me deu problema no passado e tinha voltado com tudo para bagunçar a minha vida. A outra era minha amiga, me escutava, estava ao meu lado mesmo depois de tudo.

Meu coração pedia por uma, minha cabeça pela outra. Ai que confusão, rapáiz!

Olhei para a Jade sentada ali, na minha frente. Ela estava nervosa, com os olhos cheios de lágrimas. Lembrei de todas as vezes que nós conversamos, que ela me ajudou a “escapar” um pouco da minha vida de famoso. Ela estava certa ao jogar na minha cara que quando não tinha ninguém eu estava me comportando de uma forma, e agora que a Júlia voltou eu tinha perdido o juízo de vez.

E eu não podia negar, a Júlia estava mentindo para mim. Por algum motivo ela me escondia alguma coisa... Isso sem falar no nosso término de namoro duvidoso, que teve traição e a viagem sem explicação.

Qualquer pessoa sensata não trocaria o certo pelo duvidoso. A Jade era a certeza, a Julia a dúvida.

Respirei fundo, coçando a cabeça, confuso. A Jadinha tinha toda a razão: Eu não deveria estar confiando na Júlia de novo... Eu já tinha me queimado naquele fogo uma vez, e estava prestes a me queimar de novo.

- Jade... – Fui até ela e me sentei ao seu lado – Desculpa, Jadinha! Eu fui um idiota, mesmo! Você tá certa, amore. Eu não deveria ficar com a Júlia! Vou parar com isso, tá? – Tentei me desculpar com a voz mansa.

- Poxa Luan, por que você faz isso? Eu só quero ficar com você... – Ela me disse mexendo os braços para me abraçar. Na hora que a sua mão encostou nas minhas costas, eu num “guentei”. Soltei um grito de dor por causa dos arranhões da Júlia.

- Que isso, Lú? – A Jade me perguntou, sem entender nada. Rapidinho, ela levantou a minha camiseta e viu as “provas do crime”. Agora eu era um homem morto, certeza!

Ela ficou me encarando, a “cara branca” de susto, o queixo lá no chão... Devagarzinho ela tirou o braço das minhas costas e saiu de perto de mim, levantando e indo em direção a porta.

- Escolhe Luan: Ou eu ou a Júlia – Ela me disse com a voz séria segurando a porta de saída aberta para mim.

- Calma, Jadinha! Eu posso explicar... – Só que eu não podia... Ô tempestade que a Júlia tinha criado!

- Não quero que você explique nada – Ela começou a chorar. Meu coração “baquiou” na mesma hora. Droga, eu detestava ver mulher chorando, ainda mais por minha causa.

- Eii, eiii... Calma, nega! Por favor, não fica assim! Desculpa, desculpa, por favor – Corri até ela e a abracei tentando acalmá-la.

- Escolhe, Luan... – Ela falou entre os seus soluços.

- Tá tudo bem, Jadinha! Eu vou ligar pra Dagmar hoje mesmo. Vou fazer do “jeitinho” que vocês combinaram, tá? Vou assumir tudo pra tal revista e a gente vai ficar bem, tá? – Tomei a minha decisão ali, sem pensar. Aquilo era o certo a fazer, eu tinha certeza. Eu já estava decidido antes da Jú aparecer.

Mas se era o certo, por que meu coração estava doendo tanto no meu peito?

- Você jura? – Ela me perguntou tentando controlar o choro.

- Juro, vai ficar tudo bem! – Falei arrumando o seu cabelo atrás da orelha.

- Obrigada, Lú! Eu sei que tudo vai dar certo, viu? A gente vai se dar muito bem junto – Ela me deu um beijo suave nos lábios com os braços ao redor dos meus ombros.

Não pude deixar de comparar. Da última vez que a Júlia chorou perto de mim... Bom, da última vez eu terminei com aqueles arranhões... E agora a Jade chorava e a gente acabava abraçado, com um beijo rápido na boca e o meu coração doendo por causa da Jú.

Ô trem, viu! Por que doía tanto? Era bem como meu pai me disse quando cheguei em casa. Estar com uma pensando em outra...

Respirei fundo, e encarei a Jadinha segurando o seu rosto com as mãos. Ela estava certa, a Júlia estava mentindo para mim, e eu não poderia ficar com uma pessoa que só me enrolava. Isso era andar para trás, era cometer os mesmos erros, era passar atestado de burrice! Na minha frente estava a escolha certa, a calmaria, uma promessa de dias tranquilos, livres de tempestade.

- Vai dar tudo certo, Jadinha! – Dei um selinho nela – Mas agora eu preciso ir! Beijo, fica com Deus.

- Vai sim, love! Vai lá, me liga mais tarde para me contar como foi a reação da Dag! Ela vai adorar a novidade – Ela me disse antes de me soltar.

Peguei o elevador e segui para o Jabuticaba. Ao chegar no carro, no entanto, eu não aguentava mais de aflição. Meu coração batia devagar no peito, perdendo as forças, triste com a minha decisão. A noite anterior ainda estava bem viva na minha cabeça, o cheiro da Júlia ainda em mim.

Eu sabia que era errado... Mas mesmo assim resolvi tentar uma última vez. Algo me dizia que existia muito mais naquela história. Eu sabia que a Jú não era do tipo de “fugir da raia”, então por que ela estava me evitando? E aquela carta?

Peguei o celular no bolso e disquei para ela.

Por favor, Julinha, por favor – Meu coração praticamente implorava.

- Alô – Ela atendeu do outro lado da linha.

- Jú? Sou eu... Luan – Falei meio sem jeito.

- Oi amor! Dormiu bem? Tá tudo certo com você? – Ela me respondeu com um tom amoroso e animado.

- Tudo sim, dormi muito bem – Fiz uma pausa buscando coragem – Jú, me fala uma coisa, por favor... O que você está escondendo de mim? – Eu praticamente implorei para que ela me contasse.

- Não estou escondendo nada, ué – Ela me respondeu, mas eu senti uma diferença no seu tom de voz.

- Jú, por favor, se você está mentindo pra mim, me fala...

- Não tem mentira nenhuma, Luan! Já disse! – Ela ficou impaciente. Sabia! Aí tinha coisa...

- Seja lá o que for, Julinha, me conta! Agora! Eu vou te escutar – Eu tremia de tanto nervoso encostado no Jabuticaba, olhando pro chão, torcendo baixinho para que ela atendesse o meu pedido.

- Luan, deixa de ser teimoso, homem! Caramba, já disse que não tem nada para contar... – Ela bufou do outro lado e não pude evitar sorrir – Lú, olha, tô saindo pra academia! Me liga mais tarde? – Ela me pediu, fazendo charme – Beijo, se cuida, meu anjo.

- Beijo, se cuida “cê” também, princesa – Falei desanimado antes de desligar.

Droga, por que a Julinha fazia aquilo comigo? Por que ela tinha que complicar tanto as coisas?

Entrei no carro e bati a porta com força. Eu estava com raiva da Júlia. Mas se era assim que ela queria, era assim que iria ser. Se ela queria tempestade, era tempestade que ela iria ter.

Peguei o celular e fiz outra ligação.

- Dagmar? Oi Dag, então... Acabei de me decidir, pode “mandar pau” naquela entrevista sobre o anúncio do namoro do jeito que você e a Jade combinaram...

Desliguei e dei partida no carro. “Tava” decidido! Agora quem ia tirar a Júlia da minha vida era eu!

PONTO DE VISTA DA JÚLIA

 Alguns dias depois

Thatha diz: Mas me fala, Jú... Como anda a novela “Tempestade da Paixão”?

Bruninha diz: No último capítulo, o nosso casal de protagonistas teve uma tórrida, sensual e “quente” noite de amor. E agora? A nossa mocinha Júlia terá a coragem de contar a verdade para o Luan Rafael? E Luan Rafael, perdoará Júlia? Não percam os próximos episódios da sua, da nossa novela preferida, “Tempestade da Paixão”...

Ri sozinha encarando a tela do meu notebook. Eu, a Brú e a Thá estávamos usando um desses programas de mensagens instantâneas para colocar o papo em dia, formando uma espécie de “chat”. Eu tinha acabado de chegar em casa após fazer uma sessão de fotos para um catálogo de joias e estava matando a minha fome comendo um Cup Noodles sentada na mesa da cozinha. Meu cabelo ainda estava “duro” por causa do excesso de laquê, eu usava uma maquiagem que não combinava muito comigo e estava mortalmente cansada de ficar fazendo cara de séria, ou de sexy, para a câmera. Quem disse que vida de modelo era fácil?

Coloquei o meu “almoço” de lado, e teclei a minha resposta para a “Anjinha”.

Jú diz: E quem foi que disse que a noite foi tórrida, sensual e quente?

Bruninha diz: Meu pai disse que o Luan chegou em casa todo amassado e com cara de quem tinha namorado a noite inteira. E eu vi os arranhões nas costas dele, viu Dona Júlia?

Droga! Ela viu! Fiquei vermelha de vergonha na mesa hora.

Thatha diz: Uii... Rolou arranhão? Então a noite foi boa! ;) Mas e aí, Jú? Como tá esse romance? Vocês se falaram depois de passarem a noite toda “namorando”?

Respirei pesadamente. Eu e o Luan só nos falamos uma vez depois que ficamos juntos, e foi uma conversa pra lá de estranha.

Digitei uma resposta.

Jú diz: Não está, Thatha! Ele me ligou no dia seguinte com um papo “brabo” de me pedir para contar toda a verdade para ele... Depois disso ele desapareceu, e eu não sei se devo ligar de volta ou esperar para ver o que acontece. Eu sei que ele anda bem ocupado, e sei lá, tô meio perdida com essa situação.

- Perdida e preocupada – Resmunguei comigo mesma dando mais uma garfada na minha comida. O tom de voz do Luan estava muito estranho aquele dia no telefone.

Ouvi o som de nova mensagem tocar. Olhei para a tela para ler.

Bruninha diz: Julinha Tempestade não sabe o que fazer? Isso é novidade para mim! Rs! Vou te dar uma dica do que fazer: Que tal sentar, conversar com o meu irmão e esclarecer esse rolo todo de uma vez? Tentador, não acha?

Anjinha sempre insistente. Para ela era fácil, né? Não era a Bruninha que ia ter que confessar um dos piores erros da sua vida para o cara por quem você é completamente apaixonada...

Thatha diz: Pera, pera, pera... ALGUÉM QUER, POR FAVOR, ME CONTAR O DIACHO DESSE ROLO?

Eita, ligou o Caps Lock a coisa ficou séria!

Encarei o computador por alguns instantes. Não tinha jeito, eu precisava contar para a Thaeme... Desde que voltei para o Brasil ela estava sendo uma ótima amiga, me ajudando em muitos sentidos. Eu sentia que podia confiar nela...

Jú diz: É o seguinte, Thá: Quando eu terminei com o Luan, eu estava grávida. Nós dois éramos muito novos, e o Lú estava começando a “bombar” na carreira... Aí o Anderson e a Dagmar convenceram os meus pais e a mim que um filho poderia atrapalhar, e até acabar com a carreira do Luan naquele momento. Aí eu fingi que o trai e aceitei “sumir” da vida dele. Foi aí que o Sorocaba apareceu, e me ajudou a ir para a Espanha... O resto você já sabe...

Resumi tudo omitindo alguns detalhes da história. Aquilo não era assunto para ser discutido via chat. E, para falar a verdade, aquela não era algo que eu gostava de ficar repetindo por aí, aos quatro ventos. Aquilo era um assunto particular, muito particular... Tão particular que eu não gostava de dividi-lo com ninguém.

Thatha diz: GRÁVIDA? FINGIU QUE TRAIU? CARACA JÚLIA, VOCÊ PRECISA/NECESSITA/DEVE CONTAR ISSO PARA O LUAN! O_O

Graças a Deus a Thaeme não quis se prolongar no assunto. Se ela começasse a fazer muitas perguntas eu acabaria me perdendo no meio das minhas “lembranças”.

Bruninha diz: Eu vivo dizendo isso para ela... ¬¬

Jú diz: Claro que devo contar para ele! Mas agora me digam, como eu chego e jogo uma bomba dessas no colo dele? Como falar sem fazer o Luan pirar com a notícia?

Eu simplesmente não tinha o direito de fazer isso! Fui embora para o Luan seguir com a vida dele e ser feliz. Remexer nesse assunto seria como mexer em um vespeiro. Todos sairiam machucados, e a minha reaproximação com o Luan, que estava indo relativamente bem até aquele momento, iria pelo ralo de vez!

Tá certo que eu voltei para o Brasil disposta a não ficar muito perto dele... Mas já que o destino resolveu nos dar mais uma chance, quem era eu para ir contra?

Espantei aqueles pensamentos e voltei a prestar atenção no chat.

Thatha diz: Não sei, Jú! Realmente não é um assunto fácil, mas ele precisa saber! Só digo isso!

Bruninha diz: Tenho certeza que se você e o meu irmão conversarem com calma (Ao invés de ficarem se pegando por aí... Tá, parei!), vocês vão se entender. Jú, o Luan gosta de você, mas “cê” sabe que ele é meio lerdo para essas coisas, né? Se você não abrir o jogo, é capaz dele morrer sem nem desconfiar do porquê você terminou com ele. Até hoje ele acredita no rolo da traição. E olha que muita coisa dessa história ficou mal contada...

Era verdade! Na época todo mundo desconfiou da minha atitude, mas o Luan, extraordinariamente, acreditou em tudo muito facilmente. Eu desconfiava que o meu “querido” primo, Anderson, tinha algo a ver com isso...

Jú diz: Meninas, eu sei que eu preciso contar a verdade e sei que ele merece saber. Mas é que eu tenho medo! E se ele não me perdoar? Eu não conseguiria viver sabendo que o Luan me odeia, que ele está magoado comigo de verdade...

Mexi no cabelo, nervosa. Nos últimos dias eu havia pensado muito em abandonar todas aquelas mentiras e contar tudo para o Lú. Eu até ensaiei diferentes maneiras de como eu poderia falar a verdade para ele. A noite que passamos juntos serviu para renovar as minhas esperanças. Talvez ainda existisse amor entre nós... Amor suficiente para nos fazer superar o nosso passado e seguir em frente. Mas aquele “oceano” que nos separava era extenso e profundo demais. E eu temia nadar, nadar, nadar e acabar morrendo na praia...

Thatha diz: Jú, ele te ama! Se mesmo depois disso tudo, de ele pensar que foi traído e abandonado, ele ainda estava aí, na sua casa, dormindo na sua cama... Na boa, tenho certeza que por pior que seja a verdade, ele vai preferir saber de tudo por você. É como diz aquela música: “Melhor sofrer na verdade do que amar na mentira”. E ele tá sofrendo muito mais com a mentira, na minha opinião.

Caraca, até que para uma loira a Thaeme era bem inteligente, né? Com certeza era o orgulho da classe!

Bruninha diz: Disse tudo, Thá! E eu conheço o meu irmão. Ele nunca te esqueceu, Jú. Tenho certeza que ele vai é ficar aliviado em saber que vocês só terminaram por vontade de “terceiros”. No fundo, tudo que você fez foi pelo bem dele, tenho certeza que o Luan vai saber reconhecer isso!

Meu olho encheu de lágrimas! Não contava com todo aquele carinho das duas. Principalmente da Thaeme. Pensei que ela iria me julgar, mas foi ao contrário. Ela ficou ao meu lado e estava me dando força. Era bom ter amigas assim...

Jú diz: Tá certo, vocês me convenceram! Eu vou contar a verdade!

De repente me senti aliviada. Só em pensar em me livrar daquele “peso” já era uma alegria para mim... As duas conseguiram me convencer que aquele era o caminho correto a seguir.

Bruninha diz: Aêêêê!!! Finalmente! Bem na hora... Tenho certeza que a Filhote de Pinóquio anda metendo aquele nariz de um quilômetro onde não deve! Ouvi uns papos aqui em casa essa semana... A Jade e a Dagmar estão aprontando alguma coisa....

Jade + Dagmar? Se juntasse o Anderson também aí a coisa ia “pro pau” de vez... Pobre Luan!

Ouvi a campainha tocar. Larguei tudo em cima da mesa da cozinha e corri atender o portão.

Jú diz: Já volto! Campainha! ;)

Era o carteiro. Peguei as correspondências e chequei.

- Conta, conta... Catálogo de loja, propaganda... Eba! A revista chegou!

Eu assinava a “Quem” só para ficar por dentro do “look” das famosas. Rasguei a embalagem e quase cai para trás quando vi a manchete.

“Tô namorando, agora é para valer”.

Um Luan, lindo de matar (diga-se de passagem) estampava a capa da edição gritando para o mundo inteiro o seu namoro com a Jade, Nariz de um quilômetro, Magalhães.

Meu mundo caiu. Minha respiração ficou fraca, minha cabeça rodava e o meu coração sangrava.

Corri para dentro. Eu precisava perguntar para a Bruna o que estava acontecendo.

Cheguei na cozinha e vi duas mensagens da Anjinha na tela do computador.

Bruninha diz: Ai, nããoo! Esse meu irmão é muito burro mesmo! Droga, meninas! Olhem o Twitter de vocês.

Bruninha diz: Droga, droga! Não acredito que o meu irmão caiu no papo de assumir a Jade. Ele nem gosta dela... O Luan tá fazendo isso só porque a Jade e a equipe dele ficaram “buzinando” abobrinha no seu ouvido! Meu irmão nunca precisou de namorada para se promover...

Corri abri o meu Twitter. Minhas mãos tremiam. Entrei direto na página do Luan e senti o meu sangue ferver nas veias quando li o que ele havia acabado de publicar.

"Tomei juízo amors! Parei de safadagem kkkkk to namorando!"

Então era isso que eu era para ele? Só “safadagem”? Quer dizer que agora o namoro era sério? Isso queria dizer que o nosso relacionamento não passou de uma brincadeira para ele?

Como o Luan poderia fazer aquilo comigo depois de tudo o que passamos juntos nos últimos dias?

Fechei meu notebook com força e fui para a sala pegando a chave do Amora pelo caminho.

Se o Sr. Luan Rafael achava que eu era tempestade antes, agora ele ia ter certeza!

- O tempo vai fechar quando ele chegar em Londrina hoje – Falei, nervosa, entrando no carro ganhando a rua fazendo os pneus cantarem pelo caminho.

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Notas finais: Ok, vamos por partes:

1 - O que foi a D.R. Luade?

2 - O que foi o Luan lembrando da noite com a Júlia? Humm... Caliente! kkk

3 - Luan, seu lindo, liga pra mim que eu te conto tudo! kkk (Brinks!)

4 - Chat Tempestade? É isso mesmo, produção?

5 - Vai rolar D.R. Lúlia no cap 10! Luan tá perdido com essas mulheres! kkk

6 - Tão curtindo as emoções da sua, da nossa novela preferida "Tempestade da Paixão"? kkkk

7 - Sacaram que a Jú deu dicas importantes do segredo, né? Façam as suas apostas!

8 - Menos de uma semana para o show do Luan! Já tô pirando! E hoje tem ele lá em Floripa, hein? Não esqueçam!

Bom, chega! Já falei demais!

Preciso/Necessito/ Não viverei sem saber o que vocês acharam!

Beijo meninas! Juízo!

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